Ou: um choque de gestão na vida dos educadores de Minas:
1) acorde tarde e durma bem cedo para reduzir o consumo e o dispêndio de energias,
2) faça apenas duas refeições por dia. Nada de extravagância. Mastigue bem lentamente para dar a sensação de que você está bem alimentado, de barriga cheia o dia todo. Se você é casado(a) e tem filhos, eduque-os na mesma linha,
3) andar pelas ruas e olhar as vitrines, pode; mas, nada de querer experimentar roupas ou sapatos, porque você acaba abrindo crediário,
4) converse pouco ao telefone. É tempo de desenvolver a comunicação por telepatia. Funciona assim: você imagina um diálogo com alguém e quando encontrar com esta pessoa, você pergunta se ela captou este diálogo. Uma hora funciona,
5) se ficar doente - gripe, dor de cabeça, febre - nada de comprar remédios. Tome o já tradicional chá caseiro. Há sempre algumas folhas e sementes nos lotes dos vizinhos e amigos,
6) visitar os parentes e amigos que não trabalham na área da Educação (importantíssimo este detalhe!) é uma ótima estratégia. Chegue sem avisar, na hora do almoço, e não faça cerimônia: coma como se aquela fosse a sua última refeição. Nunca se sabe do dia de amanhã,
7) para economizar energia elétrica, reduza o número de banhos. Afinal, o friozinho está chegando e é uma boa oportunidade para você iniciar mudanças na sua rotina: banho dia sim, dia não, até alcançar o ideal, que é um banho por semana,
8) ferro de passar roupa está terminantemente proibido. Prefira as roupas tipo blusa polo padrão professor, que nunca amarrota,
9) andar de carro, só se for de carona ou em ônibus fretado pelo sindicato para as assembléias da categoria. Afinal, andar à pé faz bem para a saúde e como você está de greve, aproveite para conhecer melhor a cidade,
10) se suas contas atrasarem - água, luz, telefone, prestação de bicicleta, do fogão usado, etc. - não esquente a cabeça. O máximo que pode acontecer é colocarem o seu nome no SPC. Mas, com o salário que recebe um professor em Minas, ter crédito ou não ter faz pouca diferença. Por precaução, mande uma carta para os seus credores dizendo que você é educador em Minas e eles logo terão compaixão. Desde que não sejam bancos, claro, porque estes sugam o sangue de qualquer um até a última gota.
Com este instrumental técnico-científico, da mais alta engenharia administrativa aécioanastasiana, você está preparado para sobreviver durante a greve, dure o tempo que durar! E boa greve, até a vitória, se Deus quiser!
Entre 2010 e 2012, este blog estava a serviço dos profissionais da Educação de Minas. Posteriormente, o blog ampliou os temas, sempre na defesa das melhores causas. A partir de outubro de 2023, demos especial destaque à corajosa resistência do povo palestino contra o sionismo e o imperialismo. Além disso, produzimos um combate sem trégua ao capitalismo, apresentando como saída a construção de uma outra relação social, solidária, horizontal, mundial: comunista. (contato: euler.conrado@gmail.com)
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O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
ResponderExcluirÉ jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta à universidade, é um 'Caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.
(Jô Soares)
Atenção!
ResponderExcluir( Apelo de um Professor desencantado)
Você já parou pra pensar se:
A lua deixasse de brilhar
A chuva parasse de cair
As estrelas um dia sumissem
O sol deixasse de esquentar?
Você parou pra lembrar:
Dos manifestos de muitos vividos
Talvez por dias esquecidos
Pelo fato do problema não ser banido?
Sinto calor porque ainda tenho o sol
Quando em mim se adentra a tristeza e a escuridão
Contemplo as estrelas e o luar amenizando a solidão
Se o calor ainda aumentar
O afago com os pingos da chuva
Molhando meu Corpo
Minh’alma entrelaçada em minhas lágrimas
Transportando meus sentimentos e momentos na imensidão de cada olhar
Mas sem estes fenômenos
Dentro de mim nada seria real
Sentiria-me como um pássaro sem asas
Querendo alcançar um lindo sonho sideral:
Que um dia o homem deixasse de agredir a natureza
Que salários desiguais no nosso país fossem ilegais
Que a “Educação e o Docente” tivessem prioridade
E acima de tudo respeito e dignidade
Somos humanos
E sei que um dia iremos parar de funcionar
Tenho a esperança de um dia
Ainda conseguir alcançar a porta do universo
E ao cidadão fazer enxergar este meu manifesto.
Não permitam que a nossa profissão só deixe legado
Pois estamos sendo deixados de lado
Somos profissionais sérios
E infelizmente desvalorizados
Já pensaram um dia as futuras gerações poderem apenas enxergar os fenômenos da natureza
Ao digitar um teclado?
Pensou nos teus filhos ali na carteira em uma sala vazia sem ter um professor para ser o seu guia?
Esta é a visão do futuro
Se não conseguirmos mudar o rumo desta trajetória
Professor neste mundo só ficará na história.
Me dê a mão para mudar esta visão
Porque lecionar “ainda” é a minha missão!