terça-feira, 27 de abril de 2010

O Dia D foi de grande mobilização em Minas Gerais



Ocupação da Linha Verde, manifestação na Cidade Administrativa, ato de protesto na sede da Secretaria da Educação em BH e manifestações em todo o estado de Minas. Este foi o nosso Dia D.


(Veja no final deste texto os links da cobertura da grande mídia)

Os bravos trabalhadores da rede estadual de Minas Gerais que estão em greve desde o dia 08 de abril deram hoje mais uma demonstração de força, união e determinação. Cumprindo o cronograma de atividades aprovado na assembléia realizada em São João del-Rei, os educadores realizaram manifestações em vários pontos de Minas Gerais.


Por volta de 14h, centenas de trabalhadores da Região da Grande BH e cidades próximas concentraram-se em frente à Cidade Administrativa. De lá, após um ato com carro de som, os trabalhadores seguiram (seguimos) em passeata até a Linha Verde, conseguindo, pela primeira vez desde que aquela obra foi construída, paralisar totalmente as duas pistas da rodovia. A paralisação do tráfego nos dois sentidos gerou uma fila de automóveis de muitos quilômetros. Até a Rede Globo deu as caras por lá - só não se sabe se vai sair alguma coisa na TV ou, se sair, qual enfoque darão ao movimento. Mas, a TV Alterosa seguramente fará uma matéria a respeito do ato.

Durante quase uma hora nós, os trabalhadores em greve ocupamos a Linha Verde. A Polícia, que não sabia da estratégia do sindicato de ocupar a MG-10, mandou inicialmente apenas um pequeno número de policiais. Em seguida, após a ocupação da rodovia, um grupo de choque apareceu por lá, mas desta vez não houve repressão. Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, quando a polícia de José Serra jogou gás de pimenta e agrediu vários professores em greve, por aqui a polícia agiu com mais cautela.

Mas, quem pensou que o dia encerrava-se com aquele ato vitorioso - vitorioso, porque atingiu os objetivos propostos de parar as duas pistas e chamar a atenção da mídia, além de mostrar a força do movimento -, enganou-se. A tarde de mobilização estava apenas começando.

Do ato e da ocupação em frente à Cidade Administrativa fomos até a sede da Secretaria da Educação em BH. A secretária havia encaminhado uma circular para as escolas ameaçando cortar o ponto e substituir os grevistas contratados, numa total afronta aos ditames constitucionais, que asseguram o direito de greve, conforme a resposta dada pelo Sind-UTE no texto que publicamos neste blog. Não deixamos barato e fomos até lá!

Até chegar na sede da Secretaria foi uma luta à parte, pois a polícia parou vários ônibus com o intuito de impedir ou pelo menos atrasar nossa chegada. Outro ato inconstitucional, pois o nosso direito de ir e vir foi agredido sem qualquer mandado judicial. Mas, nada disso impediu a nossa ida e aos poucos fomos chegando, até formarmos uma grande concentração na sede da SEE-MG.

Carro de som já instalado, enquanto a diretora do sindicato Lourdes puxava as palavras de ordem e discorria sobre a greve, uma comissão liderada pela coordenadora do Sind-UTE Beatriz Cerqueira foi recebida por assessores diretos da secretária Vanessa Guimarães, que lá não se encontrava.

A comissão do Sindicato cobrou dos assessores uma reunião com as secretárias Vanessa Guimarães e Renata Vilhena e o governador Anastasia para discutir sobre o pagamento do piso de R$ 1.312,00. Além disso, exigiu que se retirassem as ameaças feitas em ofício pela secretária da Educação e disse que o corte do ponto não vai amedrontar a categoria. Pelo contrário: vai acirrar ainda mais os ânimos. A categoria está mobilizada, a greve está forte e nós, trabalhadores, estamos dispostos a lutar até que o governo abra negociação e atenda as nossas reivindicações.

Manifestações por toda parte

Em todo o estado de Minas Gerais ocorreram manifestações semelhantes àquelas realizadas em BH. Os informes davam conta de atos de manifestação, panfletagem, carros de som e ocupação de rodovias em várias partes do território mineiro.

De acordo com o Sind-UTE, ocorreram os seguintes atos:
  • Sul de Minas: BR-381 interditada, na altura de Carmo da Cachoeira. A BR ficou por 2 horas paralisada.
  • Triângulo Mineiro: BR-50 interditada, entre Uberlândia e Araguari, por 1 hora.
  • Vale do Aço: BR-381 interditada, em Ipatinga, por 30 minutos.
  • Norte de Minas: Paralisação no Centro de Montes Claros.
  • Centro-Oeste: BR-381 interditada, na altura de Carmópolis de Minas.
  • Zona da Mata: A paralisação aconteceu na BR-116, na altura da cidade de Além Paraíba. A interdição durou 1h30min.
Cumpridas as metas do Dia D, ficou claro que a nossa chance de vitória depende do fortalecimento da greve. E que não é o momento de se pensar em retorno ao trabalho, pois isso enfraqueceria a categoria e a direção sindical não teria condições de negociar nenhuma conquista com o governo. Este é um ano eleitoral e tanto o governador Anastasia como o ex-governador Aécio Neves estão concorrendo as eleições e seguramente não querem que os 230 mil trabalhadores da educação de Minas façam campanhas públicas contra eles e sua base de apoio.

Mais do que nunca torna-se necessário marcar presença em peso na assembléia estadual do dia 29 de abril, quinta-feira, às 14h, no pátio da Assembléia Legislativa de Minas. Os educadores de Vespasiano, São José da Lapa e Lagoa Santa que desejarem participar no ônibus da subsede do Sind-UTE local deve entrar em contato com os companheiros Claudia Luiza ou Carmem ou João Martinho pelos telefones 3621-0456 ou 3621-3735.

Este é o momento de não nos deixarmos intimidar, de procurar fortalecer a nossa luta, de convencer nossos colegas que estão com medo ou que não aderiram à greve da necessidade de manter e fortalecer o movimento, pois esta é a nossa oportunidade de conquistarmos um salário decente. Se cedermos agora, sem conquistas, daqui a pouco vamos pagar para trabalhar tão ridículo ficará nosso salário. Por isso, a greve continua, até a vitória!

Clique aqui e veja reportagem da TV Alterosa
Clique aqui para ver matéria do jornal O Tempo
Clique aqui para ler a matéria do jornal Hoje em Dia

3 comentários:

  1. Euler,

    Só para completar veja o que a REde Globo noticiou hoje:

    http://eptv.globo.com/noticias/noticias_interna.aspx?296790

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  2. Euler, completando meu comentário anterior.

    Palavras da , secretária estadual de Planejamento, Renata Vilhena:

    “O piso nacional da educação é R$ 1.024 para 40 horas semanais. Em Minas Gerais, a carga horária é de 24 horas semanais. Isso significa que o piso deveria ser de R$ 614. A partir do dia 1º de maio, com o reajuste que foi concedido, de 10%, o piso passou para R$ 935. O que tenho explicado é que já estamos pagando acima do piso salarial”.

    Alguém precisa explicar para a secretária estadual de Planejamento, Renata Vilhena, a diferença entre piso e teto salarial pelo "Amor de Deus"!!!!!

    Somente isto!
    Se o que ela diz é verdade nós estaríamos "doidos" se contiuássemos de greve!!!

    Porque se este realmente fosse o piso salarial dos professores, o reajuste entre os profissionais de educação seria bem diferenciado.....
    Eu por exemplo, teria tido 53% de aumento pois hoje meu piso é de R$ 610,59 , já uma colega teria tido um aumento superior a 178%, pois recebe atualmente como vencimento básico r$ 336,00. E assim cada profissional teria uma porcentagem diferente.

    Gostaria que ela explicasse melhor tudo isto para a classe.

    Acho que, Ela, como secretária do Planejamento, tem competência e condições para entender um simples contra-cheque de um professor e nos convencer desta sua FALSA AFIRMATIVA, perante a impressa.

    Veja sua fala e toda a reportagem no link abaixo:


    http://eptv.globo.com/noticias/noticias_interna.aspx?296790

    Maria Cristina Costa

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  3. O MGTV anunciou uma mãe com seus três filhos em casa ressaltando a necessidade de voltarem às aulas. Contra essa mãe, não tenho nada.. O problema é a mídia veicular uma nota a respeito da greve sem ao menos ressaltar que estamos, desde o dia 08/04, tentando fazer valer um direito adquirido que é o piso salarial. Se as mães dos alunos das escolas públicas se juntassem ao nosso movimento, se fossem questionar junto ao governador e junto a seus funcionários desinformados por conveniência (o caso da secretária Renata Vilhena que não sabe diferenciar piso de teto) essa greve já teria findado e teríamos atingido o objetivo que é a garantia do pagto do piso de R$ 1312,00. O problema é que essas mães/responsáveis não fazem a parte delas assim como fizeram os responsáveis pelos filhos das escolas particulares que rapidinho colocaram a "boca no trombone" para que as aulas retornassem. Enquanto isso, continuamos na expectativa de que alguém olhe por nós...

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