domingo, 13 de junho de 2010

Dialogando com a coordenadora do Sind-UTE



Colega Beatriz,

Agora que estou de volta posso manter este diálogo fraterno com você. Também eu tenho grande respeito por você e pelo trabalho que realizou na liderança da greve durante todos os 47 dias. Ninguém pode negar que você deu enorme contribuição na organização do nosso movimento, e ainda terá muito a contribuir, agindo com firmeza, sinceridade e abertura para ouvir as críticas. Isso eu respeito e jamais você leu aqui neste blog uma crítica pessoal ou política à sua postura durante a greve. Mesmo divergindo de alguns posicionamentos, como foi o caso da suspensão da greve - tanto da decisão quanto da forma como foi encaminhada -, mesmo assim, jamais deixei de considerar que a decisão foi tomada em assembléia pela maioria, de forma consciente.

Contudo, estranhou-me o silêncio do sindicato em relação às negociações que deveriam se realizar nas última semanas. E a sua mensagem em boa hora confirma aquilo que suspeitávamos: o governo sequer apresentou uma tabela de salários. Mas, como vocês não haviam se manifestado a respeito, poderíamos supor que tudo corria às mil maravilhas. Esta informação - a de que o governo não ofereceu até agora nenhuma proposta concreta - é de grande importância para que possamos discutir as nossas estratégias de resistência junto dos colegas da base.

É importante que o governo saiba que toda a categoria está acompanhando a par e passo cada atitude que ele toma e que não deixaremos sem resposta o que ele vier a fazer. Se não oferecer nada em termos salariais, seguramente receberá uma resposta adequada da categoria. Se apresentar uma proposta ridícula, da mesma forma, saberemos como tratá-lo. O governo precisa entender que por trás das quatro representantes do sindicato que negociam com ele existem mais de 200 mil trabalhadores esperando impacientemente uma solução para a realidade de penúria na qual nós, os educadores, estamos submetidos.

Por isso, companheira Beatriz, esta é a razão da nossa indignação, o que por vezes pode até levar a excessos na forma de expressar. Mas, são sentimentos sinceros, que, se de um lado possam ter beirado a exageros verbais, por outro lado representam a nossa ânsia em querer saber o que se passa nas negociações com o governo. E representam também o nosso verdadeiro compromisso com a luta pela qual travamos durante os 47 dias de greve e também o nosso compromisso com os trabalhadores da Educação - e de resto, com todos os assalariados-explorados do mundo.

Estarei acompanhando as informações como de costume e publicando aqui, neste blog. E agora, já com a decisão de participar da assembléia do dia 17 e com o compromisso de mobilizar todos os colegas para este dia, com o sentimento de que, se nada for feito pelo governo em matéria de alteração da realidade salarial dos educadores de Minas, que ele nos aguarde.

Nossas espadas estão sendo desembainhadas e afiadas. Nossa luta não acabou e o governo Aécio-Anastasia vai sentir novamente a força de multidões nas ruas a contagiar toda a população mineira para a realidade da Educação em Minas.

As horas que ofereço agora não são mais para o sindicato, mas para o governo. Ele tem pouco, muito pouco tempo mesmo para conter a grande revolta latente que está para explodir nos próximos dias em Minas por parte de milhares de educadores, que não vão aceitar viver e sobreviver com essa ajuda de custo que temos recebido. Nem a Copa do Mundo será capaz de impedir a nossa disposição de mobilizar os alunos, os pais de alunos, e os colegas educadores para que retomemos as praças e as ruas convocando a comunidade para um sonoro e profundo gesto de repúdio a este governo, que não respeita a Educação pública e os educadores.

Um abraço fraterno,

Euler

P.S.: Quando acabei de redigir a resposta, recebi a msg da companheira Marilda, integrante da Comissão de Negociação do Sind-UTE, a quem extendo a resposta-diálogo que elaborei.


Leiam também o Boletim Nº 12 do Blog do Coreu clicando aqui

10 comentários:

  1. Bom dia Euler,

    Parabéns mais uma vez amigo, vc conseguiu que o sindicato nos desse pelo menos uma explicação do silêncio que nos incomodava e nos deixava apreensivos e no meu caso em particular, desacreditada e com sentimento de que realmente havíamos sido manipulados.

    Não tenho nada a acrescentar nas suas ponderaçoes e questionamentos vc foi objetivo e claro como sempre.

    Vamos sim a Assembleia dia 17 e vamos com toda a nossa energia nem que sejamos a minoria mas temos que expor nossa opinião.É nosso direito e agora, não dou mesmo o meu direito para ninguém.

    Um forte abraço e boas vibrações e inspirações para você.

    Cristina

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  2. Realmente o silêncio da direção do sindicato incomodava muito e me deixava apreensivo e ansioso em relação aos rumos da nosso luta! É completamente normal a reação que você teve frente a esse silêncio. Você mostrou que a falta de informação nos deixa quase que desesperados. E isso a direção do sindicato tem que entender!

    Continuamos na luta e faremos a paralisação do dia 17. Força à categoria!!!

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  3. Euler,

    ficamos sabendo que o governo reuniu-se com as SREs do estado, sexta-feira dia 11, e passou para elas os valores que estamos tanto esperando. Me pareceu mais uma manobra com o intuito de nos prejudicar escondendo os novos valores. Por que eles têm tanto medo de jogar limpo? A única coisa que provoca é revolta, descrédito e todo um sentimento negativo que estamos sendo mais uma vez manipulados...

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  4. Euler, estou como vc , fazendo uma dolorosa via cruz até o dia 17/06, o dia "D". E como tem sido difícil para os colegas e para mim não ter nada de concreto na mãos. E esse vazio, têm-nos transformado em reféns do governo e tbem do sindicato que não divulgava nada até vc se posicionar neste blog e exigir ( como deve ser) uma posição da Diretoria. A resposta de Beatriz, em tom de mágoa não me convenceu... Queremos que o site do sind ute tenha competência ´para divulgar de forma fidedigna e transparente o que vêm ocorrendo até aqui e não se esconder em respostas vagas que nada acrescentam a nossa ânsia de respostas e que tem sido buscada desesperadamente nos blogs dos próprios professores, que apenas especulam, mas não estão nas mesas de negociação. Exijo, e sei que esse é o desejo de toda a categoria que o site do sind ute seja atualizado com frequência. Marly Gribel, professora de MOC.

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  5. Por mais que justifique-se as ações, é ruim um colega professor ter que solicitar na marra uma resposta, uma informação qualquer do sindicato. Vale lembrar que por desinformação, movimentos perdem força. E jogar no lixo a cooperação, o engajamento, uma visão de identidade que conquistamos por desinformação oficial, é inaceitável.

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  6. E outra, a título sugestivo: o SindUTE Estadual não poderia abrir um blog oficial, parecido com este e ali de forma rápida e simplificada postar sobre todos os acontecimentos que são de nosso interesse? A ver.

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  7. João Paulo Ferreira de Assis13 de junho de 2010 às 18:29

    Devemos prestar todo o nosso apoio à sugestão do Professor Vanderlei. O blog oficial do SIND-UTE é mais do que necessário. Já deveríamos ter contado com ele antes de se iniciar a greve, pois a versão do governo era a única divulgada pela mídia. Que trate o SINDU-UTE de criar um blog para informação nossa de todos os passos das negociações, até porque quando chegar a época de a Assembleia Legislativa votar o orçamento para 2011, temos que estar atentos sobre se haverá previsão orçamentária para nos pagar o PISO. E teremos de acompanhar a tramitação, minuto por minuto, hora por hora.

    João Paulo Ferreira de Assis, Professor da EE Deputado Patrús de Sousa, Carandaí, SRE DE Barbacena.

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  8. Caro Vanderlei,

    Sua sugestão é muito boa, nosso movimento só terá força se a comunicação for eficaz e no momento não há melhor forma de comunicação(praticamente instantânea) que os blogs.

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  9. Caro Euler,
    caso o Governo não cumpra o prometido, vamos tirar desses politicos o que mais importa para eles.
    O que é?
    O emprego de Deputado Estadual, Secretária de Educação e Planejamento, devemos como educadores fazer um trabalho de coscientização da população que esse governo o único objetivo dele é investir onde há visibilidade, estradas, viaturas policiais Cidades Administrativas, vamos tratar esse pessoal com a mesma indiferença, quando o Professor Anastasia, o Aecio vier pedir os votos vamos na urna falar um ENORME Nâo para eles e para os nossos valorosos Deputados pois muitos so servem para uma coisa bajular o governo e fazer tudo que ele manda

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  10. Euler, tomei a liberdade de enviar seu texto para vários colegas da minha subsede no norte de Minas,que é uma região bastante combativa e tinha como proposta na última assemblèia a continuidade da greve e ficou bastante frustada com a suspensão temporária. Enviei este texto para todos: tenho acompanhado o blog do Euler e ele acabou tirando
    uma resposta da diretora do Sind -ute de que a tabela salarial, tão
    ansiosamnete aguardada por nós, até o presente momento não existe e, se
    existe está nas mãos do governo. Lamentavelmente ao que parece iremos
    para a Assembléia do dia 17/06 sem ter efetivamente algo de concreto,
    a não se que a tabela salarial milagrosamente apareça. Diante deste
    contexto proponho a subsede do norte de minas votar pela
    paralisação das atividades caso nada de concreto seja apresentado
    nesta Assembléia, e que tenhamos coragem de lutar porque
    pior derrota é não saber a hora do combate. E essa é a hora, pois a
    derrota de Aécio/Anastasia e Serra nas eleições serão tbem uma das
    nossas vitórias neste momento histórico tão peculiar . E digo
    mais, esta é sim, uma greve política: contra os desmandos destes
    governos tucanos que desmantelaram a educação e a saúde, pois tanto em
    Minas como SP, estados que eles governam, a educação e a saúde estão
    totalmente arruinadas.Se não vencermos teremos que derrotá-los definitivamente nas urnas.

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