O professor Paulo e o radialista Eduardo Costa
Paulão tem participado da luta que ora acontece em Minas Gerais desde o primeiro momento. E no programa da rádio passou o recado com elegência e firmeza. O jornalista e radialista Eduardo Costa, além das perguntas ao Paulo, emitiu opinião favorável aos educadores e ainda fez uma correta associação entre o baixo investimento na Educação com o aumento da criminalidade.
Em poucos minutos, Paulão expôs a rotina de um mestre nas Minas Gerais. No caso dele, pai de três filhos, arrimo de família, se dependesse apenas do contracheque de um professor efetivo com curso superior da rede estadual de Minas já teria morrido de fome. Juntando tudo - piso básico, gratificações, auxílio transporte, salário-família, tudo incluído - recebe R$ 780 reais. Por isso, Paulão tem que se virar com mais dois empregos para garantir um sustento digno para a família.
Formado em Geografia pela PUC-MG, Paulo Miquéias é mais um dos professores muito bem preparados, que leva a sério a carreira do magistério, apesar dos governantes, que não nos levam a sério.
O jornalista Eduardo Costa, depois de ficar assustado com o valor do salário do Paulo e com a rotina dele, perguntou:
- A que horas você sai de casa para o trabalho e quando retorna?
- Acordo às 6h e chego em casa por volta de 21h quase todos os dias.
- Noossaaaa! - respondeu Eduardo Costa, já ironizando - Assim não sobra nem tempo para o tchaco-tchaco!
Em seguida, Paulão falou sobre a realidade de descaso da Educação pública no Brasil e especialmente em Minas Gerais, onde se paga um dos piores salários para os educadores do país. Paulão falou ainda do clima de decepção e desilusão de muitos colegas com a carreira do magistério, tendo em vista a insensibilidade dos governantes.
Eduardo Costa aproveitou para narrar duas historinhas que mostram como a população hoje vive assustada com a possibilidade da violência e fez uma associação direta entre este clima de medo e o futuro incerto para as jovens gerações, enquanto não se investir adequadamente na Educação.
Pena que a entrevista com o professor Paulo não foi gravada, pois ele foi convidado a participar em cima da hora e nem pensou em gravá-la. Mas, tendo em vista a grande audiência que tem o programa do jornalista Eduardo Costa - Chamada Geral, diariamente de 13h às 14h - e também a divulgação que centenas de professores vem fazendo desse programa, a entrevista do Paulo teve enorme repercussão.
Várias pessoas com as quais conversei hoje ouviram e gostaram da entrevista. Paulão mandou o recado direitinho: "Governador Anastasia, põe a mão na consciência e trate a Educação com mais carinho", disse. Acrescentamos: trate com carinho e pague o piso de R$ 1.312,00!
Valeu, Paulão! Pra você, a música de Leci Brandão - Anjos da Guarda -, que tem como refrão: "Batam palmas pra eles, que eles merecem!". Nessa guerrilha que travamos contra o exército convencional da mídia controlada pelo governo Aécio-Anastasia vamos abrindo caminhos para a vitória.
P.S. E só para não esquecerem: amanhã, dia 27.04, é o Dia D, dia de concentração às 14h na Cidade Administrativa e em vários pontos de Minas Gerais; já na quinta-feira, dia 29.04, é dia de assembléia estadual no pátio da ALMG e passeata gigante pela cidade de BH! Vamos lá, pessoal! Queremos o piso de 1.312,00 e nada menos!
É isso aí, sou Walmir, prof. de Filosofia, esta é uma luta pela dignidade. Se não pudermos lutar pela nossa dignidade, o que vamos passar para os nossos alunos? Acredito que seja a covardia.
ResponderExcluirParabéns a todos nós que aderiram e continuam firmes no movimento. Não vamos dar importância às ameaças da secretaria. A nossa greve é legal.
Saudações.
Oi, Euler. Nossa categoria foi muito bem representada pelo Paulão. Vamos aos poucos rompendo as mordaças da mídia. E a luta continua!!!
ResponderExcluirDesculpem o tamnho do texto.
ResponderExcluirSou professor há 23 anos. Já contribuí bastante para a melhora da sociedade onde vivo. Quando eu tinha 7 anos de trabalho o meu salário, incluin-do todas as vantagens, era de R$ 260,00 bruto e eu lecionava para alunos da 8ª série. Dois deles aproveitaram as minhas aulas de redação e conse-guiram um emprego numa empresa daqui perto. Como estagiários, começaram com o salário de R$ 350,00 mais R$ 80,00 em vale almoço mais R$120,00 vale transporte. Na época(1993), era uma fortuna. Há mais de 8 anos que cada um deles tem sua casa própria. Em 1994, fui à Caixa Econômica Federal para tentar um empréstimo para comprar um lote ou reformar a casinha de meu pai. Resumindo a história, quando a gerente me pediu meu contra-cheque, eu lhe disse que era contratado, a funcionária, com a cara séria e limpa me disse “Contratado não vale nada não.”e acrescentou “Se você quiser conseguir algum empréstimo deve abrir uma caderneta de poupança depositando R$300,00 por mês durante 3 anos daí você solicita um (possível) empréstimo máximo de R$ 7.000,00.” Achei interessante: 36(meses) x R$300 =R$ 10.800,00 fora os juros. Não consegui minha casinha.
Hoje tenho já tenho 23 anos de exercício. Continuo contribuindo bastante para a melhora da sociedade onde vivo, para a vida de vários alunos meus, mas ainda não sou valorizado e sou mais desrespeitado que antes, pois os alunos sem limites, bagunceiros, sem educação, vagabundos têm mais direitos que eu. Sou obrigado a aprová-los sem um mínimo de condições. Só para apresentar produtividade. Eles têm 500 chances e oportunidades. Eu não.
Hoje, os pais não dão limites nem bons exemplos nem acompanham os estudos dos filhos por isso não dão conta deles e os empurram para a escola para ficarem livres deles e querem que nós professores educadores dêem conta dos 30 ou 40 alunos dentro de sala. Sem direito a reclamar.
O senhor ex-governador com os objetivos puros e simples de economizar dinheiro e se promover alcansar um cargo político melhor impôs sistemas de ensino através da Secretaria de Educação que estragaram mais ainda os alunos, as escolas e que desmoralizaram mais ainda os professores. Este instrumento (que ninguém comenta) foi usado para justificar o baixo salário do professor. Os alunos não sabem nada porque os professores não ensinam nada ou direito.
Com a falta de punição dos alunos que perturbam, bagunçam, estragam os móveis das escolas, não fazem nada, não estudam nem deixam colegas estudarem, a falta de valorização dos que fazem algo e a não reprovação, pergunto: por que algum aluno vai querer estudar? Se não fizer nada vai ser aprovado e com o absurdo apoio de leis.
Conversando com os alunos de uma escola fiz uma conta e mostrei-lhes. Normalmente são distribuí-dos 100 pontos durante o ano para que o aluno consiga o mínimo de 60. Além desses são distribu-ídos mais 100 a 125 em recuperações paralelas,se o aluno não conseguir tem mais uma prova de 100 em dezembro, se ainda não conseguir tem outra prova de 100 em fevereiro e se ainda não conseguir tem a dependência. Isso dá um total médio de 425 pontos para os alunos (sem limites, bagunceiros, sem educação, vagabundos, sem compromisso, desinteressados, que agridem) conseguirem 60 pontos. Na proporção em 10, isto dá uma média de 1,7. Isso é nota? Diplomas de deformados estão sendo dados só para apresentar produtividade contra a vontade da maioria dos professores sérios.
Acho que os pais têm o total direito de reclamar a volta às aulas, mas essa reclamação deve ser feita primeiramen-te ao governador e à Secretaria de Educação. Eles atendendo as reivindicações dos professores, voltamos imedia-tamente.