quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um dia comum, sem grandes emoções



Dormi tarde ontem a noite, o que não é novidade, pois trabalho à noite e gosto de madrugar navegando, escrevendo, lendo, vendo TV, ouvindo música, sonhando, entre outras coisas não menos emocionantes, às vezes tudo ao mesmo tempo.

Quando o relógio acusou duas e meia da madrugada de ontem percebi que já era momento de me deitar. Comi uma barra de chocolate que estava próxima, desliguei o computador, liguei a TV que fica no quarto do bunker - mania de ligar e desligar alguma coisa - e só eu mesmo não me desliguei, até cair na cama ao encontro de um sono que foi profundo.

Quando acordei já passava das 9 da manhã. O café de rotina, uma leitura rápida no noticiário pela Internet, a visita ao blog - ninguém visita mais o meu blog do que eu, rsrs. Claro que visito muitos outros, também, diariamente. Leio os comentários, com toda atenção, embora nem sempre dou conta de respondê-los.

Como havia coisas de rotina para resolver, fechei o meu bunker, desliguei tudo, menos a geladeria, claro, e sai pelas ruas, qual pássaro que voa sem destino. Na verdade, tinha um destino, que era a casa da minha mãe, onde uma comida quentinha me aguardava, mas entre este destino e o momento em que sai do meu bunker havia um lapso de tempo livre para o acaso.

É interessante caminhar assim, como na bela música de Caetano... "Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento... nada no bolso ou nas mãos, eu quero seguir vivendo"... Pelas ruas de um arraial que um dia virou cidade, cumprimento um e outro, passo pelo bar do meu primo, lulista de carteirinha, onde invariavelmente se inicia um debate público e depois caio fora, pois, quando tenho tempo, as discussões atravessam o dia. E o meu dia hoje não estava para discussões.

Por isso, continuei caminhando pelas ruas que um dia foram uma passagem de terra e depois um calçamento de pedras e depois de asfalto, onde até a década de 70 passava gente, mas também passava boiada. Atravessei a linha férrea por um atalho que ainda não conseguiram destruir. Impressionante como o crescimento das cidades provoca o fim das picadas e atalhos e corredores com os quais nos familiarizamos desde a infância.

Destroem parte da nossa vida quando cercam tudo com grandes muros, destroem fachadas de prédios que marcaram a vida de muitas gerações. Não é o concreto em si que reclamo aqui, mas a memória, das brigas, dos namoros, das festas, das lutas gloriosas e inglórias. Os espaços formam o simbolismo desta interlocução coletiva que marca os diferentes tempos e espaços da e na comunidade.

Já na casa da minha mãe, quase uma hora da tarde, assisto o que resta do final de jogo Japão x Paraguai, enquanto devoro um prato delicioso. Disputa de penalti de um jogo que não saia gols. Um chute na trave e adeus, Japão. A América do Sul pode ser dominada na economia, na política, na força militar, etc, mas no futebol... Torço para o Brasil, claro, mas que admiro a petulância de Maradona, ah, isso não nego.

De volta para o bunker preparo as coisas para a escola e quando se inicia o jogo das 15h30 entre Portugal e Espanha, que em outros tempos formaram a União Ibérica, não consigo impedir que o sono se aproprie de mim, profundamente. Acordei já quase na hora de ir para o trabalho, tomei um banho rapidamente e pé na estrada, ou melhor, carro na estrada, um corcel 79 da melhor qualidade. O meu carro é municipal, e por isso jamais atravessa as fronteiras de Vespá. Na escola, entre os tempos de efetivo trabalho, encontro nos corredores com os colegas, num dia praticamente sem conspirações, apenas amenidades.

De volta para o bunker no tanque de guerra que não atravessa as fronteiras da cidade preparo a refeição da noite, hoje um macarrão com sardinha e molho de tomate e de sobremesa uma pequena barra de chocolate. Acho que estou comendo chocolate demais. Deve ser o frio. Uma viagem pela Internet, a busca de novas velhas músicas no Youtube - ouvi um pouco o cantor cubano Pablo Milanes, que me inspirava quando era militante de 20 e poucos anos; depois lembrei-me da música que ouvi no carro do João Martinho e que por coincidência encontrei no blog da Vanda (http://polivanda.blogspot.com/), "E agora, José?", do poema de Carlos Drummond e música de Paulo Diniz. Um pouco de Beatles, um toque de clássico e o relógio já marcava mais de uma da madrugada.

Gosto de escrever ouvindo música, às vezes repetidamente, mas hoje resolvi escrever estas linhas sem muito nexo ouvindo a música do silêncio noturno. Experimentem algum dia que não estiver muito frio: coloquem a cabeça para fora da janela e ouçam o barulho do silêncio noturno. Só então me lembrei de duas coisas: que hoje, ou melhor, ontem, foi o aniversário de uma prima e eu esqueci de ligar dando os parabéns. E vou ter que dizer pra ela exatamente o que aconteceu: havia lembrado mais cedo, mas depois esqueci. Até do meu aniversário ando esquecendo ultimamente. Deve ser a idade, da qual aliás já me esqueci também.

A segunda coisa que esqueci de contar é que durante a tarde havia começado a assistir um belo filme: "Os companheiros", com Marcello Mastroianni, entre outros, que se passa num cenário da luta de operários de uma fábrica têxtil. Mas, eu acabei dormindo, e quando acordei é que vi um pedaço do jogo que mencionei acima. Então acho que agora, se me dão licença, vou terminar de ver o filme, antes que o sono me apanhe novamente, nesta rotina de um dia comum, sem grandes emoções.

6 comentários:

  1. Bom dia Euler,

    Agora que você começa dá pista da sua

    rotina,acredito que esteja dormindo ainda.

    Mas o bom é saber que você está se energizando

    (nem que seja comendo muito chocolate), para

    novos combates. Afinal temos que definir as

    estrategias para a eleição.

    Abraços

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  2. Euler,

    Desculpe a minha insistência, mas deixe a preguiça de lado... Começe a colocar suas idéias em ordem... Não precisa ser prá ontem porém ... REGISTRE-AS EM UM LIVRO... Mostre para alguém que possa fazer uma avaliação séria... É tão interessante ler seus escritos... Será que estou tão enganada assim?

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  3. EULER, POSTEI ONTEM NO MEU BLOG E QUERIA QUE VC SOUBESSE QUE ESTOU NA SUA ROTA, POIS GOSTO MUITO DOS SEUS TEXTOS TAMBÉM!
    ABRAÇÃO E BOM DESCANSO DA LUTA!




    BOA NOITE EULER!

    ADOREI SEU TEXTO SOBRE: "MINAS, OH MINAS QUE VERGONHA!"; FIZ UM COMENTÁRIO EM MEU BLOG E O COLOCO AQUI:


    terça-feira, 29 de junho de 2010

    EULER CONRADO : UMA DAS ESTRELAS DA GREVE DOS EDUCADORES DE MG/2010
    TODOS OS DIAS ENTRO NO BLOG DO PROFESSOR DE HISTÓRIA EULER CONRADO( EULERCONRADO.BLOGSPOT.COM); SINTO-ME ÍNTIMA DELE, NO SENTIDO DE COMPARTILHAR SUAS IDEIAS. SEU BLOG FOI IMPORTANTÍSSIMO PARA MIM E PARA MILHARES DE EDUCADORES. VOCÊ EULER, TAMBÉM FOI ESTRELA DA GREVE 2010, BATALHOU E HONROU MINAS GERAIS COMO EDUCADOR E SER HUMANO. VOCÊ FEZ HISTÓRIA SENHOR PROFESSOR DE HISTÓRIA E FEZ ( E FAZ E FARÁ) UMA BELA HISTÓRIA! MEUS PARABÉNS E MEU PROFUNDO RESPEITO.
    MUITO OBRIGADA E SAIBA QUE ESTOU NO SEU RASTRO, OK? ABRAÇÃO!

    *******************x***********************

    RETIREI ESSA PARTE DO TEXTO DO EULER ( ABAIXO HÁ A POSTAGEM COMPLETA) PORQUE, O QUE ELE ESCREVEU, MERECE QUE TIREMOS O NOSSO CHAPÉU E QUE NOS ORGULHEMOS DE TER PESSOAS COMO ELE NOS REPRESENTANDO NAS ASSEMBLEIAS:


    ..."Num dado momento, alma generosa que tenho, tive até dó daquele punhado de gente que diz representar o povo - tirando aqueles da oposição que realmente cumprem este papel -, mas que não passam de um punhado de imbecis, ridículos e pau mandados. É a degeneração moral de um ser. E isso dá dó. Jamais gostaria de interpretar tal papel. Prefiro muito mais o meu minguado salário e minha labuta diária, onde posso encarar cada pessoa que passa por mim de cabeça erguida, olhar nos olhos e expressar o que sinto, sem rodeios, sem hipocrisia"...( EULER)
    Postado por polivanda@gmail.com às 18:45 0 comentários.
    ABRAÇÃO!
    29 de junho de 2010 19:01

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  4. BOA NOITE, EULER,

    PRIMEIRA COISA QUE VOU FAZER APÓS DEIXAR ESTES COMENTÁRIO PARA NÃO PASSAR DE LISO NO SEU BLOG É PROCURAR UM CHOCOLATE AQUI EM CASA, POIS ESTOU COM ÁGUA NA BOCA SÓ DE LER SEU TEXTO...

    OLHA, JÁ TEM COMPANHEIROS DE LONGE, ME PERGUNTANDO SOBRE AS ESTRATÉGIAS DO SINDICATO, PARA AMENIZAR AS PERDAS, VC JÁ TEM NOTÍCIAS????

    ABRAÇOS

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  5. Pois é Cristina,

    Descobrir o blog do Euler no Twitter quando de forma e atos desesperados eu fazia menções das nossas manifestações.Quando alguém indicou o blog do Euler. No mesmo instante linkei e cá estou.

    Não tem como começar o dia sem ouvi-lo primeiro.Fiz e faço indicação do blog a todos
    os meus companheiros da educação.

    E depois tive a honra de conhecê-lo no encontro
    do comando no Hotel Ouro Minas. Cris... o meu comportamento foi e é de tiete.Não tinha como chegar nas assembléias e deixar de mexer com o Euler.

    Este movimento grevista teve seus frutos!

    Abraços para todos amigos da educação

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  6. Boa noite, colegas de luta!

    Este time é de primeira linha: Vanda, Cristina, Circe e Denise.

    Este blog não cabe na telinha de alegria e emoção quando vocês passam por aqui.

    A nossa luta revelou para o mundo tanta gente bonita que deveríamos fazer uma greve todo ano, mesmo que fosse só para que as pessoas pudessem se encontrar... e se encantar umas com as outras.

    Um abraço carinhoso na minhas combativas colegas.

    Acredito que em breve o sindicato nos chamará para discutir as nossas estratégias de continuidade da luta sob as formas possíveis.

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