Entre 2010 e 2012, este blog estava a serviço dos profissionais da Educação de Minas. Posteriormente, o blog ampliou os temas, sempre na defesa das melhores causas. A partir de outubro de 2023, demos especial destaque à corajosa resistência do povo palestino contra o sionismo e o imperialismo. Além disso, produzimos um combate sem trégua ao capitalismo, apresentando como saída a construção de uma outra relação social, solidária, horizontal, mundial: comunista. (contato: euler.conrado@gmail.com)
sábado, 15 de maio de 2010
Minas Gerais aboliu o direito de greve
Embora no papel, na carta constitucional, conste que vivemos numa república ferativa regida por uma mesma Lei Maior - a Constituição Federal -, que assegura direitos próprios de um estado de direito democrático, em Minas Gerais, vive-se uma outra realidade. Por aqui, a greve, que é mandamento constitucional, foi abolida pelo poder judiciário, que age quase sempre ao sabor dos interesses de grandes empresas e dos governantes de plantão.
Todas as recentes grandes greves ocorridas em Minas e em BH foram declaradas ilegais pela Justiça. Rodoviários, médicos e sobretudo a dos educadores das redes municipal de BH e estadual de Minas são exemplos dessa prática.
A greve dos educadores de Minas é o caso mais escandaloso de revogação de um direito constitucional, pois o desembargador considerou a Educação um serviço essencial, que devia ser tratada com os mesmos cuidados daquelas áreas como emergência de saúde, segurança pública, etc. Ocorre que na Lei 7.783 - Lei de Greve - nem de longe, nem nas entrelinhas, a Educação foi reconhecida pelo legislador como "serviço essencial".
Mas, os nossos desembargadores são mais realistas do que o rei e interpretam as leis ao mesmo tempo em que as criam. Há que se perguntar: para quem servem essas leis, se quem deveria primar pelo cumprimento das mesmas é o primeiro a não aplicá-las.
No caso em tela, da greve dos servidores da Educação, a decretação da ilegalidade veio sob encomenda, de maneira suspeitíssima, para um governo que estava sendo acuado pela força de um movimento pacífico e bem organizado e perdendo os instrumentos de coerção e manipulação de que dispõe. Foi literalmente salvo por este providencial arranjo institucional criado pelo judiciário mineiro. E nem adianta recorrer às chamadas instâncias superiores. Não apenas pela morosidade judicial - o que neste caso torna inócua qualquer decisão - como também pelo fato de que os mesmos que decretaram a greve ilegal serão os primeiros a julgá-la novamente.
Diante disso, está colocado para as forças sociais vivas de Minas Gerais e do Brasil o desafio de levar essa discussão para todos os fóruns locais, nacionais e internacionais. Minas respira ares de autoritarismo. Não basta a mordaça imposta à imprensa mineira, toda ela comprada, salvando apenas manifestações individuais de profissionais sérios e éticos da mídia. No conjunto, a imprensa mineira não tem independência para criticar e para praticar um jornalismo ético, que ouve igualmente as partes envolvidas. Tem sido uma imprensa omissa e conivente com os projetos políticos do atual governo de Minas.
O legislativo é outro poder praticamente inútil em Minas, já que não cumpre as obrigações constitucionais de fiscalizar, acompanhar e produzir leis em favor da população. No caso da educação, a maioria dos deputados votou contra uma emenda de implantação do piso salarial profissional e de reajuste decente para os educadores. Ficaram omissos durante mais de 30 dias de greve dos trabalhadores da Educação e só apareceram agora, sob forte pressão das bases dos deputados nos municípios.
O TCE - Tribunal de Contas do Estado - tem um conselho político formado de ex-deputados indicados pelos governantes de plantão. O salário e verbas indenizatórias desses senhores costumam ultrapassar os 50 mil reais. As poucas vezes que a Polícia Federal ionvestigou os possíveis desvios das verbas federais em Minas, descobriu que dezenas de prefeitos estão envolvidos em desvios e falcatruas com o dinheiro público. Ao que parece, estes senhores só roubam dinheiro federal, já que as receitas municipais e estaduais, ao que consta, pela apreciação do TCE, são poupadas da ganância desses administradores.
É esse o quadro institucional de Minas, com os poderes, incluindo a imprensa, em grande medida corrompidos, ou comprados ou envolvidos em grandes esquemas de dominação política dos coronéis de plantão.
Minas não respira liberdade. E a realidade da greve dos educadores é uma prova disso. Um governo que diz publicamente que não negocia com trabalhadores em greve - como é o caso do atual - deveria de imediato ser levado às barras da Justiça se este país fosse verdadeiramente uma democracia e nós vivéssemos um estado de direito. Ora, se a greve e as manifestaçãoes são asseguradas na Carta constitucional, o governante que diz que não negocia com grevista comete crime, tanto quanto qualquer descumprimento da lei.
Além disso, como pode o poder judiciário, ao arrepio do que diz a lei 7.783 - um dever de casa: leiam aqui a lei de greve e vejam se vocês descobrem em que artigo a Educação é considerada serviço essencial - decretar a ilegalidade da greve dos educadores?
Portanto, urge se formar em Minas, ao lado dos movimentos sociais e greves e manifestações em curso, um grande movimento pelo fim do autoritarismo e pelo retorno da democracia em Minas. Na chamada terra da liberdade não se pode permitir que se pratiquem atos como perseguição política, demissões de servidores em greve, imprensa amordaçada e um judiciário (não todos os desembardores, diga-se) corrompído por interesses inconfessos.
É hora de nos mobilzarmos por uma verdadeira republicanização de Minas Gerais, contra o autoritarismo e as políticas neoliberais de governantes apoiados por poderosos grupos de rapina locais, nacionais e estrangeiros. Por enquanto, Minas Gerais é aquele estado onde o direito de greve foi abolido.
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É desolador saber que quem deveria cumprir a lei,não só a descumpre a próprio favor bem comoe cerceia o direito a reivindicação.
ResponderExcluirNem na ditadura fomos tão humilhados como neste governo Aécio-Anastasia...
ResponderExcluirvamos mostrar nas urnas o poder dos professores somos 200000 professores, mas em cada família tem pelo menos três votos com isso chegamos a quase 10000000 (milhão) de votos. Assim não votando em nenhum dos deputados que votaram contra o piso salarial e em especial em Aécio e Anastasia.Mudamos este quadro substancialmente.
Olá Euler, lhe enviamos um convite para ser contribuidor no blog do Sind UTE Floresta. A luta continua, precisamos fazer uma rede de blogs e comunicação permanentes!Esperamos que aceite o convite
ResponderExcluirAtenciosamente
Rômulo
"Se vivemos na democracia como diz a lei" então levemos os governantes de Minas as barbas do tribunal,utilizando de um direito ofertado pela lei. Sabemos qual será o resultado, mas será uma bomba em todo o país. FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO EM MINAS LEVAM GOVERNO À JUSTIÇA PARA CUMPRIMENTO E RESPEITO A LEI MAIOR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL! É uma loucura, ultopia, chamem do que acharem melhor. O problema é que nós não sabemos aplicar as leis que temos se les encontram aberturas nas leis, por que nós não encontramos?. MEDO, INSEGURANÇA, DESCONHECIMENTO............etc.
ResponderExcluirAo meu colega Lauro Julio.
ResponderExcluirQuerido vc está se esquecendo que vivemos em um país de pobres e famintos que 1KG de feijão compra voto.
Pode contar certo que vários de nossos colegas irão votar neles. Brasileiro tem sangue de barata e tem perda de memoria diga-se de passagem.Olha, se aceitamos inclusive,que as passagens pra irmos ao traballho passou a ser nossa obrigação, pois o governo não cumpre esta lei e ficamos quietos até hoje......... Ele sabe com que classe de trabalhadores está travando a batalha. Já conhece a prática BATA OS PÉS, QUE ELES CORREM, POIS A NECESSIDADE DO EMPREGO É MAIOR.FICO MUITO TRISTE COM A REALIDADE ME DESCULPE EM DESCORDAR DE VC. BJS
Pela últma postagem a mim enviada por um membro do Sindicato, já tenho a certeza VIU,BASTOU BATERMOS OS PÉS PRA ELES SAIREM CORRENDO QUE NEM BURROS NO ESTOURO DA LAÇADA. Infelizmente perdemos mais uma vez, O QUE SEMPRE É DE COSTUME NA NOSSA CLASSE, por desconecimentos e falta de estratégias políticas e judiciais (leis). Por que não fizemos esta greve antes, quando Aécio estava no poder e o tempo estava ao nosso favor?
ResponderExcluirDesconhecimento de leis ou outros que prefiro não comentar. Claro que o arranjo, sabendo da data que impediria nosso aumento salarial, por ser ano de eleioção seria uma das manipulções.
Só nós é que não sabiamos e aí??????????? Eta gente chega de scrifícios e bater com a cara no muro!!!!!!!!!!!!!!!!!
Olá professores!
ResponderExcluirNão entendo muito de Direito, mas pra que serve a Justiça Federal? Poderíamos entrar com uma ação na Justiça Federal (ou em outro lugar) denunciando o desrespeito à constituição Federal? Existe algum órgão onde poderíamos denunciar esse desembargador do TJ? Será que é assim mesmo que funciona, eles realmente podem fazer o que querem e não acontece nada com eles?
O que me preocupa é o comentário da Eliane, ela está certa, corremos um risco muito grande do PSDB continuar no poder.
Olá, pessoal agradeço a visita de todos vocês ao blog. Sintam-se em casa.
ResponderExcluirLauro, este governo é realmente de amargar. Mas a nossa está fazendo a diferença.
Romulo, obrigado pelo convite, que já foi aceito. Qualquer texto deste blog que quiserem publicar, fiquem a vontade. E tenho repassado material de vários blogs tanto aqui como também por e-mail. Precisamos mesmo formar uma rede de comunicação e apoio entre os educadores de Minas e até do Brasil.
Eliane, concordo em parte com vc, mas acho que ainda há tempo para conquistarmos algum aumento de salário, entre outras conquistas. O importante é que estamos tentando e sua participação é fundamental.
Ana, seria realmente importante denunciar o que acontece em Minas. Infelizmente, os órgãos superiores se fecham de forma corporativa. Mas, existem outros órgãos, até mesmo internacionais, que poderiam ficar cientes do que acontece em Minas e com isso pressionar por mudanças.
Abraços e força na luta, companheiros!
Parabéns pelo texto. Também tenho aqui, em Fortaleza, escrito textos protestando quanto à posição do Ministério Público e do Judiciário. Já conseguimos reverter o movimento sindical, algumas coisas, com muita pressão, ocupando foruns e tribunais. Sobretudo provocando audiências de conciliação, ajuizando também ações e pedindo a juntada por conexão... atrapalhando qualquer julgamento antecipado ou concessão d elimianres das ações ajuizadas pelos governantes. MAS É GREVE CONTINUA SENDO E É UM INSTRUMENTO POR EXCELÊNCIA. PRECISAMOS VESTIR-LHE NOVAS ROUPAGENS ESTRATÉGICAS. Visite o meu blog: www.valdecyalves.blogspot.com
ResponderExcluirAssisti pela tv a votação do PL 4689/2010 e fiquei indignada com a postura dos deputados que rejeitaram todas as emendas que foram apresentadas.Gostaria que alguém colocasse na internet a lista dos inimigos dos professores para que nas eleições nós também possamos nos lembrar de nossos inimigos, assim como fizeram conosco,dizendo um NÃO a eles.Acioni
ResponderExcluirAssisti pela tv a votação do PL 4689/2010 e fiquei indgnada com a postura dos deputados que rejeitaram todas as emendas. Gostaria muito que alguém que tenha a lista desses ilustres deputados inimigos dos professores que colocasse na internet para que nas eleições nós também possamos nos lembrar deles, dizendo um NÃO aos seus nomes nas urnas.Acioni
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