Professor indignado com matéria do jornal Estado de Minas

Todos nós, mineiros, sabemos o quanto o jornal Estado de Minas há muito deixou de apresentar preocupação com a informação séria e com o bom jornalismo - aquele que procura abrir espaço igual para as partes envolvidas. O referido jornal tornou-se uma espécie de órgão oficial do palácio do governo de Minas, só divulgando aquilo que interessa aos planos de Aécio Neves. Por isso, vem escondendo a nossa greve, e quando fala alguma coisa é só para criticar e tentar jogar a população contra os educadores. Não teve sequer a coragem de fazer o que fez a TV Alterosa - e que mereceu o elogio de todos os educadores - que mostrou os contracheques, comparou a situação dos educadores de Minas com a de outras redes (a particular e a de BH), além de abrir espaço para mostrar a força do movimento. Indignado, um professor mandou uma carta para a redação do Estado de Minas, que, como chegou na minha caixa de e-mail (e de dezenas de outras pessoas), estou transcrevendo aqui no blog. Tenho certeza que o Estado de Minas não fará o mesmo:

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"Ao Jornal Estado de Minas

Referente à análise da greve, de Arnaldo Viana, publicada hoje 07/05 na página de Política.

É com um misto de vergonha e indignação que tive o desprazer de ler a análise da greve feita por Arnaldo Viana.

A opinião infeliz, mostra como é triste alguém escrever sobre algo que não conhece, ficando vagando pelo vazio dos seus preconceitos e do seu universo limitado e sem alteridade.

As palavras expressas por essa pessoa, me preocupou, pelo EStado de MInas ser o maior jornal do estado de MG.

Há 8 anos que o governo de Aécio Neves vem prometendo incorporar os "penduricalhos", antes chamados de PRC, depois VTI, abono, etc. ao salário dos professores.

Em 2008, no site oficial da Educação, foi publicado um comunicado aos servidores, informando que a partir de Janeiro de 2010, todos essas "vantagens pecuniárias" seriam incorporadas ao salário, se tornando SALÁRIO BASE, de onde seriam incididos, a partir de então, os benefícios como quinquênio, biênio, pós-graduação.

Chegamos em 2010, e o governo teve a cara de pau de manter o salário base entre 369,00 para o professor nível médio e 550,00 para o professor nível SUPERIOR, sob o pretexto da falta de verbas (a desculpa de sempre, para a educação).

Depois de todo esse desgaste, enfrentado pelos professores com a maior paciência e confiança do mundo, vem esse tal de Arnaldo Viana e diz que não temos motivos para fazer greve, que ela é política!!!!!!!!! O que é isso??????!!!!!!!! Devo rir ou chorar?????

Com certeza essa pessoa nunca pisou numa escola estadual e nem sabe da nossa situação. Político é usar da boa fé dos professores para inventar um discurso de "qualidade da educação" nunca alcançada em MG pela miséria encontrada em todos os setores da escola.

Essa artimanha da mídia, de ficar destacando a ilegalidade da greve é que é uma estratégia política, e das mais sujas.
Ilegal é um juiz, que com certeza ganha vinte vezes mais que nós, dizer que estamos atrapalhando a população.
E nossa dignidade? Não comemos? Não lemos? Não existimos?

Acho que o Estado de MInas deveria ser o primeiro a nos apoiar, visto que um país com população mais educada e professores valorizados, o número de leitores se amplia, propiciando inclusive mais lucros para os senhores.

Por favor, querer proteger o governo tucano tem limites, vamos ser profissionais da informação com mais seriedade, investindo mais em profissionais de revisão mais críticos.

Espero que, no mínimo, publiquem uma nota pedindo desculpas aos professores e mostrando nossa real situação de miserabilidade.

Não podemos voltar para a sala de aula e dizer para nossos alunos: fizemos greve para conseguirmos sair da miséria e não alcançamos nosso objetivo. Vocês perderam um mês de aula à toa, agora voltamos mais desestimulados (se é que isso seja possível) e vocês que continuarão com professores sem perspectiva, sem tempo, sem dinheiro e sem formação contínua.
Não dá para fazer isso, isso sim seria ILEGAL.

No aguardo de que a verdadeira justiça seja feita, e que consigamos o pagamento LEGAL do piso, despeço-me.

ATenciosamente,

Matusalém de Brito Duarte
Professor da Rede Municipal de Belo Horizone e da Rede Estadual de MInas Gerais
Belo HOrizonte - MG"