quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Educadores de Minas aguardam a resposta do governo para o direito ao piso e à carreira profissional



http://www.vtv.gob.ve/en-vivo


Venezuela enfrenta os golpes mobilizando a população e travando a luta ideológica sem medo e sem trégua. Cliquem na imagem e assistam ao vivo à mobilização convocada para este sábado pelo governo, contra o imperialismo e em defesa das conquistas bolivarianas.




Atualização em 25/02/2015: O ex-presidente Lula defende a Petrobras dos ataques da mídia golpista. E convida a todos a resistir ao golpe que está em curso no país. Não falou exatamente nesses termos, mas o Blog do Euler diz as coisas assim, abertamente. O Brasil está sendo atacado por forças lesa pátria, inimigas do povo pobre brasileiro. A mídia faz o trabalho sujo. Todo dia detona o país, a economia, o governo federal, e especialmente o PT. Se dependesse dos analistas da mídia - quase todos serviçais das elites - o país já tinha quebrado e hoje seríamos uma colônia dos EUA e países ricos da Europa. Mas, nada dizem sobre os caciques tucanos, que são inimputáveis, ou seja, não podem ser processados, nem julgados e nem condenados, e jamais aparecem na mídia como alvo negativo. No nosso próximo post vamos retomar este tema, já que o golpe armado contra o Brasil, em várias frentes, precisa ser combatido com muita determinação. Aguardem.

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Educadores de Minas aguardam a resposta do governo para o direito ao piso e à carreira profissional



Nessa quarta-feira de cinzas, após mais um belíssimo carnaval com muita folia por todo o país - e especialmente em BH, onde o carnaval dos blocos de rua renasce com força total – gostaria de retomar a discussão sobre as principais demandas dos educadores de Minas.



É fato que durante os últimos 12 anos de governos tucanos a categoria dos educadores sofreu enormes perdas. Primeiro, com a retirada das antigas gratificações, como quinquênios e biênios, para os novatos. Em pouco tempo os novatos se tornaram maioria e isso acabou contribuindo para dividir a categoria – pois uns tinham as gratificações e outros não. Toda vez que um governo quer dividir uma categoria da importância que têm os educadores, a primeira coisa que faz é manter direitos para alguns, e retirar de outros. É uma tática antiga, que num primeiro momento ninguém percebe, já que os “antigos”, no momento da mudança, são a quase totalidade da categoria. Logo, eles são poupados apenas aparentemente, até que os atingidos se tornem a maioria, e aí o governo pode cortar os direitos de todos.



O caso da Educação em Minas foi emblemático nessa estratégia. Primeiro os governos tucanos de Aécio e Anastasia retiraram os quinquênios dos novatos, mantendo tais direitos aos antigos servidores da Educação. Em seguida, alguns anos depois, retiraram essas gratificações e vantagens de todos os servidores, inclusive dos antigos, ao criar o subsídio.



Não fosse o papel que o nosso blog, especialmente, embora não fosse o único, assumira ao denunciar a tática do governo e a maioria da categoria poderia ter apoiado a implantação do subsídio, pois, no aspecto nominal ele superava o valor do vencimento básico já despido das gratificações para os novatos. Procuramos demonstrar aqui que, a opção pelo vencimento básico, mesmo na sua forma proporcional – ou seja, não no valor integral do piso, mas proporcional à jornada de 24 horas – ainda era mais vantajoso ficar com o vencimento básico inicialmente mais baixo do que com o subsídio dos tucanos.



Explicamos que o subsídio acaba com as principais vantagens do piso nacional. Uma delas, ao desatrelar-se dos reajustes anuais do MEC, que têm acontecido sempre acima da inflação, com ganhos reais. Uma outra desvantagem é que o subsídio não contempla gratificações, a não ser os reajustes impostos pela carreira, ligados à promoção e à progressão. Neste caso, o governo tucano tratou de alterar para pior e congelar a carreira dos educadores até 2015, data em que haveria uma progressão meia-boca com reduzido reajuste salarial.



O governo Pimentel, na sua propaganda eleitoral divulgada nas rádios e TVs, disse que daria para pagar o piso que os governos tucanos não fizeram. Aliás, na propaganda tucana, dizia-se que em Minas já se pagava até mais do que o piso. Um caso citado aqui num comentário feito no post anterior pelo nosso colega Professor João Paulo Ferreira de Assis ilustra bem a força da propaganda tucana. Enquanto os educadores amargavam um miserê em matéria de salário, muitos na sociedade pensavam que os professores estavam ganhando muito bem. Pois a propaganda do governo era mais ou menos assim: nenhum professor em início de carreira receberia menos que R$ 1.400,00 e que o governo pagava até 80% acima do piso, que estava em torno de R$ 1.600,00. Então se um professor tinha dois cargos e era mais antigo no estado, passava-se a ideia de que ele receberia mais que R$ 5.000,00 por mês, quando na verdade era a metade disso ou menos. Por dois cargos de jornada de 24h cada – ou seja, por 48 horas de trabalho semanais.



Assim que tomou posse, Pimentel pediu um prazo de 90 dias para negociar uma proposta para os educadores. Oficializou uma comissão composta pelo governo e pelo Sind-UTE e mais outra entidade sindical. Algumas reuniões foram realizadas, o sindicato apresentou a proposta que tem sido apresentada aos governos, desde antes: o piso cheio enquanto vencimento básico e a carreira que foi retirada dos educadores. Na última reunião dessa comissão, o governo, segundo nota do sindicato, apresentou alguns dados, mais ou menos com as seguintes fórmulas:



a) se pagar o piso cheio enquanto vencimento básico e voltar com os percentuais da carreira antiga isso terá um impacto na folha dos educadores que representará algo próximo de 172% de reajuste. Não foram divulgados outros dados que fundamentem esses números. Sabe-se apenas que os educadores representam talvez 60% de todos os servidores de Minas. Ou talvez mais. Sabemos também que a folha de pagamento do estado envolve os salários dos aposentados e pensionistas, já que o fundo da previdência foi consumido pelos diversos governos anteriores. Ou seja: os recursos recolhidos pela previdência, que agora deveriam ser usados para pagar aos aposentados, praticamente evaporaram e essa conta tem que ser paga pelo caixa do estado. Esta é uma das razões, talvez, do estado atingir o tal limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se os proventos dos aposentados fossem bancados com recursos do fundo de previdência, certamente haveria mais recursos para aumentos reais de salários aos servidores públicos. Mas, a culpa não é dos aposentados, e sim dos governos que não atentaram para este problema. Além disso, isso não pode cair nas costas dos trabalhadores como desculpa para não dar reajustes de salários, pois é um problema que os governos precisam resolver, já que foram eles que criaram tais problemas. Ou seja: recolheram dinheiro dos servidores para um fim e usaram para outro.



b) se pagar o piso cheio (R$ 1.917,00) em forma de subsídio, a partir do profissional com curso superior e mantendo os percentuais atuais da carreira piorada pelos tucanos – 2,5% para progressão e 10% para promoção – o impacto na folha cairia para algo próximo de 55%. Ou seja, para o governo – veja bem: para o governo! - esta proposta seria bem mais interessante, pois o impacto na folha de pagamento seria de um terço se comparado com o impacto do piso cheio enquanto vencimento básico mais os percentuais da carreira antiga.



Na minha análise, que fiz como comentário no post anterior, chamei a atenção do fato de o governo não ter apresentado um estudo do piso proporcional enquanto vencimento básico. Isso ajudaria bastante na compreensão mais ampla do que se pode negociar com o governo. De uma certa forma, o governo mandou um primeiro seguinte recado: se pagar o piso cheio e carreira antiga, como reivindica o sindicato, o estado quebra, pois não conseguirá bancar um reajuste imediato de 170% na maior folha de pagamento que é a dos servidores da Educação. Por outro lado, se pagar o piso cheio em forma de subsídio e com percentuais da atual carreira, talvez seja possível ao estado bancar tal aumento. Não disse que daria, mas os números mostram uma grande diferença entre uma fórmula e a outra. Infelizmente não houve, por parte do governo – e talvez até porque não havia sido solicitado ao governo – um estudo dos impactos na folha com o pagamento do piso proporcional.



Já dissemos aqui que o ideal e o mais merecido para os educadores é a proposta do sindicato, na fórmula piso cheio (R$ 1.917,00) + carreira antiga (que inclui a formação em ensino médio como nível I e a do professor com graduação plena como nível III). Contudo, uma vez demonstrada a impossibilidade de bancar de imediato esta proposta, penso que a categoria pode buscar mediações que se aproximem do ideal.



Alguns dirão: o governo de Minas pode buscar ajuda do governo federal. Em tese sim, mas há condicionantes. Uma delas é a comprovação de que o governo não pode pagar o piso com recursos próprios. A outra, é a de que o governo federal não tem a obrigação de complementar o piso cheio quando a própria lei do piso prevê a possibilidade do piso proporcional enquanto vencimento básico. Logo, dificilmente o governo federal bancaria os custos do piso cheio para Minas Gerais, pois isso acabaria forçando igual tratamento a todos os estados. Aí será a vez do governo federal dizer que tal aporte de recursos quebraria o tesouro. São três ou quatro milhões de educadores em todo o país. Uma força numérica que a própria categoria dos profissionais da Educação jamais soube usar para o seu próprio bem - e dos brasileiros. [Parênteses: Imagine que belíssima bancada de deputados federais, estaduais e vereadores seria possível eleger com tão grande número de profissionais, e cuja influência, se organizada, teria a força de multiplicar por 10 até. Ou seja, os educadores poderiam eleger a maior bancada do congresso nacional e fazer aprovar leis federais em favor da Educação pública – e obrigar os governos a cumpri-las. Mas, ao invés disso, o congresso que temos é formado por maioria de pastores fanáticos, ruralistas contra os sem-terra, representantes de grandes empresários e banqueiros. Um ou outro apenas carrega as bandeiras dos educadores e do pessoal da Saúde pública. Mas, este é outro papo. Retomemos a nossa linha de raciocínio.]



Num primeiro momento, portanto, as coisas terão que ser resolvidas aqui mesmo, em Minas, com o novo governo, que propôs olhar com outros olhos os problemas dos educadores e da Educação pública. O estudo do governo com o subsídio cheio (R$ 1.917,00) para o profissional com graduação plena, de imediato representaria um reajuste salarial em torno de 32%. Acho que a categoria poderia fechar nesse valor do piso cheio como ponto de partida para o salário inicial. Se adotar o piso proporcional, mesmo na fórmula da carreira antiga, o valor inicial do piso para o professor com curso superior seria de R$ 1.712,00 (esta fração final me fez lembrar daquele antigo embate na porta da ALMG: “R$ 712? Se eu ganhasse R$ 712, seria servente de pedreiro”. Quem não se lembra?).



Em termos reais, a diferença entre o piso proporcional enquanto vencimento básico e o subsídio cheio, neste caso concreto, seria de R$ 205 a menos para o piso proporcional. Qual seria a diferença então entre subsídio e vencimento básico? Vamos falar sobre isso agora.



As grandes desvantagens para o subsídio, que nós denunciávamos antes, era o seu conteúdo capaz de burlar a lei do piso. Como assim? - perguntarão. O subsídio, na forma colocada pelos governos tucanos, fazia desaparecer as vantagens do piso nacional. Uma delas: o compromisso com os reajustes anuais do MEC, sempre acima da inflação. A segunda: o fim das gratificações, como quinquênios, biênios e também os percentuais pelos títulos adquiridos. Tudo isso foi somado ao vencimento básico reduzido e transformado em subsídio, cujo valor estava abaixo do piso nacional, mas que nominalmente atingia o valor proporcional do piso. No fundo foi uma grande sacanagem com os educadores.



Contudo, porém, entretanto, se for dada uma outra característica ao subsídio, ele pode fazer desaparecer esses pontos negativos. Como? Primeiro, se for vinculado por lei ao piso nacional no seu valor cheio e com o compromisso legal de sofrer os reajustes anuais de acordo com os aumentos aplicados pelo MEC. O subsídio dos tucanos tinha justamente o objetivo de desvincular o salário dos educadores das regras do piso nacional, entre elas, o reajuste nacional pelo MEC.



Que vantagem teria o piso proporcional enquanto vencimento básico em relação ao subsídio com a característica que citei acima (piso cheio atrelado aos reajustes do MEC)? Neste caso, apenas uma vantagem: se o governo voltasse com as gratificações ou vantagens, como quinquênios e pagamento de percentuais pelos títulos. Somente esta vantagem. Mas, caso o governo queira manter apenas os percentuais da tabela de progressão e promoção – seja da carreira antiga ou da nova – , e implantar o subsídio na fórmula que eu indiquei (piso cheio + atrelado aos reajustes nacionais do MEC), este novo subsídio é mais vantajoso do que o piso proporcional em termos concretos: são R$ 205,00 a menos no bolso do professor em início de carreira, e para os antigos também.



Agora, se a categoria quiser brigar pelo o retorno do quinquênio para todos os educadores e o pagamento dos percentuais por títulos da antiga tabela (10% para especialização, 30% para mestrado e 50% para doutorado) aí sim, o vencimento básico fará toda a diferença, mesmo na sua forma proporcional. Isso se comparado ao subsídio na fórmula que eu indiquei e não no modelo tucano, que é o pior de todos, óbvio.



Uma outra alternativa, caso o governo insista em manter o subsídio, seria forçar o pagamento do valor cheio do subsídio atrelado ao MEC, mas para o profissional formado em ensino médio, ficando o profissional com graduação plena pelo menos com nível II. Aliado a isso, seriam restabelecidos os índices da antiga tabela (3% para progressão e 22% para promoção). Neste caso, o subsídio inicial para um professor com curso superior - a grande maioria da categoria - seria de R$ 2.338,00 para uma jornada de 24 horas. Se o professor tiver 10 anos de casa, aplicada a fórmula citada (subsídio cheio + nível II + percentuais da tabela antiga) seu salário, para um cargo, seria de R$ 2.710,00 – isto se não tiver mudado de nível, apenas com as progressões. Atualmente este mesmo profissional recebe em torno de R$ 1.530,00.



Como eu disse no post anterior, nas negociações com o governo os detalhes pesarão muito. Não adianta somente adotar o vencimento básico se ele estiver despido das gratificações e vantagens. Também não vale a pena manter o subsídio se ele não ficar atrelado aos reajustes do MEC e seu valor nominal não apresentar ganhos em relação ao vencimento básico – tanto no presente quanto para o futuro. Dois dados que devem ficar na mira dos educadores: 1) garantir a vinculação automática dos reajustes do MEC aos salários dos educadores de Minas; e 2) reconquistar os percentuais da antiga carreira – 3% para progressão a cada dois anos e 22% para promoções, coisa que é garantida a todos os servidores do estado, menos para os educadores.



Uma palavra final: é preciso garantir um reajuste imediato a todos os educadores, que estão, como sabemos, com salários super defasados. Então é possível negociar um reajuste imediato, para sair do sufoco, e uma fórmula que contemple o pagamento do piso com os percentuais da carreira antiga, mesmo que num cronograma, desde que não seja muito esticado no tempo. Tudo isso dependerá, em última instância, da mobilização e da luta da categoria. Não adianta jogar a responsabilidade somente nas costas da direção sindical. Sem mobilização e sem luta, o governo vai fazer o que bem entender, ainda que tenha as melhores intenções do mundo. O inferno está cheio de gente com boas intenções. Se o governo perceber que a categoria está mobilizada, certamente terá maior disposição para atender as justas demandas dos educadores, seja com a volta do vencimento básico, ou com um subsídio renovado, tal como expliquei acima.



Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Brasil dos de baixo precisa reagir ao golpe em curso no país





A combativa deputada Jandira Feghali abre o verbo e denuncia da tribuna da Câmara dos Deputados a mídia golpista. 

Mas, o BLOG DO EULER vai além e lança um desafio: comparem o que o Brasil perdeu com 30 anos de corrupção na Petrobras e o que o país está perdendo em alguns meses com a operação Lava Jato e o espetáculo da mídia golpista em torno do tema. Praticamente estão paralisando várias grandes obras, fechando as maiores empreiteiras, paralisando a Petrobras e criando um clima de caos no país. A corrupção na Petrobras nos últimos 30 anos - e que deve ser combatida com seriedade - deve ter custado algo próximo de R$ 2 a 4 bilhões de reais ao país. Já as perdas causadas pela Lava Jato e seu show político golpista midiático deve superar, em perdas para o país, mais de R$ 100 bilhões de dólares.

No fundo, é isso o que eles querem: o caos, a destruição da nossa economia, o enfraquecimento do governo Dilma, até que se possa derrubá-la. Assim os grupos de rapina internos e externos poderão se apropriar de todas as riquezas do país, e nós voltaremos à condição de escravidão formal.

O complexo que envolve a Petrobras - exploração, refino e distribuição de petróleo e gás - representa algo próximo de 13% do PIB brasileiro. É a maior empresa do país, que investe dezenas de bilhões de reais anualmente, e paga outros tantos de impostos, além de mobilizar dezenas de grandes indústrias, como as da construção civil, a indústria naval, etc. Não menos que 2 milhões de empregos são gerados a partir desse conjunto de investimentos - que mobilizam a Petrobras, as grandes empreiteiras, os bancos estatais, etc.

Todos esses setores da economia, que são vitais para o país continuar sobrevivendo, estão ameaçados e paralisados em função das denúncias e do escândalo midiático feito sob encomenda a partir da Operação Lava Jato. Que é hoje uma espécie de estado paralelo no país, que praticamente anula as leis vigentes e deixou o governo atônito.

É preciso que o governo Dilma reaja, que convoque a população para resistir e para debater o problema criado com esse esquema midiático. É preciso também que a presidenta Dilma forme um alto conselho de guerra até, liderado por pessoas como Lula, Celso Amorim e Franklin Martins. 

Ao mesmo tempo, Dilma precisa apresentar um programa positivo de reformas, que inclua grandes obras em todo o país para alavancar a economia, gerar milhares de novos empregos; precisa ainda convidar os movimentos sociais para um diálogo aberto e atender as demandas sociais, com aumentos reais dos salários e mais conquistas para os trabalhadores do campo e da cidade. Por último, é necessário criar urgentemente uma mídia alternativa, mesmo que seja pela Internet, com vídeos, documentários, entrevistas e jornalismo honesto para abastecer a militância e os apoiadores e a população em geral de argumentos que derrubem o golpismo em curso montado pela mídia.

Não vamos permitir que os golpistas derrotem os sonhos do povo brasileiro, de um Brasil mais justo, menos desigual, mais democrático, com real liberdade de expressão para todos, e mais investimentos na saúde e na Educação pública de qualidade para todos!

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O Brasil dos de baixo precisa reagir ao golpe em curso no país

Muitos ex-colegas da Educação gostariam que eu falasse apenas sobre os problemas dessa importantíssima área, e até estranham quando direciono o foco para outros problemas nacionais. Mas, no fundo, quando abordo esses outros temas nacionais, estou de olho também na melhoria das condições para a Educação pública. Um país destruído não terá educação nenhuma. Nem piso, nem salários, nem nada. E é isso que corremos risco de ver, se prevalecer o golpismo em curso no Brasil.

A verdade é que a direita golpista cansou-se de perder eleições presidenciais para o PT. Foram quatro derrotas consecutivas – ou oito, se considerarmos os segundos turnos. E agora partem para o golpe, com fachada de institucionalidade.

O golpe atual, como já aconteceu em outros países, não será no modelo clássico, com as famosas quarteladas, quando os militares ocupam as ruas e entregam o poder para as elites continuarem aplicando suas políticas contra o povo em favor delas, de uma minoria que espoliou o Brasil e a América Latina e o mundo nos últimos séculos.

Agora é diferente. O principal articulador do golpe é a mídia, que pertence aos grupos dominantes do país. A família mais rica do Brasil hoje é a dos Marinho, dona do complexo da Rede Globo, que apoiou e se enriqueceu nas asas da ditadura civil-militar instalada no Brasil em 1964.

Mas, a mídia não age sozinha. O papel dela é o de dar voz às vozes golpistas nas instituições, incluindo parte da Polícia Federal, Congresso Nacional, Justiça e Ministério Público. O outro papel é o de calar a voz dos que resistem ao golpe, ou dos que são atacados para justificar o golpe. Finalmente, a mídia, por ter o monopólio das comunicações – que democracia, hein pessoal? - passa os dias e as noites fazendo a cabeça de milhões de desavisados, que acreditam nas manchetes dos jornais e revistas e rádios e TVs. Um exército de colunistas, especialistas de aluguel e comentaristas, todos muito bem remunerados, passam os dias e as noites a atacarem o governo federal, a Petrobras, o PT e os interesses dos de baixo.

Na última sexta-feira, data que o PT completou 35 anos e cuja comemoração ocorreu em BH, pudemos ver como age a mídia. Os maiores jornais de Minas e do Brasil estamparam com letras garrafais a acusação sem prova ainda de que “O PT recebeu U$ 200 milhões de propina” do esquema da Petrobras. Pode até ser verdade, mas não há, ainda, uma única prova sobre essa acusação, a não ser a fala de um delator, que para escapar da prisão, descobriu que se atacar o PT ele recebe o prêmio da liberdade, com a tal “delação premiada”.

Reparem que, há menos de um mês, o ex-governador Anastasia também foi acusado de ter recebido pessoalmente uma propina de R$ 1 milhão de reais das mãos de um policial que supostamente trabalhara para o doleiro Alberto Youssef – outro delator que trabalhou no passado para os tucanos e agora ataca o PT através de um advogado que é tucano desde criancinha. Anastasia negou a acusação. Eu, pessoalmente, não acredito também que Anastasia tenha recebido propina. Ele pode ser conservador, neoliberal, não gostar dos educadores de Minas, mas, não consta que ele esteja envolvido em qualquer esquema. Até prova em contrário acredito na palavra dele, e não na do delator.

Mas, reparem a diferença de tratamento. Não vimos um único jornal estampar com letras garrafais, como fizeram contra o PT, algo como: “ANASTASIA RECEBEU R$ 1 MILHÃO DE PROPINA”. Pelo contrário, a imprensa abriu os microfones para que o agora senador pudesse se defender. Os espaços para defesa do ex-governador foram 100 vezes maiores do que os da denúncia. Podemos dizer que neste caso, a imprensa agiu de forma correta, pois nenhum cidadão pode ser acusado e condenado sem prova e sem direito ao contraditório.

Mas, com o PT, com a presidente Dilma, com Lula, com a esquerda em geral, enfim, a história é diferente. Basta que alguém diga que repassou um caminhão de dinheiro para o PT, sem provar nada, que a denúncia vira manchete como se fosse verdade já provada, julgada e condenada.

Não dá mais para aceitar esse tipo de imprensa, pessoal, ainda mais quando sabemos que essa mídia tem o monopólio, o latifúndio, o controle das comunicações no país. Não se trata de uma mídia de bairro, ou de uma cidade específica, não – e ainda que fosse teria que ser criticada. Mas, de uma mídia nacional, que invade os lares de todos os cidadãos diariamente, criando, como disse Lula no seu discurso em BH, “uma narrativa para incriminar o PT”, inviabilizar o governo Dilma e privatizar a Petrobras.

Há um conjunto de ações em andamento no país hoje, voltadas para o golpe, para a derrubada da presidenta Dilma, eleita pela maioria do povo brasileiro. A operação do golpe começa com a operação Lava Jato, preparada por um grupo de delegados da Polícia Federal do Paraná, claramente anti-petistas, pelo juiz Sérgio Moro, igualmente com ligações com os tucanos, promotores, e o suporte da mídia, claro.

Durante toda a campanha eleitoral essa operação ofereceu vazamentos seletivos, sempre contra o PT, apenas, com o claro intuito de derrotar eleitoralmente a presidenta Dilma. Aliás, eram, e continuam, dois os objetivos: derrubar Dilma e privatizar a maior empresa do país, a Petrobras, dona de enorme reserva em petróleo e gás, geradora de 80 mil empregos diretos e a maior pagadora de impostos do país.

Não conseguiram derrotar a presidenta Dilma nas urnas, mas o golpe continuou. Graças à campanha de baixíssimo nível, e às campanhas sistemáticas nas TVs e rádios contra o povo brasileiro, assistiu-se à eleição de deputados federais majoritariamente fisiológicos, atrasados politicamente, conservadores e abertos a quaisquer tipo de golpes, desde que eles tenham vantagens a receber. O congresso nacional hoje se tornou, após a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, outro centro do golpismo no país.

Então nós temos a mídia, o congresso nacional, parte da PF, da Justiça e dos promotores em clara campanha para derrubar Dilma e colocar na presidência um fantoche qualquer, que atenda aos interesses dos de cima. E que interesses são estes?

Os interesses da Casa Grande são conhecidos nossos de longa data: é a chibata no lombo dos trabalhadores, o arrocho salarial, a miséria e a fome para milhões de pessoas, que nos últimos anos tiveram suas vidas transformadas por políticas sociais.

O PT, já dissemos aqui, tem muitos equívocos, cometeu vários erros, e ainda comete o erro grave de não enfrentar a mídia como deveria. Mas, ninguém poderá negar que nos últimos 12 anos o governo federal implementou várias políticas sociais que beneficiaram diretamente milhões de brasileiros e brasileiras. Muita gente saiu da miséria, houve crescimento no mercado interno, com políticas de geração de emprego, além de várias outras obras sociais.

A direita golpista, que trata o povo pobre como paisagem, não aceita nem mesmo essas reformas sociais, que sequer tocam nas questões estruturais do país. Em toda a América Latina, a vitória de pessoas e partidos ligados ao campo popular e de esquerda – Chávez na Venezuela, Mujica no Uruguai, Evo Morarales na Bolívia, Lula no Brasil, só para ficarmos em alguns exemplos –, assustou a direita local e mundial, especialmente a dos EUA, que sempre teve vida boa no quintal do império. De repente, esses governos começaram a assumir o controle de empresas de petróleo, de gás, de água, a desenvolver políticas de distribuição de renda, geração de empregos, a investir mais na Educação, na saúde pública, a mudar, enfim, a lógica draconiana imposta pelas elites de fora e de dentro.

Em todo o mundo, a direita age de forma articulada para derrubar governos populares e impor políticas de destruição, saque das riquezas locais e arrocho salarial. Até mesmo as chamadas ditaduras, como a do ex-dirigente da Líbia, que, com todas as críticas, desenvolvia políticas sociais em favor da maioria da população, foram derrubadas e seus países praticamente destruídos. Iraque, Irã, Síria, Egito são países em franco esfacelamento, guerras civis, fome, destruição e miséria, tudo o que os países ricos desejavam. Eles falam em democracia, mas levam o inferno para os quintais vizinhos, para preservar o paraíso em seus lares. 


No Brasil, o inferno começa com a mídia, que dissemina ódio diariamente. Divulga notícias negativas, sempre contra o governo federal, enquanto esconde as boas coisas. É uma boa coisa saber, por exemplo, que o Brasil em dezembro teve a menor taxa de desemprego dos últimos anos, inclusive se comparada com a maioria dos países do planeta. É uma boa coisa saber também que, apesar da corrupção – que deve ser combatida com todo rigor – a Petrobras bate recorde na produção de petróleo a cada mês. Outra boa notícia é que o governo federal vai manter a política de reajuste salarial com aumento real para o salário mínimo.

Mas, a mídia não quer saber de boas notícias para o povo brasileiro. Quer apresentar um país em crise, com tudo dando errado, com corrupção generalizada e forçando a barra para que a população queira o fim do atual governo. Eles precisam de um mínimo de apoio popular para o golpe, já que o congresso nacional está dominado, a justiça (parte dela, pelo menos) idem, a PF (parte dela, pelo menos) se tornou uma PF tucana e a mídia desempenha esse papel de colocar fogo no país a cada final de semana.

Lula descreveu qual a metodologia de ação dessas elites. Na quinta-feira eles espalham os boatos contra o governo federal, que começam a repercutir no congresso nacional, com os discursos de senadores e deputados da oposição. Na sexta, a imprensa escrita exibe nas bancas de jornais os boatos como se fossem verdades já apuradas, sempre contra o PT, Dilma, Lula, a Petrobras, enfim, os de sempre. O Jornal Nacional se incumbe de “fechar” a noite com reportagens sob encomenda, sempre contra o PT e o governo federal. (Detalhe: vazou pela Internet o e-mail de uma chefe de redação da Globo, que teria passado a ordem para as sucursais da Globo, com o seguinte teor: “Não incluir FHC nas matérias da Operação Lava Jato”. Precisa de mais?). No sábado, a revista Veja faz o trabalho sujo de costume. E no domingo, para fechar a semana, cabe ao Fantástico da Globo dar o tom das denúncias.

Com isso eles constroem uma narrativa de denúncias que antecipa o julgamento dos acusados, como aconteceu com o chamado Mensalão do PT. Neste, por exemplo, o ex-dirigente do PT José Dirceu foi acusado e preso sem uma única prova contra ele. Absolutamente nada. Criaram a tese de que ele tinha a obrigação de saber que acontecia o caixa dois de campanha, já que ele era chefe da Casa Civil da presidência da República. E pronto. Foi o suficiente para condená-lo.

Enquanto isso, por negligência dos governos tucanos de Minas e de São Paulo, o Brasil vive enorme crise hídrica. Mas, jamais veremos a mídia culpar os governos tucanos por qualquer coisa. Eles são inimputáveis. A culpa será sempre de São Pedro, que não mandou as chuvas.

Durante mais de um ano a Petrobras segurou o preço da gasolina para não provocar inflação. A mídia criticava a Petrobras por isso. Agora que houve aumento, a mídia critica novamente. A mídia esconde do povo brasileiro que os esquemas de corrupção que existem na Petrobras começaram muito antes do governo Lula, e jamais foram denunciados ou apurados. Só agora está havendo apuração. A mídia tenta colocar no colo do PT todos os esquemas de corrupção do planeta. É bem provável que algumas pessoas do PT estejam envolvidas no esquema da Petrobras e em outros. O PT está longe de ser um partido “puro”, tem todo tipo de gente, inclusive canalhas, como quaisquer outros partidos ou agremiações humanas. Mas, e os outros? E os esquemas das mesmas empresas da operação Lava Jato aqui em Minas, na era dos tucanos? E o trensalão em SP? E o caso Banestado? E a privataria tucana, que entregou quase todo o patrimônio brasileiro para alguns poucos grupos privados? E as centenas de outras práticas lesivas aos interesses públicos, incluindo a SONEGAÇÃO (em caixa alta mesmo) de impostos dos ricos, que a mídia finge que não vê, né dona Globo?

Infelizmente, temos uma mídia serviçal da Casa Grande, porque ela é parte desse grupo privilegiado. Os Marinho, Os Civita, os Frias são hoje grandes empresários, cujos interesses são os mesmos das elites privilegiadas. Eles agem em colaboração com os grupos estrangeiros que estão de olho gordo no nosso petróleo e demais riquezas do país. Se dependesse dessa gente, o Brasil teria voltado à condição de colônia, com escravidão formal e tudo mais. Mão de obra de graça para trabalhar pra eles é tudo o que eles querem, além das riquezas fartas do solo brasileiro.

É bem verdade que o PT não é um partido revolucionário, de esquerda, que deseje uma mudança radical no país. Um partido que tenha coragem de enfrentar a burguesia brasileira e internacional, de cortar a sangria da dívida pública, de peitar os banqueiros e a sua mídia, enfim. Não. O PT é um partido de centro esquerda, moderado até, com uma militância que se acomodou nos cargos dos governos e parlamentos. Mas, até o momento, o PT continua sendo aquele partido que realizou importantes conquistas em favor dos de baixo. Foi, de certa forma, com todos os defeitos e omissões e covardias, o melhor, até o momento, que a população brasileira, desorganizada e despolitizada, conseguiu produzir. Daí o ódio das elites, incluindo a sua mídia, contra o PT.

Partidos como o PSOL, PSTU, entre outros, que têm uma linha ideológica mais definida, mais politicamente correta, não conseguiram, até o momento, alcançar a massa dos mais pobres. Seja porque não têm espaço para atuação, ou porque não têm mídia, não têm recursos sequer para uma ampla campanha política. Isso explica em parte o não crescimento desses partidos. Mas, deve-se também ao radicalismo verbal e à dificuldade de negociar, fazer concessões, ainda que pontuais, para avançar nas conquistas. O jogo político exige concessões, o saber construir consensos e alianças para avançar. Quem acha que na política se avança com algum programa fechado, feito dogma, acaba virando seita religiosa.

Assim, politicamente falando, ficamos reféns, de um lado, de uma esquerda radical que não cresce, e de uma centro esquerda – o PT – que cresceu, ganhou o governo, mas parece não conseguir dar um salto à frente, preso que está com o conjunto de alianças fisiológicas e à direita, de um lado, e à pressão dos de cima, de outro. A direita no Brasil cresce nas asas da desinformação, da manipulação midiática e na ausência do confronto político e ideológico. Essa direita, incluindo os fundamentalistas de seitas fanáticas, têm o domínio da mídia, do congresso nacional, da justiça (que é pautada pela mídia) e dos capitais. Uma parada dura. Falta a última palavra, a do povo brasileiro, que é disputada diariamente pela mídia, com sua notória e vulgar forma de enfocar os problemas nacionais. Enquanto isso, a presidenta Dilma não se comunica com a população e a esquerda não tem mecanismos de mídia para falar diretamente com os de baixo.

O pior cenário, que é o que estamos assistindo, é a tentativa de envolver o governo federal, especialmente Dilma, no escândalo da Petrobras. Já falam em Impeachment no congresso nacional. E a mídia cumpre o papel de bombardear as mentes indefesas de milhões de brasileiros: é culpada, é culpada, é culpada. Dilma pode ter vários defeitos, inclusive o de não saber se comunicar melhor com a população. Mas, não há qualquer prova do seu envolvimento em corrupção. É uma militante de esquerda, que foi presa e torturada quando muitos se enriqueciam ou viajavam pelo mundo curtindo a vida. Suas posses, registradas no TSE, estão aquém até de qualquer quadro político que ocupou cargos na alta esfera do estado durante uma dezena de anos.

Dilma chegou à presidência da república, no primeiro mandato, em parte por causa do Mensalão do PT. Como a mídia e a oposição acabaram com a vida política de algumas das principais lideranças do PT – José Dirceu, José Genoíno, outro que não provaram que ele tenha levado um centavo sequer naquelas denúncias, ao contrário de alguns caciques tucanos que estão soltos e ricos – , coube ao então presidente Lula escolher alguém com firmeza ideológica para tocar o governo. Este alguém foi Dilma, que é de fato uma mulher de grande coragem. Era praticamente desconhecida do grande público, mas, na sombra do Lula, se elegeu presidente. Dilma bebeu em três fontes: na resistência à ditadura civil-militar; depois passou um tempo ligada ao ex-líder Leonel Brizola e depois ligada ao PT e a Lula.

No atual mandato, que se inicia, Dilma passa por um profundo cerco: no congresso, na mídia, na chamada operação Lava Jato, que, de uma operação que poderia agir tecnicamente contra a corrupção, o que seria louvável, acabou se tornando um instrumento de golpe contra o Brasil. A Petrobras foi praticamente destruída com esse bombardeio diário. As perdas que essa empresa vem sofrendo são muito maiores do que as propinas que os delatores receberam durante décadas. Mas, a presidenta Dilma, com as qualidades e honestidade conhecidas, não tem o carisma de um Lula ou um Brizola para convocar a população a resistir, para conversar diretamente e diariamente com a população, desfazendo as manipulações urdidas pela mídia. Por isso apanha isoladamente, sem esboçar reação. O próprio PT parece um partido morto, sem capacidade de resistir. E os movimentos sociais, com justa razão, estão indignados com as ações tomadas pela presidenta no primeiro mês de governo – medidas que deveriam ser discutidas previamente com a sociedade, se houvesse canais de diálogo.

É fato que existem muitas demandas sociais para ontem. Vejam o exemplo de Minas Gerais. Os educadores têm pressa no resgate do tempo perdido. Foram 12 anos de governo tucano, de cortes e não pagamento do piso salarial nacional. Antes de completar um mês de governo Pimentel, já existem vozes querendo a cabeça dele, o que considero de uma irresponsabilidade a toda prova. Seria o momento das pessoas se organizarem, construírem um movimento de pressão democrática para fazer cumprir a lei do piso e retomar a carreira destruída, dentro de um processo de diálogo construtivo, que o governo do PT parece ter oferecido. Mas, é certo que o governo Pimentel não fará milagre, ainda mais debaixo de grande crise mundial e nacional e estadual também. Crise que se agrava graças ao clima de pessimismo que a mídia cria diariamente.

Imaginem um empresário querendo investir no Brasil. Ele abre o jornal pela manhã e encontra somente notícias negativas: a inflação vai subir (não subiu, mas os especialistas já preveem que vai subir), a economia está estagnada, o governo federal está envolvido com todo tipo de corrupção, a maior empresa brasileira vai quebrar, enfim, o inferno está instalado. Quem é que vai investir num cenário desses? E claro que isso tem repercussão na geração de emprego, na arrecadação de impostos e na capacidade do estado bancar aumentos salariais.

Na época em que o Brasil crescia de 4% a 5% ao ano, e que o governo tucano de Minas dizia que crescia mais do que a China, e a mídia regional blindava o governo, os educadores colheram arrocho salarial, o não pagamento do piso, a destruição da carreira. Agora, debaixo da crise, do pessimismo fomentado pela mídia, do clima de golpe, não dá para exigir que o governo, no primeiro mês, devolva aos educadores tudo o que os governos tucanos tiraram. É preciso, sim, exigir uma política bem definida de recuperação dos salários, do pagamento do piso, da devolução da carreira, dentro de um cronograma, de um tempo, que permita ao governo redirecionar suas prioridades. E que propicie também alguma recuperação imediata do poder de compra dos educadores.

É hora de negociar e dialogar com o novo governo mineiro o aumento real e algum ganho imediato nos salários dos educadores, isso é fato. E o sindicato precisa chamar a categoria para discutir as propostas, apresentar as alternativas e buscar soluções de consenso.

Enfim, o cenário nacional é grave. Há um clima de golpe, perigoso para o presente e o futuro do país. As pessoas envolvidas não estão nem aí para o que pode acontecer com o país. Estão pouco se lixando se a economia vai para o abismo, se milhões de pessoas voltarão a passar fome, se milhões perderão o emprego, enfim, muitos até torcem para que isso aconteça, pois eles têm bilhões de dólares estocados nos bancos de outros países. Querem ver o circo pegar fogo para depois tirarem proveito disso. Cabe a nós, os de baixo, não permitir que isso aconteça. E deixar claro que, se alguma mudança houver, terá que ser em favor dos de baixo. Se eles criarem o clima de guerra, eles podem se queimar com isso. Nas últimas eleições, o povo brasileiro fez a opção por mudanças em favor dos de baixo. Não quer o retrocesso. Não aceitaremos o golpe sem resistência.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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domingo, 1 de fevereiro de 2015

O latifúndio das comunicações no Brasil é igual ou pior do que a falta de água




Porque hoje é domingo, 1º de fevereiro, vamos ouvir um pouco de música boa do Brasil - Você se lembra, com Geraldo Azevedo.

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O latifúndio das comunicações no Brasil é igual ou pior do que a falta de água

Dias de muito sol e calor. Estou no deserto? Não. De ideias, talvez. De ideias e de iniciativas. Tenho reclamado por todo canto contra a mídia golpista brasileira, responsável talvez por 80% de todos os problemas do país. Estou convencido disso. A mídia brasileira, dominada por meia dúzia de famílias comprometidas com o golpismo e com os de cima, é uma das principais fontes dos desacertos e dos desencantos do povo brasileiro.

Claro que a mídia não é culpada por tudo sozinha, claro que não. Mas, ela cumpre um papel extremamente negativo, de envenenar, intoxicar as cabeças, as ideias, e os sonhos de milhões de brasileiros. Ela esconde aquilo que deveria mostrar, e dá total ênfase àquilo que já deveria ter sido esquecido ou tratado de forma mais técnica, talvez.

Vou dar dois exemplos: a Petrobras e a falta de água em SP e em Minas. A mídia transformou o desgaste da Petrobras em pauta diária durante meses. Nenhuma empresa sobreviveria diante dos ataques ferozes realizados pela mídia. Numa jogada que envolveu um juiz claramente simpático ao tucanato, que montou a chamada Operação Lava Jato, e que foi amplamente usada nas eleições presidenciais com o objetivo de derrubar o governo do PT, para em seguida privatizar a Petrobras.

A Petrobras detém um estoque fabuloso de petróleo e gás, detém tecnologia de ponta, emprega 80 mil funcionários, investe no Brasil como nenhuma grande empresa faz, gerando milhares de empregos, paga uma alta soma de impostos ao país, e é depositária do projeto de melhoria da qualidade da Educação e da Saúde com o pré-sal. Durante meses a Petrobras segurou o preço do petróleo para não gerar inflação, coisa que nenhuma empresa privada jamais faria, pois não estão nem aí para o povo trabalhador. Perguntem para a Globo se ela é capaz de fazer qualquer esforço em benefício dos interesses dos de baixo? Claro que não, pois os meios de comunicação são, antes de tudo, negócio privado de interesses lucrativos de poucas famílias.

Com essas características e com esse compromisso estratégico com o Brasil, a Petrobras jamais poderia ser submetida a esse massacre midiático, que atinge os interesses do Brasil dos de baixo. Eles dizem que estão combatendo corrupção. Conversa pra boi dormir. A corrupção está presente na vida brasileira, de quase todas as empresas e governos. São dezenas os casos de desvios de dinheiro público, de entrega de patrimônio para grupos de rapina, e a mídia, a mesma que massacra a Petrobras, nem toca nesses assuntos.

Quem não se lembra da privataria tucana, da era FHC, que doou algumas grandes estatais para grupos privados? CSN, Vale do Rio Doce, a rede Ferroviária, o sistema Telebrás, só para ficarmos em alguns poucos exemplos, foram entregues de bandeja, a preço de banana podre para os amigos do rei. Empresas que valem hoje R$ 200 bilhões foram doadas por 2 ou  3 bilhões de reais, assim mesmo financiados pelo BNDES a juros de pai para filho. Isso a mídia não diz, foi conivente com tudo.

E o que dizer dos escândalos abafados pela mídia: Banestado, mensalão tucano de Minas, lista de Furnas, helicóptero dos Perrela com meia tonelada de pasta base de cocaína; caso Sivam, Pasta Rosa, Propinoduto, Trensalão do governo tucano de SP,  reeleição comprada de FHC, etc., etc., e etc. São dezenas os casos de corrupção, desvios de dinheiro público, caixa dois e outras formas de subtrair dinheiro público para fins ilícitos. Alguns, supostamente, outros, comprovadamente.

Mas, o foco da mídia é sempre contra o PT, contra o governo Dilma, contra a Petrobras. Eles não estão nem aí se o país vai entrar em crise. Fazem enorme campanha contra o Brasil diariamente. Claro que o resultado disso é o aumento da desesperança, a criação de um ambiente negativo, que acaba desestimulando investimentos, o que pode provocar desemprego, queda no consumo, recessão, enfim.

Isso é ruim para o Brasil. Eu, particularmente, já não escuto mais os noticiários da mídia golpista. Quase sempre me informo pela Internet através dos blogs progressistas ou independentes. E sinto falta de uma mídia pública com força para concorrer com a mídia golpista. Não me canso de culpar o PT e Dilma e Lula por não apostarem na construção de uma mídia alternativa, e continuarem acreditando que a mídia golpista vai se tornar democrática. Como são ingênuas as lideranças políticas brasileiras!

Acreditar que a Itatiaia vai deixar de ser uma rádio tucana, que passou 12 anos mamando nas tetas do governo de Minas; acreditar que a Globo vai deixar de conspirar contra o Brasil, depois de ter apoiado o golpe de 1964, de ter se enriquecido durante o regime civil-militar, e de ter feito de tudo para tentar barrar os avanços sociais dos últimos anos. A família Marinho é a mais rica do Brasil hoje e seus interesses estão ligados diretamente aos interesses dos de cima.

E nem se pode culpar a Globo, a Band, o SBT, a Itatiaia de estarem fazendo o jogo do tucanato, que é a expressão acabada do golpismo e da direita brasileira. Eles fazem isso abertamente, publicamente, mesmo que não assumam formalmente que são uma espécie de partido da direita. O erro, nesse caso, não é somente dessa mídia, não. É da esquerda também, é do PT, do governo Dilma, do governo Lula, que não tiveram coragem de enfrentar essa mídia e construir outros instrumentos de imprensa alternativa.

Assim, ficamos reféns de um grupo de famílias que detém o latifúndio das comunicações. Eles contratam uma dezena de colunistas e comentaristas afinados com as ideias dos donos e passam dias e noites fazendo a cabeça das pessoas com valores conservadores, neoliberais, preconceituosos, com lentes reducionistas sobre os problemas brasileiros.

Apresentam a violência e o crime como coisas de pobres, negros e favelados, que, para eles, merecem prisão perpétua, pena de morte, e mais violência policial. Na verdade estes crimes nas periferias do país estão ligados a situação social e política e econômica e cultural do nosso país, com toda a desigualdade que conhecemos.

Enquanto não houver uma política social ainda mais arrojada, que garanta real distribuição de renda para os mais pobres; que garanta o acesso a todos e todas a educação pública de qualidade, à saúde pública, à mobilidade urbana, à moradia decente, não haverá paz no Brasil. E não dá para aceitar este distanciamento entre a política institucional, formal, os poderes constituídos enfim, e a população em geral. Por isso é preciso que ocorram reformas política, financeira, tributária, entre outras.

Mas, para que seja possível viabilizar essas reformas, o país precisa discuti-las no dia a dia. Contudo, como fazer isso, se o sistema de comunicação, que deveria garantir uma ampla liberdade de expressão para todos os brasileiros, é dominado por meia dúzia de famílias que não querem essas reformas? Quantos votos os Marinhos, os Frias, os Civittas, donos da mídia, receberam nas últimas eleições para decidirem o que é, e o que não é importante para o Brasil? Pois são eles que ditam a pauta do que deve ser discutido e o que deve ser escondido.

Falar da seca de SP, por exemplo, da falta de planejamento e investimentos da Sabesp e da Copasa, em SP e Minas, responsabilizando os governos tucanos, isso de jeito nenhum. A culpa será sempre da seca, de São Pedro, do Papa, do Blog do Euler, de qualquer um, enfim, menos dos caciques tucanos, aliados de primeira hora dos donos da mídia.

Agora, quando falam da Petrobras a conversa muda. No fundo, trata-se ali, da corrupção de dois ou três ex-diretores, que aceitaram a tal delação premiada e descobriram que se atacarem o PT a mídia dá todo apoio, eles se tornam heróis; se atacarem os tucanos, eles vão enferrujar na cadeia. Então, os delegados do Paraná, que claramente assumiram posição ideológica anti-petista, mais o juiz Moro amigo do governo tucano do Paraná, e mais a mídia tucana criaram essa Operção, que pode até apresentar pontos positivos, mas que acabou se tornando principalmente fonte de desgaste da Petrobras e do governo federal. O que deveria ser uma operação de combate judicial e técnico à corrupção, tornou-se palanque político para a oposição ao governo Dilma e para o desgaste da Petrobras, com o claro objetivo de enfraquecê-la, para, quem sabe, privatizá-la em seguida. Há muitos grupos estrangeiros de olho gordo no nosso pré-sal e na Petrobras.

A mídia agora apoia o candidato Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados. Consta, pelo que se lê nos blogs, que o tal deputado está ou esteve supostamente envolvido em um sem número de esquemas, desde o governo Collor, passando por governo do Rio, até os dias atuais, quando, segundo consta, ele carreou recursos para financiar candidaturas em vários estados. É o candidato da direita golpista, que fará oposição raivosa ao governo Dilma. Podemos esperar o pior com a eleição dessa figura, ainda mais sabendo que, em caso de um Impeachment da presidenta e do seu vice, seria ele a assumir o posto mais alto da república brasileira, sem ter recebido um voto sequer para tal.

Todas essas questões não são irrelevantes, pois elas podem determinar o nosso presente e o nosso futuro. Deixar de discuti-las no nosso dia a dia, nas salas de aula, nos corredores, nas ruas e nas praças, é abrir mão de decidir sobre o nosso futuro. O presente e o futuro da Educação pública dependem do fortalecimento da Petrobras, do crescimento do Brasil, e de que o governo federal, principalmente, invista mais e mais nas políticas sociais.

Contudo, com as pressões que o Brasil e  o governo federal vêm sofrendo tanto externa quanto internamente, principalmente por parte da mídia golpista e desses esquemas de poder que mencionei, isso resulta em grandes prejuízos para os de baixo.

O governo Dilma tem o compromisso histórico de não cortar os direitos trabalhistas. Recentemente, o governo, talvez para agradar ao chamado mercado, cortou sim alguns direitos ligados ao seguro desemprego – não acabou com o seguro desemprego, mas dificultou o seu pagamento -, além de mexer na questão das pensões. São medidas na maioria equivocadas, na minha avaliação. Dilma deveria começar cortando as verbas publicitárias da mídia golpista, aumentando os impostos para as grandes fortunas e reduzindo os juros que são pagos aos banqueiros e credores da dívida pública. É preciso que o governo federal assista com mais cuidado o que aconteceu na Europa, com a Grécia, Portugal e Espanha, que foram obrigados a desenvolver políticas de choque neoliberais e praticamente quebraram. Portugal voltou aos índices econômicos e sociais de 10 anos atrás, aumentando a miséria como nunca antes. A Grécia acaba de eleger um presidente de esquerda, cujo programa é claramente anti-neoliberal, já que o país afundou no desemprego e piorou todos os índices sociais, graças ao  receituário neoliberal.

Então, presidenta Dilma, não embarque nessa canoa furada dos ajustes neoliberais, pois isso resultará, sempre, na queda dos índices de distribuição de renda, no desemprego, na redução do consumo de massa, enfim, na crise ainda mais acentuada.

Por outro lado, parcelas dos movimentos sociais começam a reagir, a resistir e a cobrar do governo federal compromissos e práticas em favor dos trabalhadores, dos de baixo. Nas ruas, os movimentos exigem que o governo federal não aplique o programa de Aécio ou de Marina. Que Dilma seja Dilma e governe em favor dos de baixo.

E aí eu volto ao ponto inicial da nossa prosa: e a mídia? Enquanto tivermos esse latifúndio das comunicações, que tolhe as liberdades de expressão no país, e cria um ambiente envenenado e intoxicado, não avançaremos. No meu ponto de vista, a primeira reforma que deveríamos fazer é pela democratização da mídia. Pela liberdade de expressão para todos! Acabar com esse latifúndio das comunicações, criar mecanismos e instrumentos de comunicação ao alcance de milhares de cidadãos brasileiros que queiram se expressar, com suas diferenças de ideias, de cultura, de vida, enfim. O monopólio da mídia nas mãos de meia dúzia de famílias é, para mim, o maior entrave ao avanço do país em favor de políticas públicas mais arrojadas – na Educação, na Saúde, no transporte coletivo, na moradia, nos salários, na distribuição de renda mais justa, enfim.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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