terça-feira, 1 de junho de 2010

Revista Veja descobre que professores ganham bem e estão satisfeitos

Inútil, até nessas situações...

Quem acompanha este blog sabe que eu não leio um panfleto a que chamam por aí de Revista Veja. Não perco o meu valioso tempo lendo coisa que não presta. Quando estou com muita dor de barriga e se não houver papel higiênico por perto - o que é raro acontecer, devo confessar - as páginas do dito semanário não servem nem para este fim. Ou seja, inútil até nisso.

Mas, o visitante e colega Lauro Júlio, editor do blog Platão (clique aqui para visitá-lo) deixou uma mensagem no nosso blog, indicando uma matéria do dito panfleto, assinada por um tal de GUSTAVO IOSCHPE, cujo conteúdo faz descobertas fantásticas. Entre elas, as que transcrevo a seguir, para depois comentar:

"A partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do Brasil, mas não houve melhoria na qualidade do ensino".

Comentário do blog: Aumento substancial nas regiões mais pobres? Só podem estar de gozação. Os estados mais pobres do Brasil só pagam melhor do que Minas Gerais, porque de resto continuam pagando mal aos professores em todo o país.

"Durante muito tempo, quando se falava dos problemas da educação no Brasil, havia uma resposta pronta e definitiva: é preciso aumentar o salário dos professores. Com salário baixo como seria [grifo nosso] o dos professores, não se poderiam exigir motivação e comprometimento. Nos anos recentes, essa teoria foi seriamente erodida por uma avalanche de fatos que mostram que o problema do professor brasileiro não é de motivação, mas de preparo, coisa que salário não muda [grifo nosso novamente]."

Comentário do blog: O cara descobriu uma coisa fantástica: salário não motiva as pessoas a trabalhar melhor. Deveria ser coerente e propor salário mínimo para todos os assalariados do país, inclusive para o proprietário da revista, sr. Civitta, que não se cansa de mamar nas tetas de governos amigos, como os demotucanos de São Paulo - cidade e estado. Cliquem aqui e vejam a matéria-investigação que o blog NamariaNews fez, revelando os contratos milionários da editora que publica aquele panfleto com os governos de São Paulo.

"Pesquisa da Unesco com amostra representativa dos nossos professores, publicada no livro O Perfil dos Professores Brasileiros, revela que apenas 12% se dizem insatisfeitos com a carreira. Quase a metade do total (48%), aliás, estava mais satisfeita no momento da pesquisa do que no início de sua carreira. Só 11% dos entrevistados gostariam de dedicar-se a outra profissão no futuro próximo."

Comentário do blog: leitura manipulatória da pesquisa, do começo ao fim. Uma coisa é a pessoa gostar da carreira da Educação e não querer trocá-la por outra, mesmo diante das dificuldades; outra coisa, bem diferente, é a pessoa, mesmo amando a carreira, não estar satisfeita com os baixos salários e as condições de trabalho. Só a miopia de uma revista igual a Veja e de seus colunistas e colaboradores é incapaz de perceber a diferença entre uma coisa e outra. Mas, não é novidade para ninguém que as faculdades de licenciatura estão fechando Brasil afora e já existe um grande déficit de professores em todo o país, principalmente nas áreas de Química, Fisica, Matemática, Biologia, etc.

"O segundo prego no caixão dos dinheiristas foi a própria experiência brasileira: a partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do país através do Fundef [grifo nosso], porém não houve melhoria na qualidade da educação. De fato, ela piorou: o Saeb, teste do MEC para aferir a qualidade do ensino básico, mostra que em 2007 estávamos pior do que em 1995. A experiência brasileira em nada difere daquilo que é observado no resto do mundo, aliás: há literalmente centenas de estudos medindo o impacto do salário dos professores sobre o aprendizado dos alunos, e a grande maioria não encontra relação significativa entre essas variáveis."

Comentário do blog: Só pode ser gozação, gente, a cara de pau do articulista de uma revista de baixa qualidade editorial dizer que o FUNDEF proporcionou aumentos substanciais nos salários dos professores, seja nos estados pobres ou ricos. Um total desconhecimento do assunto. Os estados pobres continuaram com recursos minguados para a Educação e os ricos, mesmo tendo que investir 25% da receita em educação continuaram, como Minas Gerais, pagando salário de fome para os educadores. E conclui dizendo que não há relação direta entre o salário e a qualidade? Se for este o critério que a Veja adota na revista talvez isso explique o baixo nível editorial daquele panfleto de papel caro e colorido. Com o respaldo financeiro dos governos amigos e de parcela da elite da direita brasileira, isto a que chamam revista sustenta um time de colunistas da pior qualidade, provavelmente com salários 20 ou 30 vezes maiores do que os de qualquer professor brasileiro. Aí sim, as variáveis salário e qualidade editorial andam bem distantes. Portanto, a Veja espelha-se no seu próprio (baixo) desempenho de qualidade para acusar os professores. Mas, o infeliz articulista sequer se dá ao trabalho de analisar as realidades sociais, os contextos, o impacto causado pelas inovações tecnológicas, as mudanças nas realidades das famílias, etc. Portanto, ele faz uma leitura paupérrima da realidade para concluir aquilo que virou moda entre os ditos "especialistas", quase sempre bem remunerados: a culpa de tudo é dos professores.

"Por fim, uma duplicação ou triplicação do salário dos professores brasileiros é simplesmente inexequível, dada a realidade fiscal brasileira. Hoje, segundo os dados mais recentes da OCDE, o Brasil gasta praticamente 70% de seu orçamento educacional apenas com a folha salarial. O artigo 212 da Constituição estipula que estados e municípios precisam gastar pelo menos 25% de sua receita com educação. Ora, 70% de 25% é 17,5%. Dobrar o salário de professores implicaria destinar 35% de toda a arrecadação de estados e municípios somente ao pagamento desses funcionários. Triplicar seus salários significaria consumir 52,5% de todo o orçamento. Não vejo como seria possível fazer isso sem quebrar as finanças do país ou solapar totalmente a oferta de outros serviços indispensáveis, como saúde, segurança, transporte."

Comentário do blog: Mais uma vez o articulista da Veja revela desconhecimento do assunto e manipula dados sem apresentar o quadro completo. Os gastos com a Educação pública no Brasil representam menos do que 4% do PIB (Produto Interno Bruto), um dos mais baixos do mundo. Se pegarmos uma cidade pobre, dobrar o salário de um professor pode ter um grande impacto, mas em outras isso pode acontecer sem problemas. Mas, este tema não pode ser tratado com essa mesquinharia de raciocínio: é um problema nacional e o país que gasta mais de R$ 100 bilhões por ano para pagar juros da dívida pública que beneficia poucas centenas de famílias ricas, pode muito bem injetar mais 20 ou 30 bilhões de reais na Educação e com isso pagar um salário digno aos educadores de todo o Brasil. Aliás, este é o espírito da Lei do Piso do magistério, que prevê que as cidades e estados pobres, que comprovadamente não tenham condições de pagar o piso salarial, receberiam ajuda da União para fazê-lo. O articulista da Veja nada fala sobre isso. Má fé ou ignorância?

E ao final da matéria, o articulista da Veja, dito cientista político, diz mais ou menos o seguinte: ao invés de pagar bem aos professores e correr o risco de não obter boa qualidade no ensino, vamos empurrar mais tarefas e cobrar mais trabalho para ver se a educação melhora, com estes mesmos professores mal remunerados. Este cara deve ter sido consultar do governo Aécio-Anastasia, seguramente.

Em suma, um monte de lixo em forma de texto que já estou arremessando para minha descarga digital. Só num país como o Brasil, com os problemas de décadas e séculos de atraso em função do baixo nível educacional encontram-se palpiteiros que muito provavelmente passam longe das salas de aula das periferias dos grandes centros urbanos, a destilar conversa fiada, como esta.

Vade retro, coisa ruim. Vai palpitar nos assuntos alheios, como na área da mídia, que recebe bilhões dos cofres públicos para produzir tão baixa qualidade de informação e grande manipulação, cujo padrão de decadência a revista Veja é modelo.

3 comentários:

  1. Euler,

    Ao ouvir um comentário sobre um tal texto escrito por Gustavo Ioschpe na revista Veja, fala sobre professor. Ao ver esse nome desse tal... Vou pesquisar o que ele é. Lembrei-me logo de um concurso que fiz na Prefeitura de Belo Horizonte, e o mesmo já tinha sua opinião formada sobre o professor. Quem lê o texto refletindo no que ele disse, deve entender bem o que ele quis dizer. Ele contar que a educação brasileira é péssima e que o professor põe sempre culpa em outros fatores, e até mesmo nos compara com os “maus” médicos. Leia o texto na íntegra na segunda página do aquivo do concurso. O endereço é: http://www.fumarc.com.br/imgDB/concursos/Caderno_01_1_e_2_ciclo-20091207-113102.pdf. Depois dessa prova, que não foi entregue aos candidatos, pesquisei sobre esse tal escritor!?! Não, não era escritor, nem pedagogo, nem professor, era um “nada” referente a educação.. Ele era apenas um Economista. E como bem sabemos, economistas entendem bem de como é a educação brasileira, economistas entendem como se ensina e como se aprende, economistas ficam o dia todo nas escolas dando apoio aos alunos e professores... Economiastas servem pra dar pitaco na profissão dos outros. Pois os bons economistas, não se preocupariam com outras profissões, pois se tem muita coisa mais importante a se fazer, não é? Ah! E não é só eu que penso assim, se ser Educador no Brasil fosse tão simples e fácil, ele não faria Economia sei lá onde, ele estudou afinal “graduações por Wharton e mestrado por Yale. Se você não entende o que isso quer dizer, bem, isso é uma coisa que só consegue se seu papai ou mamãe tiver muito dinheiro (Provavelmente muito mais dinheiro que seu papai e mamãe jamais sonharam ter). Não sem querer denegri-lo por isso: é um gasto melhor que em roupa da Daslu ou na Oscar Freire”, ou seja, em Faculdades, que quem é professor, e luta para ser, não teria condições de pagar. Esqueci só de um detalhe, ele é de família rica, ou seja, provavelmente nunca estudou em escolas públicas, e certamente não deve ter entrado em nenhuma. Veja mais algumas informações sobre esse entendido em educação no site: http://www.andrekenji.com.br/weblog/?p=1831 . Ele é membro de um tal grupo Educar para Crescer. Mas acredito, que mesmo com duas formações sei lá onde é as Universidades que ele estudou, ele se esqueceu de uma pequena coisa, esqueceu que pra quem observa tudo é fácil, acredito que ele é bem novinho, quem sabe se ele fosse professor ele teria uma outra visão.. A visão economista dos nossos gastos diários.

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  2. Quando li essa reportagem da Veja, logo vi que esse cara nunca foi professor e nada da Educação. Depois que soube que é um Economista, que provavelmente deve ser filho de papai, pois estudou em lugares onde nenhum professor de escola pública comum poderá estudar em toda a sua vida, nem se ele juntar seu salário por 20 anos sem gastar um tostão, ele poderá ir tão longe, vi que ele é apenas mais um sapo de fora, dando palpite naquilo que não é de sua competência. Perto da minha cidade- Varginha - Mg, tem um curso de mestrado. Eu sonho em fazer mestrado lá. O problema é que a mensalidade, sem contar com despesas de transporte, é maior do que o meu salário. Fiquei muito ofendida com as palavras desse economista, que não faz idéia de quanto já estudei, esforcei, investi em tempo e dinheiro para me aperfeiçoar.Vendo tudo o que está acontecendo em volta á Educação, cheguei à conclusão que, pessoas de vários outros seguimentos profissionais de nossa sociedade, escolhem a Educação para justificar suas próprias incompetências. Já reparou que tudo o que acontece de errado, fracassos por algum tipo de incompetência no seio da sociedade, está sendo apontado como deficiência dos professores? Isso já está virando uma patologia social. Que nome vamos dar a essa doença?

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  3. Meus colegas, não é novidade para nós,pois todos que ocupam cargos em destaques e de confiança, seja em que profissão for, em que orgão for provam sua incompetência profissional, obediencia total pela incapacidade de críticar e fidlidade canina. São cargos políticos em trocas de favores e outros bichos mais. Suas falas demonstram o total desconhecimento dos fatos e é chique ser chamado de especialista no assunto. A distorção da realidade é real, ganham ótimos salários, notoriedade pora falar mentiras descabidas e são pagos para informar os ignorantes que o Brasil quer formar e ainda conseguem aplausos. Brasileiro só lê porcaria, gosta de ser enganado e ser iludido. Reparem todas as vezes que temos um fato importante,que coloca o cidadão de cara com a verdade, entram esses profissionais incompetentes que cobrem as verdades com outros fatos mentirosos e outros como futebol, carna não sei o que...,show de não sei quem, big broder, noticiários sangrentos na mídia, outros escandalos, fatos acontecidos em outros países que não nos diz respeito e sempre criam algo para desviar a atenção da população. O brasileiro está fadado a conhecer mentiras sabem por que? Desconhecem sua prória Contiruição, não gostam de estudar e ler assuntos interessantes para seu crescimento intelectual. Só sabem falar de futebol, bebida, mulher e samba................... È MUITO TRISTE TUDO ISSO!

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