quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Por que a Educação terá índice de promoção diferente das demais carreiras do Estado?



Uma das coisas mais gritantes no novo plano de carreira da Educação, também conhecido como "lei do subsídio", que entrará em vigor a partir de janeiro de 2011, é a redução do índice de promoção na carreira, de 22% para apenas 10%. Enquanto em todas as carreiras do Executivo estadual prevalece o mesmo índice de 22% para mudança de nível - quando o servidor adquire um novo título acadêmico após determinado interstício de tempo, combinado com um número x de avalições positivas de desempenho -, a Educação pública de Minas foi mais uma vez castigada pelo governo do faraó e afilhado com a redução deste índice para 10%.

A desculpa dada pelo governo é a de que, com o aumento do valor dos subsídios nas novas tabelas, mesmo com a redução do índice ocorrerá um aumento salarial superior aquele dado aos atuais vencimentos básicos (reconhecidamente ridículos). Ora, esse mesmo argumento não foi usado para outras carreiras do Executivo, cujos vencimentos básicos são superiores ao novo teto salarial imposto aos educadores para 2011. Por que essa discriminação em relação aos educadores?

É caso inclusive para que o departamento jurídico do sind-UTE estude uma ação judicial questionando a inconstitucionalidade desta alteração no nosso plano, que representou violento confisco de salário, além de quebrar a isonomia nos critérios para a evolução nas carreiras públicas do Estado de Minas. O governo já havia aplicado em 2003 um ato cruel contra os servidores novatos, quando cortou os quinquênios e os biênios. Depois cometeu outro choque contra os educadores mais antigos, cortando essas gratificações dos demais servidores da Educação. Finalmente, cometeu mais um ato de confisco - a redução dos índices de promoção e progressão - contra todos os servidores da Educação.

Um plano de carreira deve proporcionar a progressão dos servidores, o desenvolvimento das pessoas na carreira, e para isso precisa oferecer perspectivas claras de avanço nas carreiras, que combine o tempo de serviço prestado com a conquista de outro(s) título(s) acadêmico(s). Ao alterar o plano em vigência com a lei do subsídio, o governo impôs três medidas que prejudicaram em muito as carreiras dos educadores: a) reduziu o índice de promoção de 22 para 10%; b) reduziu o índice de progressão de 3 para 2,5%; c) confiscou o tempo de serviço prestado ao estado no posicionamento dos servidores. Com esta medida, por exemplo, praticamente todos os servidores da Educação serão posicionados no grau inicial da carreira (grau A), tenham eles apenas um dia de serviço prestado ou 15 anos de carreira.

Na prática, o governo criou um novo teto salarial de R$ 1.320,00 para 2011, ao mesmo tempo em que, em troca deste aumento em relação ao atual teto de R$ 935,00, estabeleceu as medidas de confisco e achatamento citados. Doravante, as carreiras da Educação serão as únicas que receberão este tratamento inferiorizado em relação às demais carreiras do serviço público mineiro. O governo poderia ter negociado, no lugar do subsídio, o vencimento básico com os mesmos valores das novas tabelas; poderia também ter negociado a troca dos quinquênios e biênios dos antigos servidores por um justo posicionamento das novas tabelas, sem tocar nos índices de promoção e progressão. E com isso criaria carreiras mais equânimes, sem as injustiças anteriores - criadas pelo próprio governo - e as atuais - igualmente criadas pelo faraó e afilhado.

Mas, quem disse que os governantes mineiros querem tornar as carreiras da Educação mais atraentes? Mais uma vez, portanto, revelou-se o descaso para com os educadores de Minas. E da nossa parte, não restará outra alternativa senão lutar para (re)conquistar os direitos confiscados, quais sejam: o reposicionamento na nova carreira de acordo com o tempo de serviço prestado e o tratamento isonônico em relação aos índices de promoção (22%) e progressão (3%). Sem abrirmos mão, é claro, de outras bandeiras, como um terço do tempo extraclasse, reajuste anual de salário, etc. Às vésperas das eleições, é bom que os educadores não se esqueçam de tudo o que ocorreu em Minas nos últimos anos.

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Incorporo ao texto central a mensagem da colega Interior, que ilustra bem a realidade de fato imposta pelo governo do faraó e afilhado.

"Interior:


Triste constatar: tenho mais de 30 anos como professora. Com isso vou perder 10 biênios, 6 quinquênios e 1 trintenário. E pelas minhas contas ainda estou no grau A. Sem chance de subir, pois estou me aposentando no começo de 2011. Me sentindo "roubada", revoltada e desiludida. Uma Vida dedicada à Educação. Nenhum mérito pela experiência, pelos cursos que fiz para atualizar (às minhas custas..é claro!!!). Nenhum mérito pelas conquistas dos meus alunos...o mérito é do governo...que não se cansa de proclamar o quanto a educação mineira vai bem!!! Ele esteve na sala atuando???? Ele passou pelo menos em frente à uma escola enquanto governador????

Fica registrada minha REVOLTA!!!!! ".

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Incorporo ao texto central os comentários abaixo, dos colegas "Notícias e Entretenimento" e João Paulo. Em seguida faremos os nossos comentários.


"Noticias e Entretenimento:

Caro Euler, a nossa situação é calamitosa, mas não podemos esquecer dos equívocos que o sindicato tem praticado. Você citou a isonomia, ela foi quebrada por uma lei aprovada pelo Itamar Franco e o sindicato na época dizia que seria bom. Essa greve deste ano foi feita na hora adequada mas como todas as outras terminadas na hora errada, tanto que na minha cidade não houve paralisação nos dias 24 e 25 de setembro. Minha posição é de fazer a opção por ficar no plano antigo, mesmo que com isso perca um pouco, mas estaria mostrando para o governo e o sindicato que não concordamos com os acordos de bastidores. E acho que todos que tem direitos a quinquênio e biênio deveriam optar pelo antigo, pois, com certeza as maldades deste governo não vão parar por aí. E ele as estão fazendo por etapas. Depois quando acordarmos será tarde."


"João Paulo Ferreira de Assis:

Minha solidariedade à colega INTERIOR. Ao colega Notícias e Entretenimento digo que concordo com ele em relação a permanecermos na antiga carreira, pois o tal reajuste a cada ano não é líquido e certo. Primeiro tem de ter arrecadação suficiente.

Agora, já estamos no dia 30 de setembro. E as votações na Assembleia, o SIND-UTE acompanhou? Não se esqueçam que não adiante nenhuma greve se não tiver previsão orçamentária para nos atender.

Também concordo com o colega Notícias e Entretenimento quando menciona as maldades. Uma das primeiras foi nos comer as férias de julho. Bem que uma supervisora (hoje aposentada) nos avisou. Se cedéssemos dois dias, iríamos acabar perdendo duas semanas, e foi o que se deu. Hoje, mal temos tempo para um merecido descanso no mês de julho."


Comentário do Blog: Com relação aos erros cometidos no passado pelo sindicato, não quero entrar nesse mérito aqui. Mas, no nosso movimento atual, considero que a direção estadual do Sind-UTE atuou com firmeza e respeito pela categoria. Pode eventualmente ter cometido erros de avaliação, mas não foi conivente com os confiscos impostos pelo governo. Tanto assim que foi o governo quem quebrou de forma unilateral o acordo assinado, anunciando as novas tabelas ao arrepio de uma comissão de negociação entre o sindicato e o governo que discutia propostas para aproximar o nosso salário do piso salarial nacional.

No que tange à escolha do plano em vigência, devemos refletir bem sobre isso. Primeiro, porque devemos evitar a divisão da categoria, pois se os antigos servidores fizerem uma opção e os novatos outra dificilmente conseguiremos uma unidade de ação para resistir aos ataques do governo. Segundo, porque algumas variantes precisam ser consideradas. Uma delas é a votação da Lei do Piso pelo STF - se piso é piso ou se é piso mais penduricalhos. A outra questão é saber quanto será o valor do novo piso para 2011, já que a Lei do Piso abre propositadamente brecha para se praticar o pagamento proporcional às diferentes jornadas praticadas no país.

Por último, com relação ao risco de não reajuste anual de salários, isso se aplica aos dois planos. Tanto assim que no atual plano nosso salário ficou congelado e a somatória do vencimento básico e demais penduricalhos fica abaixo ainda, na maioria dos casos, do vencimento inicial da nova tabela. Como nós temos 90 dias após o quinto dia útil de fevereiro de 2011 para fazermos a opção, devemos analisar todas as possibilidades. Levando sempre em conta a necessidade da nossa unidade, como patrimônio (re) conquistado na nossa maravilhosa revolta dos 47 dias.

"Anônimo:


Companheiros

A situação é insustentável, temos que nos unir e fazer uma paralização nacional, iniciar 2011 com uma greve geral dos profissionais de educação.

O problema não é local, de norte a sul do país os educadores estão sendo massacrados e continuam como uma boiada à caminho do matadouro na maioria dos estados, em Minas felizmente a categoria está reagindo, mas diante dos fatos é necessário intensificar a luta.

O projeto político em curso tem como objetivo o desmantelamento do Estado, isto é, privatização à todo custo para favorecer as hienas e os chacais às custas do sangue e das vísceras do povo.

A expressão choque de ordem, de gestão, etc. é super adequada e mostra que os chacais não se ocultam mais sob a pele de cordeiro. Nesta concepção perversa impera o uso da força bruta, as leis são ignoradas quando se trata dos direitos do povo que passa a ter somente deveres.

Não dá mais para recuar e perder, o momento da reação é agora ou nunca."



"Cristina Costa:

Olá meu amigo e companheiro Euler e demais companheiros de luta leitores deste blog,

Estou sumida dos comentários a seus textos, mas continuo acompanhando todos os "debates", desabafos, comentários feitos neste veículo de comunicação MARAVILHOSO, entre nós educadores.

Estou desgastada, decepcionada e em hibernação para recuperar as energias gastas na última greve, pois tenho certeza que precisarei muito dela ano que vem.

Gostaria de deixar registrado aqui para todos, que no meu entendimento devemos estar muito, mas muito bem informados das reais mudanças que irão ocorrer em nosso plano de carreira e nos mobilizarmos sim, com muita força e um Sindicato Forte, para lutarmos por um plano de carreira digno e o nosso piso. Quero acreditar, preciso acreditar que nem tudo está perdido para poder ter forças e lutar por nossa valorização e direitos adquiridos (estou como a colega do interior acima...).

O início do ano que vem, será crucial para a nossa categoria no meu entendimento.

E uma coisa é certa, se a classe se dividir em dois planos de carreira como pode acontecer, se continuar como está, a luta para melhoria ficará cada vez mais difícil.

E por falar em coisa difícil...
Infelizmente tem educador com a memória curta demais......e vai votar neste ser que acabou com a educação e seus colaboradores...

Agora, estou só nas orações para que no domingo, quem sabe, tenhamos uma sobrevida e esperança para a retirada deste ser do poder...

Vou votar em Patrus número 15 e esperar que ele e Hélio possam ir para o segundo turno!

Um abraço".


Debate de Minas: confesso que eu dormi


Vanessa e Fabinho, excluídos "democraticamente" dos debates na TV.


Não sei se pelo clima chuvoso e gostoso, que trouxe aquele friozinho que nos convida a ficar debaixo da coberta; ou ainda, se pelo fato de que poucos minutos antes eu havia acabado de devorar um prato de macarrão com pedaços de linguiça frita e molho de tomate; mas o fato é que, devo confessar, passei a maior parte do debate entre os candidatos ao governo de Minas num outro planeta bem distante da Terra.

E olha que na escola hoje (ou ontem) a noite meus colegas professores, eu e mais alguns alunos havíamos comentado sobre as eleições e sobre o debate que aconteceria logo mais na TV Globo. Para a maioria dos mortais que acordam às 5h30m da madrugada para cumprir a louca jornada de trabalho de uma herança produtiva ainda ligada aos primórdios da Revolução Industrial - como é difícil alterar certas heranças! - o horário do início do debate era impeditivo: quase 11h da noite. Para mim, noctívago incorrigível, até que não. A noite apenas começara em tal horário. Apesar disso, os fatores mencionados acima, somados ao cansaço acumulado acabaram por dar guarida àquele sono despreocupado, leve, de quem aparentemente não tem nenhuma outra preocupação na vida senão curtir cada segundo daquele momento de deleite e de viagem que um bom sono é capaz de produzir.

Mas, não vou negar também que entre uma viagem sonífera e um despertar momentâneo, próprio de guerreiros que mantêm sempre aberto um olho quando cochila, acabei assistindo recortes das falas dos candidatos. É uma pena que a Vanessa Portugal do PSTU e o Fábio Bezerra do PCB tenham sido excluídos dos debates pela TV. Seguramente eles teriam muito a acrescentar. O Fabinho esteve no nosso encontro metropolitano em Vespá na parte da manhã e contribuiu com uma rica análise da nossa greve e do movimento dos educadores em Minas. Na parte da tarde quem falou foi justamente a Vanessa Portugal, que deu uma aula de política centrando sua fala na Educação pública que deve ser buscada, e não aquela que é praticada hoje pelos diversos governos. Os dois, Fabinho e Vanessa, excluídos pela limitada democracia vigente, fariam grande diferença nos debates.

O candidato afilhado do faraó não conta com os debates para tentar se (re)eleger. Sua campanha é de marketing, assim como a imagem do faraó, que foi construída nos últimos oito anos pela mídia, pelo uso da máquina estatal e por grandes gastos financiados pelas empreiteiras e outros patrocinadores das campanhas eleitorais. As respostas do afilhado lembram aquele aluno que decora a sua fala quando tem que apresentar um trabalho escolar.

O candidato do PMDB-PT tenta recuperar o terreno perdido pela inabilidade e falta de ousadia em estabelecer um confronto direto com o projeto neoliberal do faraó e afilhado. O problema é que os interesses em jogo entre as duas candidaturas são muito afins e isso acaba criando uma oposição consentida. As críticas corretas que agora são feitas, como os bilionários gastos em obras faraônicas no lugar de investimento nas obras sociais - educação, saúde, etc -, talvez não tenham mais o mesmo efeito que se tivessem sido trabalhadas ao longo da campanha, ou mesmo antes, durante os dois mandatos do governador-faraó. O candidato do PMDB-PT, com voz de repórter global, fala mais espontaneamente, mas com pouco conteúdo.

Até mesmo na questão da Educação, embora o candidato do PMDB-PT critique a política de achatamento salarial que atingiu os educadores, não consegue firmar compromissos claros com este setor. Disse que pagará salário pelo menos maior do que aquele que é pago pelo estado de Alagoas (ou seria Sergipe? Posso estar enganado em relação ao estado), onde, segundo ele, o professor recebe R$ 1.012,00. Ora, se quisesse aproveitar a deixa, o candidato-afilhado diria que as novas tabelas para janeiro de 2011 são melhores do que esse salário. Por que será que em nenhum momento o candidato do PMDB-PT disse claramente: vou pagar o piso de R$ 1.312,00 sem cortar as gratificações? Analisando retrospectivamente, esse foi um dos motivos pelos quais os professores não assumiram com entusiasmo a candidatura do PMDB-PT, embora seja público e notório que a grande maioria dos educadores de Minas não votará no afilhado.

O candidato do Psol, nessa reta final de campanha, começou a apresentar um discurso mais desenhado e não mais uma mensagem acadêmica afastada das realidades concretas. Fez críticas consistentes aos governos e com isso contribuiu para o debate, embora saiba que não tem chance alguma para concorrer, eleitoralmente falando. Ele elogiou, por exemplo, as paralisações dos educadores de Minas, mesmo não conhecendo com mais detalhe sobre as realidades e demandas do nosso glorioso movimento.

O candidato do PV faz aquela oposição mais que consentida ao governo do afilhado e aproveita para divulgar a campanha da candidata Marina, inflada pela mídia demotucana para tentar jogar as eleições para o segundo turno. Não se surpreendam se futuramente o candidato do PV for convidado para assumir alguma secretaria de estado pelo futuro governante, seja ele quem for, para depois concorrer a alguma prefeitura. Os políticos profissionais não sobrevivem muito tempo sem cargos de confiança ou mandatos. O mesmo, nesse caso, se aplica aos outros dois candidatos: o afilhado e o do PMDB-PT.

Amanhã terei a oportunidade de ouvir e de ler sobre as impressões de quem viu e ouviu o debate integralmente. Durante a tarde de ontem eu havia levado o meu tanque de guerra para um mecânico conhecido e tive a grata surpresa de que o defeito era mais simples do que imaginávamos, me custando apenas R$ 12,00 - e isso, convenhamos, até mesmo o minguado salário-de-professor-de-Minas (assim mesmo, tudo junto) dá pra pagar. As marchas do tanque voltaram a funcionar a todo vapor.

Observei também o esforço redobrado da mídia para empurrar as eleições para o segundo turno. O Datafraude conseguiu reduzir alguns pontos percentuais da Dilma, aumentou um ponto para Serra e dois para Marina e chegou à conclusão mirabolante de que, consideradas as margens de erro nas pesquisas, poderá haver segundo turno. As mesmas margens de erro aplicadas em direção oposta podem garantir robusta vitória da candidata Dilma no primeiro turno, mas isso não é dito pelo jornaleco demotucano.

Vamos aguardar agora pelo último debate, o de quinta-feira, entre os candidatos à presidência, quando eu seguramente estarei acordado em tempo integral. E atento às manobras golpistas da TV Globo e demais meios das famíglias que ainda dominam a mídia brasileira. E que espero, isso esteja com os dias contados, para o bem da democracia e da liberdade de imprensa e de expressão.

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P.S.: Recebemos um e-mail da nossa colega professora do Rio de Janeiro Graça Aguiar que lamentou não poder participar do nosso encontro por razões mais do que justificadas, mas se comprometendo a participar do próximo encontro e parabenizando a todos os colegas de Minas pela nossa luta. Agradecemos a manifestação da combativa colega Graça Aguiar, que apesar de não poder contribuir pessoalmente com os debates no encontro, já o faz por outros meios, inclusive pela Internet, através dos blogs que coordena, entre os quais o S.O.S Educação Pública.


P.S.2 - Por falar em blog, antes de começar os diálogos do nosso glorioso encontro, em conversa com a colega Beatriz Cerqueira, coordenadora geral do Sind-UTE, sugeri que ela criasse um blog para ela. Ela disse que já havia pensado nessa possibilidade, e que a partir de outubro, quando tivesse mais tempo, poderia fazê-lo. Tem todo o nosso apoio para tal iniciativa. E pela liderança que ela exerce junto à categoria, seguramente será um dos blogs mais visitados da rede.

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Incorporo ao texto central o comentário do nosso colega e amigo professor João Paulo:

"João Paulo Ferreira de Assis :

Prezado amigo Professor Euler

Aviso de utilidade pública: no blog do Azenha (Vi o Mundo) há uma menção ao post ''campanha dos e-mails falsos'', que está no blog Sejaditaverdade. São treze emails que foram colocados para difamar a Dilma, inclusive um que fala sobre a ação que uma lésbica teria entrado para receber pensão da Dilma. Só que o advogado mencionado no e-mail não existe! Não consta dos registros da OAB! A acusação de que Dilma ''matou'' o Mário Kozel Filho não resiste à menor análise. Como numa caminhonete iria caber 10 pessoas e 50 quilos de dinamite? Dilma estava em Belo Horizonte na época. E o fato foi em Quitaúna SP. O ''apoio'' do Hugo Chávez também não existiu. Fizeram uma montagem de um vídeo em que Hugo Chávez falava para uma plateia toda vestida de vermelho. Bom, tem outros esclarecimentos no sejaditaverdade. O blog do Azenha tem os linques.

Atenciosamente João Paulo Ferreira de Assis."

Leiam também:

- Blog Ocupação Dandara:"COMUNICADO URGENTE: Acampamento na PBH"

- Blog do COREU:
"NA ESPANHA RETIRAR DIREITOS PROVOCA GREVE GERAL (Wladmir Coelho)"


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Governo de Minas usa sindicatos "amigos" para tentar quebrar a autonomia do sind-UTE


Desde o início do primeiro mandato do governo do faraó e afilhado, um dos objetivos da política neoliberal implantada com o choque de gestão tem sido a tentativa de impedir a autonomia dos movimentos sociais e sindicais. Especialmente em relação ao Sind-UTE, que tem longa tradição de luta e resistência, o governo de tudo fez para reduzir a influência deste sindicato.

Em nenhum momento, por exemplo, o afilhado e o faraó conversaram diretamente com a representação sindical dos educadores de Minas. Isso ficou ainda mais evidenciado durante a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias, quando o afilhado, já como governador, não recebeu para negociar os dirigentes do sind-UTE (vejam abaixo link para o Informativo Nº 20 do Sind-UTE, texto assinado pela Coordenadora Geral Beatriz Cerqueira e Nota de Esclarecimento da Direção Estadual do sindicato). Além disso, o faraó passou 40 dias em uma longa e não merecida viagem pela Europa e sequer tocou no assunto da greve que abalou Minas Gerais e expôs as tripas desse governo e de seus atos para toda a população mineira. Agora, como candidato a senador, ele tem a cara de pau de dizer que vai lutar por mais verba para a Educação em Minas, quando sequer aplicou adequadamente a receita estadual em favor da Educação pública em Minas e na valorização dos educadores.

Terminada a nossa maravilhosa revolta/greve, a estratégia do governo tem sido uma combinação de atos voltados para o enfraquecimento do nosso movimento. De um lado, impôs um calendário concentrado de reposição de aulas, para que os educadores não tenham tempo sequer para refletir e participar do processo eleitoral e político. Por outro lado, a sistemática pressão por parte das superintendências, inclusive com ameaças de remoção (meu caso) e demissões de contratados de forma ilegal (em função da lei eleitoral). Além disso, tem sido corriqueiro o uso da máquina do estado para a realização de reuniões com educadores em todo o estado, com a desculpa de estar "esclarecendo" as dúvidas sobre a nova lei do subsídio.

É importante notar que para essas reuniões, que são na verdade campanha política para o atual governador, as superintendências não se importam com a liberação de educadores, inclusive causando prejuízos para os alunos, já que essas aulas não serão repostas.

E para completar, o governo tem levado a tiracolo representantes dos sindicatos "amigos" (mui amigos!) como o Sindipúblicos e a tal de APPMG, numa clara tentativa de fortalecer essas entidades junto à parcelas dos servidores. Essas entidades são apresentadas como aquelas que estão garantindo conquistas para os servidores. A pergunta é: que conquistas são essas, se nos últimos oito anos ou mais os servidores só colheram prejuízos e confiscos?

Na área da Educação então, nem se fala: cortaram o biênio e o quinquênio dos servidores que entraram após 2003 e agora cortaram dos demais; reduziram ao máximo as férias-prêmio; dificultaram ao extremo a possibilidade de alguém adoecer, tal a burocracia implantada para apresentar uma licença médica; arrocharam os salários dos servidores, especialmente dos educadores, a ponto de pagar menos que um salário mínimo para o vencimento básico de um professor. As novas tabelas que serão pagas em janeiro de 2011 tiveram que ser arrancadas na luta, assim mesmo o governo confiscou conquistas históricas dos educadores, e ainda por cima reduziu os percentuais de progressão e promoção da atual tabela.

Mas, o governo não quer de maneira alguma conviver com um movimento autônomo, capaz de desafiá-lo em praça pública como fizemos durante a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias. Por isso usa os mais variados expedientes para tentar impedir o fortalecimento deste movimento. Por outro lado, nós também não podemos assistir a essas movimentações do governo sem reação. A direção do sind-UTE tem se movimentado pelo interior de Minas, tentando se contrapor às investidas do governo. Dezenas de lideranças do nosso movimento continuam dialogando com os colegas e realizando um cotidiano trabalho de crítica do que vem acontecendo em Minas. Os nossos blogs - este, do COREU, da Vanda, do Anderson, da Cristina, do Sebastião, da Marlene, da Marly, da subsede de Caxambu, e dezenas de outros - estão diariamente alimentando a discussão e trazendo informações sobre o que a mídia esconde da população mineira.

Nos pŕoximos meses, devemos ampliar a nossa discussão a partir das bases e com isso acumular em termos organizativos e políticos para enfrentar o próximo governo com muita força, união e determinação. Exigimos respeito e valorização dos educadores de Minas e do Brasil. E para isso, para esta luta, a nossa autonomia em relação ao governo, seja ele qual for, é condição essencial.



- Copie aqui o Informativo nº 20 do Sind-UTE (em pdf)

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Um pouco de rotina -
O calor hoje prevaleceu novamente, e houve até um ensaio de chuva agora a noite, que não vingou totalmente, mas refrescou um pouco. Pela manhã fui em Lagoa Santa respirar o ar mais puro um pouco do que o de Vespá. Quase no final da tarde, quando estava próximo uns 200 metros da escola onde trabalho, o tanque de guerra dá uma engasgada e pára. Tentei acelerar e nada. Quando mudei a marcha percebi que ela simplesmente deixara de funcionar. Com algum custo consegui encaixar uma primeira e o tanque branco de guerra pôs-se em movimento. Conversando com o porteiro da escola e com os colegas professores e alguns alunos chegamos à conclusão num rápido diagnóstico de que se tratava de algum problema na caixa de marcha ou na embreagem. Quase todo mundo é um pouco técnico de futebol e mecânico de automóvel neste país. Liguei para um mecânico conhecido e ele me disse que sem ver de perto o problema não dava para diagnosticar. Fui até um mecânico próximo da escola e ele me aconselhou: deixe o seu carro na garagem da escola e traga-o aqui pela manhã, pois deve ser a caixa de marcha. Já na escola o diretor me desaconselhou a deixar o carro lá. Não há vigia noturno e é muito comum pularem os muros da escola durante a madrugada. Tudo bem que o carro é bem velho, mas ainda anda. E bem. Então quando terminou meu horário de trabalho, o jeito era tentar chegar no bunker com um tanque de guerra avariado. Uns 10 km mais ou menos a vencer. Lasquei uma primeira para enfrentar as subidas e pisava na embreagem nas descidas. Entre uma descida e uma subida o carro parava e numa dessas acho que acertei uma terceira que resolveu literalmente a parada da metade do trajeto em diante. O tanque de guerra é forte: geralmente arranca de segunda e sobe a maioria dos morros de quarta, que é a sua última marcha. Nem foi preciso usar o plano B: uma colega sairia da escola uns dez minutos depois de mim e caso meu tanque parasse de vez na rodovia a máquina ficaria por lá e eu pegaria uma carona até o centro de Vespá. Felizmente, São Cristóvão, São Pedro - que mandou uma chuva bem ralinha durante o trajeto talvez para esfriar o motor -, e Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de Vespasiano, me deram total proteção até a chegada ao bunker. Amanhã será dia de enfiar a mão no bolso já praticamente vazio graças ao minguado salário-de-professor-de-Minas (assim mesmo, tudo junto) para pagar o mecânico e comprar as peças necessárias. Afinal, o tanque não pode parar. Tampouco eu.

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Incorporo ao texto central o comentário do colega Interior:

"
Interior:

Texto retirado do Inf. 20 do sind-UTE/MG...para reflexão.

"Precisamos saber de que lado estamos e quem está ao nosso lado". E citando Gandhi,"Chame a todos, convide a todos. Se ninguém vier, vá sozinho. FAÇA A SUA PARTE."

A leitura diária dos blogs dos colegas citados, nos faz sentir que não estamos só. "Um mais um é sempre mais que dois"
Abraços aos colegas de caminhada!!!!"

domingo, 26 de setembro de 2010

Um domingo manhoso, com musicalidade, muito calor e um debate pela frente


Domingo tranquilo, um almoço com frango assado na casa de minha mãe, seguido de um sono quase profundo. Que calor. São Pedro havia prometido chuva para estes dias. Deve ter adiado. Sinal de que pode vir granizo. E meu tanque de guerra precisando de um banho. A culpa é dele, de São Pedro, não minha.

Um pouco mais tarde o som de uma banda me arrasta para o centro da praça principal de Vespasiano. Morar no centro tem dessas coisas. A gente está sempre próximo das movimentações artísticas que acontecem. Algumas de bom gosto; outras nem tanto. Claro que o que é de bom gosto para uns, pode ser um desgosto para outros. Mas, um encontro de bandas, como o que aconteceu há pouco, e a poucos metros do meu bunker, é algo de muito bom gosto. Pelo menos para mim, que assisti de pé a apresentação de cinco bandas de várias cidades: Vespasiano, São José, Pará de Minas, entre outras. E assisti de pé por puro capricho, porque havia por lá uma arquibancada, mas escolhi um ponto onde se tornava mais fácil sair quando quisesse e também para cumprimentar os passantes conhecidos meus. Morar no interior tem dessas coisas: a gente conhece quase todo mundo.

Ao final da apresentação, comprei um espeto de frango que vim devorando enquanto caminhava em direção ao bunker, mas não sem antes passar numa sorveteria e recolher num copão umas três ou quatro bolas de sorvete de vários sabores que fui degustando suavemente no meu bunker, enquanto ouvia algumas músicas. De Milton Nascimento inclusive, apesar dele estar apoiando o afilhado. Ele e todos os demais cantores e compositores mineiros. Para mim agora há uma nítida separação, entre o que eles foram no passado, quando compuseram ou interpretaram suas músicas, e agora, quando se adaptaram integralmente ao sistema.

O problema é que se excluirmos o repertório dos artistas que não se mostram engajados com as lutas sociais vamos ter que ficar praticamente sem ouvir música. Talvez a década de 60 fora aquela que criara o maior número de cantores engajados ou comprometidos com a causa da resistência à ditadura, como foi o caso de Chico Buarque, Taiguara, Geraldo Vandré, e até mesmo Caetano, Gil e Milton Nascimento, que vez ou outra produziram belas músicas com forte teor social. Hoje há outros músicos, nos mais variados estilos, que produzem canções ligadas às realidades das periferias dos grandes centros. Sem falar no Cazuza, Renato Russo e tantos outros cantores e cantoras de gerações posteriores àquela que mencionei.

Mas, quando não se tem um ouvido dogmático e sectário, ouve-se de tudo um pouco, filtrando as preferências nem tanto pelo teor social das letras, mas por sentidos que transcendem as limitações ideológicas e cujas melodias mexem com o nosso ser. Podem falar do amor, ou das plantas, ou das flores, ou do vento, ou do mar, ou dos pássaros. Não importa. Entretanto, devo confessar, pra gente que é sempre engajado nas lutas sociais, por mais que diversifiquemos o repertório, incluindo as belíssimas músicas internacionais, a gente sempre acaba voltando, revisitando, diria, aquelas músicas de protesto cantadas por Chico Buarque, Vandré, Elis, Caetano, Taiguara, Gil, Milton, Cazuza, Renato Russo, entre outros. Mesmo que alguns deles tenham passado para o outro time. Eles que se justifiquem perante suas consciências, não eu.

E como daqui a pouco começa o debate entre os candidatos a presidência da República - às 21h, na Rede Record - vou ficando por aqui, neste manhoso domingo de sol quente, com a promessa de uma chuva que São Pedro tarda a enviar e que será bem-vinda como o som das bandas que ouvi hoje a tarde. Se tiver pique, volto mais tarde, após o debate, para registrar aqui as impresssões que conseguir captar. Lembrando sempre que na semana que vem, neste mesmo dia e horário, já saberemos quem será o novo - ou a nova, mais provavelmente - presidente da República. E mais ainda: contra qual governador passaremos os próximos quatro anos lutando pela valorização dos educadores e pela Educação pública de qualidade, entre outras coisas. Então, até.

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São Pedro - Fui criticar São Pedro e ele, ao visitar o nosso blog, não deixou barato. Durante o debate na TV Record, pelo menos por uns bons 10 minutos mais ou menos caiu uma chuva deliciosa em Vespasiano. Foi pouca, é verdade. Mas veio logo depois da minha cobrança aqui no blog. Minha conversa com São Pedro é sempre assim, direta, sem intermediários. Tomara que venha um pouco mais de chuva, pois a que veio não deu para lavar o tanque de guerra. E a noite, embora tenha refrescado um pouco, ainda continua quente.



Debate: A noite pode estar quente, mas o debate foi morno. Houve alguns momentos em que o candidato Plínio do Psol sobressaiu, muito mais pela forma solta, fora do figurino, do que propriamente por uma crítica radical e consistente. As pessoas gostam das críticas que ele faz, mas isso não se traduz em votos. Marina Silva tenta ser a boazinha, acima do bem e do mal, mas no fundo foi oportunista, tentando fazer média com parcelas dos eleitores dos dois partidos - do PT e do PSDB. Dilma, nessa reta final, será ainda mais atacada. E acho que o comando da campanha cometeu um erro ao aceitar que o último debate, o da Globo, seja realizado na próxima quinta-feira, a partir de quando os candidatos não terão mais tempo na TV para se defenderem de manipulações. A experiência da derrota de Lula para Collor não serviu como ensinamento. Já o candidato demotucano não consegue ser simpático e vai tentar o tudo ou nada no debate da Globo.

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Incorporo ao texto central o comentário do nosso amigo professor João Paulo.


"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

As primeiras análises do debate ressaltaram que Dilma foi muito bem. Li no esquerdopata e no escrevinhador. Aguardo a análise do Brizola Neto. Eu considero que a Globo não deve aprontar, pois há a ação do Movimento dos Sem Mídia contra ela e o SBT, ação da qual orgulhosamente sou um dos signatários. O que devemos temer é que o pessoal pode plantar alguma coisa no computador daquele guerrilheiro colombiano. E aí a coisa pode complicar.

Nós temos armas: nossa militância, nossos esclarecimentos aos alunos. Outro dia eu contei que os acasos, os inesperados sempre beneficiam os tucanos, e que eu nunca vi um fato inesperado beneficiar o PT. Lembrei de Barbacena, em que um vereador tucano teve sua carreira alavancada por um fato meio maroto que foi a tubulação do Terminal Rodoviário arrebentar e jogar porcaria numa rua que leva o nome da mãe do então prefeito. O vereador em questão (irmão de deputado tucano que votou contra nós em tudo), discursou falando que o sr.prefeito não cuidava nem da rua que leva o nome da mãe dele, que dirá das mais. Esse vereador foi eleito prefeito com quase 70% dos votos. Ou em Nova Iguaçu RJ, um prefeito tucano às voltas com a greve dos serventuários da saúde, ser beneficiado com uma invasão de ''grevistas'' nos hospitais públicos, que foram entrando nos quartos e desligando os aparelhos. A imprensa carioca calou a versão do sindicato e adotou a do prefeito.

Peço a Deus que me dê um presente: a vitória da Dilma no primeiro turno."



"Interior:

Bom dia colegas Euler e João Paulo.

E eu pedindo que Deus conceda o MILAGRE MINEIRO.E batalhando muito para que ele aconteça. Com palavras, atos e sem omissões...

Boa semana para todos nós...com ajuda de quase todos os santos. (Sto Antônio pode ficar quietinho no seu canto....rs)
Abraços."



"João Paulo Ferreira de Assis:

Vamos torcer mesmo, pois uma pessoa que eu tinha como voto certo do Anastasia, do Serra e do Aécio só vai votar para deputado federal e deputado estadual. É verdade que o voto dela será no Lafaiete Andrada, mas só de já ter obtido que ela não votasse no Anastasia já foi uma bênção."


sábado, 25 de setembro de 2010

Um dia de muita reflexão sobre as nossas lutas


O dia amanheceu com um clima gostoso, ameaçando chover e com um vento suave e fresco. O nosso glorioso Encontro Metropolitano estava marcado para iniciar as 9h da madrugada. Cheguei um pouco antes deste horário na E.E. Nila Faraj, estacionei o tanque de guerra na parte interior da escola, porque ele não pode ficar na rua, pois a janelinha do lado esquerdo está quebrada. Mas, isso não vem ao caso agora.

Ao chegar na escola lá já se encontravam as combativas colegas diretoras da subsede do Sind-UTE de Vespasiano e São José da Lapa Carminha e Cláudia Luiza. Elas já tinham arrumado toda a casa, literalmente, para receber os convidados. Impressionante a disposição de luta das duas.

A primeira ilustre convidada a chegar foi a nossa combativa companheira Beatriz, coordenadora-geral do Sind-UTE e mais duas colegas diretoras estaduais do sindicato, Ana Lúcia e Renata. Depois, foram chegando outras lideranças do nosso movimento - Fábio Bezerra, candidato ao Governo de Minas pelo PCB, Wladmir Coelho, professor e editor do Blog do COREU; Rômulo, professor representando Ribeirão das Neves; Gustavo, professor e candidato a deputado estadual pelo PSTU; Andréia, professora das redes Municipal de BH e estadual representando o os colegas do CESEC Caieiras; Alex, Paulão e Cleusa, três grandes lideranças do Machado de Assis e do nosso glorioso movimento.

Na parte da tarde recebemos a visita de quatro combativos companheiros de Venda Nova: Igor, Adriano, Aline e José Márcio. Logo depois, chegou a candidata ao Governo de Minas pelo PSTU, Vanessa Portugal. Finalmente, o nosso combativo colega João Martinho, que na parte da manhã cumpria missão do sindicato na rede Municipal da Educação em São José da Lapa, onde os educadores discutem com a prefeitura o plano de carreira.

Como havíamos previsto ontem, o número de participantes foi muito baixo, em parte em função das reposições das aulas, ou dos cursos que estavam agendados, ou de compromissos outros que impediram a participação de mais companheiros. Em parte também pelo cansaço físico e espiritual com que boa parte da nossa base se encontra nessa altura do ano. Mas, isso não impediu que realizássemos uma bela discussão.

Após a exibição de uma montagem de fotos e vídeo, a cargo da colega Carminha e do seu filho Tiago, que segundo me disseram ficaram até duas da manhã organizando aquele produto cultural, passamos para a parte da avaliação da nossa greve, do nosso movimento, das eleições em curso e das perspectivas futuras. A colega Beatriz deu o chute inicial, abrindo o diálogo, fazendo uma ampla análise do nosso movimento, dos desafios colocados e das movimentações que a direção estadual do sindicato vem realizando por todo o interior de Minas. Em seguida, vários colegas falaram. Durante a semana vou reproduzir parcialmente o conteúdo das falas, pois não costumo anotar nada, mas como o evento foi filmado pelo nosso amigo Geraldo Fagundes - um colega que guarda em casa grande acervo em vídeo da memória da cidade de Vespasiano -, assim que ele me passar uma cópia do vídeo vou reproduzindo aqui partes dos impertinentes diálogos.

Depois fizemos uma pausa para o delicioso almoço preparado pelas valiosas colegas Bete e Adriana, enquanto assistíamos a um vídeo produzido pelos alunos do colega Paulão do CEFET de Vespasiano sobre as eleições de 2010. Muito bom o vídeo, com entrevistas com políticos profissionais e pessoas comuns. Coisa que a grande mídia geralmente não faz, um grupo de estudantes do ensino médio, quase que por iniciativa própria vai lá e faz. Sem receber um centavo sequer das milionárias verbas publicitárias dos governos.

Na parte da tarde, coube a Andréia iniciar o debate sobre a Lei do subsídio. Em seguida novo debate com várias intervenções. Finalmente, a candidata Vanessa Portugal fez uma explanação sobre as eleições, a crise do capitalismo e o projeto do seu partido para este momento. Logo após, nova rodada de falação. E finalmente, já passando das 16h, fomos brindados com um delicioso café bancado pelo subsede do Sind-UTE.

Como vou reproduzir parcialmente o conteúdo das falas e publicar fotos assim que me enviarem por e-mail, quero me limitar apenas a dizer que o encontro foi muito rico pela qualidade dos diálogos e reflexões. É muito importante que a categoria construa espaços no cotidiano para debates dessa natureza. Claro que no nosso dia-a-dia estamos construindo estes diálogos com as pessoas que encontramos - e isso se tornou uma realidade mais frequente após a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias, que criou uma subjetividade crítica nos mais variados ambientes da Educação pública em Minas. O nosso encontro, através dos/das camaradas presentes, expressou em parte este acúmulo da experiência e dos ensinamentos que retiramos do nosso movimento. Por isso mesmo agradeço a presença de todos os que participaram do nosso encontro.

Neste instante, quando chego no meu bunker, estou um pouco cansado, fisicamente falando. Vou terminar de escrever este texto, tomar um banho e tirar uma soneca. Mas, quando terminou o nosso encontro tive a sensação de que a nossa luta deixou sementes muito sólidas e não podemos deixar que as destruam. Tudo fará, o próximo governante, especialmente se for o afilhdo do faraó, para nos destruir. Não conseguirá! Pois, continuamos prontos e preparados para os novos combates. Um abraço a todos e firmes na luta!

* * *

"mora:

Atenção Euler. Conforme eu já havia anunciado no seu blog, a ADI 4167 que julga o PSPN já está pronta para voltar ao plenário. Mesmo sem querer ser muito otimista, acredito que o mérito da ação deve ser julgado até a 2ª quinzena de Outubro, uma vez que todos os trâmites já foram cumpridos. Repito, caso os ministros concordem com o relator Joaquim Barbosa e acatem o PISO como vencimento básico, o tal subsídio desmorona em Minas Gerais.

Eduardo Moraleida - Professor de História EFETIVO - Estadual Central/ BH.

Para acompanhar: www.stf.jus.br depois clicar em pesquisar e lançar o número da ação. Inté..."

Comentário do Blog: Caro colega Eduardo, estejamos atentos para essa possibilidade. Mais ainda: saibamos fazer uma escolha que não divida a categoria, que é tudo o que o governo do afilhado deseja. A lei do piso, como já dissemos aqui antes, deixou muitas brechas que favorecem os governantes e sacaneiam com os trabalhadores. Estejamos atentos também para o valor do piso em 2011, pois isso poderá fazer a diferença.


* * *


Incorporo ao texto central o comentário do nosso combativo colega e amigo Rômulo, já desejando melhoras e rápida recuperação para ele e sua filha. A participação do Rômulo no encontro, como a de todos os que compareceram, foi muito importante. Um abraço, camarada, e vamos estudar sua proposta.

"Rômulo:

Camarada Euler,
Peço desculpas pela minha "saída à francesa". Tive que sair ao meio dia pois precisava ir acompanhar minha filha no Hospital na parte da tarde, além de tá com uma gripe daquelas "sossega leão", os sintomas que estou sentindo estão próximos do que senti quando peguei malária em Rondônia.
O encontro foi histórico e na minha opinião merece um manifesto do tipo: "Carta de Vespasiano" ou "Manifesto de Vespasiano". É fato que foram poucos companheiros, mas ali brotou uma semente de um sindicalismo verdadeiramente de base, que se apoie nas massas trabalhadoras e que preze por sua independência política.
Por gentileza, avalie a proposta.

Abraços, Rômulo".


"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Rômulo

Faço votos pelo pronto restabelecimento de sua filha.
Mas entrando no assunto do Encontro, apesar de poucos que puderam ir, a semente está lançada. Temos de manter a ideia viva. E no próximo encontro, se Deus ajudar, não haverá mais aulas para repor, nem haverá professores muito cansados, meu caso, que tivemos uma jornada estafante nos dias 23 e 24 de setembro. E assim, poderemos comparecer também. Era o caso de espalhar a ideia pelas sub-sedes do SIND-UTE.

Agora, quando tudo está no começo, é natural que hajam poucos partícipes. Mas logo a ideia, Deus louvado, espalhar-se-á."
* * *

Um giro pelos blogs dos colegas professores:


- Mulher com Multifacetas: "Pior salário do Brasil alcança liderança em MG"


- Em Busca do Conhecimento:
"Debate em Minas: Costa diz que Anastasia é inimigo dos professores"


- Anderson: o matemático: "A VERDADE SOBRE ANASTASIA
"


- Sind-UTE Caxambu: "Construindo um Sindicato pela Base"
e "ANÁLISE DA ATUAL CONJUNTURA - Mobilização de 24 e 24 de setembro e Assembleia Estadual".



"João Paulo Ferreira de Assis :

Prezado amigo Professor Euler

Fico feliz de saber que o primeiro passo para uma união sólida entre nós já foi dado. Outras subsedes, como a de Barbacena, estão promovendo eventos, como o que será realizado dia 1º de outubro próximo para analisar várias imposições que o governo de Minas nos fez a nós e aos outros funcionários públicos, inclusive vão falar sobre os interesses que estão por trás da avaliação de desempenho. Há outros sindicatos patrocinando a iniciativa. Infelizmente não vou poder ir, pois exatamente na 6ª feira tenho aulas na Escola de Jovens e Adultos.

Mais do que nunca é preciso a união entre nós, pois os próximos quatro anos se nos afiguram difíceis. Observe o prezado amigo que onde Lula e Dilma chegou os candidatos do PT viraram: Mato Grosso do Sul, Paraná, Distrito Federal. E Mercadante poderá virar ainda no 2º turno. Hélio Costa pelo contrário sofreu a virada, porque a administração do Estado está com um pacote de bondades para quem adere e de maldades para quem não adere. Muitos prefeitos sabem que sem a boa vontade do Anastasia não conseguem nada, e aí se vendem. Por isso é necessário que reforcemos nossos laços a fim de podermos resistir juntos.

Uma ideia é submeter à apreciação da companheira Bia o congresso de sub-sedes do SIND-UTE. Veja, por exemplo aqui na minha região, há quatro municípios com superintendência própria: Juiz de Fora, Barbacena, São João Del Rei e Conselheiro Lafaiete. Carandaí, onde leciono divide com Cristiano Otoni (da SRE de C.Lafaiete) e Lagoa Dourada (da SRE de São João). E um pouco mais distante, Ubá. Um encontro desses devia ser realizado a cada ano numa subsede. Esses encontros serviriam por exemplo para captação de fundos para uma futura greve, que deverá ser preparada com antecedência. Os eventos seriam descentralizados. Poderiam ser cinco ou seis agrupamentos de SRE's, que elegeriam representantes para o Congresso do SIND-UTE.

Atenciosamente João Paulo Ferreira de Assis."



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Em ritmo de encontro e desencontros


Amanhã, 25 de setembro de 2010, é dia de encontro dos educadores em Vespasiano. Muito provavelmente não terá grande número de pessoas, já que as circunstâncias as mais variadas - reposição de aulas, realização de cursos pré-agendados, etc. - impedem que muitos dos nossos valiosos e combativos colegas participem. Mas, com os poucos colegas que comparecerem por lá travaremos o bom debate, como expressão do bom combate de idéias e de propostas.

A nossa categoria saiu recentemente de uma greve a qual batizei aqui no blog com o nome de "maravilhosa revolta dos 47 dias", por tudo o que este movimento representou para Minas e para os educadores em especial. É bom lembrarmos que até então, o faraó e afilhado reinavam absoluto no estado, sem qualquer oposição com força de mobilização social e política. E a nossa categoria amargou sete anos de achatamento salarial e com dificuldades para reagir.

A nossa revolta-greve de 47 dias desafiou o governo e os demais poderes constituídos, unidos para massacrar os trabalhadores assalariados e garantir a reprodução de políticas neoliberais de achatamento salarial e lucros para as empreiteiras, banqueiros e agronegócio. Desafiou também o consenso mediocreático, digo, midático, construído ao sabor do tilintar das 30 e tantas moedas.

Deste movimento, que (re)analisaremos amanhã no encontro, conquistamos novas tabelas salariais para janeiro de 2011, mas perdemos as gratificações como quinquênios, biênios e pó-de-giz. Tão baixo estava (e continua) o salário-base, o piso salarial dos educadores, que mesmo com tudo somado - salário base + penduricalhos - ainda assim não consegue alcançar os valores das novas tabelas salariais. Que estão muito aquém do que merecemos, diga-se. E além disso, representam mais um confisco: o do nosso tempo de serviço, já que a maioria dos servidores será posicionada no grau inicial do respectivo nível a que fizer jus na carreira.

Após o nosso maravilhoso movimento, o sindicato assinou um termo de compromisso com o governo como condição para voltarmos ao trabalho. Mas, o governo não cumpre boa parte do que assumiu, embora nós, educadores, estejamos cumprindo a nossa parte com a reposição das aulas. E o apertado calendário da reposição tem se revelado um obstáculo para qualquer ato até o final do ano.

Passamos todo o processo eleitoral sem conseguir realizar uma reflexão sobre a nossa atuação coletiva. Além disso, nos tornamos presa fácil para o ataque pulverizado do governo, como demonstram as demissões aqui e ali, as ameaças de remoção e o escancarado uso da máquina do governo em favor dos seus candidatos.

Claro que o acúmulo construído durante a nossa maravilhosa revolta não se dissipou feito pó. A greve criou referências, projetou dezenas de lideranças por todo estado, e passamos, ainda que intercalados por momentos de desânimo, a acreditar na nossa força e na nossa capacidade de mobilização. Força e unidade que não serão medidos por um ou outro ato ou manifestação, mas pelo conjunto da obra.

É sintomático o quanto o governo e sua poderosa máquina - bem como a oposição - tem dirigido o seu discurso para atrair os milhares de educadores. Porque nosso movimento chamou a atenção de Minas e de parcela do Brasil, demonstrando o quanto chegamos a uma situação de miserabilidade; e o quanto as carreiras da Educação estão desvalorizadas; e em consequência, dificilmente se poderá construir uma Educação de qualidade com base nessa realidade.

E se o discurso de uma Educação de qualidade não tem sentido além de palavras ocas para os governos, o mesmo não acontece para a população de baixa renda. E este é um ponto que ainda vamos ter que disputar com as elites no nosso cotidiano contato com a comunidade. Educadores bem remunerados e estimulados, escolas com laboratórios, bibliotecas e quadras de esporte; turmas com menor número de alunos, boa merenda e uma educação voltada para uma formação ampla e humanista - e não apenas para formar mão-de-obra para o mercado - fazem toda a diferença. Formar seres humanos críticos, pensantes. Mas, para isso é preciso que os próprios educadores sejam (sejamos) também críticos e capazes de pensar a realidade que nos cerca. O que é muito difícil com essa realidade massacrante, que nos engole, nos cospe, nos coloca para trabalhar em dois ou três cargos, nos ameaça disso e daquilo, nos cobra isso e aquilo enquanto não oferece condições adequadas de trabalho. Nos faz sentir isolados e impotentes e incapazes de reagir perante a poderosa máquina que rola sobre o nosso pescoço.

Contudo, contrariando toda essa corrente, provamos que, quando queremos, somos capazes de reagir individual e coletivamente, de lutar, de nos unir e de vencer o dragão do mal. O nosso encontro será mais um momento deste esforço de reflexão para a unidade e para a luta dos educadores por uma Educação de qualidade e consequentemente, por um mundo melhor. Amanhã, após o encontro, publicarei aqui uma síntese das discussões que esperamos poder repartir com todos os que visitam este blog. Um abraço a todos e força na luta!

Movimentações em curso em Minas e no Brasil


O texto de hoje não poderia ter outro título senão este, o de mostrar as movimentações em curso no estado de Minas e no Brasil. Durante o dia e agora a noite pude assistir, ler e até participar dessas - ou de algumas - movimentações. Cada um dos atores tentando imprimir um curso diferente para os cenários que vão sendo montados e desmontados.

Leio por exemplo que há dois atos de protesto marcados no eixo Rio-São Paulo. Neste, dezenas de blogueiros e militantes progressistas e de esquerda organizam um ato de protesto contra o golpismo da mídia. Aqui, do nosso blog, temos feito coro a este movimento, denunciando a desesperada tentativa da direita de impedir ou tentar reduzir a força popular de uma provável vitória da Dilma no primeiro turno.

No Rio de Janeiro, justamente num clube de militares da reserva, a direita golpista organiza um ato de protesto contra o que chama de autoritarismo e censura à liberdade de imprensa, só porque o presidente Lula criticou a mídia pelas matérias recheadas de denuncismo eleitoral. Para este setor da direita, o presidente pode ser criticado diariamente e deve ouvir tudo calado, oferecendo a outra face. Devemos estar atentos às movimentações desse setor que, de Getúlio a João Goulart, passando por Brizola e Lula, tem na linguagem do golpismo das mais variadas formas o seu instrumento de ação.

Aqui nas Minas Gerais, as movimentações são outras. Em Vespá, por exemplo, estamos mobilizando a militância para o nosso glorioso Encontro Metropolitano dos educadores, conforme o post abaixo indica. Várias pessoas confirmaram presença ao encontro, colegas de luta que tiveram participação decisiva na nossa maravilhosa revolta dos 47 dias. Muitos, entretanto, não poderão participar ou participarão um turno apenas, pois já tinham assumido outros compromissos para a data, incluindo a terrível reposição das aulas que confiscou praticamente todos os nossos sábados. Na próxima greve vamos ter que repensar essa reposição, pois, como disse uma combativa colega professora de História de São José da Lapa, os educadores estão sem tempo sequer para pensar e questionar o que vem acontecendo. Tempo livre é uma matéria-prima, digamos assim, fundamental para a nossa criatividade e reflexão crítica do mundo. Desde o nascedouro, o capitalismo procura destruir, minar o máximo que pode a capacidade de resistência do proletariado. Daí a importância histórica da redução da jornada de trabalho, sem redução de salários.

Além do nosso encontro, está em curso também a paralisação de dois dias convocada pela direção estadual do Sind-UTE, para os dias 24 e 25, com assembléia e manifestação às 15h no pátio da ALMG. O blog está indicando para quem puder participar, que o faça, em solidariedade aos colegas pelas bandeiras levantadas. Ao mesmo tempo que estamos solidários com a luta dos educadores, não nos furtamos de apresentar as nossas observações, como fizemos anteriormente. Na nossa avaliação, com o calendário de reposição em andamento será muito difícil mobilizar os educadores este ano para uma paralisação de dois dias. Motivos muito fortes teriam que justificar tal paralisação. Mas, enfim, somos donos apenas de um pedaço das verdades e cada qual tem a sua forma de ver o mundo e as coisas que nos cercam. Vamos pra frente.

Ainda no âmbito de Minas Gerais, duas ou três mensagens de e-mail, de diferentes partes do estado, dão conta de que a máquina do estado na área da Educação está em movimento em favor do afilhado e do faraó. Os ocupantes dos mais elevados postos da hierarquia têm convocado a categoria para tentar mostrar as vantagens da lei do subsídio e das novas tabelas. Num outro texto vou repassar aqui uma parte do teor das mensagens recebidas, obviamente que sem citar os santos e as santas, pois não tenho autorização para tal. Entre essas informações, uma delas diz respeito ao edital do concurso, que, segundo a fonte, sofreu um atraso na publicação em função de problemas burocráticos juntos ao TCE-MG. Será mesmo? Outras informações traremos depois.

Para se contrapor a esta movimentação do governo mineiro, setores ligados ao candidato do PMDB-PT têm divulgado cartas e mensagens apontando críticas ao afilhado. Entre estas cartas, uma delas é das centrais sindicais, que procura mostrar as ligações do candidato apoiado pelo faraó com as políticas neoliberais de achatamento salarial e toda a engenharia do choque de gestão em Minas e no Brasil.

Enfim, uns puxam pra lá, outros puxam pra cá, mas o fato é que nenhum de nós está neutro nessa história. Inclusive quando abdicamos de participar enquanto protagonistas da nossa própria história. Independentemente de quem estiver no governo, somos vítimas daquilo que individual e coletivamente permitimos que façam conosco. E colheremos aquilo que formos capazes de conquistar na luta. Há um longo espaço para as movimentações entre o inferno em que vivemos e o céu como limite.

* * *

Leiam também:


- Blog do Coletivo Fortalecer (SindRede - BH):"VERGONHA! Reajuste não foi votado por falta de quorum na CMBH"


- Blog Ocupação Dandara: "TORRES GEMEAS: O povo está na rua, Anastasia a culpa é sua"

***

Incorporo ao texto central o comentário da nossa combativa colega Vanda Sandim, de São João del-Rei e desde já agradeço a manifestação de apoio ao Encontro Metropolitano de Vespasiano.

"polivanda@gmail.com:

Oi Euler,
desejo força pra vcs no encontro de amanhã. Ficarei daqui torcendo e esperando notícias, já que não posso estar presente, inclusive porque estarei repondo greve.

Que deus ilumine vc e seus combativos parceiros que nos representam em classe e dignidade.

Parabéns a todos vcs e boa sorte!"

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A caminho do Encontro Metropolitano em Vespá


Indicações para chegar ao local do Encontro:

- Ônibus - BH - Célvia - 5815 Via Cristiano Machado - ou 5810 via Antonio Carlos:

- Saída do ponto em BH, na rua Carijós (esquina com Av. Olegário Maciel) - Centro:

- Alguns horários de sábado, saindo de BH, lembrando que o percurso BH-Vespá dura cerca de 60 minutos por causa das paradas. De carro este tempo cai para 35/40 minutos:

7h50m, 8h15m, 8h40m, 9h05m, 9h30m, 10h, 10h30m, 11h, 11h30m, 12h, 12h30m, 13h05m, 13h40m, 14h15m, 14h50m, 15h25m ...


- Preço da passagem: R$ 3,05

Fonte: http://www.der.mg.gov.br/transporte-da-rmbh

- Pedir ao trocador para descer no bairro Célvia próximo da antiga Funcap - na Av. Jorge Dias de Oliva esq. com a Rua São Paulo. Pegar a rua São Paulo (rua do quartel da PM) andar dois quarteirões e virar à esquerda (rua Rio de Janeiro). Andar mais um ou dois quarteirões até a escola. Pronto. Chegou!

- Pelo google, consulte também: "escola estadual nila faraj vespasiano mg"

- Se ficar perdido, ligue para a escola: 3621-2555



* * *

Como a agenda dos combatentes João Martinho e Carminha estava toda tomada durante o dia e a tarde de hoje tivemos que nos reunir agora a noite, depois do horário noturno nas escolas. Uma reunião rápida, de trabalho, repassando os informes e os encaminhamentos para a organização do nosso glorioso Encontro Metropolitano, a realizar-se no próximo dia 25, sábado, a partir das 9h, na EE. Nila Faraj, bairro Célvia (rua Rio de Janeiro, 1059), em Vespasiano, MG.

Nos informes inciais percebemos que muitos colegas de luta estão ocupados com a reposição das aulas. Mas, reforçamos aqui o convite para que participem pelo menos num dos turnos, já que o encontro tem previsão de começar às 9h e terminar por volta de 17h. Com direito a café da manhã, almoço e café da tarde e ainda por cima um brinde: uma garrafinha d´agua muito apropriada para os/as professores/as.

Os cartazes foram distribuídos nas escolas e dividimos a tarefa de enviar os convites por e-mail ou pessoalmente. Amanhã à tarde vou estar na subsede do sindute de Vespasiano e São José para contactar por telefone com vários colegas que perdemos o contato após a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias.

Entre os temas do encontro, destacamos: a avaliação da nossa revolta/greve, a lei do subsídio cujas tabelas entram em vigor a partir de 2011. E como vamos discutir o que vamos perder e ganhar, logo em seguida entra na pauta a construção de uma pauta de reivindicações para os educadores. A questão organizativa em seguida, e depois um debate sobre as eleições de 2010 com os candidatos ao governo que comparecerem.

Dadas às limitações que mencionei - do apertado calendário dos educadores -, somado às atividades organizadas pela direção Estadual do Sind-UTE para os dias 24 e 25, e também por uma demanda específica na rede Municipal de São José da Lapa - da qual fazem parte alguns combatentes da rede estadual que atuaram na nossa revolta dos 47 dias, ficamos sem a confirmação de quem e quantos participarão do encontro. Talvez até sexta-feira à noite tenhamos um quadro aproximado.

Mas, João Martinho, Carminha, Alex, Cláudia Luiza, Wladmir do Blog do COREU, Rômulo e eu já confirmamos presença no glorioso Encontro Metropolitano. Em outras épocas, uma reunião com essa quantidade de pessoas dava cadeia, ainda mais em se tratando de um encontro para discutir a organização e a luta de trabalhadores em educação contra os governos. Dezenas de outros colegas podem confirmar ou não a sua valiosa presença no encontro. Amanhã trarei novos informes.

* * *

Quando cheguei no bunker, já passava da meia-noite. Preparei primeiro uma rápida refeição - miojo com queijo derretido, orégano, azeite e molho de tomate e um feijão de três dias que eu esquentei. Um banquete, não é mesmo, pessoal? Não tive nem tempo de dar uma lida nos noticiários de agora a noite. Provavelmente a mídia continua atacando a Dilma, tentando forçar um segundo turno. Soube que houve debate dos candidatos ao governo de Minas na Rede TV. O problema é que o candidato apoiado pelo faraó praticamente comprou as eleições de Minas. Por onde quer que se vá é enorme o número de cabos eleitorais e o volume de propaganda. Aqui em Vespá mesmo, a propaganda é grande. Já o candidato do PMDB-PT, apesar do prefeito ser do partido dele, praticamente não se vê campanha em seu favor. Somente hoje durante a tarde anunciaram a presença da esposa do candidato com um caminhão de som que passou e um ônibus de apoiadores. Do meu bunker dá pra ver e ouvir tudo. Nem de longe se compara à vinda do faraó e afilhado, que mobilizou dezenas de carros de som e centenas de cabos eleitorais e seguranças.

A massificação da campanha na TV e nas ruas seguramente que contribui para criar um clima do "já ganhou" entre os eleitores indecisos e mesmo entre aqueles que já se decidiram por outros candidatos. O candidato fica tão em evidência, como algum produto que se divulga no mercado, que as pessoas acabam acreditando que ele está eleito. Ainda que na realidade estivesse bem atrás na preferência. Uma ajudazinha das pesquisas que são financiadas por grupos que apóiam os candidatos completa o cenário. Que de democrático tem muito pouco, já que a população entra na história como espectadora apenas.

Urge a cada dia a necessidade de nos colocarmos como protagonistas da nossa história, assumindo o poder de decidir os rumos do nosso presente e do nosso futuro. Por enquanto, parcela muito expressiva da população é vítima e beneficiária (pelo menos no imediato) das práticas urdidas para a manutenção do poder nas mãos das elites. Seja pela manipulação da mídia ou pela compra de votos, o fato é que a política e a democracia burguesa em especial se tranformam em um momento da legitimação de uma farsa. Cuja essência se consubstancia na renúncia inconsciente pela maioria da população de assumir o poder e transformá-lo em instrumento dos seus interesses sociais, de classe. Voltaremos a este ponto quando os meus olhos, já semi-cerrados, deixarem de apontar a direção da cama.

Até amanhã, ou, até hoje mais tarde, com novas informações.

* * *

Incorporo ao texto central os comentários do amigo professor Luciano. Depois, farei os comentários do blog.

"Luciano História:

Não querendo ser pessimista mas não acredito que o Anastasia vai modificar muita coisa na tabela que ele criou, o máximo vai ser posicionar cada um em sua letra e respeitar 1/3 no cargo de 24 horas. A lei do subsidio, o choque de gestão da política neoliberal foi criado entre outras coisas para diminuir as diferenças salariais entre mais novos e mais antigos pagando um valor abaixo do merecido, essa é a ideologia que os tucanos defendem não vão modificá-la tão cedo.Se o ciclo do capitalismo seguir de acordo com o previsto teremos a queda da política liberal só daqui 20 anos.Muitos falam que a esperança poderia vir do governo federal, porém, não podemos esquecer que vivemos em uma República federativa e portanto os Estados possuem uma certa autonomia.Piso de 1024,00 para 40 horas não resolve nada, além do mais com o corte de biênios e quinquênios e com um valor de apenas 2,5 de progressão e 10% de promoção mesmo se o governo federal determinasse que piso é piso , com o corte de tantas vantagens isso não faria tanta diferença."


"Luciano História:

Euler, analise as seguintes situações: os colegas que passaram em 2005 no último concurso vão ter que optar pela nova lei, os contratados também, os da lei 100 o governo deve obrigá-los, os que passaram em 2001 também em sua maioria devem optar pois a diferença salarial do subsídio em relação a quem tem poucas vantagens é grande, ou seja, ano que vem a maioria dos professores não terão quinquênio nem biênio.O governo deverá dessa forma continuar pagando um vencimento básico baixo para quem optar em permanecer na antiga carreira forçando a mudança da carreira. Mesmo que o governo federal determine que piso é apenas o vencimento básico, o governo mineiro vai alegar que a lei do subsídio está de acordo com o piso pois paga em um cargo de 24 o valor proposto por 40 horas e que valoriza o tempo de serviço com as progressões , então,para o governador quem quiser receber o piso é só optar pela lei do subsídio, por isso é que eu acho que o mais possível de se conseguir no máximo colocar todo mundo em sua letra( A, B, G, H) e 1/3 no cargo de 24 pois assim o governo falaria que está respeitando o extra classe e valorizando o tempo do que voltar a pagar o quinquênio para todos."

Comentário do Blog: Caro amigo Luciano, há muitas variantes em jogo. E não podemos considerar apenas aquilo que supostamente será o que o governante de plantão estará disposto a ceder. As nossas necessidades e disposição de luta também contam. Mesmo que não consigamos muita coisa no primeiro ano de governo, não podemos abrir mão de reivindicar aquilo que consideramos o mais justo do nosso ponto de vista. Com relação ao piso, é preciso aguardar o julgamento do STF e também o valor do piso no ano que vem para tomarmos uma decisão coletiva. Quando tivermos de posse de todos os elementos teremos condições de avaliar e decidir aquilo que representará a menor perda a curto e a longo prazos. De imediato, como temos 90 dias após o pagamento do primeiro subsídio (a partir do quinto dia útil de fevereiro de 2011), vamos receber os primeiros salários para depois decidirmos o que fazer. Mas, não resta dúvida que, na opção pelo subsídio, o reposicionamento de acordo com o tempo de serviço para todos (efetivos, lei 100 e contratados) constitui uma das principais bandeiras de luta.

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"Luciano História:

Tenho uma proposta que poderia ser interessante, 1650,00 o subsídio para o cargo de 24 horas com um 1/3 extra classe e posicionamento de todos de acordo com sua letra por tempo de serviço, todos deveriam optar por essa carreira para padronizar a classe. Essa medida valorizaria o inicio da carreira e não deixaria embora que de maneira tímida de valorizar o tempo de serviço. O que você acha disso caro amigo Euler? Será mais possível o retorno dos quinquênios ou adquirir esse subsídio?"

Comentário do Blog: É uma proposta razoável, Luciano, pois mantém um salário inicial razoável, sem aumentar a jornada de trabalho e recupera parcialmente o tempo de trabalho. Mesmo assim, não podemos perder de vista outras bandeiras, como a manutenção do índices do atual plano de carreira (22% para promoção e 3% para progressão), além, é claro, de observar o novo valor do piso e sua aplicação. Nesta última hipótese, a luta pelo quinquênio para todos será uma das prioridades.

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"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Nem sempre querer é poder. O evento da 2ª Jornada Mineira de Patrimônio Cultural (inventado pelo Faraó, pelo menos isso é uma boa coisa) vai me tomar muito tempo. Imagine que eu vou levantar às seis da manhã. Para viajar no Barbacena-Conselheiro Lafaiete de 6:30, que passa aqui cerca de 6:50. Depois vou para o 5º andar da Prefeitura de Carandaí, e lá ficarei ouvindo palestras e curso de museólogos do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). O curso durará de 8 à 17 horas. Inclusive fui dispensado das aulas por esse dia para poder comparecer ao evento. Depois à noite tem mais eventos, inclusive lançamento de livro. Euler, eu estou numa idade, 51 anos, em que o pique não é mais o dos 20 anos. Não sei se eu aguentaria depois de uma jornada dessas, ir para Lafaiete ainda que dormisse lá, mais uma viagem para BH, e depois a viagem de volta. Tive a prova em 26 de julho quando eu fiz um tour meio maluco, Ressaquinha-Barbacena, Barbacena-Leopoldina, Leopoldina-Ubá, e Ubá-Viçosa. Cheguei em cacarecos ao Viçosa Pálace Hotel. Durmi num bloco só. Depois fui para Mariana, no Ubá-Belo Horizonte. Portanto, convém não ''facilitar'', senão como terei ânimo para aturar reuniões escolares, que nossa escola programou?

Companheiros, não é desta vez que irei conhecê-los pessoalmente. Companheira Eliane, não faltará oportunidade de nos conhecermos."

Comentário do Blog: Entendo perfeitamente suas razões, amigo João Paulo. De fato, pelo que descreveu você chegaria muito cansado ao evento e creio que haverá muitas outras oportunidades para contarmos com a sua valiosa participação. Depois faremos um relatório das discussões e reflexões e publicaremos aqui no blog. Aporoveite bem a jornada de patrimônio cultural - pessoalmente gosto muito desse tema e já participei de algumas palestras e seminários a respeito, um deles inclusive em São João del-Faraó, promovido pelo Iepha e que durou dois dias. Foi muito bom. Só não concordo com essa história de que com 51 anos o pique já não é mais o mesmo que os de 20. Eu que já me aproximo de meio século de existência tô com o mesmo pique. Ou seja, continuo gostando de dormir bem tarde e levantar igualmente mais tarde, de tirar um cochilo depois do almoço e de passar o resto do dia conspirando contra o sistema. Assim, nem percebo quando ocorre eventualmente uma alteração na idade.