segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brigas domésticas que respingam nas escolas...


O nosso colega e amigo professor João Paulo apresentou uma sugestão de leitura do jornal O Tempo que o blog achou interessante colocar em destaque. Eis a mensagem do nosso colega João Paulo e em seguida o link do referido jornal com vários textos sobre as brigas dos pais na frente das crianças, que acabam se reproduzindo nas escolas.

"João Paulo Ferreira de Assis:

Prezado amigo Professor Euler

Queira desculpar-me a extrapolação, mas para o nosso próprio bem, é preciso que se leia a edição on-line de O Tempo, sobre a inconveniência de os pais brigarem na frente dos filhos, pois causa um grande trauma na criança, que se torna violenta e agressiva na escola. E muitas vezes nós levamos as sobras de uma briga conjugal entre os pais dos nossos alunos. Numa reunião de pais e mestres, alertei aos pais para que não brigassem perto dos seus filhos, pois além de causar sofrimento para eles intervia no comportamento deles na escola.
Não só devemos ler, mas espalhar para ver se acabamos com essa cultura da violência. "

Eis o link do jornal O Tempo online com os textos mencionados.

* * *



22 de Novembro: homenagem ao insubmisso João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata (1910), mais um dos muitos heróis do povo brasileiro. Cliquem aqui e conheçam um pouco dessa história.

* * *

Visitem também:

- S.O.S. Educação Pública:"GREVE - PORTUGAL
"
- Proeti no Polivalente: "PINTOR MINEIRO JOSÉ GERALDO OLIVEIRA: A ARTE EM TELA
"
- Mulher com Multifacetas:"Profissão professora
"
- Blog da Cris: "
O Sentimento"
- Sind-UTE MG: "
Sind-UTE/MG questiona Lei Delegada à Justiça
"

***
Incorporo ao texto central os comentários abaixo:

"Anônimo:

Olá Euler;

Sempre estou lendo o seu blog e comentários dos visitantes, hj quero concordar plenamente com último comentário do Luciano de História sobre as questões das horas dos cargos, um de 30 hr e outro de 24 hr é muito desgastante, observo isso com os professores na minha escola que possuem dois de 24 hr.

Eu tenho um de 24 hr efetivo e outro Lei 100 com 5 aulas, está razoável, conheço um professor que tem planos de exonerar um cargo para terminar o seu mestrado e fazer o doutorado, com dois cargos é quase impossível se dedicar ao mestrado ou doutorado numa federal, devido ao tempo de dedicação exigido nesses casos.

Uma possibilidade é criar outras opções de carga horária, já fui efetiva no Estado de SP, lá vc tem 3 opções carga mínima que é a que vc começa quando toma posse (15 aulas), intermediária e a máxima 40 horas. O professor teria que ter essas opções de carga horária, até para ter tempo durante o período de estudos.


Um abraço!
"

Comentário do Blog: De fato, dois cargos completos é algo realmente desgastante. Já trabalhei em duas redes com dois cargos distribuídos em três turnos e cerca de 20 diários para preencher. É realmente desgastante. Por isso, a jornada de 30 horas (20 de docência e 10 extraclasse), como lembra o colega Luciano, especialmente para quem tem somente um cargo (meu caso atualmente) é uma alternativa razoável. E de fato, professores de Matemática e de Português já cumprem essas 20 horas em sala de aula.

Mas, para quem tem dois cargos, embora a lei permite que um dos cargos seja de 30, é preciso levar em conta que a pessoa perderá, no cargo de 30, aquele dia extraclasse fora da escola, a que habitualmente se chama de "folga", mas que é de trabalho em casa - de correção de atividades, de planejamento de aulas, pesquisa, etc.

"Anônimo:

Euler, me tira uma dúvida. Quem ganha atualmente 935 reais, passará a ganhar 1320 reais? (a pessoa tem licenciatura plena, 9 anos, 1 quinquênio, 2 biênios). O governo começará a pagar no salário de janeiro ou fevereiro? E os efetivados terão direito a tudo o que está na lei?

desde já te agradeço

um grande abraço
".

Comentário do Blog: Caro Anônimo, pela nova tabela salarial, todos os professores (à exceção de quem não possua licenciatura plena ou formação equivalente) receberão, a partir do salário de janeiro de 2011, que é pago no quinto dia útil de fevereiro, o novo salário de R$ 1.320,00. Mas, quem, pela somatória de salários e penduricalhos, estiver recebendo salário bruto maior do que os R$ 1.320,00 será posicionado no grau correspondente à soma do referido salário (básico + penduricalhos) acrescido de 5%. Mas, o governo deve baixar resolução detalhando a aplicação das novas tabelas, inclusive para os efetivados da Lei 100, que até o momento não tiveram direito às promoções e progressões. Aguardemos.


"Paulo Prudêncio:

Acabei agorinha de ler a biografia do João Cândido que o companheiro Rômulo me emprestou. Detalhe: O camarada Rômulo só tem me dado ótimas dicas de leitura.

Negro da Chibata, a vida do mestre-sala dos mares. Escrita pelo jornalista Fernando Granato e lançada pela Editora Objetiva em 2000.

Excelente pesquisa. Livro riquissímo em detalhes sobre a vida e a luta do Almirante Negro. Gostaria de sugerir a leitura a todos os companheiros e companheiras.

Uma leitura contagiante que mostra uma vida de privações e sofrimentos intensos; e também o grande censo de justiça e liberdade do Almirante Negro.
"

"Anônimo:

Caro anônimo,
Haverá encontro de representantes de escolas, hoje, dia 24/11, às 18:00 horas na sede da cut, rua Curitiba, 786, 2an, centro, BH. Portanto, convide mais pessoas e vá a esse encontro esclarecer as suas dúvidas. É importante buscar as informações e repassá-las de forma fidedigna para o maior número de pessoas, para que juntos, possamos delinear uma nova estratégia de luta.
"


Atenção: aos interessados que queiram se inscrever para a designação em 2011, cliquem aqui (site da SEE-MG).

3 comentários:

  1. Olá Euler;
    Sempre estou lendo o seu blog e comentários dos visitantes, hj quero concordar plenamente com último comentário do Luciano de História sobre as questões das horas dos cargos, um de 30 hr e outro de 24 hr é muito desgastante, observo isso com os professores na minha escola que possuem dois de 24 hr. Eu tenho um de 24 hr efetivo e outro Lei 100 com 5 aulas, está razoável, conheço um professor que tem planos de exonerar um cargo para terminar o seu mestrado e fazer o doutorado, com dois cargos é quase impossível se dedicar ao mestrado ou doutorado numa federal, devido ao tempo de dedicação exigido nesses casos.
    Uma possibilidade é criar outras opções de carga horária, já fui efetiva no Estado de SP, lá vc tem 3 opções carga mínima que é a que vc começa quando toma posse (15 aulas), intermediária e a máxima 40 horas. O professor teria que ter essas opções de carga horária, até para ter tempo durante o período de estudos.

    Um abraço!

    ResponderExcluir
  2. Acabei agorinha de ler a biografia do João Cândido que o companheiro Rômulo me emprestou. Detalhe: O camarada Rômulo só tem me dado ótimas dicas de leitura.

    Negro da Chibata, a vida do mestre-sala dos mares. Escrita pelo jornalista Fernando Granato e lançada pela Editora Objetiva em 2000.

    Excelente pesquisa. Livro riquissímo em detalhes sobre a vida e a luta do Almirante Negro. Gostaria de sugerir a leitura a todos os companheiros e companheiras.

    Uma leitura contagiante que mostra uma vida de privações e sofrimentos intensos; e também o grande censo de justiça e liberdade do Almirante Negro.

    ResponderExcluir
  3. João Paulo Ferreira de Assis24 de novembro de 2010 às 21:31

    Prezado amigo Professor Euler

    São problemas para nós a carga horária que obriga o professor detentor de dois cargos a praticamente morar na escola, como a indefinição sobre qual a melhor atitude a tomar. Eu com 25 anos de magistério (na verdade menos, pois fiquei o 2º semestre de 1988 sem lecionar, bem como fevereiro e março de 1987)entendo que devo continuar na atual carreira, pois pelo que sei, a opção pelas 30 horas só será possível se houver turmas disponíveis. E o aumento anual, também só se dará se houver disponibilidade. Enquanto ficamos nesta indefinição, a gente vai morrendo aos pouquinhos com o desinteresse dos alunos, a indisciplina e outras coisas mais. Penso que esses problemas disciplinares tem a ver com a cultura de violência que os alunos presenciam não só em suas casas mas na comunidade. Certa vez eu cheguei numa sala, para lecionar o quarto horário. Tinha havido durante o recreio uma batalha de papel. Uma das bolas estava sobre a mesa do professor. Eu a desenrolei e vi um texto escrito. Uma professora havia dado como atividade que os alunos narrassem sua história de vida. O aluno rasgara a parte onde constava seu nome. E ali estava uma história de vida muito triste. Ele contava as surras que a mãe lhe dava quando ele ia nadar numa lagoa que uma empresa reservara para guardar os rejeitos do processo de fabricação do cimento. Narrou também a sua descoberta de que a mãe cometia adultério com um vizinho. Depois narrou a separação de seus pais, e sua vida errante junto ao pai, à avó e ao irmão. Por fim lamentou-se de que a mãe não se interessa por ele. Fiquei pensando que uma história de vida dessas bem que poderia justificar uma resistência à autoridade do professor, que assim leva as sobras por culpas que cabem a outros. Francamente era preciso que no quadro das escolas tivesse psicólogos que atenderiam esses alunos. Esta minha teoria de que há uma ligação entre os fatos, foi comprovada por um exemplo que eu ouvi num programa policial. Eu varava as madrugadas ouvindo a Afanásio Jazadi, na Rádio Capital, de São Paulo. Certo dia a PM paulista prendeu um estuprador. O repórter policial foi entrevistá-lo aos gritos, como ele sempre fazia com os bandidos. O bandido falando baixo narrou sua história triste. A mãe era prostituta e não tendo com quem deixá-lo, permitia que ele, criança, presenciasse o atendimento dela aos clientes. Aos 16 anos ele perdeu contato com ela. E em toda mulher ele projetava a figura materna, e estuprava por puro ódio. Eu percebi nas últimas perguntas do repórter que este se compadecera daquele infeliz, que provavelmente foi assassinado no cárcere. Eu me convenci que um passado de violências sofridas possa fazer um aluno se tornar francamente insubordinado. Que pesada cruz nós temos de carregar!
    Saudações, João Paulo Ferreira de Assis.

    ResponderExcluir