segunda-feira, 24 de maio de 2010

Até hoje, governo não apresentou nenhuma proposta concreta


Hoje à noite, após 46 dias de greve, haverá nova rodada de negociação entre representantes do Governo de Minas e do Sind-UTE. Até o presente momento, desde que a greve teve início em 08 de abril, o governo não apresentou nenhuma proposta concreta de aumento salarial.

Pelo contrário. O governo tem insistido, através de matéria paga na mídia, que o prazo para reajuste salarial já passou. O governo pensa que pode enganar a todos ao mesmo tempo. Cliquem aqui e vejam o levantamento feito pelo deputado Padre João, que demonstra que em 2006, em circunstâncias semelhantes (véspera de eleição), o governo concedeu reajustes e aumentos para algumas carreiras do estado.

O que a lei proibe é o reajuste geral para todos os servidores, mas como se trata de mudança de piso na tabela das carreiras da Educação, a lei permite que seja feita tal alteração até o dia 03 de julho.

No jornal O tempo de hoje, dia 24, a secretária Renata Vilhena, que participa pessoalmente das negociações com o sindicato deu a seguinte declaração (clique aqui para ler a matéria na íntegra):

"NOVA PROPOSTA. Segundo Renata Vilhena, a proposta que será apresentada ao sindicato na reunião de hoje só difere em um item da que tinha sido enviada na tarde do dia 18.

"A questão salarial não muda porque o governo não tem a menor condição de pagar um vencimento básico de R$ 1.312,85 (reivindicado pelo sindicato). Cedemos em relação ao prazo de entrega dos trabalhos da comissão que será criada para estudar a revisão dos planos de carreira. O sindicato pediu 20 dias e nós concordamos que isso é possível, mesmo sendo um prazo curto", afirmou a secretária."

Ou seja, o governo continua praticamente com a mesma proposta de realizar uma comissão para estudar uma "revisão de carreira", sem aprsentar nenhuma proposta concreta. Exigir que os trabalhadores voltem ao trabalho sem nada nas mãos, apenas confiando numa comissão que pode fazer o que quiser, pois não terá a pressão dos grevistas e da comunidade, é muito pouco ou nada.

O nosso blog entende que esta comissão deve negociar e produzir resultados com a greve em andamento, pois do contrário não teremos instrumentos de pressão. Além disso, o governo já teve 46 dias de greve para estudar propostas, mas insiste em dizer apenas que não pode pagar o piso de R$ 1.312,00 para uma jornada de 24 horas para professor PEB1. Ora, por que então não apresentou uma contraproposta concreta?

O governo de Minas é o responsável pela greve

O Sind-UTE precisa urgentemente realizar uma campanha com o apoio de todos nós, grevistas, explicando à população que o único responsável pela greve e pelo caos na Educação pública de Minas é o Governo Aécio-Anastasia. É este governo que gasta bilhões em propanda e em obras faraônicas, mas diz não ter dinheiro para pagar um salário decente para os educadores. O que os trabalhadores em educação estão reivindicando é muito pouco: o pagamento de um piso que não chega a três salários mínimos.

O segundo maior estado da União, que construiu uma Cidade Administrativa e gasta milhões com publicidade na mídia não tem o direito de dizer que não possui recursos para pagar um salário um pouco mais justo para os educadores. É o descaso total com os trabalhadores e com a Educação pública.

Aécio está de volta. Vai ser cobrado, também

Durante todo o período de greve, o principal responsável pelo caos na Educação em Minas, Aécio Neves, esteve viajando - o que aliás, é uma rotina do ex-governador. Deixou a batata quente para o atual governador Anastasia, que não tem a menor sensibilidade com os problemas sociais e só fala em estatísticas decoradas nos confortáveis gabinetes governamentais.

Aécio, que foi poupado pela mídia vendida, será cobrado pela comunidade, que não se vende, como a mídia, a explicar como é que ele teve coragem de praticar uma política de destruição da Educação pública no estado. Ninguém mais quer fazer curso de licenciatura em Minas. Várias escolas de licenciatura inclusive já fecharam as portas. Durante estes oito anos de governo praticou-se o chamado "choque de gestão", que foi na verdade um dos maiories arrochos salariais contra os servidores, especialmente os da Educação. Depois de sete anos, Aécio e Anastasia reduziram o percentual de investimento na Educação de 30% - último ano do Governo Itamar - para 14%.

Amanhã tem nova assembléia

Amanhã, dia 25, tem nova assembléia estadual dos bravos educadores de Minas. O resultado da reunião com o governo será apresentado. A mídia já começou a torcida pelo fim da greve. E jogam a culpa nos professores, quando deveriam cobrar do governo, para que este apresentasse pelo menos uma proposta salarial concreta para este ano, ao invés da tal comissão para discutir revisão salarial para o próximo governo. Estaremos na assembléia e esperamos que os trabalhadores mantenham a mesma disposição de luta e não se intimidem com as ameaças.

Sem uma proposta concreta, a greve precisa continuar e a comunidade deve ser mobilizada ainda mais para cobrar do governo um salário mais justo para os trabalhadores da Educação.

P.S. O site do Sind-UTE continua, até este momento, às 10h30m, fora do ar, vítima de ataque de hackers, o que, como dissemos, cheira a mais um triste momento da atual Minas Gerais, marcada pela mordaça da mída, por uma justiça corrompida (com as execeções à parte), um legislativo omisso e conivente (com algumas exceções) e um governo truculento e ameaçador.

5 comentários:

  1. Olá Euler e todos os que acompanham o blog,
    Acho que as duas frases de Brecht foram escritas para o que acontece em Minas:
    "Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso."
    "Muitos juízes são absolutamente incorruptíveis: ninguém consegue induzi-los a fazer justiça."
    Abraços,
    Clarissa

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  2. "Segundo Anastasia, nenhum Estado paga o piso que o sindicato reivindica." (O TEMPO)
    Ele continua insistindo em mentir!
    Outra mentira é o piso para 40 horas. A lei é clara e lá diz:
    § 1º O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito Federal e os
    Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica, para a
    jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.
    NO MÁXIMO É DIFERENTE DE 40 HORAS, eles fingem que não entenderam...

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  3. Euler, não tem como vc mandar este levantamento do Padre João para o sindicato? Lá , o departamento jurídico pode olhar as leis e, confirmando tudo, quem sabe usar mais este argumento na reunião de hoje?
    Não seria uma boa prova de que o "impossível"(segundo eles) é possível?
    Em tempo: não seria bom mandar esta informação para o NOVO JORNAL? http://www.novojornal.com/
    Creio que isso precisa ser muito divulgado.
    Obrigada!

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  4. Olhem, entrei no site do Novo Jornal... e adivinhem... PSDB vai mudar o candidato!!!! Por que será????

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  5. Colegas professores viram a reportagem sobre o protesto dos desembargadores de MG, os 117 estão revoltados com fixação de teto de 22 mil reais, agora imagina o nosso que é 950,00 reais e alegam que assim não haverá incentivo para continuarem. Vai aqui um recado para eles.
    Senhores desembargadores, acredito que Vcs tem mesmo que lutar por manterem seus direitos adquiridos, porém não concordo com a atitude que alguns estão tendo com relação à greve dos profissionais da educação em Minas, agora imaginem os senhores que seus salários partem do básico de mais de R$ 10.0000,00 sobre o qual incidem seus quinquênios e trintenário. E pensem bem nos professores que partem de R$ 500,00 e sobre eles incidem as vantagens, e não podem passar de R$ 950,00. É uma vergonha o TJMG estar contra a greve( alguns do 117).

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