terça-feira, 12 de janeiro de 2016

De férias, dengoso, pela terceira vez, mas esperançoso

De férias, dengoso, pela terceira vez, mas esperançoso

A dengue, na sua terceira passagem pelo meu corpo - quando escrevo estas linhas ainda me recupero - , fez a gentileza de esperar que eu entrasse de férias. Claro, assim tenho mais tempo para ficar em casa, tomando água o dia todo, deitado e olhando o desfile das estrelas, entrecortado por momentos de desejadas chuvas. Para contrariar a opinião quase generalizada de que a Saúde Pública no Brasil não vai bem, confesso que fui muito bem tratado no SUS, ou, mais precisamente, na UPA 24 horas de Vespasiano. Lá fui atendido num sábado, após esperar não mais que uma hora e meia; houve coleta de sangue para exame laboratorial e tomei soro durante um tempo. Dezenas de pessoas foram atendidas por diversos motivos. O que indica que, apesar não da crise, mas da urucubaca da mídia golpista, as coisas funcionam relativamente bem no cotidiano do Brasil. Talvez com deficiências maiores aqui ou ali, com falta de investimentos ainda maiores de forma geral, mas, contudo, o SUS continua funcionando muito bem, graças sobretudo aos servidores públicos da Saúde - incluindo os que são terceirizados. Aliás, tal como acontece na Educação pública, na segurança, na Cultura, entre outros, cujos servidores dão o sangue para fazer o melhor pela população, especialmente a que mais precisa dos serviços públicos.

Mesmo não estando mais na Educação pública, não deixo de acompanhar o que se passa na rede estadual. Dois temas fortes atingiram a categoria mais recentemente. A questão da Lei 100, nos seus momentos finais, que levou o governo a demitir 60 mil valorosos servidores. Convivi com muitos colegas atingidos pela Lei 100, todos eles ótimos profissionais, que não tiveram a menor culpa pelas manobras urdidas nas gestões tucanas, até que se chegou ao desfecho atual. Espera-se, a partir de agora, que o atual governo cumpra o compromisso de recontratar a maior parte, senão todos os antigos servidores. Além, obviamente, de realizar as nomeações dos concursados.

O segundo tema que atingiu a categoria foi o atraso no pagamento dos salários. Embora por poucos dias, os trabalhadores não merecem pagar pela crise herdada pelo governo. E já há o anúncio de que haverá novos atrasos e um futuro incerto. O governo de Minas precisa fazer um esforço maior para não permitir que essas coisas aconteçam. Afinal, os trabalhadores têm compromissos, têm dívidas, contam com seu salário que é a fonte de sobrevivência. Então no caso de quem recebe menos, um dia de atraso pode fazer toda a diferença na vida da pessoa. 

É fato que o governo anterior deixou um rombo de alguns R$ bilhões para o atual governo. É fato também que estamos vivendo uma crise mundial, que afeta todos os países, embora a mídia urubuzenta e golpista tente nos vender a ideia de que Dilma inventou a crise. A arrecadação do estado certamente não cresceu como se esperava, já que 2015 foi um ano quase perdido, graças a Eduardo Cunha, Aécio, Rádio Itatiaia, Globo, Band, Gilmar Mendes e outros que só fizeram apostar no quanto pior, melhor. Com rombo de caixa, baixa arrecadação, torcida do contra, crise internacional, os governos certamente tiveram que se esforçar muito para manter as folhas em dia em 2015. É o que se lê nos depoimentos de inúmeros prefeitos e governadores.

Mas, voltamos ao ponto: nada disso pode justificar prejuízos para os trabalhadores. O governo de Minas tem todas as condições para equacionar o pagamento da folha dos servidores em dia, nem que para isso o governo faça convênios com os bancos, especialmente CEF e BB, que poderiam antecipar o pagamento das folhas e receber depois do estado. Os bancos suportam atrasos de dois ou três dias. Os servidores, especialmente os de baixa renda, não.




Agora, há que se registrar também o oportunismo da mídia, que nas gestões tucanas nunca se indignaram (indignou, revisor, olha a correção... Nota do Blog: o revisor do blog é um gato preto e branco, que entra pela janela do bunker e que parece com o Euler, ou seja, dorme tarde demais e portanto cochila na hora da revisão) com nada que dissesse respeito às lutas e demandas dos trabalhadores, e agora aparece como interessada em apoiar os servidores. Chega ao ridículo de usar os tais 3,4 milhões que o governo de Minas pretende gastar para pintar as farmácias do governo de vermelho (Nota do Blog: nada contra), tentando induzir os menos avisados a acreditarem que se o governo não fizesse este gasto seria possível pagar a folha dos servidores. Quanta hipocrisia, né pessoal? São mais de 600 mil servidores e uma folha mensal que ultrapassa os dois bilhões e os caras vêm com essa de que o governo está gastando 3 milhões, e que por isso atrasa o pagamento da folha? Tá certo que a mídia já formou e forma muito analfabeto político, gente sem capacidade crítica alguma, até mesmo incapazes de fazer contas as mais simples, mas, mesmo assim, precisam respeitar os demais, né?

As mobilizações dos servidores são legítimas, uma vez que, mexer com os salários dos trabalhadores é briga certa. Atrasar alguns dias durante um mês, a gente até entende. Mas, viver a agonia de que este atraso pode se repetir ou que possa até haver parcelamento de salário, ninguém merece.

É hora, portanto, de todos se unirem - ou de todos nos unirmos - para pressionar os poderes constituídos contra o clima de golpe que causa mais crise e instabilidade econômica, e em favor de políticas geradoras de emprego, renda e aumentos reais nos salários. Se o Brasil não voltar a crescer, todos os estados e municípios serão alcançados pela queda na arrecadação, desemprego, etc.

Sobre este e outros temas volto a falar mais tarde, porque agora vou dormir um pouco. Até, então.

Retomando (13/01/2015) - Desejando que os salários dos valorosos servidores públicos do estado de Minas, especialmente os da Educação, estejam devidamente depositados bem cedinho nas respectivas contas bancárias, retomo as análises de ontem.

Quero reiniciar falando um pouco sobre a questão da dengue. Acho que este é um problema que só terá solução quando for desenvolvida uma vacina e aplicada nos postos de saúde de forma generalizada. Os métodos atuais de combate à dengue já falharam há muito tempo. Eu vejo os e as valentes agentes de combate à dengue visitando casa a casa Brasil afora. Entram nas casas, vistoriam, orientam, identificam focos, mas geralmente não estão acompanhados de uma estrutura que possibilite uma varredura completa. O que eu chamo de varredura completa? É entrar numa casa, verificar as calhas, as caixas d'água, o quintal e o interior da casa. Para isso é preciso que haja escada, equipamento para fechar uma caixa d'água, aparar um gramado para localizar latas ou garrafas jogadas no terreiro, etc. O agente não tem como carregar estes equipamentos. O poder público teria que formar equipes com este poder operacional, o que não acontece. Não adianta dizer para o dono ou para a dona da casa que ele ou ela tem que fazer isso ou aquilo, porque não vai acontecer. Num primeiro momento as pessoas se preocupam, mas depois acomodam, claro que nem todos. Além disso, a maioria das pessoas não param em casa, não possuem sequer escada para subir ao telhado, além das condições precárias de parcela da população, que tem outras preocupações mais urgentes.

Este problema está ligado também à realidade estrutural brasileira, marcada por profunda desigualdade social, coisa que a mídia cretina do Brasil jamais menciona, a não ser como discurso demagógico contra pagamento de impostos - na verdade ela luta contra os impostos dos ricos, que são os que mais sonegam. Quando a mídia fala de problemas de violência urbana, jamais associa a desigualdade social com a criminalidade. Para radialistas e apresentadores sensacionalistas das TVs, este é um problema que se resolve "matando bandidos", colocando mais polícia na rua, prendendo mais adolescentes, sobretudo pobres e negros e "leis duras" contra os pobres, apenas. Eles adoram citar outros países em contextos absolutamente diferentes como exemplo, mas jamais comparam com a realidade dos que conseguiram maior igualdade social e com isso quase aboliram práticas de roubos, assaltos, entre outros.

É fato que no Brasil que não aparece na mídia houve pequena redução na desigualdade nos últimos 12 anos, graças às políticas públicas nas gestões de Lula e Dilma - mais um mérito do PT que a mídia nunca reconhece. Mas, ainda prevalece uma enorme diferença entre os 50% mais pobres da população e os 10% mais ricos. O PIB brasileiro continua concentrado em poucas mãos. As faixas salariais, igualmente, guardam grandes diferenças entre quem ganha o mínimo e o teto real (não o oficial, muito abaixo do real). Enquanto houver este profundo abismo social que existe no Brasil, legislação alguma conseguirá um clima de paz. O que agrava ainda mais quando uma mídia golpista aposta todas as fichas no caos e na derrota do governo.

Falemos agora sobre as manifestações contra os aumentos nas tarifas de ônibus em várias cidades do Brasil. Os governos estão reagindo a estas manifestações com muita violência, vide o que aconteceu em SP e mesmo aqui em Minas e em outros estados. Continuam usando a polícia treinada para bater, jogar bomba de gás e spray de pimenta como solução. Resolve o quê, este tipo de violência contra os cidadãos? Nada. A manifestação é um direito democrático das pessoas. Tem gente que trata este direito apenas como teoria que existe para não ser usado. Ora, é prática ditatorial agredir cidadãos que protestam contra aumentos de tarifas de ônibus dessa forma - ou contra qualquer outra demanda. Abram o diálogo com a população, senhores governantes, pois foram eleitos para isso, não para reprimir o povo que luta por seus direitos.

Mariana é outro tema que não pode calar. Infelizmente, a histórica cidade está associada agora não a sua riqueza cultural, mas à tragédia do rompimento da barragem que espalhou lama por muitos quilômetros. A empresa responsável, a Samarco, da Vale, que foi privatizad... ops, desculpe o erro, revisor ... foi DOADA durante a gestão tucana de FHC, cujo governo está sendo acusado agora de ter recebido propina de 100 milhões de dólares, mas não vem ao caso, né Dr. Moro, né comentaristas da mídia? - precisa (a Samarco) pagar pelos danos. Simples assim. Não pode ficar impune. Nem a empresa, nem os proprietários e diretores responsáveis, nem os políticos que protegem as mineradoras em troca de financiamento de campanha.

Agora uma pausa para um chá e retomaremos o texto com temas variados amanhã ou depois de amanhã.

Retomando (em 15/01/2016). Uma boa notícia para os profissionais da Educação foi o aumento acima da inflação do piso salarial nacional, cujo valor agora é R$ 2.135,64 - reajuste de 11,36%. Em Minas Gerais, este valor será aplicado paulatinamente, com a segunda parcela acordada com a categoria, e já transformada em lei, devidamente corrigida pelo reajuste do piso. Assim esperamos. Em breve, o pagamento integral do piso e as vantagens como as progressões e o meio quinquênio previsto para 2017 (se não me falha a memória) turbinarão o valor dos vencimentos dos trabalhadores da Educação no estado. Mais do que merecido! 

Importante destacar que com o reajuste acima da inflação aplicado ao piso dos educadores e ao salário mínimo, a presidenta Dilma manteve seu compromisso com as políticas públicas em favor dos de baixo. Isto apesar das crises, tanto a real, quanto a inventada pela mídia golpista.

O governo de Minas anunciou um escalonamento que me pareceu "suave", considerando a realidade do estado. Quem ganha até R$ 3.000,00 de salário vai receber o valor integral todo quinto dia útil entre fevereiro e abril deste ano. Quem ganha até R$ 6.000,00 receberá R$ 3.000,00 no quinto dia útil e o restante no dia 11 ou 12 de cada mês (até abril). Já quem ganha acima de R$ 6.000,00 receberá as duas primeiras parcelas como os demais (R$ 3.000,00 no quinto dia útil e R$ 3.000,00 nos dias 11 ou 12) e o restante no dia 15 ou 16 de cada mês. Este parcelamento fará com que pelo menos 80% dos servidores recebam integralmente no quinto dia útil. O governo deve apresentar novo calendário para as folhas de pagamento com vencimento a partir de maio de 2016.

Acredito que, se houver caixa, o governo quitará a folha integral antes das datas previstas no parcelamento. Apesar da crise, da torcida do contra, do pessimismo e do vira-latismo tão em voga em Minas e no Brasil por parte de parcelas lobotomizadas pela mídia da direita.

Pausa para um café e volto mais tarde. 

E a Petrobras, hein, pessoal, cada vez surpreendendo mais... positivamente. Em 2015, apesar das crises citadas, da Lava Jato e de tudo mais, a empresa bateu novo recorde de produção, superando as metas previstas. São 2,6 milhões de barris de petróleo e gás diários, um terço do qual extraído do pré-sal, que sozinho já atingiu a produção de cerca de 800 mil barris / dia. Não fosse a enorme queda no preço do barril de petróleo no mercado internacional - que a Petrobras não controla - a maior empresa brasileira estaria jorrando dinheiro nos cofres públicos do Brasil. A Petrobras é a empresa que mais paga impostos, que gera 80 mil empregos diretos e centenas de milhares indiretos; que mais investe para dinamizar o mercado interno. Mas, a direita golpista e seus comentaristas de rádio e TVs de aluguel adoram detonar a Petrobras e elogiar qualquer empresa privada, que não traz benefício algum comparável à Petrobras. Como é o caso da Samarco, da Vale, que gera poucos empregos, abocanha grandes lucros, paga poucos impostos e deixou um legado de destruição ecológica e humana. É dessa gente que a direita gosta.

Pausa para o jantar e voltamos amanhã, dia 16.

Retomando em breves linhas (em 19/01/2016) - A chuva não para. Para mim, isso é bom sinal. Teremos um ano de fartura. Sem racionamento de água ou energia elétrica. A agricultura também agradece. E se tudo correr bem, já no segundo semestre deste ano o Brasil volta a crescer. Apesar da torcida do contra - Aécio, juiz Moro  e seus agentes da CIA, a mídia golpista, Gilmar Mendes, entre outros. Não podemos permitir que essa turma da Casa Grande roube a democracia e os direitos que conquistamos com muita luta, suor e lágrimas. O povo brasileiro é muito maior do que essa gente.

Pausa para o chá e voltamos mais tarde.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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