sábado, 4 de setembro de 2010

Encontros e desencontros



De ontem para hoje houve momentos inusitados na minha vida. Por volta das 16h de ontem, João Martinho e eu voltávamos de BH no carro do João, claro, pois meu tanque de guerra é um veículo municipal. Quando já estávamos na entrada de Vespasiano, João Martinho resolve levar o carro para fazer alinhamento. Eu lhe disse: me deixa primeiro no Centro, João, depois você volta e resolve essa parada. Mas, o João é teimoso: vou passar primeiro na Oficina - disse - e depois eu te deixo lá.

Quando adentrou a Oficina um motorista que lá trabalha engatava uma marcha à ré num dos carros. João buzinou, mas não adiantou. O carro abalroou levemente na parte dianteira do carro do João. Mas, tudo bem. O cara era da oficina mesmo, disse que pagaria o conserto e o João me deixou no Centro. Combinei com ele de passar às 19h30 na subsede para tratar do Encontro Metropolitano em Vespá. Combinado.

Passei no bunker, fiz um rápido lanche, peguei o tanque de guerra e fui até a escola, onde estamos ameaçados em pleno período eleitoral, de demissões e remoção, conforme mencionei no post abaixo. E viva o reino do faraó e afilhado em Minas.

O coletivo de professores se reuniu para discutir a situação e os encaminhamentos para impedir e resistir a tais práticas. Há um compromisso moral com os colegas. É uma puta sacanagem a demissão ou remoção de qualquer um ali, pois todos nós estamos em sala, trabalhando honestamente, cumprindo horário e fazendo as nossas tarefas. Em todas as escolas de Minas deve haver gente excedente. Lá, por ser uma escola nova, não tem. As poucas contratações foram feitas no começo do ano com a autorização da Secretaria da Educação. E no meu caso, como efetivo-concursado, não há nenhuma razão para minha remoção, a não ser como obra de perseguição, de politicagem, de sacanagem mesmo. Por isso vamos resistir.

Após esta reunião com os colegas, pedi licença para me retirar e fui direto à subsede do sind-UTE de Vespasiano e São José, onde os diretores da subsede João Martinho e Carminha me aguardavam. Em pauta: o encontro metropolitanos em Vespasiano, no dia 25 de setembro. Soubemos que a sede da Câmara Municipal foi negada pela presidente, vereadora Ana Marajá, a quem eu não conheço pessoalmente. Ainda bem. Cheguei a falar com ela por telefone há uns dois ou três dias e ela deu a entender que cederia a sede da Câmara. Disse-me que havia emprestado para outras pessoas e que estas haviam devolvido a Casa de modo não satisfatório. Argumentei que o nosso encontro é de educadores e que teríamos todo o cuidado com uma casa que é prédio público. Ela pediu que mandássemos um ofício, o que foi encaminhado pela colega Rose, diretora da subsede de Vespasiano. Mas, posteriormente, a resposta dela foi: não. Eu não a conheço, como disse, mas se a encontrar algum dia ela vai ouvir algumas coisas, ah isso vai, não tenham dúvida disso. Afinal, os vereadores não são os proprietários pessoais daquela Casa, que deveria ser colocada a serviço da comunidade, das entidades de classe, entre outras.

Nossa segunda alternativa será a sede do Sindicato dos Metalúrgicos, que também é central e tem boa estrutura, com auditório amplo, cozinha, banheiros, etc. Dá até para dormir. Na segunda ou na quarta-feira João e eu vamos até lá pessoalmente conversar com os dirigentes daquela entidade, que por sinal será convidada para o nosso encontro, juntamente com o Sind-Saúde.

Quando estava indo embora, na saída da subsede, na parte de baixo da casa, na escadaria, estava bem escuro e o degrau era maior do que o normal e eu acabei pisando falso. Mas, ao invés de torcer o tornozelo, o que não causaria qualquer estrago, pois ele já foi torcido e retorcido, acabei forçando a perna e deu uma cãibra terrível na coxa esquerda. Uma dor de amargar, que deu vontade de berrar bem alto; mas me controlei, pois os familiares do João poderiam acordar. Carminha ainda brincou: isso é a idade, Euler. E o João também não deixou por menos: "eu que faço aniversário e vocês que ficam velhos, kkkk". É que ontem foi o aniversário do João, gente, que completou mais ou menos oitenta anos - ele não quis precisar a idade, mas pelos cálculos, levando em conta de quem ele já foi professor e de quem ele já foi aluno, dá pra imaginar a idade aproximada do João. O bom é que ele continua na luta. Isso é o que importa!

Chegando em casa, esquentei um frango que havia cozinhado há uns três dias, e após esta rápida refeição escrevi o post abaixo. Quero agradecer de coração a todos os bravos colegas que se manifestaram em solidariedade, tanto pessoalmente, quanto através dos comentários, ou até por pensamento. Tem muita gente que quer distância de mim - e eu deles também -, mas, tem muita gente que me quer próximo, e a recíproca é verdadeira. Estão todos no meu coração. E saibam que eu estou muito bem, tranquilo como sempre, com a dor na perna se recuperando - depois de umas compressas - e pronto para o combate, como sempre!

No dia seguinte - hoje - fomos ao encontro dos candidatos ao governo de Minas, organizado pela direção do Sind-UTE em BH. Sobre este evento eu falo no próximo post. Daqui a pouco. Aguardem.

* * *

Incorporo ao texto central o comentário do nosso colega e amigo João Paulo Ferreira de Assis:

"Prezado amigo Professor Euler:

Estimo melhoras. Nós sempre fomos habituados a dizer amém a tudo o que o governo quer. Lembro-me muito bem de que uma vez chegou uma inspetora da SRE de Barbacena propondo que deixássemos ter aula pelo menos na primeira semana de julho. Bem que a nossa então supervisora Maria Helena Cirilo (uma lutadora que fez parte da histórica greve do tempo do Israel Pinheiro) nos avisou que se cedéssemos, o Estado não nos devolveria mais esses dias. Mas não a ouvimos. Resultado, o Estado anos depois mandou colocar duas semanas de aula em julho. E o que eram férias, para nós passou a ser mero recesso. Posteriormente começaram a colocar aula na última semana de julho. E a gente sempre SE ABAIXANDO. Até que uma inspetora chegou na escola EXIGINDO QUE TODOS OS PROFESSORES FIZESSEM PLANO DE AULA SEMANAL. A SRE de Barbacena tem dessas coisas. Aí a nossa galera reagiu. Eu mesmo fui ao gabinete do Diretor e o muni com argumentos fortes, e quando o Diretor Superintendente em pessoa visitou Nossa Escola, o Professor Antônio Carlos Ramos fê-lo ciente da inexequibilidade da proposta, visto que muitos professores que avaliam os alunos em vários aspectos teriam de deixar de fazê-lo. Graças à união dos professores não se nos impôs a obrigatoriedade de preparar planos de aula semanais. Nós precisamos parar de dizer amém a tudo que o governo fala. Se não tivéssemos dito amém, eu duvido que eles conseguissem nos impor o CBC, que é uma agressão à inteligência. Aliás, podíamos pedir aos professores dos outros conteúdos para identificar as furadas do CBC em suas respectivas disciplinas.

Atenciosamente, João Paulo Ferreira de Assis".

Comentário do Blog: Plenamente de acordo, amigo João Paulo. Dizer amém, só na igreja! Assim mesmo, dependendo do que for dito. E tenho dito!

3 comentários:

  1. João Paulo Ferreira de Assis4 de setembro de 2010 às 22:31

    Prezado amigo Professor Euler:

    Estimo melhoras. Nós sempre fomos habituados a dizer amém a tudo o que o governo quer. Lembro-me muito bem de que uma vez chegou uma inspetora da SRE de Barbacena propondo que deixássemos ter aula pelo menos na primeira semana de julho. Bem que a nossa então supervisora Maria Helena Cirilo (uma lutadora que fez parte da histórica greve do tempo do Israel Pinheiro) nos avisou que se cedéssemos, o Estado não nos devolveria mais esses dias. Mas não a ouvimos. Resultado, o Estado anos depois mandou colocar duas semanas de aula em julho. E o que eram férias, para nós passou a ser mero recesso. Posteriormente começaram a colocar aula na última semana de julho. E a gente sempre SE ABAIXANDO. Até que uma inspetora chegou na escola EXIGINDO QUE TODOS OS PROFESSORES FIZESSEM PLANO DE AULA SEMANAL. A SRE de Barbacena tem dessas coisas. Aí a nossa galera reagiu. Eu mesmo fui ao gabinete do Diretor e o muni com argumentos fortes, e quando o Diretor Superintendente em pessoa visitou Nossa Escola, o Professor Antônio Carlos Ramos fê-lo ciente da inexequibilidade da proposta, visto que muitos professores que avaliam os alunos em vários aspectos teriam de deixar de fazê-lo. Graças à união dos professores não se nos impôs a obrigatoriedade de preparar planos de aula semanais. Nós precisamos parar de dizer amém a tudo que o governo fala. Se não tivéssemos dito amém, eu duvido que eles conseguissem nos impor o CBC, que é uma agressão à inteligência. Aliás, podíamos pedir aos professores dos outros conteúdos para identificar as furadas do CBC em suas respectivas disciplinas.
    Atenciosamente, João Paulo Ferreira de Assis

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  2. João Paulo Ferreira de Assis4 de setembro de 2010 às 22:39

    Entendo ainda que se a gente se abaixa muito ao que o Governo do Estado deseja, fazemos o papel do lutador de sumô que não tendo amarrado corretamente a faixa que lhe preserva o decoro, a vê cair durante a luta, e pelas regras do jogo, é derrotado. (Esta ideia me veio agora ao lembrar de uma manchete da CNN em espanhol: luchador de sumo pierde el decoro y la contienda, caso ocorrido em 2004 ou 2005 no Japão).

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  3. Saudações amigo Euler!

    Parabéns pelo espírito de luta incansável. Precisamos de mais educadores conscientes como vc. Continue na luta até o fim, tenho certeza que a vitória virá; pois: OS OUTROS SÓ FAZEM CONOSCO, AQUILO QUE PERMITIMOS. Estou arrorizada com a falta de visão da SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. Deveriam incentivar a abertura de mais escolas do perfil do CESEC; mas no entanto, sorrateiramente mandam demitir funcionários afim de conter gastos? Até parece que o mísero salário do pobre professor, vai fazer alguma diferença para o Estado. Que Educação é essa do Estado de Minas Gerais ? gente! gente! fala sério! fala muito sério!!!!

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