sábado, 28 de abril de 2012

Que respostas darão os 400 mil educadores de Minas ao(s) governo(s)?

Que respostas darão os 400 mil educadores de Minas ao(s) governo(s)?


O dia 1º de maio está chegando. Data de reflexão sobre a histórica luta do proletariado, mas especialmente para os profissionais da Educação de Minas, será mais um momento para se fazer um balanço das perdas impostas pelo governo nos últimos anos. Os educadores de Minas tiveram várias perdas: das gratificações - quinquênios, biênios, pó de giz -, do piso salarial enquanto vencimento básico, que não foi pago - e não enquanto soma total de salário; da carreira destruída; do reajuste de 22% do piso, que Minas não vai pagar, pois burlou a lei federal e pagará apenas 5%; do terço de tempo extraclasse, que não foi implantado; da não prioridade dos professores efetivos na escolha de turmas; entre outras perdas, praticadas por governos que não têm compromisso com a Educação de qualidade e com a valorização dos educadores.

Mas, é preciso que se diga: tão importante quanto o salário dos educadores são as condições de trabalho, cada vez mais sofríveis. Uma série de fatores contribui para transformar a escola pública num ambiente pouco agradável. A começar pelo descaso dos governos, que primam por tratar com desrespeito aos profissionais da Educação. Basta ver a desorganização que se tornou a vida funcional dos servidores da Educação, que tiveram, quase todos, tempos de serviço que desapareceram feito fumaça nas mudanças nas regras realizadas pelo governo.

Além disso, no ambiente escolar, são muitas e justificadas queixas dos colegas educadores: turmas multiseriadas (alunos de diferentes séries numa mesma sala), violência, indisciplina, pressão dos de cima, ausência de tempo para um descanso digno dos profissionais nas escolas, sem direito à merenda. Tudo isso tem provocado doenças nos nossos colegas. A escola pública foi propositadamente transformada num ambiente pouco agradável, tanto para os profissionais da Educação, quanto para os alunos. Os diversos governos das distintas siglas partidárias promoveram uma inclusão sacana dos alunos, filhos de trabalhadores de baixa renda. Não só as escolas estão mal equipadas para receber os alunos, como também o ambiente de trabalho, as metodologias aplicadas e as políticas pedagógicas impostas de cima para baixo são inadequados para a construção de um espaço que deveria ser acadêmico, próprio para a formação crítica e cidadã dos seus agentes - trabalhadores e estudantes.

Aos governos, não interessa que isso aconteça, pois preferem desenvolver políticas educacionais específicas para atender às demandas de mercado, deixando que a maioria pobre da população seja relagada a quinto plano: sem escola de qualidade, sem saúde pública decente, sem moradia, sem lazer, sem perspectivas de presente e de futuro, são forçados ao equílibrio entre o tráfico do mercado, enquanto mão de obra barata para os serviços braçais, e o tráfico do morro, cujo destino é a  prematura execução, ou a cadeia.

Na lógica dos governos com suas políticas neoliberais, para tocar a roda do sistema com estes objetivos, não justifica pagar bem a um professor do ensino básico, por exemplo. Nem tampouco investir num ensino de qualidade. Para eles, isso é dinheiro jogado fora. É mais importante, para estes governantes, investir em obras faraônicas, na Copa do Mundo, nas cidades administrativas, e na redução de impostos em benefício dos grandes empresários, do que na formação humana, que poderia criar um outro cenário para a realidade em que vivemos.

Os 400 mil educadores da rede estadual de Minas precisam pensar nas respostas que serão dadas ao governo de Minas e ao governo federal também, pelo que eles, juntos, provocaram de perdas contra os trabalhadores. Respostas que devem ser construídas junto da comunidade: nas eleições, com a derrota de todos os projetos que atacaram os direitos dos educadores e demais trabalhadores; nas ruas, com mobilizações construídas pela base, a partir de um trabalho no dia a dia da escola, que envolva de fato a comunidade, na defesa da Educação de qualidade para todos e na real valorização dos educadores - como direitos do cidadão e como causa nacional a se defender com unhas e dentes. E esta não é uma causa somente dos educadores, mas da cidadania, especialmente dos trabalhadores de baixa renda.

Neste dia 1º de maio, os trabalhadores da Educação de Minas, os estudantes e seus pais, além dos apoiadores, deverão refletir sobre essas realidades e construir, e conspirar, e planejar respostas que resultem na definitiva derrota dos projetos dos de cima, voltados para massacrar a população pobre do Brasil. Tenham todos um bom e merecido descanso nestes dias.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!



P.S.: Não deixem de acompanhar e ler também ao blog da comandante Marly Gribel, o A pós-modernidade. Marly é hoje a principal liderança do NDG e o nome natural para encabeçar uma chapa da oposição sindical pela base.

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Frei Gilvander:

"Deitar e rolar na grama: mais que um direito!"

Domingo, dia 22 de abril de 2012. Estávamos na praça Floriano Peixoto, citadinos de Belo Horizonte, prestigiando o Festival Palavra Som. À exceção das cercas que privavam as pessoas de desfrutar o lindo verde da grama, tudo conspirava para o bem: boa música, bons amigos, ambiente amistoso e feliz.
Minutos antes da última apresentação do Festival, uma amiga e também produtora do evento, comunicou-me a prisão de outro amigo, o jovem estudante de arquitetura e urbanismo Fernando Soares. O motivo: ele, frequentador cotidiano da dita praça, havia pisado na grama, rompido a cerca da vergonha e contestado o cerceamento irracional do espaço público. Os agentes municipais, guardas e fiscais, não habituados ao diálogo, logo o algemaram, sob a mira das temíveis armas de choque amarelas. Veio a polícia que o conduziu algemado até a viatura. Foi quando cheguei.
Desde o princípio, apresentei-me como advogado do amigo Fernando para interceder por sua soltura, no exercício legal da profissão. Sem dificuldade, identifiquei dentre os policiais o comandante da desastrosa operação militar: Sargento Nogueira, lotado no 1º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais. Exigi – e não solicitei, por que direito fundamental não se transige – que as algemas fossem imediatamente retiradas, afinal “meu cliente” não oferecia qualquer resistência à prisão. Iludido com a possibilidade de convencer com argumentos a autoridade policial, cheguei a fazer menção à súmula vinculante número 11 do STF que prevê ser lícito o uso de algemas somente “em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia”.
Sargento Nogueira bravejou descontrolado: “eu sou a autoridade”; “você está atrapalhando o meu serviço”; “saia do meu caminho”. Ao lado do amigo algemado, mantive a firmeza e, sem prever a reação violenta e desproporcional que o Sargento Nogueira teria, apelei para outros argumentos jurídicos. Em vão.
Fui abruptamente imobilizado pelo enorme sargento que torceu com violência meu braço esquerdo, jogou-me de quatro sobre o capo de um carro, colocou-me as algemas o mais apertado possível e me atirou dentro da viatura policial, batendo propositalmente minha cabeça na porta do carro. Nenhum ser humano merece tratamento tão indigno. Tudo isso diante de dezenas de pessoas atônitas, revoltadas, desacreditadas do que viam.
O amigo Rafael Barros, antropólogo e produtor cultural, ao arriscar intermediar a situação para contornar tamanha arbitrariedade e violência, acabou preso como eu e Fernando, e foi conduzido a uma delegacia na “carrocinha” de um camburão da polícia militar.
Na delegacia, na sala reservada à polícia militar, mais violações de direitos humanos: ameaças, apreensão de telefone, vedação ao uso de banheiro, beber água, etc. A advogada e amiga Maria do Rosário foi impedida de entrar na sala em que estávamos detidos, apesar da garantia prevista no Estatuto da OAB. O amigo e membro eleito do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH), Frei Gilvander Luis Moreira, também foi privado de nos acompanhar. Havíamos chegado à delegacia às 21:20h. Nossas algemas (tão apertadas!) foram retiradas somente às 23:45h, após à chegada do membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, o advogado Fernando Nogueira. Neste momento foi, finalmente, autorizada a entrada da advogada Rosário e Frei Gilvander.
Ao perceber a manifestação de inúmeras pessoas na entrada da delegacia e a repercussão imediata que a infeliz ação havia suscitado, guardas municipais e policiais militares fizeram uma longa reunião fechada para combinar os termos do boletim de ocorrência que não trouxe nossa versão dos fatos. Nós três, vitimas de lesão corporal, abuso de autoridade e inúmeras outras ilegalidades, fomos acusados pelos crimes de desobediência e desacato. O manipulado boletim de ocorrência chegou a ser corrigido por um oficial-tenente mais instruído do que o Sargento Nogueira e seus homens. A demora na transcrição dos “fatos” no referido boletim era assim justificada: “o sistema está fora do ar”. Enquanto isso, outras ocorrências eram normalmente geradas, como nos informou posteriormente o delegado de plantão.
No dia 23 de abril, dia de Ogum, senhor dos metais, orixá da justiça, amanhecemos detidos ilegalmente numa delegacia de polícia. Saímos da delegacia mais de oito horas depois, às 05:40h da manhã. Cansados, com fome e os punhos machucados pelas algemas. Essa noite não pude dormir. O Sargento Nogueira ainda perturba meus sonhos.
Rogo para que as pessoas que presenciaram os fatos aqui narrados façam contato conosco. Precisamos de fotos, vídeos e testemunhas. Não descansaremos até que os agentes públicos diretamente envolvidos, o Município de Belo Horizonte e o Estado de Minas Gerais sejam responsabilizados civil e penalmente. Mais do que isso, não descansaremos enquanto houver cercas nesta cidade, pois preferimos lutar a perder nossa dignidade.
Em tempo, agradecemos aos amigos que nos acompanharam durante a noite na delegacia de policia: Maria do Rosário, Frei Gilvander, Fernando Nogueira, Flávia Mafra, Flora Lopes, Guilherme Basto Lima, Yuri Vellasco, Rafael Bittencourt, Luísa Rabello, Silvia Andrade, Larissa Batista, Alexandre de Sena, Gustavo Bones, Milagros Vazquez, Luiz Gabriel Lopes, Luana Stancioli, Thiakov Davidovich, Clarice Panadés, Débora Santos, André Xina, Bernard Machado, Juliana Perdigão, Makely Ka e a todos os outros que lá estiveram, mas não pudemos ver das salas da repressão.
Por uma cidade em que caibam todos e todas…
Joviano Mayer
Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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sábado, 21 de abril de 2012

As Derramas dos educadores mineiros: sem piso, sem carreira e sem reajuste de 22%


Neste dia 21 de abril, data que conspira contra as muitas Derramas de recursos e dinheiro públicos, quase sempre carreados para os bolsos de minorias privilegiadas, vamos divulgar aqui os dois vídeos da nossa combativa colega professora Marly Gribel. O primeiro, é uma aula completa de visão crítica da realidade mineira e nacional: o descaso com a Educação pública, com a Saúde, com a moradia, etc. Os alunos participam do projeto e redescobrem o quanto o governo de Minas manipula a população com propaganda, enquanto a realidade real é a do não pagamento do piso salarial e a destruição da carreira dos profissionais da Educação.





No segundo vídeo, Marly revela os supostos erros ocorridos no processo de gravação, mas que mostra na verdade os bastidores do processo, que acontecem com muita alegria, de forma direta, revelando um pouco mais do perfil da nossa combativa comandante Marly - a qual parabenizamos pela brilhante iniciativa. Seguramente, esta iniciativa vai inspirar outras ações semelhantes, para que Minas se transforme num grande canteiro de rebeldias, de questionamentos, de impertinências em relação aos atos dos governos e das elites dominantes.



Não temos muito o que comemorar neste 21 de abril, pois o nosso piso salarial, o nosso reajuste de 22% e a nossa carreira, bem como o terço de tempo extraclasse, foram drenados para outros fins, tal como o ouro do solo do Brasil fora (e continua) transferido para outros portos, distantes dos reais interesses e necessidades dos de baixo.


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

Aconteceu MAIS UMA NOVA OCUPAÇÃO URBANA EM BELO HORIZONTE: OCUPAÇÃO ELIANA SILVA, no Barreiro.

A tensão é grande no local, pois são 350 famílias sem-casa com cerco da Polícia.

Aos órgãos de imprensa e à Sociedade em Geral,

Na madrugada do dia de hoje, 21 de abril de 2012, cerca de 350 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), reivindicando o direito garantido pela Constituição brasileira de acesso a moradia digna, de forma organizada, realizaram uma nova Ocupação Urbana em Belo Horizonte numa área que não cumpre a função social da propriedade, área abandonada. 

A ocupação é uma conseqüência do descaso da Prefeitura de Belo Horizonte e do Governo do Estado de Minas frente ao déficit habitacional em BH e no estado, que chega a índices alarmantes, denunciados pelos movimentos sociais e órgãos de imprensa. Entretanto mesmo sendo um direito, as famílias acampadas estão sobre forte cerco policial. Desde as 4 horas da manhã, policiais do Batalhão de Choque estão no local ameaçando as famílias e helicópteros sobrevoaram a ocupação por toda a noite. 

Contamos com a solidariedade de todas as pessoas de boa vontade, pois não vamos permitir que um novo Pinheirinho – O Massacre de São José dos Campos, SP - aconteça em Belo Horizonte.




A ocupação leva o nome de Eliana Silva, belo-horizontina, uma das principais lutadoras das causas sociais, em especial da luta por moradia digna para o povo pobre, que morreu em 2009.

Endereço da Ocupação Eliana Silva:
Rua Perimetral, lotes 29 e 30, quarteirão 155, na altura da Fábrica PREMIAÇO, no Barreiro de Baixo, em Belo Horizonte, MG. Referência: Próximo ao final do ônibus 31, perto do Campo do Santa Rita.

CONTATOS PARA MAIORES INFORMAÇÕES:

Para entrar em contato ligue para Leonardo Péricles: celulares: (31) 9133-0983 ou (31) 9331 4477 ou (31) 9716 5356.

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB-MG)

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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sábado, 14 de abril de 2012

Reunião do NDG: um testemunho pessoal


Reunião do NDG: um testemunho pessoal


Como estava previsto, aconteceu hoje, dia 14, a esperada reunião de lideranças do NDG de várias partes de Minas Gerais. Bravos e bravas guerreiros/as, profissionais da Educação, deslocaram-se de Montes Claros, Carangola, Divino, Fervedouro, Ouro Preto, Sabará, Vespasiano, Belo Horizonte, Santos Dumont e Juiz de Fora (será que esqueci alguma cidade?) para discutir, refletir sobre a realidade que vivemos na Educação básica de Minas Gerais. Éramos em torno de 40 colegas. E a reunião foi aberta com a apresentação de cada colega, que pode também manifestar sua expectativa ou narrar a sua história. Muitas histórias, ricas, belas, construídas com empenho, suor e lágrimas, numa teia que se encontra neste desencontro que se tornou a realidade cindida pela engrenagem do sistema, movida a golpes, manipulações e rasteiras.

Adorei ouvir cada colega que se apresentou, tenha falado um ou 10 minutos. Alguns e algumas eu conhecia apenas pela Internet e tive o prazer de conhecê-los/las pessoalmente. É o caso da Ivete, do Sebastião e da Marly, para ficarmos apenas nestes nomes. Posso dizer para todos que temos uma turma muito bonita, muito preocupada com a nossa realidade e disposta a contribuir para mudá-la. Não vou citar todos os nomes dos colegas presentes para não cometer o equívoco de esquecer algum. Todos são importantes demais para que alguém não seja lembrado.

Após a apresentação de cada colega, de forma horizontal, sem mesa, sem necessidade sequer de microfone, foi feita a mostra de dois vídeos, um sobre a realidade dos operários de Jirau, em Rondônia, e o outro sobre a greve dos profissionais da Educação do município de São Paulo, cujo desfecho se deu com a categoria querendo continuar a greve e a direção dando fim à mesma, e solicitando proteção policial contra a base da categoria.

Depois, falou como convidado o professor Fausto Arruda, dirigente da Liga Operária e Camponesa, que expôs a sua experiência enquanto dirigente sindical em Ceará, e depois como editor do jornal A Nova Democracia. Na sua fala, ele enfatizou a histórica relação entre o arrocho salarial praticado pelos governos e a ligação destes governos e respectivos partidos com os interesses da burguesia, do latifúndio e do Imperalismo - segundo as palavras dele.

Em seguida, foram abertas as inscrições e todos os que quiseram falaram para manifestar suas convicções, ou críticas, ou sugestões. Falei em duas oportunidades: na primeira delas, para dizer que era preciso construir aquele espaço, do NDG, como espaço plural, autônomo e pela base. Militantes de algumas correntes e partidos estiveram presentes: da Liga Operária, do PSTU/Conlutas, entre outros, e várias pessoas, como eu, não organizadas a nenhuma corrente ou partido.

E as falas continuaram, seguindo as inscrições. A realidade da Educação pública em Minas e no Brasil foi exposta ali: piso sonegado, carreira destruída, categoria dividida pelas políticas do governo, violência nas escolas, condições de trabalho cada vez piores, turmas multiseriadas e superlotadas, cobranças nas escolas para arrebentar com os educadores, categoria vivendo um momento de desânimo e desencanto com o presente e o futuro da carreira do magistério. E a cumplicidade entre os diversos governos dos diversos partidos para detonar a Educação pública básica.

Neste quadro, criticou-se a postura da direção sindical, da atual e anteriores, ligadas a uma mesma corrente, que com o monopólio da direção, encaminha somente o que interessa ao projeto partidário desta direção. Questionou-se sobre: os outdoors que não foram colocados; a atuação jurídica, que continua deixando a desejar; a atuação vinculada a interesses parlamentares na ALMG. Algumas falas analisaram as duas últimas greves, que somadas resultam em 159 dias, que infelizmente, em função da combinação de várias realidades, não lograram conquistar o piso e preservar nossos direitos. Fomos derrotados. A política neoliberal do governo de Minas, a subserviência de uma assembleia homologativa, um judiciário servil ao governo, e erros na condução do movimento, juntamente com a incapacidade de unir e envolver toda a categoria e a comunidade, resultaram na nossa derrota.

É preciso usar melhor as redes sociais - destacou a nossa combativa colega Marly Gribel, entre outras propostas que ela apresentou, todas bem fundamentadas. É preciso também realizar um trabalho de base nas escolas e junto à comunidade - disse a colega Berenice de Juiz de Fora. Neste ponto, erramos, nós, do NDG, em não saber explorar as experiências já construídas aqui mesmo, em Minas. Até mesmo na nossa reunião, exploramos pouco essas experiências.

Vivemos um processo em construção, e como tal, a nossa primeira reunião ampliada não poderia apresentar resultados que se pudesse considerar excelentes. Na minha segunda fala eu disse: sempre saio frustrado das reuniões. De maneira muito acentuada nas reuniões do sindicato, e de forma bem menor, aqui, na reunião do NDG. Qual a minha frustração? De não ver as coisas assumindo uma perspectiva mais clara e mais direta em relação aos nossos objetivos comuns. Vou me explicar melhor.

A própria realidade da categoria, composta por colegas com diferentes formações políticas - e condições funcionais -, faz com que seja necessário um certo tempo para que se construam consensos em torno de propostas comuns. Num primeiro momento, eu vejo muita ideologia, onde deveria estar o real chão da fábrica. Eu vejo (e ouço) muita pregação em favor de um socialismo que ninguém sabe quando e como será (e se será), e pouco tempo dedicado à disputa do nosso tempo roubado pelo governo e pelos de cima. Salário de fome é tempo de trabalho apropriado pelos de cima, colegas. Não é mero economicismo como pensam alguns. Melhores condições de trabalho é disputa de poder, de quem realmente controla o espaço social onde convivemos. Quando se luta pelo piso, pela carreira, pelo terço de tempo extraclasse, por salas com poucos alunos, por espaços e tempos na escola para se descansar, estudar, pesquisar e discutir coletivamente os problemas da comunidade, estamos construindo um mundo diferente. Pode ser que daí, com essa construção coletiva, surjam possibilidades de outra forma de vida, principalmente com base na experiência prática, da luta cotidiana dos de baixo. Tudo o mais, na minha modesta opinião, é dogma. Claro que eu respeito as opiniões diferentes, mesmo não concordando com elas.

O ponto alto da nossa reunião, na minha opinião pessoal, foi a possibilidade do encontro entre diversas cabeças pensantes da nossa categoria. Mas ao mesmo tempo, penso que não soubemos explorar bem este encontro. Por isso me senti feliz, por um lado, e frustrado, por outro. Por não termos conseguido construir com os colegas uma proposta. Que proposta? Uma proposta que aglutinasse nossas reflexões e ações. Talvez todos os pontos tenham sido tocados durante a reunião: a importância da comunicação para se contrapor ao governo, do trabalho de base, da politização da nossa categoria, e até da disputa sindical. Mas estes pontos ficaram soltos. Não sei se pela dinâmica que demos à reunião, ou se pelo fato de se tratar de um primeiro encontro mais ampliado.

Mas acredito que isso pode ser recuperado na própria rede social virtual e fora dela, quando podemos expor as ideias detidamente, cada qual podendo acrescentar a sua visão e com isso construindo os consensos para as nossas ações. Temos muito chão pela frente - e os colegas que vieram do Interior de Minas sabem o que isso representa. Mas não temos outra alternativa a não ser construir estes consensos, que unifiquem a categoria e criem as melhores condições para recuperarmos nossos direitos: ao piso sonegado, à carreira destruída, ao terço de tempo extraclasse, às condições adequadas de trabalho, à real democratização dos espaços na escola e na comunidade. Este é o meu socialismo - pelo menos enquanto estiver enquanto educador.

Nos próximos dias e semanas e meses vamos dar sequência e consequências a essas - e outras - reflexões que aconteceram durante, antes e depois da reunião do NDG. Espero ter sido sincero no meu testemunho. Outros relatos são bem vindos. E viva a luta dos trabalhadores da Educação e de todos os de baixo!

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


P.S. O nosso bravo colega Petrus teve um mal-estar durante o envento, mas foi encaminhado para uma unidade de Saúde e já se encontra bem, segundo o informe dado até o final da reunião. Força e Saúde, bravo guerreiro Petrus!!!

P.S.2: Achei importante transcrever e incorporar ao meu relato este comentário da nossa combativa colega EDUCADORA MINEIRA:

"
Olá, Professor, já chegamos e todos muito bem! Quanto ao encontro, cremos que foi muito produtivo, inclusive saimos daquele espaço, mas continuamos a discutir o encontro durante o almoço e pelas 7h de viagem. Fizemos análise de tudo que ouvimos, concordamos, discordamos. E viemos pensando nas alternativas de trabalho. Também acredito que para lá das ideologias, que não deixam de ser importantes, precisamos retomar a tudo com mais ligeireza. E, mais, além dos alunos e da comunidade que foi a tônica da discussão dos trabalhos de base, precisamos, em primeiro plano, politizar os nossos próprios colegas que estão com os PÉS POSTOS NO CHÃO DA FÁBRICA. Conforme mencionou um dos integrantes do SINDICATO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL, cujo nome me falha no momento, uma obra, qualquer que seja ela, não é feita com um só tijolo e para ela se manter em pé, precisa de um alicerce bem feito. Essa metáfora coaduna com a nossa situação, primeiro precisamos reconstruir o alicerce que nos mantém, pois de umas décadas para cá ele vem ruindo, o tempo o desgastou. Então, de forma prática, temos que preparar primeiro os que estão ao nosso lado, com eles estenderemos nossas discussões aos alunos e à comunidade . Na viagem de volta, retomamos, ainda, à proposta do que no momento dará visibilidade a nossa luta. Se não nos for possível fazer os bonés, os adesivos, as blusas, as bolsas pelo menos o que nos for viável fazer neste momento. Penso que as subsedes deveriam estar envolvidas nessas atividades e na produção de material, até porque os professores são sindicalizados, logo há uma contribuição mensal que deve ser usada para esse fim.
No mais, ter podido conhecer os colegas e falar com cada um foi muito bom. Essa relação e essa interação criam laços e nos tornam mais fortes para seguirmos na luta.
Para não perder o costume: EDUCADORA MINEIRA
"

P.S.3: Leiam também o testemunho da comandante Marly Gribel, no blog A pós-modernidade, clicando aqui, ou no Blog do NDG.


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quinta-feira, 12 de abril de 2012

NDG vai discutir a reconquista dos direitos roubados pelos governos

A reunião do NDG será na sede do sindicato Marreta: Rua Além Paraíba, 425, Lagoinha, BH. Clique na imagem para ver no mapa do Google.


NDG vai discutir a reconquista dos direitos roubados pelos governos


Nos últimos anos, os profissionais da Educação experimentaram, ao mesmo tempo, a expectativa de dias melhores, causada pela aprovação da Lei do Piso, e o inferno real, causado pela retirada de direitos, que foram burlados pelos governos. A Lei do Piso, ao invés de provocar a valorização dos educadores, provocou a destruição das carreiras em quase todos os estados e municípios. Houve uma cumplicidade entre os governos municipais, estaduais e federal para não implementar a Lei do Piso, que fora aprovada em 2008, após 20 anos de espera - a partir da determinação da Carta Magna de 1988.

Em Minas Gerais, após duas greves - a de 47 dias em 2010, e a de 112 dias em 2011 - a categoria amargou perdas irreparáveis. O Governo, com o apoio de 51 deputados, burlou a Lei do Piso, destruiu a carreira então existente e hoje paga dois salários mínimos de teto salarial para praticamente todos os professores do estado. Um dos mais baixos salários do país, já que se trata de teto salarial, e não de piso ou vencimento básico.

Diante dessa realidade, os educadores de Minas e do Brasil estão buscando meios de cobrar seus direitos. Infelizmente, as entidades sindicais, na sua maioria, estão atreladas aos interesses partidários que gerenciam as máquinas de governos aqui ou acolá, e atuam contra os interesses dos educadores. Urge que se construam instrumentos de classe, realmente autônomos, capazes de organizar e dirigir a luta dos educadores pelos seus interesses e direitos.

O NDG - Núcleo Duro da Greve - que surgiu espontaneamente durante a greve de 112 dias, pretende dar uma contribuição para esta luta de reconquista dos direitos roubados. A Educação básica e os educadores estão sendo tratados com total descaso por parte dos governos das três esferas. É necessário combinar um trabalho de base, nas escolas, para recompor a unidade dos trabalhadores, e ao mesmo tempo partir para a ofensiva na comunicação, especialmente nas redes sociais, mas não somente. É preciso discutir e encaminhar propostas de divulgação da real situação da Educação pública em Minas e no Brasil. Para isso, além das ferramentas na Internet, fundamentais, é preciso também que esta campanha ganhe as ruas. Muitas propostas foram feitas aqui, como: outdoors nas maiores cidades do estado, confecção de camisas, organização de leitura de texto comum numa mesma data, em todas as escolas do estado, entre outras propostas. Além disso, é preciso também discutir e encaminhar as propostas jurídicas da categoria. E finalmente, a médio prazo, preparar a categoria para novos e mais organizados embates, como a greve. E para isso é fundamental contar com o envolvimento da comunidade. Que os interesses comuns dos educadores, dos estudantes e de todos os de baixo se encontrem nessa luta comum, capaz de forçar os governos a investirem mais na Educação, na Saúde, na moradia, na reforma agrária, enfim, nas questões sociais, hoje relegadas a um plano secundário.

A reunião deste sábado deve discutir essas realidades e iniciar os primeiros passos para organizar a retomada da luta coletiva dos educadores e da comunidade; para a reconquista de direitos sonegados e burlados, bem como, para a construção de um espaço de respeito no interior das escolas, de dignidade, de valorização profissional e de real formação crítica dos estudantes.

É hora de todos se mobilizarem para esta construção coletiva. Sem atribuir exagerada responsabilidade pessoal a qualquer colega, mas buscando uma construção coletiva da nossa luta. Somos uma categoria com muitas e qualificadas lideranças - e devemos nos orgulhar disso.

Quem sabe assim, através da pressão organizada dos de baixo, o próprio sindicato da categoria se torne de fato uma entidade representativa dos trabalhadores da Educação, e não uma máquina a serviço de interesses partidários ou governamentais. Estamos apostando na unidade da categoria, sem a qual seremos derrotados. Mas numa unidade real, que consiga trazer para a luta a grande maioria dos trabalhadores, em torno de interesses comuns, para esta luta comum, pelo piso na carreira, por melhores condições de trabalho, por uma real política de valorização dos educadores enquanto meios essenciais para se alcançar o ensino público de qualidade previsto na Carta Maior do país.

Sábado, dia 14, às 9h, no Sindicato Marreta (veja no endereço no Blog do NDG), lideranças do NDG da Capital e do Interior começam a redesenhar os caminhos que podem levar à reconquista dos nossos direitos roubados.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória.


P.S. Leiam também o texto da professora Marly Gribel, no blog A pós-modernidade, clicando aqui.

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Frei Gilvander:

Convite: Festa do 3º Aniversário da Comunidade Dandara

Ocupar, ao longo da história, é a forma mais justa de se mostrar ao poder público e privado que terra não deve ser mercadoria ou barganha. Não se pode conviver com extensas áreas a mando da especulação e extensas fileiras de pessoas em estado de necessidade.

Além do mais, em nossos Direitos e Garantias Fundamentais, previsto está que “a propriedade atenderá sua função social” (Art. 5º, XXIII, CF). Sendo assim, quando a propriedade se afasta de seu fundamento, é justo que se destine a quem o faça.

Com nome de guerreira, mulher, escrava, Dandara nasce em 09 de abril de 2009, com 150 famílias organizadas ocupando um terreno improdutivo, com total zelo às áreas de preservação ambiental e às nascentes, projetando a metragem de ruas, e recuos de calçadas, de forma a designar ali, vida digna a todos os moradores.

Três anos se passaram, sob ameaça de despejo e massacres anunciados. Dia após dia a Ocupação Dandara caminha, lutando e resistindo. De Ocupação já se tornou Comunidade.

Em abril de 2009, para alguns, fomentava-se uma mera reivindicação de direitos fundamentais.

Hoje, todos entendemos que somos agentes transformadores da sociedade, e nossa pauta já não é apenas moradia, mas a construção de um mundo onde caibam todos e todas.

Hoje em dia somos muitos, somos 5.000 moradores, somos uma Rede Internacional de Solidariedade, somos o apoio de cada um/a de vocês.

Portanto, para comemorarmos juntos a construção desta história que há de ser vitoriosa, convidamos todos para comemorarem conosco o nosso 3º aniversário.

* Sábado, dia 14 de Abril de 2012.


* Das 16:00h às 20:00h.

* Endereço da Festa: Na Ocupação-Comunidade Dandara: Rua Petrópolis, nº. 315, Céu Azul - Nova Pampulha, Belo Horizonte, em frente à garagem de ônibus, próximo à Escola Estadual Dep. Manoel Costa)


* Ônibus: 3302 / 2213 / 2215 (Céu Azul)

Convite das Brigadas Populares, da Coordenação Geral de Dandara e da Rede de Apoio e Solidariedade a Dandara.


Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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terça-feira, 10 de abril de 2012

Reportagem do CQC fala dos gastos do legislativo mineiro. Mas se omite sobre a Educação. Por que será?

Reportagem do CQC fala dos gastos do legislativo mineiro. Mas se omite sobre a Educação. Por que será?

O programa CQC, exibido semanalmente pela rede de TV Band, mostrou para o Brasil que a Assembleia Legislativa - ou homologativa - de Minas é a que mais gasta dinheiro público entre os parlamentos do país. Um bilhão de reais por ano, para mostrar muito pouco serviço. Ou melhor: para mostrar desserviços, como a destruição da carreira dos profissionais da Educação de Minas, entre outros fazeres que desmerecem aquela casa homologativa.

Mas, se a reportagem do CQC mostrou aquilo que muitos não sabiam - os enormes gastos para manter aquela Casa -, por outro lado, "esqueceram" de mencionar os problemas da Educação e dos educadores de Minas Gerais. O CQC tem recebido inúmeras denúncias feitas por colegas profissionais da Educação. Eles sabem muito bem da realidade existente em Minas Gerais, mas preferiram omitir seletivamente, retirando a palavra Educação da reportagem. Falaram em problemas com as estradas, com a Saúde pública, que são problemas muito ligados, ou mais fortemente ligados ao governo federal, ou aos governos municipais, mas nada disseram, por exemplo, sobre o não pagamento do nosso piso salarial. Por que será?

É público e notório que a mídia brasileira cumpre um papel de desinformar a população, de fazê-la aceitar aquilo que interessa aos de cima. É público e notório, igualmente, que o governo de Minas tem as melhore$$$$$$$ relações do mundo com a mídia mineira e nacional. Isso talvez explique essa ausência de associação entre os privilégios para alguns segmentos, como no Legislativo (e no Judiciário idem), e o total descaso que se pratica com a Educação pública.

Os governos de Minas e do Brasil (incluindo o federal) destruíram a Educação pública básica e não têm projeto para fazê-la ressuscitar. Carreiras destruídas, piso salarial que virou piada nacional - pois ninguém o aplica corretamente -, profissionais desencantados com a carreira, realidades das escolas públicas que sobrevivem nas piores condições, e por aí. Mas a mídia não vê isso. Seletivamente, ataca o parlamento, que é conivente, servil e inútil, sem dúvida, mas é apenas uma parte da engrenagem podre. E as outras partes?

Se quisessem fazer uma reportagem séria, eles mostrariam, ao lado dos gastos na ALMG, o que acontece hoje nas escolas de Minas Gerais, nos hospitais, nas comunidades, nas ruas, enfim. Mostraria, por exemplo, que um professor com curso superior ou mestrado recebe, em Minas, apenas dois salários mínimos de teto salarial, e que não há perspectiva de carreira, de futuro, para este professor. Enquanto isso, deputados vivem nababescamente com salários de marajás, verbas indenizatórias de todo tipo, para custear do cafezinho na esquina aos passeios turísticos com suas (ou seus) amantes e amigos.

Claro que não sobra dinheiro para remunerar bem aos educadores, pois precisam de grana para bancar os gastos com esta elite cínica, que reparte entre si os recursos arrancados do suor do nosso trabalho. Não falta dinheiro para bancar R$ 1 bilhão de reais anualmente com um parlamento inútil, assim como não faltam recursos para construir cidades administrativas, estádios de futebol, ou para bancar a Copa do Mundo. Mas, para a Educação básica, fundamental na vida de milhões de famílias de baixa renda, ah, para isso não têm grana. Precisam mandar cortar o café, a merenda, o piso, a carreira, e colocar os capitães do mato para punir e perseguir os educadores, que cada vez mais abarrotam as salas de psiquiatria com doenças mentais as mais variadas.

O CQC, assim como toda a mídia mineira e nacional, não viu nada disso. Como também continuam cegos, para os interesses dos de baixo, a Justiça, o MP mineiro, e tantos outros que deveriam se impor e cobrar dos governos o respeito à coisa pública. E isso começa com a devolução, aos profissionais da Educação, da carreira que foi destruída e o correto pagamento do piso salarial. Omisso - e cúmplice - também é o governo federal, que faz pouco caso da Educação básica, apesar dos discursos em véspera de eleição. Na prática, reproduz a política neoliberal inaugurada por FHC e joga para a plateia quando diz que este assunto - o da Educação básica - não lhe diz respeito. Ora, como pode um problema afeito ao presente e ao futuro de milhões de brasileiros escapar da alçada do governo federal?

O parlamento mineiro - e como de resto, quase todos os parlamentos e parlamentares brasileiros - é uma inutilidade só, disso quase todo mundo está ciente. Que o CQC tenha mostrado esta face de desperdício do dinheiro publico para o Brasil é digno de nota. Mas, que ele está nos devendo uma matéria jornalística que mereça este nome, ah, isso está. Quando será que a mídia mineira e nacional vai tomar vergonha na cara e mostrar o Brasil real para a população? Ou será que é mais fácil acreditar em Papai Noel?

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

Denúncia: patrulhas da polícia militar de Minas Gerais ameaçam famílias acampadas em Jequitaí, Norte de Minas, no Acampamento Novo Paraíso por volta de meia noite.

Por volta de meia noite do dia 10 de abril de 2012, a Polícia militar de Minas Gerais, fortemente armada, ameaçou famílias do acampamento. "Caso tenha qualquer tentativa de invasão estaremos de prontidão a defender a propriedade", disse um chefe de polícia. Sem que houvesse qualquer tipo de mandado, a polícia ameaçou com prisão arbitrária, alegando que as famílias estariam planejando uma ocupação de terra. A polícia reafirmou estar disposta a não medir qualquer esforço para defender os interesses do latifúndio, e também do Estado. A Fazenda Correntes, área citada pelos policiais, está resguardada por jagunços que não são conhecidos pelos trabalhadores na região. Há indícios de ligação de milícia armada no local. Nesta fazenda já foi encontrado armamento pesado de uso exclusivo do exército e exercício de trabalho escravo. Há interesses na área principalmente depois da possível construção da barragem do rio Jequitaí que desalojaria pelo menos 600 famílias, a fazenda estaria no projeto. Depois da execução de 3 trabalhadores sem terra de Minas Gerais recentemente, a polícia continua tratando os trabalhadores rurais Sem Terra como bandidos.

Contato: com Marili, cel. Tim: 38 9154 5437

Nota Denúncia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST/MG.

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Reunião do NDG já tem local, dia e hora


Reunião do NDG já tem local, dia e hora

No próximo dia 14, como foi noticiada no BLOG DO NDG, acontece a reunião ampliada de lideranças do NDG. Vejam o que se publicou no blog:

"Diante da emergência de se organizar a ação dos profissionais da Educação de Minas, as lideranças do NDG devem realizar uma reunião ampliada no próximo dia 14 de abril, sábado, em Belo Horizonte. A expectativa é de reunir colegas educadores da Capital e do Interior de Minas para planejar e encaminhar as ações dos educadores da base da categoria. O objetivo central é a conquista do piso salarial nacional na carreira dos profissionais da Educação de Minas, que foi burlado pelo governo do estado. Mas outros temas serão também discutidos. Várias iniciativas têm sido propostas por colegas educadores de todo o estado, entre as quais, ações de mobilização e divulgação pública da nossa luta; trabalhos coletivos nas escolas e ações na justiça e junto ao ministério público federal. Ainda não estão confirmados o local e o horário da reunião, que serão anunciados antes do feriado do dia 06 de abril. O transporte para a reunião deverá ser organizado de forma descentralizada em cada região, podendo contar com o apoio das subsedes interessadas em participar. Em breve disponibilizaremos um telefone para contato. Caso haja necessidade de alteração da data, ou mesmo sugestão de outra data, entrem em contato conosco através do e-mail deste blog (ndg.minasgerais@gmail.com). Quaisquer sugestões sobre este encontro podem ser enviadas para o e-mail citado, ou em comentário no blog. Em breve traremos novas notícias sobre esta reunião para dar um importante passo na conquista dos nossos objetivos. Outras informações também poderão ser colhidas em alguns blogs dos educadores de Minas, que são indicados na coluna ao lado.

Força na luta!".


Portanto, já tendo firmado o dia da reunião - dia 14/04, sábado, faltava apenas definir o local e o horário. Atendendo ao pedido da comandante Marly Gribel, a reunião acontecerá na parte da manhã, com início às 9h e término previsto para algo próximo de 13h, podendo ampliar o horário, caso haja necessidade.

Quanto ao local, havia oferta de dois espaços: do Sindirede e do Marreta, ambos em áreas bem centralizadas da Capital mineira. Como o NDG já se reuniu por duas ou três vezes na sede do Sindirede, optamos, desta vez, pelo sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção de Belo Horizonte (MARRETA), cujo endereço é: Rua Além Paraíba, 425 - Lagoinha - Belo Horizonte. Referência: saída a esquerda da Rodoviária e do metrô Lagoinha, subir a rua Além Paraíba. Quem quiser acompanhar no mapa do São Google, é só clicar aqui. O tenente NDG Rômulo garantiu que bem próximo do local funciona um restaurante com almoço de primeira. A recomendação é que cada colega banque a sua refeição. Mas, caso necessário, o NDG possui uma pequena quantia de moedas que devem ser usadas inclusive para este fim.

Contamos com a participação dos combativos/as colegas para discutirmos os encaminhamentos das ações de luta propostas, pela base e para a base.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

E Feliz Páscoa para todos e todas!

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Frei Gilvander:

Pinheirinho e Dandara: de paixão a ressurreição?

Gilvander Moreira[1]


Chorei enquanto assistia ao Filme-documentário “Somos todos Pinheirinho” (da TV PSTU, 40 minutos). Parabéns a toda a equipe que o fez. Todo o povo brasileiro deve assistir a esse documentário. Reavivou em mim uma profunda compaixão pelas milhares de pessoas que, com o despejo do Pinheirinho, foram “crucificadas” e jogadas na rua da amargura. Renovou em mim intensa indignação diante das autoridades que mandaram fazer (ou se omitiram) a barbárie que foi o despejo do Pinheirinho, em São José dos Campos – de sangue -, SP, Brasil, no dia 21 de janeiro de 2012, dia que entrará para a história como uma Grande Sexta-feira da Paixão no Brasil.

Márcia Loureiro, a juíza que ordenou o despejo do Pinheirinho, agiu com covardia e sem juízo. Com coração de pedra, ela comentou: “A Polícia exerceu e desempenhou um serviço admirável, que é motivo de orgulho.” O (des)governador de São Paulo, sr. Geraldo Alkimin (PSDB + DEM), com cara de pau, afirmou: “Ordem judicial deve ser cumprida.” Esqueceu de acrescentar: para beneficiar Naji Nahas (um megaespeculador e criminoso do colarinho branco) e para “crucificar” nove mil pessoas, entre as quais, milhares de crianças, idosos e deficientes. O adorador do ídolo capital Naji Nahas, cuspindo no rosto dos pobres, disse: “Eu faço o que eu quiser do terreno. É problema meu.”

Após o despejo, a vovó dona Josefa Dias, 75 anos, em lágrimas, dizia que há uma semana não conseguia comer nada, não descia na garganta, pois estava engasgada com tanta injustiça. Apontando o dedo para o céu, dona Josefa, com uma lágrima caindo do olho, clamava: “Deus ta vendo tudo!” Está sim! Se a justiça da terra não pegar os algozes dos pobres do Pinheirinho, da justiça divina não escaparão. A turma do poder, mencionada acima, fizeram uma sexta-feira da paixão no Pinheirinho, mas vão se dar com os burros n’àgua, pois um domingo de ressurreição está sendo gestado. Nenhuma lágrima vertida por quem está na luta cai em vão. Após o massacre de Eldorado dos Carajás, o MST deu um salto de qualidade e cresceu muito. Assim acontecerá também com o Movimento dos Sem Casa.

À Presidenta Dilma Rousseff, dizemos: Não basta indignação. Você pode e deve desapropriar o Pinheirinho, reconstruir as mais de 2 mil casas de alvenaria e recolocar as famílias despejadas lá para que a comunidade seja reconstruída com dignidade. Faça isso, Dilma, pois é o que poderá aliviar a condenação que o Estado Brasileiro sofrerá em Cortes Internacionais por causa da barbárie perpetrada no Pinheirinho.

Está no ar a pergunta: O prefeito de Belo Horizonte, sr. Márcio Lacerda (PSB), o Governador de Minas, sr. Antonio Anastásia (PSDB), o TJMG e a Presidenta Dilma (PT) farão (ou deixarão fazer) o mesmo com a Comunidade Dandara, em Belo Horizonte? Na Dandara são cerca de mil famílias que ocupam um terreno de 315 mil metros2, que estava abandonado há várias décadas. A Construtora Modelo que luta na justiça pela reintegração na posse sobre o terreno de Dandara deve mais de 2,2 milhões de reais de IPTU, nunca pagou nem um centavo pelo terreno e não tinha construído nada na área. A partir de um Plano Urbanístico, o povo de Dandara, que está se construindo, já construiu mais de 800 casas de alvenaria, um Centro Comunitário, uma Igreja Ecumênica de Dandara, dezenas e dezenas de hortas nos quintais etc.

No próximo dia 09 de abril de 2012, a Comunidade Dandara completará 03 anos de vida, de luta e resistência. As famílias que ali vivem já foram e continuam sendo vítimas de muito preconceito, discriminação e negação de direitos, além do direito a moradia. Até hoje é negado, por exemplo, o acesso à luz, água, correio, saneamento etc. Mesmo sendo a água reconhecida pela ONU como direito humano fundamental, a Prefeitura de Belo Horizonte e as concessionárias de água (COPASA) e de luz (CEMIG) se negam a instalar estes serviços na Comunidade. Como pode o ser humano sobreviver sem água? As famílias são obrigadas a fazer gatos de água e energia, arriscando suas vidas e submetendo-se a situações constrangedoras. Volta e meia água e energia faltam, eletrodomésticos são queimados e risco de incêndio é constante, porque as redes improvisadas são precárias.

O não reconhecimento do assentamento Dandara pelo poder público leva à falta de um comprovante de residência que, por conseqüência, dificulta o atendimento no SUS (direito a saúde), nas escolas e nos programas do Governo Federal que garantem benefícios às pessoas de baixa renda. Insistem em negar às famílias de Dandara a Cidadania, a dignidade, os direitos humanos fundamentais, mas o povo resiste e seguirá lutando até a vitória.

Ao povo do Pinheirinho, colocado na cruz, à Comunidade Dandara e a todas as pessoas que vivem esmagadas pelos poderes opressores, recordamos: “Felizes vocês que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” (Mt 5,6). Às autoridades Márcia Loureiro, Geraldo Alkimin, Naji Nahas, comandantes e omissos – soldados que executaram ordens injustas e covardes - alertamos: Ai de vocês, ricos ... Aí de vocês que estão saciados ... Ai de vocês que ajuntam riquezas sobre riquezas, capital sobre capital e pisam sem piedade sobre a dignidade da pessoa humana. O dia da justiça vai chegar!

Palpita em nós a luz e a força divina do Deus que é vida e infinito amor. Desse ouvimos: "Segure os soluços e enxugue as lágrimas, porque há uma esperança para a sua dor... existe uma esperança de futuro" (Jer 31,16-17).

Assim como o povo do Pinheirinho, Jesus foi condenado à morte, mas ele ressuscitou. Por isso o ideal não morre. Com a ressurreição de Jesus as utopias jamais morrerão, os sonhos de libertação jamais serão pesadelos, a luta dos pequenos será sempre vitoriosa (ainda que custe muito suor e, às vezes, sangue) e as forças da Vida terão sempre a última palavra. Por mais cruéis que sejam, todas as tiranias passarão! Se olharmos, com benevolência, em volta, veremos, surpresos, que os sinais de Páscoa superam os sinais de morte. A luta continua. Voltaremos aos milhares. De sexta-feira da Paixão, no Pinheirinho, com fé no Deus da vida, nos pequenos e na luta, chegaremos a um domingo de Ressurreição. Por isso Somos todos Pinheirinho, somos todos Dandara, em páscoa – passagem - da paixão à ressurreição.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 06 de abril de 2012.



[1] Frei e padre carmelita; mestre em Exegese Bíblica ; professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte – e no Seminário da Arquidiocese de Mariana, MG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - facebook: gilvander.moreira

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Violência e Educação - qual a relação?

Fonte: Jornal O Tempo


Violência e Educação - qual a relação?


Minas Gerais vive hoje um momento delicado, de enorme crescimento do número de mortes, execuções, homicídios, sequestro, violências as mais variadas que se espalham por todo o estado. Uma realidade dramática, que nada tem a ver com a propaganda apresentada, do paraíso mineiro. Uma verdadeira banalização da vida humana. Que relação existiria entre essa triste realidade e o descaso de sucessivos governos para com a Educação básica? Sem perspectiva de presente e de futuro, milhares de crianças e adultos são envolvidos no mundo do tráfico da droga, que nada mais é do que a extensão da droga da reprodução do capital, da disputa de poder e do mercado tão comum ao chamado mundo oficial e formal, com status de legalidade.

O que vocês acham dessa realidade?

Como estou de saída agora, e volto somente mais tarde para o bunker, deixo para os nossos colegas a tarefa de comentar, criticar e concluir este texto. Fato é que Minas está pagando caro pelo descaso dos governos - e do atual com maior força - para com a Educação. Não valorizam os educadores, não pagam o piso na carreira, e colhem tempestades em forma de desilusão da nossa juventude para com o presente e o futuro.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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Frei Gilvander:

QUEM LUTA EDUCA

A Luta dos Professores de Lauro de Freitas, BA, é justa.

Frei Gilvander Moreira[1]

“Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês: retido por vocês, esse salário clama, e os protestos dos trabalhadores chegaram aos ouvidos do Deus da vida... Vocês condenaram e mataram o justo.” (Carta de Tiago 5,4.6).

Os 2.500 Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Lauro de Freitas, Bahia, estão em greve desde o dia 02 de abril (de 2012). Na luta, educam e reivindicam direitos justos e legítimos. Dezenas de trabalhadores da educação estão acampados desde o dia 03/04/2012, na Câmara de Vereadores da cidade. Vários iniciaram há 48 horas uma greve de fome no intuito de sensibilizar a Prefeita Moema Gramacho (PT) para retomar as negociações.

Lutam para que a lei Federal 11.738/08 (trata do Piso Salarial Profissional Nacional) e a lei municipal 1.375/10 (trata do Estatuto e Plano de Carreira do Magistério de Lauro de Freitas) sejam cumpridas pelo governo municipal. O MEC definiu que o Piso Nacional deverá ser de R$ 1.451,00 - salário base - neste ano de 2012.

Em Lauro de Freitas, para cumprir a determinação da lei federal, a Prefeita está retirando parte da gratificação e de adicionais dos professores para compor o Salário Base e assim dizer que cumpre o Piso. Importante dizer que as gratificações estão definidas no Estatuto e no Plano de Carreira que foram construídos em conjunto e aprovado pela Prefeita em 2010. A Prefeita está intransigente e com esta manobra retira direitos conquistados historicamente pelos professores. Isso é inadmissível.

Em 06 de abril de 2011, o STF[2], na ADIN 4167, definiu que piso é o vencimento básico. Acórdão sobre essa decisão do STF foi publicado em 24/08/2011, o que legitima mais ainda a greve e as reivindicações dos educadores. Logo, os artifícios e sofismas que tentam driblar a lei são mentiras.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE – o Piso Salarial Nacional para 24 horas semanais deveria corresponder, em 2011, a R$1.597,87, pois a Lei 11.738 estabelece reajustes anuais para o piso. Como o valor do piso em 2008 era de R$950,00, aplicados os reajustes de 2009, 2010 e 2011, o piso, em 2011, teria que ser R$1.597,87. Contudo, em 2009, o Governo Federal não concedeu o reajuste. Logo, o valor definido pelo MEC está aquém do que deveria ser.

A fome e a sede de justiça estão levando os professores do Brasil a lutarem pela conquista do Piso salarial Nacional, Lei Federal 11.738/08. A luz e a força divina do Deus da vida brilham em todos que lutam por respeito à dignidade humana também na educação.

Mesmo morando em Belo Horizonte e acompanhando as lutas dos movimentos sociais do campo e da cidade nas Minas e nos Gerais, digo: Mexeu com professores que lutam por direitos legítimos mexeu comigo também.

Obrigado aos professores de Lauro de Freitas, que seguem lutando, em greve, por um sagrado direito. Vocês estão nos dando uma grande aula de cidadania. Saibam que vocês, queridas/os educadoras/res, estão plantando sementes da educação pública de qualidade. A prioridade na gestão pública deve ser o povo e não o capital. Com frei Betto, afirmo: Salário não é ESMOLA, ESCOLA não é sucata, Educação de qualidade é a mais importante REVOLUÇÃO para tirar o Brasil do atraso e torná-lo uma nação soberana independente.. Aluno não é COBAIA. Minha SOLIDARIEDADE ENCORAJADORA!

Oxalá a cidade de Lauro de Freitas passe a integrar as cidades que de fato cumprem o Piso Salarial Nacional dos Professores.

Belo Horizonte, 07 de abril de 2012.



[1] Padre carmelita; mestre em Exegese Bíblica; professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte – e no Seminário da Arquidiocese de Mariana, MG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - facebook: gilvander.moreira

[2] Supremo Tribunal Federal.

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mais uma luta pela desapropriação de DANDARA


Mais uma luta pela desapropriação de DANDARA
Por: Frei Gilvander

CONVOCAÇÃO À REDE DE APOIO A DANDARA.

Belo Horizonte, 02 de abril de 2012.

Amanhã, dia 03 de abril, terça-feira, a OCUPAÇÃO-COMUNIDADE DANDARA estará mais uma vez mobilizada e em luta pela desapropriação do terreno ocupado por 1.000 famílias de Dandara.

De madrugada, em vários ônibus, o povo de Dandara irá para o centro de Belo Horizonte manifestar na parte da manhã e a partir das 14 horas acompanhará mais uma Audiência Judicial na 6ª Vara de Fazenda Pública Estadual, sob a presidência do juiz Dr. Manoel dos Reis Moraes. Contaremos também com a participação da Ocupação-comunidade Zilah Sposito-Helena Greco. Esperamos contar com o apoio de integrantes da Rede de Apoio às Ocupações: sindicatos, movimentos sociais, professores, padres, freiras, estudantes, pessoas de boa vontade, amigos/as...

Em 9 de abril de 2009, na madrugada de uma quinta-feira da Semana Santa, a Comunidade Dandara foi formada a partir da ocupação de um terreno particular que não cumpria sua função social – 315 mil metros2.

Exigimos que o prefeito de Belo Horizonte, sr. Márcio Lacerda, ou o Governador de Minas, sr. Antonio Anastasia, desaproprie o território de Dandara para fins de habitação popular do povo que lá ocupa o terreno há quase 3 anos. Desapropriação é compra forçada. Essa é a forma jurídica e política mais justa para se resolver de forma justa o grave conflito social que envolve as mil famílias de Dandara – cerca de 5 mil pessoas. A Presidenta Dilma já nos disse que se o prefeito de BH ou o governador desapropriar Dandara, o Governo Federal coloca dinheiro para urbanizar Dandara, terminar de construir as casas e fazer o que precisa ser feito para que Dandara seja de fato reconhecida como um bairro.

Na Audiência Judicial de amanhã, às 14 horas, dia 03 de abril de 2012, a Comunidade Dandara, mobilizada e em luta, espera sensibilizar o poder judiciário para que este possa reconhecer a importância de Dandara como um bom exemplo de reforma urbana popular para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Não podemos esquecer que a Construtora Modelo reivindica a reintegração de posse no terreno ocupado por Dandara, mas deve ao município de BH mais de R$2.200.000,00 em IPTU, nunca pagou nem um centavo pelo terreno. É público e notório que o terreno estava abandonado há várias décadas. Era uma propriedade que não cumpria sua função social. Logo, segundo a Constituição de 1988 a Construtora Modelo nunca exerceu posse sobre o terreno e por isso não deve ser reintegrada.

Se em BH há um déficit habitacional acima de 70 mil casas é óbvio que o prefeito tem o dever de desapropriar Dandara e assim regularizar a situação das mil famílias que lá vivem há quase 3 anos. Dandara não pode se transformar em um Pinheirinho 2. Dandara é de luta e jamais aceitará ser despejada. O povo tem necessidade, sabe dos seus direitos e lutará até a vitória.

Obs. 1: Participação com presença, ajuda com alimentação e subsídio para pagar ônibus são bem-vindos.
Obs. 2: A Audiência Judicial será na 6ª Vara Pública de Fazenda Estadual, na Rua Gonçalves Dias, 1260, Funcionários, lado da Praça da Liberdade.

Assinam essa Convocação:

Brigadas Populares, Coordenação Geral de Dandara e Rede de Apoio a Dandara.

Contatos:

Rosário, cel. 31 9241 9092 - Joviano, cel. 31 8815 4120
Rosa, cel. 31 9287 1531 - Frei Gilvander, cel. 31 9296 3040.

Um abraço afetuoso. Gilvander Moreira, frei Carmelita.
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No BLOG do NDG e no Blog A pós-modernidade, da colega Marly Gribel, leiam também:

Altamiro Borges: Redes sociais e luta por hegemonia