quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ato em São João del Rei reúne milhares de educadores


Foto: Gerald
o Lara


Num dia de muito sol, nesta data em que se comemora o 21 de abril como símbolo da "Inconfidência Mineira" e homenageia Tiradentes - que a historiografia oficial transformou em herói nacional -, a parte central da cidade de São João Del Rei - terra dos Neves - foi tomada por milhares de trabalhadores em educação de Minas, que estão em greve geral por tempo indeterminado.

Quando acontecia o ato pacífico lotando a avenida central da histórica cidade, um helicóptero da PM voava baixo, com um militar apontando um fuzil (ou seria uma escopeta?), como se quisesse intimidar os quase dez mil manifestantes. Não conseguiu. Pelo contrário: os educadores empunhavam as bandeiras do SindUTE e erguiam o punho, como a dizer: já derrotamos a ditadura militar e não nos intimidamos com essas provocações rasteiras.

O ato seguiu pela tarde toda, com oradores se revezando e com números de apresentação cultural, artistas regionais ou da própria categoria que voluntariamente se apresentam para enriquecer o ato.

Ao fazer uma análise da paralisação que teve início no dia 08 de abril, a coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, destacou que a greve está forte, atingindo já cerca de 75% das escolas estaduais de Minas Gerais. Em Vespasiano, todas as escolas estaduais aderiram à greve, embora ainda haja alguns profissionais que insistem em continuar trabalhando, comprometendo o presente e o futuro da Educação, que depende, entre outras coisas, da valorização profissional dos educadores. O profissional que tem respeito à carreira do magistério e à Educação de qualidade, neste momento está em greve junto com outros milhares de educadores de Minas.

No ato em São João, onde dezenas de caravanas do interior de Minas de norte a sul do estado fizeram questão de participar, Vespasiano e São José da Lapa marcaram presença com um ônibus com cerca de 40 trabalhadores em educação (assim que receber as fotos publico no blog). Foi uma demonstração de força do movimento, que aprovou por unanimidade, durante a assembléia, a continuação da greve geral.

Ainda sobre a avaliação feita pela coordenadora do Sind-UTE, ficou evindenciada a criminosa blindagem promovida pela mídia, que, com raras exceções (veja matérias abaixo) não tem noticiado nada sobre a greve. Os jornais de hoje, dia 22, confirmam essa análise: só o jornal O Tempo (clique aqui e leia a matéria) fez uma chamada e publicou uma nota interna. Já o "grande jornal dos mineiros" (que piada, heim?) simplesmente não viu essa grande mobilização na terra dos Neves, mas fez a cobertura política do ato em Ouro Preto, onde faltou povo, e sobraram autoridades ligadas ao governo Aécio-Anastasia.

Para a próxima semana, o calendário da greve indica uma forte mobilização em todo estado de Minas Gerais. Isso inclui a assembléia geral marcada para o dia 29/04, quinta-feira, às 14h, no pátio da Assembléia Legislativa, em Belo Horizonte. Estima-se que mais de 10 mil grevistas participarão deste importante ato. Além da assembléia, outras manifestações de massa estão programadas e serão divulgadas em nosso blog e no site do SindUTE.

O sentimento dominante dos grevistas é o de que não dá para recuar, ante ao salário de fome que os educadores de Minas recebem e que é preciso fortalecer a luta para garantir a conquista do piso profissional dos professores e demais carreiras da Educação, que é Lei e não é cumprida pelos maus governantes. Este é um ano eleitoral e o último do governo Aécio-Anastasia, depois de oito anos de cortes de direitos e achatamento salarial na Educação. É o momento certo para pressionar os candidatos (incluindo Aécio e Anastasia e sua base de apoio) a pagarem um salário decente para os educadores.

O segundo estado mais rico da União, que teve sua arrecadação de impostos triplicada nos últimos 10 anos e que se dá ao luxo de construir obras faraônicas como o Centro Administrativo, a Linha Verde e outras não pode pagar um salário indecente aos educadores, como acontece em Minas, onde o piso de professor com ensino médio será de R$ 369 reais após o reajuste de 10% de Aécio-Anastasia, e o salário de um professor com curso superior será, já com reajuste, R$ 550 reais. Um total e inaceitável absurdo. Por isso, a greve continua, firme e forte, até a nossa vitória!

P.S. Clique aqui e copie o Informativo publicado no jornal O Tempo, no dia 21.04

3 comentários:

  1. Esta "greve" é puramente política. Quem conhece a lei de responsabilidade fiscal, sabe que o sindiute, que nunca preocupou com o professor, está comandado por políticos em busca de votos.

    Fora Aécio e fora sindiute.

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  2. "A greve é a linguagem dos que não são ouvidos"

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  3. Amigo anônimo, me explique o que seria uma greve apolítica???? Amigo, toda greve é um ato político por excelência. Se vc está se referindo ao fato de ser uma greve que acontece em ano eleitoral, ora, infelizmente é só em tempos como estes que estes politiqueiros ouvem a voz da população (será que ouvem?). Veja, sou educador e não me importo com quem está ou deixou de estar no sindute mg me importo com minha categoria e com a atual condição lastimável da educação mineira.

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