sábado, 29 de novembro de 2014

Minas quer mandar tudo para a... São Paulo e Brasília e Paraná




Porque hoje é sexta-feira de um Black Friday para inglês ver, resolvi escrever este post só para mineiro ver. Minas se cansou dos tucanos. 12 anos foram dose cavalar. Por isso nas eleições de 2014 os mineiros deram um rotundo NÃO ao governo tucano. Mas, que implicações tem essa derrota? Que significados, quis dizer?



Na minha modesta avaliação sociológica e antropológica, Minas mandou uma clara mensagem para o Brasil e para os mineiros que moram em Minas: não queremos mais tucanos. Xô, xô, pessoal, vão cantar em outra freguesia. Por exemplo? Em São Paulo e Brasília. São Paulo mostrou que adora os tucanos, mesmo debaixo de uma seca danada. São 20 anos de tucanos governando aquele estado e eles quiseram manter o mesmo governo. É dose mais que cavalar. Merecem.



Por isso achamos por bem sugerir a quem se interessar pela sugestão que será dada, que os tucanos de Minas se dirijam em massa para estes três lugares: SP e Brasília e Paraná. Eles vão gostar. Hão de gostar. Os paulistanos adoram os tucanos. E os brasilienses odeiam os petistas. O Paraná também, tanto que criaram por lá até uma investigação na Petrobras na véspera das eleições para beneficiar os tucanos. Não funcionou 100%, mas bem que eles tentaram. Logo, serão muito bem recebidos os tucanos que baterem asas para aquelas paragens.



Aliás, dois tucanos mineiros de alta plumagem foram transferidos para Brasília: os dois ex-governadores que implantaram o choque de gestão. Eles já estão lá, no senado, atazanando ou se preparando para tal, a defender a experiência do choque de gestão que transformou Minas Gerais no paraíso da Terra. Pelo menos na propaganda midiática.



E por falar em mídia, que tal se São Paulo comprasse a Rádio Itatiaia e os jornais mineiros? Prestaria um grande serviço ao estado de Minas. O blog propõe ao novo governador mineiro que ele faça uma troca com São Paulo: uma parte da água dos rios de Minas pela mídia mineira, inteira. SP recebe a água como doação, e, em contrapartida, aceita o encargo por compaixão, permitindo que a mídia mineira se instale por lá.



São Paulo tem experiência nessa relação com a mídia. Não foi à toa que o governo do estado de lá comprou sem licitação milhares de assinaturas da Veja e da Folha para distribuir nas escolas públicas e intoxicar ainda mais a cabeça de muitas gerações. Já não basta a TV dos Marinho, com sua dose diária de torcida contra o Brasil – contra a Copa, contra os programas sociais, contra os pobres, enfim –, e ainda temos que aguentar a mídia regional que reproduz e amplia a estratégia do golpe a conta-gotas: todo dia, um novo bombardeio contra o Brasil.



Mas, neste momento, não importa muito o que acontece no Brasil, já que Minas tem a possibilidade de exportar tucanos para SP e Brasília. Ou para o Paraná. Os tucanos mineiros têm muito o que ensinar e oferecer a estes irmãos de outros estados. Foi aqui que se desenvolveu a teoria do choque de gestão, através da qual se conseguiu transformar num passe de mágica um estado quebrado – pelos próprios tucanos – num estado de excelência, que apresenta os melhores índices mundiais em tudo: na saúde, na educação, na segurança, no lazer. Minas é um paraíso e só não descobriu isso quem tem a cabeça dura, que nem a deste blogueiro, que insiste em não ver o que a propaganda mostrou sem parar nos últimos 12 anos. Que teimosia a nossa.



Uma das coisas que os tucanos mineiros vão ensinar é como lidar com a Educação pública. Especialmente com os educadores. Minas conseguiu desenvolver a melhor educação pública do mundo tratando mal os educadores, confiscando seus salários, não pagando o piso, destruindo sua carreira e dividindo a categoria. Os policiais, por exemplo, que foram tratados com mais respeito, nem são citados como exemplo para o Brasil – e olha que eles dão um duro danado. Então, Minas desenvolveu a tese, ligada ao choque de gestão: trate mal ao servidor público e arranque dele o melhor desempenho.



Uma outra experiência que os tucanos vão exportar para SP, Brasília e Paraná, menos para os estados do Nordeste, que por lá não há espaço para os tucanos baterem asas, é como lidar com a mídia. Em 12 anos de governo, a mídia mineira simplesmente se comportou como a mais provinciana das mídias do mundo. Tamanha submissão e puxassaquice não se encontra nem entre mídias de governos imperiais. Impressionante. Nem acredito que seja apenas pelo dinheiro, não, pois o governo federal também despejou dinheiro de sobra na mídia e só colheu críticas e pessimismo. Não há um só dia, entre os 4.383 da longa gestão tucana em Minas, que não tenha se repetido a prática do ataque sem trégua e sem direito de resposta ao governo federal e a blindagem dos tucanos.



De uma certa forma, a mídia mineira provou que ela tem uma grande força, mas não consegue dominar tudo e todos com sua ladainha. Do contrário os tucanos governariam Minas ad infinitum. É verdade que os mineiros da Grande BH, mais assediados pela intoxicação mental midiática, mantiveram sua fidelidade aos tucanos. Já os mineiros do Interior de Minas, sobretudo do Norte – Minas, são muitas, gente, já dizia o escritor e poeta – puderam pensar de forma mais independente, sem essa ladainha quase evangélica ortodoxa malafasiana de comentaristas e cronistas e palpiteiros de toda ordem que aparecem na mídia.



Então, xô, tucanos, xô, abram caminhos para que o novo governo mineiro comece a governar e a mostrar serviço. Ele tem muitos compromissos para cumprir ao longo do mandato de quatro anos. O novo governo tem compromisso com os educadores, que esperam que se cumpra o piso salarial e se recupere a carreira perdida; tem também compromissos na área da Saúde pública, da mobilidade urbana e da moradia popular. Não pode decepcionar, senão será tocado daqui, como os tucanos.



Minas tem dado os melhores exemplos para o Brasil, eu tenho dito isso aqui. Foi Minas que derrotou os tucanos e beltranos nas eleições deste ano, desbaratando os muitos golpes que a mídia tentou dar na candidata Dilma; foi Minas que apresentou o melhor futebol do país, ficando com os dois principais títulos: o Brasileirão com o Cruzeiro e a Copa do Brasil com o Galão da Massa. Foram conquistas reais, para além daquelas conquistas midiáticas que a gente só vê na propaganda.



Minas só não fez mais, só não deu o melhor exemplo no crescimento econômico, por exemplo, por conta do choque de gestão tucano. O Nordeste, por exemplo, cresceu acima da média nacional, reduzindo as diferenças regionais. Viva o Nordeste, porta-voz do povo brasileiro, da alma brasileira. O Brasil, de um modo geral, e graças às políticas dos governos Lula e Dilma, também fez bonito: tirou o país do mapa da fome, reduziu, ainda que aquém do desejado, as diferenças sociais, incluiu muita gente na disputa de mercado. O PT fez quase que um choque capitalista no Brasil, sem ficar preso à ortodoxia neoliberal: aumentou os salários, o consumo de massa, o emprego, a renda, enfim, criou um mercado interno pra capitalista nenhum querer abandonar.



Esta história de querer se mudar para Miami é papo furado de empresário quase quebrado. O mundo inteiro quer disputar o mercado de consumo do Brasil. E muita gente quer ganhar sem risco, com o capital especulativo, que é aquele que come a maior parte da receita do país. Infelizmente, o PT não teve coragem para enfrentar este dragão do mal. Nem o do monopólio da mídia. Agora mesmo, esta briga pelo não cumprimento do superávit primário e ajuste fiscal, que os tucanos e sua mídia denunciam e ameaçam e xingam, nada mais é do que a luta para garantir os grandes lucros do capital especulativo.



A chamada dívida pública brasileira não tem nada de pública. É uma verdadeira privatização do dinheiro público, que deveria ser aplicado na Educação e na saúde, mas que escorre para o ralo da comedeira de banqueiros e afins que se apropriam do suor do povo brasileiro. Se o governo federal estivesse nas mãos dos tucanos, a única razão de ser deste governo seria bancar esta dívida do primeiro ao último dia de governo. E que se danem as políticas sociais. O PT pelo menos conseguiu transferir uma parte expressiva dos nossos impostos para as políticas sociais em favor de milhões de pessoas. Ponto para o PT. Pena que não tenha tido a coragem de enfrentar a mídia. Isso só o Brizola teve. Ah, e o Marighella também, que em plena ditadura militar, tomou de assalto uma rádio em SP para fazer um pronunciamento à nação brasileira. Depois disso, as rádios e TVs brasileiras nunca mais foram usadas para servir ao povo brasileiro. Foram assaltadas pelas elites dominantes. E pronto.



Agora, enquanto os tucanos mineiros arrumam as malas para Brasília, São Paulo e Paraná – pelo amor de Deus, tucanos, não desistam de se mudarem – a nossa presidenta Dilma começa a montar o novo governo. Indicou primeiro o ministério da área econômica. Dilma foi um pouco bíblica, digamos assim. Seguiu as palavras de Cristo, quando este disse: deem a César o que é de César. O controle macroeconômico da economia não poderia ser entregue para Luciana Genro por exemplo. O país quebraria na primeira semana. Isto é óbvio. Se a presidenta Dilma me indicasse para ministro da Fazenda, por exemplo, eu quebraria o Brasil em meia hora, talvez menos. Minha primeira medida seria cobrar as sonegações de impostos dos grandes empresários, incluindo das TVs e rádios. Pronto. Só aí eu aumentaria a receita em quase 100%. O problema é que eu seria derrubado antes da receita chegar aos cofres públicos. Enfrentaria uma campanha midiática pior do que a que Getúlio Vargas e João Goulart enfrentaram.



Dilma então está fazendo o seguinte – ela me contou isso por telefone, outro dia, numa das conversas que tivemos após as eleições. É o seguinte, Blog do Euler – disse ela – eu vou entregar dois ou três ministérios para a ortodoxia neoliberal, mais um ou dois para o agronegócio, e vou guardar os da área social para pessoas comprometidas com as políticas sociais. Quando os ministros começarem a brigar entre si, como sou eu que dou a última palavra, eu faço uma consulta ao povo brasileiro para saber o que decidir. Coloquei o Blog à disposição da presidenta para fazer tal consulta. Ela aceitou, então oficialmente este modesto blog vai consultar a população brasileira – menos os tucanos, que não se submetem às instâncias nacionais. O negócio deles é com os States. São muito chiques para aceitarem uma consulta de um blog qualquer, ainda mais neste aqui, mineiro, uai.



O problema é que, enquanto Dilma monta seu novo ministério para arrumar a Casa, tem gente pensando em desarrumar a casa. Gente da Casa Grande, que sonha em retomar o controle total do governo federal. Armaram o golpe de vários lados. Felizmente, desta vez Minas está fora do golpe, pois os tucanos foram convidados a sair daqui. Em 1964, por exemplo, Minas, governado pelo traíra do Magalhães Pinto, da UDN, foi o primeiro estado a se apresentar para o golpe, com direito a desfile militar e tudo mais. Puro exibicionismo barato. O golpe já estava armado desde os States e os políticos mineiros foram meros coadjuvantes de quinta categoria. Não levaram nada.



Justiça se faça, naquela época o avô do tucano que bateu asas para Brasília, embora resida no Rio, ficou ao lado de Jango no Congresso Nacional.Tancredo era conservador, do antigo PSD, mas não se uniu aos golpistas. Hoje, o tucanato dorme e sonha com o golpe. Vai para as ruas pedir a volta dos militares – nem os militares querem isso, mas meia dúzia de paulistanos saudosistas dos generais de pijama querem. No TSE, um outro golpe pode estar sendo armado por um tucano de carteirinha: Gilmar Mendes. É ele quem está analisando as contas de campanha do PT e de Dilma. Já convocou um batalhão de técnicos para auditar as contas. Imagino que até a CIA esteja lá, assessorando os técnicos “nacionais”. Se descobrirem uma vírgula fora do contexto, a mídia se incumbirá de provar que Dilma recebeu dinheiro dos Ets de Varginha.



No Congresso Nacional, que fica em Brasília, para quem não sabe, e para onde o tucanato de alta e baixa plumagem se dirigem em peso, mais um outro golpe está em andamento. Querem eleger um traíra – como tem traíras este país! – do PMDB para a presidência da Câmara Federal. E ele já declarou seu amor eterno à mídia golpista e que está à disposição do golpe. E pronto. Sem meias palavras.



Claro que essa gente ainda não combinou com os russos. Nós, por exemplo, aqui do Blog, não fomos convidados para o golpe. Nem a maioria do povo brasileiro. Então, é melhor que eles aceitem o resultado das eleições e se acostumem com a ideia de que Dilma ficará mais quatro anos no governo. Vão ter que engolir o “sapo barbudo” e de voz rouca, e que se for provocado, pode querer voltar em 2018. Isto se o blogueiro que escreve estas mal traçadas linhas não resolver aceitar o convite já formulado pela presidenta. Ah, não contei isso para vocês não? Então segura: naquele último telefonema que recebi da presidenta, ela me convidou para aceitar o desafio de sair candidato a presidente da República em 2018. Como eu sou bolivariano, e palestino, e muçulmano, e cristão da teologia da libertação, e marxiano (não confundir com marciano) de última geração, é bem provável que o tucanato entre em desespero quando o meu nome for apresentado. A Veja vai dizer que fui eu quem mordeu a maçã, e inventei o pecado. Então é melhor deixar o sapo barbudo mesmo, que já se acostumou a levar pancada de todo lado, e nem se despenteia por isso.



Então, para finalizar a prosa, ficamos assim: tucanos mineiros, xô daqui. Vão bater asas em SP, Brasília e Paraná. E nóis, cá de Minas, porque Minas são muitas, estamos de olho em tudo, rindo até as orelhas, com jeito de quem não quer nada com nada, mas querendo tudo. Tudo, neste caso, é mais e mais: mais mudança, mais salário para os de baixo, mais saúde pública de qualidade, mais investimento na Educação e no bolso dos educadores, mais emprego, mais e mais, nada de menos. Que este papo de ajustar as contas sempre em cima de nóis, os de baixo, é coisa de tucanos do choque de gestão. Não dá. Querem cortar gastos? Comecem pelos de cima: deputados, senadores, juízes, governadores, presidentes da república, vereadores, prefeitos, empreiteiros, banqueiros, a grande mídia, enfim, tem uma lista grande de gente grande, que prega o ajuste das contas, e que deve dar o primeiro exemplo. Então, presidenta Dilma, oriente os seus ministros a começarem os cortes pelas bolsas dos de cima: bolsa-banqueiros, bolsa-mídia, bolsa-parlamento nas três esferas, bolsa-justiça, bolsa-concessionários de ônibus, bolsa-empreiteiros, entre outros. Nada de mexer nas bolsas-famílias dos de baixo.



Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!



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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estilhaços do atual momento: corrupção na Petrobras, governo de Minas, novo governo de Dilma e a mídia golpista. Vamos conversar sobre isso?



Neste post quero passar por alguns temas que perturbam o dia a dia das pessoas comuns. Talvez incomodem mais ainda aos agentes políticos e outros envolvidos nas versões produzidas pela mídia, e fora dela. Comecemos pelo chamado escândalo da Petrobras.

A Petrobras é a maior empresa brasileira, de certa forma um dos principais símbolos da luta por um desenvolvimento não alinhado (com o imperialismo dos EUA e Europa) do Brasil. E justamente por ser uma grande empresa, que cresceu muito nos últimos anos, principalmente – cresceu 10 vezes nos últimos 12 anos – e pelo potencial de investimentos, a empresa se tornou cobiçada por todo lado.

Enquanto existir o sistema capitalista, é difícil se falar de qualquer empresa que não seja direta ou indiretamente controlada por interesses privados de grupos empresariais. A utopia de uma empresa controlada pelo povo, ou pelos trabalhadores, só será possível num outro sistema social, que já tenha superado as leis da mercadoria. Algo que ainda está distante da nossa realidade.

Nos marcos, portanto, do sistema vigente, a Petrobras é uma empresa estatal com participação privada. Na era FHC, é bom relembrar, quase que a Petrobras foi privatizada. Queriam até mudar o nome da empresa para Petrobrax, para cortar qualquer vínculo da história da Petrobras com o Brasil, e com as lutas dos trabalhadores pela apropriação das riquezas minerais do país.

O controle estatal da empresa, contudo, não garante que ela seja controlada de fato pela maioria do povo brasileiro. Uma parte substancial do que é faturado pela empresa na sua produção vai, de fato, para o povo brasileiro, através de impostos, de salários dos trabalhadores, e agora, com as regras do pré-sal, uma parcela do que for produzido vai diretamente para a Educação e para a saúde. Ponto para os governos Lula e Dilma, que não sucumbiram às pressões neoliberais que queriam entregar o pré-sal diretamente para os grupos estrangeiros.

Mas, boa parte dos recursos compõe os lucros dos acionistas, e uma outra parte, voltada para ampliação e investimentos, vai para empresas terceirizadas, ou para as empreiteiras, que tocam grandes obras, quase sempre superfaturadas.

Uma parte do dinheiro que essas empreiteiras receberam foi realmente investido nas obras, nos serviços, nos salários de milhares de trabalhadores, e nos impostos recolhidos. Contudo, uma outra parte significativa foi para o ralo da chamada corrupção ou caixa dois ou desvio de verbas, ou lucro superfaturado. Deem o nome que quiserem. Aqui não é um tribunal formal que exige rigor na qualificação e tipificação de cada crime para aplicar as penas. Estamos apenas analisando de passagem os processos que a mídia golpista vomita para a população de maneira sensacionalista e canalha, até.

Então, repassando o dever de casa, percebemos que a Petrobras presta relevantes serviços para o país. Na descoberta de petróleo, na produção, no desenvolvimento tecnológico, na geração de empregos diretos - quase 90 mil servidores -  e indiretos - acredito que mais de 100 mil empregos. E agora, com o Pré-sal, a Petrobras se coloca como um dos grandes instrumentos deste novo Brasil que os de baixo desejam construir, com mais investimentos em saúde pública, em educação de qualidade, etc.

Por que então a mídia, golpista, trata a questão do escândalo da Petrobras dessa maneira tão rasteira e partidária, sempre tentando atingir os governos Lula e Dilma, e sempre tentando apresentar a Petrobras como uma empresa sinônimo de corrupção? Um sensacionalismo barato, de terra arrasada, como se fosse o fim do mundo?

Esse julgamento premedito da mídia golpista não faz jus à grandeza numérica e qualitativa da Petrobras, e do significado que a empresa tem para o Brasil. Em 12 anos a Petrobras saiu da casa dos 10 bilhões de dólares para os 100 bilhões, podendo tranquilamente, em curto prazo, avançar para 150 bilhões de dólares no seu valor de mercado. Além disso, é uma empresa que detém o monopólio da operação do pré-sal, cujo valor das reservas em petróleo, segundo consta, ultrapassa a 5 trilhões de dólares. Podendo ser ainda maior.

Uma coisa é você dizer que há indícios de corrupção na Petrobras, que felizmente agora começam a ser apurados, investigados, e os envolvidos denunciados. E esperamos que sejam todos punidos. Isso deveria ser apresentado como uma coisa boa para a empresa e para o Brasil. Por paradoxal ou estranho que possa parecer, já que em tese se pode considerar como uma notícia ruim ter encontrado práticas de corrupção ou desvios de dinheiro na Petrobras.

Por que então poderíamos considerar que a revelação de práticas lesivas ao interesse público é uma coisa boa? Porque pelo menos agora, ao contrário do que acontecia antes, as coisas erradas estão aparecendo, o que possibilitará a sua correção. Já se admite a devolução aos cofres públicos de milhões de reais desviados.

A corrupção na Petrobras sempre existiu, desde o regime militar, passando pelos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. Qual a diferença, então? É que antes não se investigava nada, tudo era abafado e tinha-se a impressão equivocada de que não havia nada errado. É mais ou menos o que aconteceu com Minas Gerais nos últimos 12 anos de governos tucanos. Se julgarmos esses governos apenas pela propaganda da mídia, teremos a melhor impressão do mundo. Se, ao contrário, julgarmos pelo que de fato representou esse período tucano – de arrocho salarial para os educadores, de quase nenhum investimento na saúde, na educação, na mobilidade urbana, no saneamento, na habitação popular, enfim, em quase nada – veremos que a realidade é mais amarga do que a mídia tentou iludir o povão. As urnas, de certa forma, mostraram isso, com a maioria dos mineiros impondo uma tripla derrota aos tucanos: no governo do estado e na candidatura presidencial nos dois turnos.

Mas, voltemos ao escândalo da Petrobras. Estamos assistindo ao desdobramento da chamada Operação Lava Jato, que na fase atual, pós-eleitoral, após a montagem seletiva e midiática da prisão de dois bandidos confessos, com capítulos de uma novela anti-petista, voltou sua atenção para os empreiteiros. Cinicamente, a mídia golpista apresenta a cada dia uma nova revelação do que seria a prática de superfaturamento e desvio de dinheiro da Petrobras com esses empreiteiros, seus operadores e suas ligações políticas. Mais uma vez, as revelações são feitas seletivamente, sempre contra o PT e seus aliados. Chegaram ao absurdo – tanto a mídia quanto os delegados e o juiz e os procuradores – de permitirem que um dos empreiteiros declarasse que repassou quantias para o PT, o PMDB, o PP e “mais alguns”. Vejam bem a dupla cretinice. Primeiro porque o empreiteiro, neste caso concreto, estava falando de repasses legais, caixa um, dinheiro contabilizado e legalmente doado. A mídia não esclareceu este fato, fazendo parecer que os partidos citados tivessem recebido dinheiro ilegal. A segunda cretinice foi não mencionar os partidos que estavam escondidos nas palavras “mais alguns”. Estes partidos são: o PSDB, o DEM, o PPS, o PSB, ou seja, toda a oposição golpista recebeu fartos recursos das empreiteiras que estão sendo denunciadas. Só no primeiro turno das eleições, calcula-se que elas – as oposições ao governo federal – abocanharam em doações nada menos que R$ 160 milhões dessas empreiteiras.

Mas, vamos alargar um pouco mais o nosso papo, coisa que a mídia não faz. Um cidadão que estiver voltando de Marte nesse instante, há de imaginar que apenas a Petrobras foi vítima de obras superfaturadas, corrupção e caixa dois. Ora, vamos deixar de cinismo, né pessoal? Tenham dó. Respeitem a inteligência dos cidadãos brasileiros. Eu desafio aqui, quem quer seja, a apontar uma única cidade do Brasil que não tenha realizado obras superfaturadas. E que essa prática não tenha alimentado o financiamento – caixa dois – de campanha de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, governadores, senadores, e presidentes da República? O sistema político brasileiro está baseado nessa realidade de financiamento privado via caixa dois, que provém de obras superfaturadas ou empresas de ônibus, entre outras. É isso que a mídia golpista deveria extrair do atual escândalo da Petrobras e de forma educativa, defender uma reforma política que proíba o financiamento de campanha por parte das empresas, além de criar mecanismos de maior transparência e controle do processo eleitoral.

Mesmo que isso fosse realizado, não acabaria 100% com a corrupção. Nenhum país do mundo conseguiu essa proeza. Esta prática está no DNA do capitalismo. Mas, é inegável que ela pode ser coibida, reduzida, combatida com firmeza, desde que haja mecanismos para tal. Parece-me que o governo Dilma, ao contrário dos governos tucanos, tem feito avanços significativos nesse terreno. Coisa que a mídia golpista não reconhece.

O governo Dilma tem um problema sério de comunicação. De certa forma até compreensível, tendo em vista a imprensa que temos no Brasil – monopolizada na mão de meia dúzia de famílias inimigas do povo brasileiro. Fica difícil ter uma comunicação direta e esclarecedora com a população quando as TVs, rádios, jornais e revistas, 100% delas, ou quase, com seus comentaristas de aluguel, jogam contra o governo federal, contra os interesses do povo brasileiro, em favor da minoria privilegiada, interna e externamente.

A mídia é nossa inimiga, é preciso ter claro essa realidade, até que consigamos formar uma mídia alternativa, capaz de quebrar o cerco da Globo, da Band, da Itatiaia, da Veja, da Folha, enfim, de todos esses meios claramente serviçais do neoliberalismo e do imperialismo norte-americano. Todos esses meios de comunicação desinformam a população diariamente.

O escândalo da Petrobras, por exemplo, era para ser tratado como uma oportunidade de ouro - ou como se fosse uma nova reserva de petróleo -, não apenas para corrigir os erros naquela empresa, mas para estender esse combate a todos as práticas de superfaturamento e caixa dois em todo o Brasil. E mais: poderíamos estender isso ao combate à sonegação de impostos, coisa que a mídia esconde, já que não interessa a ela revelar que boa parte dos milionários brasileiros, incluindo os bancos e emissoras de TVs, com raras exceções, são sonegadores de impostos. O Brasil perde bilhões de dólares por ano com a sonegação de impostos, talvez mais até do que se perde com a corrupção.

Então todo o furor moralista da mídia golpista e dos políticos tucanos e afins contra a corrupção é falso, é enganoso, é seletivo, já que eles contemporizam com práticas semelhantes ou piores que acontecem no campo deles. A mídia fala no chamado mensalão do PT – que foi, na verdade, um caixa dois transformado em espetáculo midiático – , mas é incapaz de dar destaque ao mensalão tucano de Minas, que deu origem ao outro. É incapaz também de citar os outros escândalos envolvendo os governos tucanos, como: Privataria Tucana, reeleição de FHC com compra de votos dos deputados, Pasta Rosa, Trensalão de SP, entre outros. O próprio esquema da Petrobras, como já revelaram os procuradores de justiça, teria começado no mínimo há 15 anos, ou seja, na era FHC.

O doleiro que agora é apresentado pela mídia como operador do esquema que teria supostamente abastecido as campanhas do PT – e que, como vimos, abasteceu também as campanhas dos partidos da oposição – no passado operou para os tucanos. Inclusive já foi preso e passou pelo mesmo processo de delação premiada, só que os tucanos foram poupados, e continuam todos soltos, como disse a presidenta Dilma durante a campanha. Claro que a mídia não quer revelar o passado do doleiro. Nem tampouco quis revelar que o advogado do doleiro e bandido confesso tem ligações com os tucanos do Paraná, onde foi contratado em cargo comissionado no governo tucano. Segundo o procurador da Justiça Rodrigo Janot, ele, o advogado do doleiro, teria repassado informações seletivas para a mídia durante a campanha, visando prejudicar a candidata Dilma. Naquilo que chamamos de um esquema de golpe, muito mais nocivo ao país do que as revelações de desvios na Petrobras.

Já imaginaram se daquele esquema golpista envolvendo a mídia, as revelações seletivas dos bandidos confessos, as capas da Veja, a novela das 9 da Globo sobre o escândalo da Petrobras, enfim, se desse golpe tivesse resultado a vitória do candidato do tucano como quase aconteceu? O Brasil dos de baixo teria um prejuízo muito maior do que mil escândalos da Petrobras. Seriam quatro anos, pelo menos, de arrocho salarial, entrega do pré-sal, desestruturação dos equipamentos estatais – inclusive da própria polícia federal – além do total aparelhamento do estado, como se fez em Minas. Seria um grande retrocesso para toda a América Latina e também para a democracia brasileira, ainda jovem, apesar de passados quase 30 anos após a ditadura civil-militar imposta em 1964.

Nesse momento, e já tentando concluir o texto, que já se alongou por demais, o novo governo Dilma está sendo chantageado por diversas forças. No congresso nacional, no STJ, e até pela PF, cujos delegados, em parte, como é o caso da Operação Lava Jato, são claramente anti-petistas, como se revelou após as eleições. Mas, a maior chantagem contra Dilma ainda vem da mídia golpista, herdeira da ditadura e dos piores interesses.

Considero que a presidenta Dilma terá que agir em várias frentes para se fortalecer e realizar o governo que esperamos, em favor dos de baixo. Numa das frentes, ela deve agir com profissionalismo na relação institucional com os outros poderes – parlamento, MP e Justiça. Para isso precisa nomear bons assessores, gente séria, de caráter, e politicamente preparados para o debate e a formulação de propostas e negociações. Não dá para manter um Zé banana no Ministério da Justiça, ou um Ministro das Comunicações amigo da mídia golpista, ou deixar de nomear um bom interlocutor político.

Uma outra frente importante é a criação de canais de diálogo direto e permanente com os movimentos sociais, e também com as outras forças e personagens de esquerda. A base de sustentação do governo Dilma contra os golpismos será o povo nas ruas, na defesa das conquistas sociais e de novos avanços democráticos. A vitória de Dilma conseguiu aglutinar um grande movimento popular e progressista, muito além do PT, em oposição às forças da direita que o outro candidato representou. É preciso chamar esse movimento popular e progressista para o diálogo, para a construção coletiva de novas conquistas e para o enfrentamento, se necessário, contra as forças retrógradas.

Finalmente, é preciso construir uma mídia alternativa, que reúna TVs e rádios públicas, TVs e rádios comunitárias, além dos blogs, dos jornais de Interior, e das redes sociais, enfim, que sejam fortalecidas e formem uma robusta e verdadeira alternativa a essa mídia golpista que destrói o Brasil todos os dias. Uma mídia progressista, capaz de criar conteúdos próprios, e de abrir espaços para as diferentes correntes de pensamento e para a diversidade cultural existente no Brasil, coisa que não acontece atualmente. A mídia golpista passa apenas a opinião da Casa Grande. É preciso que a Senzala construa seus próprios meios de comunicação.

São essas as análises de passagem que apresentamos para a apreciação dos valentes leitores que visitam o nosso blog. Não falei especificamente dos desafios para o novo governo de Minas, mas em outra oportunidade abordaremos esse tema. E são muitos os desafios. A começar pela necessidade de uma imediata auditoria das contas públicas de Minas para que o povo mineiro, incluindo os servidores, fiquem a par da real realidade do estado. E também para que se possa construir novos caminhos, que contemplem as demandas específicas, especialmente dos educadores de Minas, e também outras, na saúde, na moradia popular, na mobilidade urbana, enfim.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Após oito derrotas, a direita sonha ou delira com um novo golpe de estado. Vai ter que encarar 150 milhões de brasileiros e brasileiras


Atualização em 17/11/2014 - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reconheceu que houve uma clara tentativa de golpe contra Dilma durante as eleições. Vejam o que ele disse em entrevista hoje à Folha de SP:

Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.

Vamos traduzir para a linguagem corrente o que disse o procurador Janot. Claramente ele reconhece que foi montado um esquema golpista nas investigações do escândalo da Petrobras. Ele se limitou a dizer que o advogado do doleiro bandido confesso vazou informações seletivas para a mídia. Ou seja, vazou somente informações contra o PT, Lula e Dilma. Por quê? Porque o advogado é ligado aos tucanos, trabalhou em cargo comissionado no governo tucano do Paraná e operou - foi este o termo de Janot - na defesa do doleiro bandido favorecendo os tucanos durante a campanha eleitoral.

O procurador não quis ir além disso, mas poderia, e de certa forma tinha a obrigação de ter ido mais fundo. Se o fizesse, teria reconhecido que havia todo um esquema golpista montado. Vamos relembrar?

1) o núcleo da Polícia Federal, juiz Moro e procuradores do estado do Paraná começa a revelar SELETIVAMENTE para a mídia a investigação que seria confidencial contra a corrupção na Petrobras, que teria começado bem antes. Mas, somente no início da campanha eleitoral é que virou notícia;

2) a TV Globo criou o que eu denominei aqui de "novela das 9" no telejornal noturno. Faltou apenas dar um nome à novela: "O escândalo na Petrobras - eles sabiam!". A cada noite, um novo capítulo sensacionalista e cheio de novas emoções, sempre contra o PT e nada contra o PSDB "todos soltos";

3) só agora se descobriu que os delegados da Polícia Federal do Paraná envolvidos na investigação eram todos fãs de carteirinha de Aécio, chamando-o de "esse é o cara". Ao mesmo tempo, publicaram notas e frases no Facebook (que agora apagaram) contra Dilma, contra Lula (a quem chamaram de "anta") e contra o PT;

4) o juiz Moro, que preside o processo de investigação, tinha, segundo consta, pretensão de alçar voos mais altos, rumo ao STF, talvez no cargo deixado por Joaquim Barbosa. O passaporte para este sonho, claro, era a vitória de Aécio Neves;

5) o advogado do doleiro bandido confesso, que teria pronunciado a frase "Eles sabiam", que virou capa-panfleto da Veja dois dias antes da eleição, agora também ficamos sabendo, que é ligado aos tucanos - segundo Janot. Mais ou menos como um Gilmar Mendes no STF. Ou um Carlos Viana na Itatiaia. Tucanos de carteirinha;

6) subsidiariamente, vieram as pesquisas por encomenda dos tucanos, a Sensus e a Veritá, sempre dando vantagem ao candidato tucano, ao contrário das outras pesquisas e distante também dos resultados reais.

Na minha opinião, essa investigação na Petrobras tinha o claro objetivo de culminar com a derrota do PT nas eleições. Seria o golpe perfeito. Dilma e Lula seriam derrotados nas eleições; a mídia colocaria os dois como chefes das quadrilhas que assaltaram a Petrobras, e no dia seguinte Aécio iria privatizar a Petrobras, indicar o juiz Moro para o STF e abrir ainda mais os cofres para fazer no Brasil o que fizeram em Minas: uma republiqueta blindada pela mídia.

Como o golpe, na sua fase pré-eleitoral falhou, eles agora entraram na fase dois do golpe, pós-eleitoral. Falam em impeachment, em volta dos militares; tentam desgastar o governo no Congresso e tentam usar o escândalo da Petrobras como motivo para derrubar ou desgastar o governo Dilma, para que ela faça concessões à direita.

Ocorre que as investigações na Petrobras assumiram uma proporção que ninguém mais é capaz de controlar. São muitos os envolvidos de todos os partidos e das grandes empresas que financiam quase todos os candidatos. Por mais paradoxal que possa parecer, talvez a presidenta Dilma, que nada indica que esteja envolvida, terá a oportunidade de fazer agora as mudanças políticas que o congresso não tem condições de fazer, pois estão (deputados e senadores) quase todos envolvidos.

As grandes empreiteiras envolvidas no escândalo são as mesmas que fazem obras em todo o Brasil, para todos os governos de todos os partidos, e tudo indica com as mesmas práticas. É o chamado financiamento de caixa dois das campanhas eleitorais, que torna as obras públicas mais caras, superfaturadas e favorece, além dos políticos, as empresas e seus operadores. Isso não é novidade para ninguém, e acontece há décadas. No Brasil e no mundo.

Talvez dessa tentativa de golpe contra Dilma e Lula esteja nascendo a oportunidade de passar a limpo boa parte dessas práticas. Que não começaram de maneira alguma no governo do PT, como a mídia tucana e golpista tenta fazer crer. Os próprios procuradores que atuam nas investigações declararam que o esquema vem de mais de 15 anos, ou seja, da era FHC. Ou antes. Claro que os tucanos estão envolvidos, e não só no caso da Petrobras. Quem não se lembra da reeleição de FHC? Ou da privataria tucana? Ou da Pasta Rosa? Ou do mensalão tucano mineiro, abafado até hoje? Ou da lista de Furnas? Ou do trensalão de SP? Entre muitos outros?

A diferença é que nos governos de Lula e Dilma as práticas lesivas ao interesse público têm sido investigadas e denunciadas, coisa que não acontecia anteriormente, na era FHC, cuja prática era de engavetar as denúncias e contar com a blindagem da mídia.

Tomara que não transformem este momento de investigação contra a corrupção em um terceiro turno das eleições, numa clara tentativa de golpe contra o novo governo Dilma, eleito democraticamente pela maioria da população.

Que todos os envolvidos que tenham culpa no cartório sejam investigados e punidos. Todos, de todos os partidos, além de empresários e seus operadores. Não dá para aceitar esse tratamento seletivo da mídia, que só aponta o dedo contra o PT, contra Dilma e contra Lula. O povo brasileiro quer passar tudo a limpo, mas sem demagogia, e sem permitir que haja retrocesso nas conquistas democráticas e sobretudo nos direitos dos trabalhadores e nas demais conquistas sociais.

***

“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.” - See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/17/janot-confirma-houve-golpe-eleitoral-contra-dilma/#sthash.YGPjOjk6.dpuf
“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.” - See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/17/janot-confirma-houve-golpe-eleitoral-contra-dilma/#sthash.YGPjOjk6.dpuf
“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.” - See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/17/janot-confirma-houve-golpe-eleitoral-contra-dilma/#sthash.YGPjOjk6.dpuf
“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.” - See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/17/janot-confirma-houve-golpe-eleitoral-contra-dilma/#sthash.YGPjOjk6.dpuf
“Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar, porque a cláusula contratual diz que nem o Youssef nem o advogado podem falar. Se isso seguisse, eu não teria compromisso de homologar a delação.” - See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/17/janot-confirma-houve-golpe-eleitoral-contra-dilma/#sthash.YGPjOjk6.dpuf


A mídia tucana não mostrou o ato do MTST em SP: contra o golpismo e em favor de mais conquistas sociais.


Esta foto-montagem diz muita coisa. É simbólica. Pegamos emprestado do jornalista Miguel do Rosário no blog Tijolaço. De um lado, no encontro do G20 na Austrália, Dilma se reúne com os presidentes dos BRICS, grupo de países que formam um contraponto à hegemonia do imperialismo norte-americano. Do lado direito, FHC num degrau abaixo e segurado por Bill Clinton, então presidente dos EUA. Os tucanos queriam recolonizar o Brasil e colocá-lo à serviço das políticas neoliberais dos EUA e países ricos da Europa.

Atualização em 14 de novembro de 2014 - O terceiro turno não acabou. Dilma, o PT e o povo brasileiro venceram as eleições, mas a direita golpista, ressentida, continua agindo. É o golpe armado. Alguns acontecimentos estão muito estranhos, e mal contados. Vamos começar pelo chamado escândalo da Petrobras. É a maior empresa brasileira, que detém enorme potencial, sobretudo após o pré-sal e com uma enorme e bilionária folha de investimentos. 

Sempre houve corrupção e desvios e superfaturamento nas obras públicas e das estatais brasileiras. E do mundo. O capitalismo é sinônimo de corrupção. Simples assim. Agora, essa novela que começou durante o início da campanha eleitoral, transformada em novela das 9 pela TV Globo, cheira mal. Fede. Cheira a golpe. Os envolvidos? Suspeitíssimos! Um doleiro, que já trabalhou para os tucanos, e um ex-diretor da Petrobras, que também já serviu aos governos tucanos. Ambos, bandidos confessos. A trama, qual novela global, ou mini série, foi urdida no estado do Paraná, cujas instituições, pelo visto, foram tomadas pelos tucanos. Inclusive as federais. 

O juiz Moro, segundo se revelou posteriormente, tinha pretensões de chegar ao cargo de ministro do STF, chance que só teria caso Aécio fosse eleito. Ele, segundo consta, tem relações de amizade, pelo menos, com o senador Álvaro Dias, cacique tucano, que não faz outra coisa na vida a não ser atacar o governo federal. De forma moralista, ou falso moralista, sempre, sem nada contribuir para o aprimoramento das conquistas do povo brasileiro. Além do juiz, os delegados da Polícia Federal que cuidam da Operação Lava Jato. Não tenho elementos para dizer que eles façam parte de algum plano golpista. Mas, uma jornalista do insuspeito jornal Estado de S. Paulo, claramente de direita (o jornal), revelou, ontem, dia 13, que os delegados da PF do mencionado caso são simpatizantes dos tucanos. Através do Facebook, durante a campanha eleitoral, manifestaram seu apoio declarado a Aécio e criticaram duramente ao PT, Lula e Dilma. Mais do que isso. Fizeram chacota do PT, da Dilma e de Lula, ao qual chamaram de "anta". Uma postura que não é digna de agentes públicos investidos da tarefa de investigar um escândalo num momento tão delicado como aquele, das eleições. 

As investigações, portanto, ficam sob essa suspeição: teriam sido feitas com o rigor e a neutralidade necessários? Os procuradores, também do Paraná, saíram em defesa dos delegados. E um dia após a revelação feita no Estadão, ou seja, hoje, o núcleo de investigação do Paraná - justiça, PF e Promotores - disparou as prisões de vários dirigentes das maiores construtoras do país, supostamente envolvidas com os escândalos da Petrobras. É preciso que se diga: essas empresas realizam obras em todo o país, dos mais diversos governos e nas mais diferentes épocas. É óbvio que algumas delas - ou quem sabe todas? - estão envolvidos com esquemas de caixa dois de campanha, superfaturamento de obras, etc.

Em qual cidade do Brasil isso nunca aconteceu? Mas, estranhamente, tudo é feito para acontecer e aparecer na mídia somente contra o PT e justamente nesse período pré e pós eleitoral, quando a presidenta eleita sequer teve a oportunidade de montar a sua equipe de governo. Tivesse sido eleito o candidato dos tucanos (graças ao povo brasileiro, fomos poupados dessa tragédia), e esse escândalo teria desaparecido da mídia. Todos os focos estariam voltados para o novo momento, com depoimentos de apoio e de confiança na retomada do crescimento. E toda a farsa que estamos acostumados aqui em Minas se reproduziria em escala nacional. 

Todo brasileiro de bom senso deseja que os corruptos sejam denunciados, julgados e, se condenados, presos. Mas, não é isso o que está em jogo nesse momento. Há um claro esquema de golpe armado contra o governo federal. Que pode estar envolvendo, de forma premedita, em alguns casos, ou não: a Polícia Federal, a mídia (certamente de forma premedita), parte do judiciário e até do Ministério Público, além dos políticos que representam as elites. São ações muito coordenadas para que pareçam atos desligados entre si. Não me enganam. 

Nós temos, no congresso, uma maioria conservadora quase elegendo um traíra do PMDB que já ofereceu a cabeça de Dilma para a mídia e para os tucanos; temos o grupo da oposição ressentida, capitaneada pela turma de FHC, que hoje mesmo se reuniu em SP, onde têm forte base de apoio, para fazer palanque golpista contra o governo federal. Temos ainda a mídia 100% contra o governo federal e disposta a manipular os dados e os fatos, como sempre fez. Nas ruas, bandos de malucos neofascistas pedindo o retorno da ditadura militar. Todos eles juntos têm dois objetivos bem definidos: 1) tentar criar as condições para pedir o impeachment da presidenta Dilma; 2) caso não consigam, degastar ao máximo o novo governo Dilma, para impedir que ela realize o programa de governo com o qual se comprometeu, em favor dos de baixo. 

Acrescentaria um terceiro objetivo, não menos importante: enfraquecer a Petrobras para justificar sua privatização, com a posterior apropriação do pré-sal por grupos estrangeiros que financiam essa oposição golpista. Portanto, toda essa coisa midiática, com a exibição de prisões de empreiteiros, na prática não passa de uma cortina de fumaça para outros objetivos maiores e mais perigosos. Essa gente - os empreiteiros - têm um batalhão de bons advogados e não ficará presa nem um dia sequer. Mas, podem ser pressionados por um esquema mafioso, de poder, a denunciarem o PT, e talvez até Lula e Dilma, pois esta seria a senha de sua deleção premiada, como aliás está acontecendo com os dois bandidos confessos. Eles acusam o PT, ganham as páginas de revistas e TVs e rádios como se fossem heróis, e ganham a liberdade. Todos os outros casos de corrupção e lavagem de dinheiro - e mesmo os da Petrobras, que aconteceram já muito antes - continuam impunes. 

Por isso é preciso estarmos atentos e muito cuidado com o noticiário da mídia e até com as ações de algumas instituições, como a dessa operação Lava Jato, cujo núcleo central, instalado no Paraná, tem notórias simpatias pelos tucanos e pelas ideologias que eles representam: neoliberalismo, preconceitos contra os pobres, os nordestinos, além das correntes neofascistas, que apoiaram o candidato tucano. 

Não estamos diante de um caso comum de ação policial no combate à corrupção. Se fosse assim, de forma republicana, como deveria ser, mereceria todo o nosso apoio. Mas, não é o caso em tela. As peças não encaixam, ou, se encaixam, formam um quebra-cabeça que cada vez mais aponta para uma direção: o golpe de estado. 

Como disse no post principal, a direita golpista, com sua mídia, parte da PF  controlada ideologicamente, entre outros instrumentos e meios de que dispõe, não aceitou mais essa derrota eleitoral. Oito ao todo. Não querem que o governo federal continue realizando políticas sociais e que seja pressionado pelos movimentos sociais a avançar, por pressão das ruas - como já começou, vide manifestação do MTST em SP, contra o golpismo e por mais reformas sociais. Foram quase 20 mil pessoas reunidas ontem, 13, em SP, sem qualquer destaque e cobertura da mídia golpista, ao contrário do que faz quando as manifestações são contra o governo federal, seja nas ruas, ou nos discursos vazios de caciques tucanos ressentidos. 

Que estejamos preparados para o bom combate contra as forças diabólicas que ameaçam a democracia e o povo brasileiro. Eles não passarão!

                  ***

O cenário político brasileiro pós-eleições, com mais uma vitória de Lula e Dilma e do povo brasileiro - dos de baixo, enfim - deixou uma parcela minoritária da população agitada. Pequenos grupos saíram às ruas de algumas cidades defendendo o Impeachment da presidenta Dilma e a volta da ditadura militar. Na sequência desses atos de saudosistas dos tempos sombrios, houve um pequeno golpe contra a população no congresso nacional, com a união de deputados derrotados e ressentidos, que derrubaram o decreto da presidenta Dilma que regulamentava a criação de conselhos populares. Essa gente não gosta de participação popular, de povo, a não ser como massa de manobra.

Em seguida, foi a vez do candidato derrotado à presidência da República usar a tribuna do senado para fazer discurso. Disse que falava em nome de um exército de opositores, uma linguagem que agrada os ouvidos da direita fascista que cada vez mais mostra os dentes nas ruas: agride as mulheres, os negros, os pobres e os nordestinos, como se tratassem de uma raça inferior. Coisa de fascistas mesmo. Ainda na sequência, algumas poucas famílias privilegiadas disseram que pretendem mudar para Miami. Pena que sejam poucas famílias. Disse outro dia: a passagem de ida sem volta para Miami é a serventia da Casa (Brasil) para os filhos ingratos. E não esqueçam de levar o cantor Lobão, que ao que parece desistiu de mudar do Brasil. Que pena. Seria tão bom se ele não tivesse desistido.

Toda essa irritação de uma parcela até expressiva da população, embora minoritária, tem uma razão de ser. Há uma explicação para isso. E por que eu coloco nesses termos, como se houvesse uma certa surpresa nessa reação desta parcela da população? Simples. Porque nos últimos 12 anos o Brasil melhorou como nunca antes. Um número muito expressivo da população - mais de 30 milhões de pessoas - saíram da miséria e da fome. No período mencionado, o Brasil conseguiu a proeza de viver com inflação baixa, baixo desemprego, aumentos reais de salários e crescimento do PIB, assim, tudo junto, durante mais de uma década. Toda essa combinação seria motivo para que uma enorme maioria da população botasse fé nas potencialidades do Brasil e do povo brasileiro, ao contrário do que ocorre atualmente. E vamos entender porquê.

Antes do período citado, o Brasil crescia no PIB, mas arrochava salários. Ou seja: uma minoria se enriquecia e a maioria vivia na miséria; ou então, para controlar a inflação, os governos confiscavam direitos, arrochavam salários e lascavam políticas de recessão. Atingia um determinado objetivo - inflação mais baixa, por exemplo, mas sempre às custas dos mais pobres. Os governos do PT, com todas as limitações que já citamos aqui antes, conseguiram quebrar essa lógica, desenvolvendo políticas sociais de amparo aos de baixo, além de não permitir que a macroeconomia fosse sustentada na lógica do arrocho salarial, ou do desemprego, como acontecia nos tempos neoliberais de FHC.

O PT cometeu o erro de não combinar os avanços sociais com um embate político com as elites. Ou seja, o PT não fez política em cima de suas políticas sociais, se acomodou e com isso não contribuiu para a construção de uma consciência crítica das parcelas da sociedade que melhoraram de vida.

Uma parte da elite brasileira, muito poderosa e ligada a grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, não concorda com essa política de inclusão, de mais investimentos sociais, de solidariedade aos vizinhos latino-americanos e a outros povos como os palestinos. Essa elite dominante detém a maior parte do PIB brasileiro, é dona da maior parte das terras do país e detém também praticamente 100% dos meios de comunicação, a mídia. TVs, rádios e jornais estão a serviço desse pequeno grupo de famílias que detém as riquezas produzidas por todos os brasileiros e brasileiras.

Essa gente não gosta do povo brasileiro, a não ser como escravos, ou como funcionários mal remunerados, sem direito algum. Eles gostavam quando os pobres não podiam andar de avião, a não ser como empregados deles - babás, carregadores de malas, etc. Hoje os pobres andam de avião de igual para igual com a classe média alta. Nem vou mencionar aqui os ricaços, porque estes têm seus jatinhos e helicópteros e não passam por esta "humilhação" de ter que se sentar ao lado, num avião, ou num restaurante, de um assalariado de baixa renda.

Essa elite é preconceituosa contra os pobres, contra os negros, contra as mulheres e contra os nordestinos. Um preconceito de classe, representado politicamente pelos tucanos e afins, embora haja mesmo entres estes pessoas com bom senso, capazes de respeitar o outro. Mas, essa elite é minoria da minoria. Não representa nem 10% da população. Por que então se tem a impressão de que quase a metade do país estaria insatisfeita com o governo federal a ponto de não ter votado pela reeleição da atual presidenta?

Existem várias explicações para isso. Uma delas é que, com o crescimento do consumo e com a melhoria das condições de vida das pessoas dentro da lógica de disputa de mercado, várias pessoas que se deram bem passaram a adotar a forma de ver o mundo das elites dominantes. Houve uma assimilação cultural. É muito comum encontrarmos "pobres, pobres, pobres, de marré, marré, deci" defendendo os interesses dos de cima. Porque a ideologia dominante da nossa sociedade é ditada pelos de cima, pelas elites dominantes. Muita gente foi culturalmente educada para acreditar que os pobres não são capazes de "vencer na vida", de ascender socialmente. E muitos, quando "chegam lá", ou seja, como adquirem uma condição social melhor, continuam acreditando nisso. Eles foram capazes de crescer individualmente, e não se enxergam enquanto parte de uma parcela da sociedade da qual vieram. Falta-lhes aquele instinto de classe, de solidariedade ao próximo, que brota quase sempre nos embates políticos. Mas, felizmente, não é a maioria que tem esse bloqueio mental que dificulta o seu entendimento do processo social como um todo.

Uma outra explicação complementar, e talvez mais forte ainda, é a nefasta ação da mídia golpista. Dominada por poucas famílias ligadas umbilicalmente com a elite dominante, essa mídia trabalha 24 horas por dia contra os interesses da maioria do povo brasileiro. Atacam os movimentos sociais, as conquistas dos trabalhadores, criticam governos como o de Lula e Dilma justamente naquilo que eles fazem de melhor, que são as políticas sociais, como: Bolsa Família, Pronatec, Prouni, Mais Médicos, Minha casa minha vida, Luz para todos, além do controle dos preços da energia elétrica e da gasolina, etc. Este aumento de 3% na gasolina, por exemplo, após um ano sem aumento, está abaixo da inflação e a mídia apresenta isso como fosse uma coisa de outro mundo. Ninguém menciona que os tucanos em Minas tentaram aumentar em quase 30% de uma tacada só, o preço da luz.

Esses meios de comunicação estão nas mãos de famílias que apoiaram e sustentaram o golpe civil-militar de 1964. Quando houve o processo de reabertura política, desgraçadamente, nessas manobras palacianas urdidas na calada da noite, e graças às tenebrosas negociatas em benefício de poucos, foi preservado o monopólio privado das comunicações. Um verdadeiro atentado à democracia brasileira e à liberdade de expressão. Hoje, graças a esse monopólio da mídia nas mãos de poucas famílias, o que se lê nos jornais e revistas e o que se ouve nas rádios e TVs é praticamente a mesma notícia. Uma mesma nota musical. O pensamento único, sempre em favor de políticas neoliberais, da privatização de tudo, contra a participação popular, contra o controle social do estado pela população, contra, enfim, os governos mais comprometidos com os de baixo.

É por isso, por exemplo, que Dilma foi atacada nos últimos anos sem dó. Quem ouviu os telejornais da Band, da Globo, da Itatiaia, do SBT - da revista Veja nem precisamos falar, é o pitbull da direita golpista - sabe muito bem o que estou dizendo. Não houve um dia sequer sem ataques diretos ao governo Dilma, enquanto os governos tucanos eram e continuam poupados pela mídia e seus comentaristas. O pior é que tentam cinicamente se apresentarem como "neutros", "imparciais", quando na verdade fazem aberta campanha anti-petista e anti-governo federal.

Durante a campanha
eleitoral nós vimos o que aconteceu: era Dilma sozinha contra 10 candidatos a serviço da direita, além da mídia que fazia campanha abertamente, todos os dias, contra o PT, contra Lula e contra Dilma. Uma verdadeira agressão à inteligência do povo brasileiro, que respondeu, talvez por isso mesmo, mas não somente, com mais uma derrota das elites.

A Rede Globo lançou uma novela das 9h - o escândalo na Petrobras - com roteiro e personagens bem definidos, cuidadosamente selecionados e prontos para entrar em cena nos próximos capítulos. Cansamos de enxergar a careta de dois bandidos confessos, que se tornaram os heróis da direita e da Globo, com acusações sem prova apenas contra o PT. Até que finalmente, depois de vários dias, apareceu uma acusação contra o PSDB. Pronto. Foi o suficiente para que a Globo mudasse o tom da conversa, a novela foi definhando, assim como definhou uma outra novela, a da morte súbita de Eduardo Campos e a divina aparição de Marina Silva. O golpe final, a bala de prata, foi a capa da revista, ou melhor, do panfleto Veja, que a militância tucana tratou de copiar e distribuir nas ruas de SP um dia antes das eleições.

Tudo isso acontecendo na cara de um TSE morto, covarde até, incapaz de colocar um freio no abuso praticado pela mídia. Apesar de toda esse esquema montado com a mídia, pastores de direita pregando contra Dilma, bolsa de valores despencando toda vez que Dilma subia nas pesquisas, enfim, apesar de todas essas jogadas, o povo brasileiro, na sua maioria, não se deixou manipular. Resistiu heroicamente. Um viva todo especial ao bravo povo nordestino, que mais uma vez não se curvou. E desta vez, temos que destacar também a postura do eleitorado de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e da maior parte do Norte do país. Em nome da preservação das conquistas sociais, e temendo as consequências danosas de um retorno dos tucanos ao governo, a maioria dos eleitores elegeu novamente Dilma presidenta do Brasil. Foi uma vitória de todo o povo brasileiro, já dissemos aqui. Simbolicamente falando.

Com esta, são oito vitórias sobre as forças das elites. Quatro com Lula (primeiro e segundo turnos dos dois mandatos) e quatro com Dilma. É muita derrota eleitoral para uma elite acostumada a mandar e desmandar sem voto. É o caso da mídia golpista. Nunca recebeu um voto sequer de qualquer cidadão e tenta ditar a agenda dos governos, dos tribunais de justiça, dos parlamentos. E o pior é que tem conseguido, quase sempre. Por isso é preciso regulamentar a mídia, acabar com o monopólio, fortalecer as rádios e TVs públicas, e uma imprensa alternativa formada por rádios e TVs comunitárias, jornais de Interior e blogs independentes.

Se o governo Dilma quiser sobreviver até 2018, desta vez terá que encarar a democratização da mídia como tema central. Não dá mais para aceitar que meia dúzia de famílias e seus comentaristas de aluguel ditem o que é certo e o que é errado. Nós brasileiros temos voz própria e não precisamos da tutela de uma mídia que está claramente a serviço dos piores interesses. É preciso garantir a diversidade de opinião, a diversidade e a riqueza cultural do nosso país, hoje ameaçada pelo monopólio das comunicações. É preciso garantir a real liberdade de expressão, que só acontece quando as pessoas podem falar, e podem responder, se atacadas, o que não acontece hoje no Brasil, a não ser através da Internet. Se a Rede Globo resolve me atacar eu não terei direito de resposta. É muito poder para uma família que não recebeu um único voto dos cidadãos para exercer tal poder. Rádios e TVs, por exemplo, são concessões públicas e deveriam manter um padrão ético de respeito ao próximo, de valorização das riquezas e da diversidade cultural e de fortalecimento da nossa democracia. Ao contrário, as rádios e TVs se tornaram partido político, cujos comentaristas, praticamente sem exceção, atacam o governo Dilma, o PT e Lula 24 horas por dia, enquanto poupam os tucanos e afins.

Essa elite, que domina a maior parte do PIB brasileiro - sabe-se lá como conseguiram tanto poder econômico - e domina também a mídia, não tolera conviver com um governo federal que faz concessões à direita, mas que defende os interesses dos de baixo. Essa elite se julga dona do Brasil. É arrogante. Para ela, o candidato dela, elite dominante, fosse Marina ou Aécio, tinha que ser eleito. Para essa elite, como pode o povo pobre não acatar essa ordem de cima, desse grupo que manda e desmanda no Brasil? A mídia vem dizendo claramente que tudo está errado, que o Brasil está em crise terminal, que não há salvação enquanto o governo do PT lá estiver, então por que essa gentinha continua votando na Dilma e no Lula?

É por isso que algumas hordas de fascistas saíram às ruas pedindo a volta dos generais de pijama. Na compreensão deles, se pelo voto não dá, vai pela força mesmo, como fizeram em 1964, derrubando um dos melhores presidentes que o Brasil já teve: João Goulart. Mas, uma parte da elite raivosa é menos ignorante do que estes grupos que brigam nas ruas e pedem o retorno da ditadura. Eles querem agora derrubar o governo Dilma de outra forma, mais sutil, mas não menos canalha e golpista. Para isso, apostam na formação de uma maioria no congresso nacional, com a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados. É o terceiro cargo na hierarquia dos poderes. Na ausência de Dilma e do seu vice, é ele quem assume a presidência. Essa elite então agora trabalha com a possibilidade de um impeachment da nossa presidenta. Mesmo que não consiga levar até o final esta ridícula proposta, eles querem desgastar ao máximo a presidenta, para impedir que ela governe e realize mais conquistas em favor dos de baixo.

Querem impedir que haja reformas políticas que garantam maior participação e controle popular; querem impedir que haja a regulação da mídia, com a democratização dos meios de comunicação; querem impedir que haja mais investimentos no social, especialmente na Saúde e na Educação, pois isso representa tirar recursos de bancos e grupos de rapina que controlam o orçamento público.

Enfim, é contra esses golpes urdidos pela elite dominante, e que atentam contra a vontade majoritária da população brasileira, que devemos estar atentos. E prontos para defender os nossos direitos e interesses. E também para defender o governo Dilma, caso atacado pelas elites. Temos todo o direito e o dever de criticar o governo Dilma naquilo que não concordarmos. Mas, não podemos permitir que a presidenta Dilma seja chantageada ou pressionada por essa elite e seus capachos. Os interesses dos de baixo estão acima dos interesses dessa minoria que não aceita repartir o pão, e quer manter eternamente o seu domínio sobre o Brasil. Não conseguirá. Se tentarem um novo golpe, terão que se ver com mais de 150 milhões de brasileiros e brasileiras.

Viva o povo brasileiro!
Defender o governo Dilma contra a chantagem dos de cima!
Por mais conquistas sociais, mais direitos trabalhistas, mais aumentos salariais, mais empregos e mais distribuição de renda!
Contra os golpismos da mídia, dos ressentidos do congresso nacional e dos grupos de rapina!


Novembro - Mês da Consciência Negra. Viva Zumbi dos Palmares, herói do povo brasileiro!


Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

                               ***


sábado, 1 de novembro de 2014

A participação popular no segundo governo Dilma: a única forma de enfrentar golpistas, canalhas e conservadores


Atualização em 11/11/2014 - Olá pessoal da luta! Boa madrugada para todos e todas! Acabo de escrever um novo post, intitulado: "Após oito derrotas, a direita sonha ou delira com um novo golpe de estado. Vão ter que encarar 150 milhões de brasileiros e brasileiras." Só não vou publicá-lo agora, porque ainda não deu para reler uma única vez e confesso que tenho que dormir para um novo dia de trabalho hoje, 11, bem cedo. Portanto, amanhã, ou melhor, hoje à noite publico o texto com algumas correções que preciso fazer.

Um forte abraço a todos, força na luta e até mais tarde!

Euler


Atualização Blog do Euler - dia 4, terça, 2014



Homenagem - Hoje é a data da morte do revolucionário Carlos Marighella. Um baiano valente, comunista, nos tempos em que ser de esquerda era um pecado quase mortal. Nos tempos de ditadura, era um pecado mortal. Tempos sombrios. Marighella foi preso e torturado várias vezes e enfrentou com coragem as ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e a de 1964. Criou a ALN - Ação Libertadora Nacional - para combater a ditadura de 64 com armas nas mãos. Mas, a história de militância e sua dedicação às causas populares vêm de muito antes, já na década de 30 do século passado. No final da década de 60, o líder revolucionário foi cercado e executado pelas forças de segurança do regime ditatorial. Marighella é um dos grandes heróis do nosso povo, das suas lutas e resistência. E dos nossos sonhos. Vale a pena ler e conhecer mais a história de vida deste valente lutador social e poeta. Viva Carlos Marighella, herói do povo brasileiro!

O choro dos ressentidos - Grupos neofascistas fizeram protestos em algumas capitais do país pedindo o Impeachment da presidenta Dilma, eleita há poucos dias, e a volta da ditadura militar. Entre os guias intelectuais desses grupos, destacam-se os Bolsonaro e o cantor Lobão. Ah, e a revista Veja, claro. Ao mesmo tempo, no congresso, os derrotados do PSDB, PPS, DEM e setores do PMDB se uniram para derrotar o decreto da presidenta, que previa a criação de conselhos populares para ampliar a participação dos movimentos sociais na formulação de políticas públicas. E para completar o chororó dos ressentidos, os tucanos pediram a recontagem dos votos das eleições presidenciais. Nada mais ridículo, já que as urnas eletrônicas não têm esse mecanismo de recontagem de votos - e a apuração é fiscalizada o tempo todo através de relatórios emitidos em cada urna. Eles não apresentaram nem um indício de fraude e o Procurador Geral da República já descartou essa manobra golpista. Mais uma, aliás. E para completar, o ministro tucano do STF Gilmar Mendes disse na Folha de SP que o STF pode se transformar numa corte bolivariana - isso para tentar impedir novas indicações pela presidenta Dilma. Esqueceu-se o infeliz que ele foi indicado por FHC e nunca questionou sua própria indicação e a dos seus colegas, quando eles serviram aos jogos de interesses dos de cima. Essa turma da direita é cínica até não poder mais. E a mídia golpista, claro, presta total cobertura apenas aos ressentidos, enquanto continua detonando o governo Dilma, tentando chantageá-la. Mas, o povo não é bobo, e deve se organizar e cobrar seus direitos junto aos governos.

Mensalão ou Mentirão - Começa hoje um debate sobre o chamado Mensalão na TV Megacidadania, ao vivo, somente na Internet. Pelos informes que recebemos, este debate acontecerá hoje, amanhã e na quinta-feira. Quem desejar acompanhar os debates, que prometem revelar o outro lado desse escândalo urdido pela mídia, é só clicar aqui ou aqui (não sei qual dos links vai funcionar). Será a partir das 21h. Vale a pena acompanhar.


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Para a realidade brasileira, considerando os padrões gerais, tivemos um outubro vermelho no Brasil. Não se compara com uma revolução soviética, que infelizmente depois se burocratizou e se rendeu ao poder do mercado e do capital, enfim. Mas, guardadas as proporções, o povo brasileiro enfrentou inimigos poderosos durante as eleições de 2014. E venceu. Ainda que por pequena margem percentual, a maioria da população brasileira não se rendeu, não se prostrou, não se entregou perante um dos maiores bombardeios midiáticos e golpistas da história recente do país.

Não foi pouca coisa
o que aconteceu no Brasil - e a história há de registrar os momentos emocionantes que todos nós vivemos. E não apenas assistimos, inertes, como já acontecera. Desta vez, com as ruas ocupadas por militância e as redes sociais com a força da Internet, crescente, houve um consciente protagonismo de milhões de brasileiros e brasileiras. Foi bonito de viver, fazendo ou tecendo a história, como se costuma dizer.

Mas, a vitória de Dilma, cujas etapas relembraremos ainda por muito tempo, representa apenas o começo de uma disputa que não cessa. Os poderosos interesses dos de cima perderam o governo federal, mais uma vez, mas mantêm o controle sobre os pontos chaves do  estado brasileiro. Controlam o congresso nacional, controlam o judiciário, e acima de tudo, controlam a mídia, este criminoso instrumento monopolizado nas mãos de meia dúzia de famílias a serviço dos de cima e deles mesmos. Quebrar este mafioso monopólio da mídia, para mim, seria a mais importante tarefa do novo governo Dilma.

É evidente que há outras metas importantíssimas no novo governo Dilma. Da reforma política, passando por mais investimentos em Educação e Saúde pública, segurança e mobilidade urbana, além de manter as políticas de pleno emprego e aumentos reais nos salários, entre outras, são grandes os desafios que o governo Dilma enfrentará.

Já pudemos perceber que a base de apoio do governo federal no congresso não é confiável. Na questão do decreto que cria conselhos populares e amplia a participação dos de baixo na formulação das políticas públicas vimos muito bem o que aconteceu. Lideranças da oposição do PSDB, PPS e DEM, ou seja, a direita brasileira, reunidas com setores do PMDB igualmente de direita acabaram por derrotar, no apagar das luzes do atual mandato parlamentar, o projeto de conselhos populares. Esta gente não gosta de povo, não gosta de participação popular, e tudo fará para derrotar as novas propostas que ampliem as conquistas dos de baixo.

Se deixarmos a presidenta Dilma sozinha, ela se tornará refém dessas forças diabólicas que travam o avanço social no Brasil há séculos. É nosso dever, principalmente dos que a elegeram, travar a boa luta de classes contra os inimigos do povo. Na Internet, nas escolas, nas ruas, mobilizando a população e pressionando estes instrumentos dominados por setores atrasados - congresso, judiciário - para que eles não impeçam as mudanças em favor dos de baixo. Somos a maioria, e não podemos permitir que a nossa vitória, expressa nos dois turnos das eleições, seja sequestrada por bandos de gangsteres travestidos de gente séria. Não passam de canalhas, com as devidas exceções, que atormentam e assombram a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.

Não é demais relembrar aqui alguns capítulos da novela eleitoral. Todos os professores, e não apenas os de História, têm obrigação de contar e discutir com seus alunos sobre o que o Brasil passou nesses dias de outubro vermelho. Estivemos ameaçados o tempo todo por forças poderosíssimas, que queriam ganhar o governo federal a qualquer preço. Queriam acabar com as conquistas sociais; queriam o nosso pré-sal. Queriam recolonizar o Brasil.

Todo o processo eleitoral, desde o primeiro turno, foi marcado por enorme golpismo da mídia contra o governo Dilma e o PT. Mas, esta história não começou nas eleições de 2014. Ela vem de longe, como dizia o valente Brizola - que falta faz o Brizola hoje, para enfrentar sem medo a Globo e os poderosos! Dilma é, de certa forma, herdeira de Brizola, a quem esteve ligada, e de Lula, ao qual sucedeu e honrou seus compromissos com o povo brasileiro.

Dizia que a história da queimação contra o PT e os governos Lula e Dilma não começou em 2014. Quem não se lembra da novela do chamado mensalão do PT? Aliás, o único que foi julgado pelo STF e os dirigentes do partido, mesmo sem prova alguma, colocados na cadeia. E o mensalão dos tucanos em Minas com robustas provas? Estão todos soltos, como disse Dilma durante a campanha eleitoral. Mas, o mensalão do PT já gerou um fato curioso na Itália, que a mídia brasileira esconde da população. Um dos condenados e ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, fugiu para a Itália, por ter dupla nacionalidade. Lá ele foi preso por ter usado o passaporte do irmão falecido (já que o dele se encontrava recolhido pelo STF). Mas, finalmente começou a ser julgado e foi colocado em liberdade.

Segundo consta de informações sonegadas pela mídia brasileira, a Justiça italiana mandou soltar Pizzolato por considerar que o processo do STF que o condenou continha erros gravíssimos. Um deles, o de não ter assegurado ao acusado o direito ao duplo julgamento - na primeira instância e numa instância superior. Ele e a maioria dos condenados - somente no caso do PT, notem bem! - mesmo não possuindo cargos na esfera federal (presidente da república, deputados federais e senadores) foram julgados diretamente pelo STF. O que contraria a própria lei brasileira e também as regras internacionais.

O segundo motivo: a ocultação de provas, pelo relator Joaquim Barbosa e pelo procurador da Justiça da época, Rangel e seu antecessor. Isto mesmo senhores, eles ocultaram provas que poderiam beneficiar os acusados, no caso dos recursos da Visanet / Banco do Brasil. Já tocamos nesse assunto antes aqui. O procurador e o relator da AP 470 (dito mensalão do PT) consideraram que cerca de R$ 70 milhões em publicidade do cartão Visanet / BB, foram usados para irrigar as contas do PT e de seus aliados. As pessoas foram condenadas por isso e estão pagando as penas. Mas, um outro inquérito que foi colocado em sigilo de justiça pelo relator Joquim Barbosa, contém provas robustas de que este recurso (R$ 70 milhões) não pertencia ao Banco do Brasil e foi usado corretamente em campanhas publicitárias. Os maiores beneficiários desses recursos, inclusive, são aqueles que cinicamente denunciam o mensalão do PT: a Rede Globo, a Band, o SBT, as rádios regionais, centenas de jornais, entre outros.

Pizzolato demonstrou na Justiça Italiana o que ele não conseguiu fazer no STF: que ele não teve qualquer envolvimento em relação a esses recursos da Visanet, e que foram a razão da sua condenação.

Não é demais também lembrar o que fizeram com José Dirceu, até então a segunda maior liderança do PT (depois de Lula, claro). Simplesmente foi condenado sem qualquer prova. Inventaram até uma tese que ele teria a obrigação de saber, por ocupar cargo superior aos envolvidos. Um absurdo jurídico, que se levado ao pé da letra, todos os chefes e subchefes e sub do sub do sub chefes teriam que ir para a cadeia. Incluindo os ministros do STF, que também teriam a obrigação de saber sobre tantas falcatruas que acontecem diariamente no Brasil.

O PT cometeu o erro de não travar a luta política com a mídia golpista e de permitir que durante vários anos colassem na testa do partido a marca da corrupção. É certo que há práticas não republicanas por parte de membros do PT. Mas, nem de longe o PT é o principal envolvido na maior parte da roubalheira que se pratica com a coisa pública no Brasil. A história dos caixas dois, das comissões pelas obras, e de outros tipos de desvios, vêm de longe, de muito longe. Não há uma única cidade brasileira onde não se tenha praticado impunemente atos lesivos aos interesses públicos. Mas, a mídia transformou o PT, justamente o partido que era símbolo de importantes mudanças em favor dos de baixo, no maior vilão da história.

Claro que para a maioria da população isso não colou. Tanto assim que os governos do PT têm conseguido eleger seus candidatos nas últimas quatro disputas presidenciais. O que não é pouco e se deve sobretudo ao apoio dos de baixo, agradecidos pelas conquistas sociais importantíssimas, como: Bolsa Família, Mais Médicos, Luz para todos, Prouni, Minha casa minha vida, Enem generalizado, Ciência sem fronteiras, políticas de cotas, Fies ampliado, além da política de pleno emprego e aumentos reais nos salários. Não é pouca coisa, mas queremos mais.

Então nas eleições de 2014, retomando, a mídia golpista agiu novamente contra os governos Lula e Dilma e o PT. Seu foco principal foi o combate à corrupção. O Manchetômetro, criado por pesquisadores da UERJ, revelou que quase 90% das capas de jornais e revistas e das manchetes das rádios e TVs traziam notícias negativas sobre o governo Dilma e sobre o PT, enquanto os outros candidatos navegavam tranquilamente com a blindagem midiática. O escândalo da Petrobras, por exemplo, foi ardilosamente preparado para estourar na véspera da eleição. E de forma seletiva, contra o governo federal. Por vários dias e noites a Globo, a Band, as rádios e os jornais locais estamparam acusações sem provas contra o governo Dilma e contra o PT. Agiram impunemente com a omissão do TSE, que, este sim, tinha a obrigação de ver e de saber que um golpe estava sendo preparado.

Arranjaram um ex-diretor demitido por Dilma e um doleiro que já atuou no passado em esquemas dos tucanos para arrancar supostas declarações contra o PT. Um juiz do Paraná, estado claramente conservador, com pretensões de se tornar ministro do STF, atuando em dobradinha com a mídia e com dois bandidos confessos, liberou para a mídia as gravações seletivas contra o PT. Um verdadeiro escândalo, só suplantado pelo golpismo da Veja dois dias antes da eleição, com sua capa criminosa. Tudo aparentemente combinado entre o candidato dos tucanos, a mídia golpista, os delatores bandidos, e por aí vai. Já no sábado, um dia antes da eleição, quando sequer a presidenta Dilma teria condições de se defender, espalharam o boato de que o doleiro bandido havia sido envenenado, mais uma inverdade lançada contra o PT.

As rádios locais, como a Itatiaia, ou a rádio Gaúcha, no Rio Grande do Sul, fizeram campanha o ano inteiro contra o PT. A Globo idem. A Band idem. Os jornais regionais, idem, com raras exceções. As revistas, como Veja e Istoé (também conhecida como "Quantoé?), nem se fala. Estampou, esta, índices de pesquisa de opinião - Sensus e Veritás - que agora, pelo que consta, aparecem como grande manipulação eleitoral. Somente na Internet Dilma encontrou um corajoso ponto de apoio e de contraponto aos ataques. Além do horário eleitoral gratuito, claro.

O Brasil correu o sério risco de ter o seu governo federal de volta para as mãos dessas pessoas, que são capazes de tudo para garantir o poder e usá-lo em benefício próprio e de alguns poucos grupos de rapina. São capazes de tudo: manipulações as mais variadas; falam com a cara lambida contra corrupção, como se não estivessem envolvidos até a medula em práticas não republicanas. A mídia golpista é a maior beneficiária de verbas públicas, e adora arrotar lições de que se deve cortar gastos, ou de que as empresas privadas é que são eficientes. Esta mídia é o maior péssimo exemplo da incompetência privada, pois é incapaz de sobreviver sem a Bolsa mídia, que ao contrário do Bolsa família, que garante apenas a sobrevivência com o mínimo de dignidade de milhões de pessoas, a Bolsa mídia, não. Ela gera bilhões de reais para pouquíssimas famílias continuarem atacando os interesses da maioria da população.

Por isso, considero que o novo governo Dilma tem a obrigação de lutar para quebrar o monopólio da mídia. Mas, como esta será uma longa luta, além de tentar regularizar a mídia, o governo federal tem instrumentos próprios para incrementar de imediato uma mídia alternativa. Não somente com o fortalecimento de emissoras de rádios e TVs públicas, como também injetando recursos nas mídias alternativas. Isto mesmo, pessoal. Toda a grana que atualmente vai para a meia dúzia de famílias continuar bombardeando a cabeça dos brasileiros e brasileiras, deveria agora ser repartida entre milhares de jornais de Interior, blogs, rádios comunitárias, mídia Ninja, enfim, iniciativas de comunicação social alternativa, que forcem uma real democratização da mídia. Faça isso, Dilma, e você terá um enorme apoio para se contrapor à mídia golpista e aos parlamentares de direita.

Além disso, é preciso que os movimentos sociais e partidos de esquerda - parabéns ao PSOL e a vários militante do PSTU, que atuaram contra o golpismo simbolizado pela candidatura tucana em 2014 - se unam nas lutas em favor dos interesses dos de baixo. É fundamental formar propostas comuns e mobilizar a população para arrancá-las nas lutas, já que, se depender do congresso, tudo ficará como está, ou pode piorar. Só a mobilização popular ao lado da presidenta Dilma pode garantir conquistas e impedir os novos golpes que a direita já começa a preparar contra o Brasil dos de baixo.

A luta continua! Vencemos uma batalha, mas ainda estamos longe da vitória final.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!


P.S.: Me esqueci de mencionar a novela da morte de Eduardo Campos, canonizado pela mídia, e que quase produziu a vitória da direita com uma de suas linhas auxiliares. Felizmente, houve tempo para desarmar este novo golpe. Assim como outros. O povo brasileiro realmente não é bobo, rede Globo!

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