quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A vitória de Dilma e o futuro político do faraó e da ecocapitalista


No tabuleiro da política brasileira, não se sabe ainda qual será o posicionamento do faraó no segundo turno das eleições. Em palavras, ele diz que apoiará o candidato demotucano, partido ao qual pertence. Mas, já havia feito promessa semelhante no primeiro turno e todos vimos que na prática ele não apoiou o candidato indicado pelo tucanato de São Paulo.

Contudo, no segundo turno, o faraó pode ser convencido a entrar de cabeça na campanha do seu correligionário, em troca de uma participação de destaque num (im)provável governo demotucano na esfera federal. Teoricamente, isso seria um trampolim para a sua candidatura à presidência em 2014.

Entretanto, em política nem tudo é aquilo que parece ser. Aqui em Minas mesmo, tivemos um exemplo de como os políticos se usam e depois destroem e descartam o outro quando não precisam mais. A eleição para a Capital de Minas em 2008 ficou na história como exemplo de jogada infeliz do então prefeito petista. Na época, após 16 anos de administração do PT, o então prefeito deixou-se seduzir pela lábia do faraó e apoiou um candidato claramente ligado ao faraó, abrindo mão de lançar candidatura própria do PT.

Sonhava o então prefeito receber em retribuição o apoio do faraó para a disputa do governo de Minas ou para o senado nas eleições de 2010. O resultado não poderia ser pior. Se durante as eleições de 2008 os dois - o faraó e o então prefeito do PT - apareciam sempre juntos na campanha do prefeito eleito de BH, passada a eleição tudo mudou. Poucos dias após a vitória do atual prefeito de BH, um dos jornais de Minas que é controlado pelo clã do faraó desatou a atacar o ex-prefeito gratuitamente. E é bem provável que ali o ex-prefeito tenha se dado conta de que havia embarcado numa canoa furada.

Nas eleições deste ano, bem que o ex-prefeito tentou colar sua imagem a do ex-governador faraó, mas não conseguiu. Pelo contrário: a população de BH não aprovou as jogadas do ex-prefeito e descarregou votos na candidata da dita onda verde, até mesmo como protesto, inclusive pela omissão do PT de Minas nos últimos oito anos de (choque de) gestão do faraó e afilhado.

Talvez por experiênmcia própria, o faraó, que não é bobo é nada, e é neto de raposa política, sabe que as promessas do candidato a presidente demotucano podem ser tão sinceras quanto as prováveis promessas que ele fizera ao ingênuo ex-prefeito de BH. Serra, quando disputava o cargo de candidato à presidência dos tucanos com o faraó, não hesitou em lançar golpes baixos contra o faraó que, magoado, retribuiu com a indiferença durante a campanha eleitoral. O que o faria mudar de postura agora?

Uma vitória de Serra traria de volta ao cenário político todos os caciques do tucanato derrotados nas urnas - Tasso Jereissati, Artur Virgílio, entre outros - e fortaleceria o grupo de São Paulo, que manteve o governo do estado. Lula seria a principal liderança da oposição e o faraó simplesmente desapareceria neste cenário.

Por outro lado, do ponto de vista dos interesses políticos do faraó, uma vitória da Dilma projetaria o ex-governador mineiro como a principal liderança da oposição. Todos os caciques demotucanos estariam fora da jogada, a começar por Serra. O faraó teria tempo para tentar costurar alianças no Congresso Nacional e nos estados e com isso se fortalecer para vôos mais altos em 2014 ou em 2018, como candidato do centro-direita, preferencial das elites e da classe média falso-moralista.

Outro nome que correrá por fora - ou por dentro, dependendo dos acordos - é o da candidata ecocapitalista, que acumulou o chamado capital político de fatia razoável do eleitorado brasileiro. Se ela apoiar o Serra, por exemplo, em troca das mesmas promessas que serão feitas ao faraó, será anulada enquanto alternativa para 2014. Pior ainda: ficará desmoralizada. Por outro lado, se apoiar a Dilma, poderá manter o seu capital político, inclusive se apresentando como uma das responsáveis pela vitória da Dilma. Coisa que o faraó também poderá reivindicar indiretamente se não entrar na campanha de Serra pra valer.

Enfim, este é o jogo - ou parte dele - das elites, que negociam suas carreiras políticas ligadas aos projetos de dominação, enquanto nós, os de baixo, observamos e votamos por instinto naqueles que aparentemente proporcionarão maiores ganhos para os de baixo - ou evitarão maiores perdas. É dessa forma indireta que parcela dos de baixo tem se pronunciado, inclusive quando elege um Tiririca com um milhão e 300 mil votos, mandando um recado para as elites: já que nos fazem de palhaços, tomem um aí.

Por agora, a despeito dos lances e das jogadas feitas pelos quadros políticos das elites, para nós, os de baixo, é fundamental derrotar o projeto do atraso representado pela candidatura demotucana. Serra encarna FHC, privatizações, gás de pimenta em cima dos professores em greve, criminalização do movimento social, política internacional alinhada com os EUA e Israel no Oriente Médio, achatamento salarial, perseguição e corte dos direitos dos servidores públicos, além da macroeconomia neoliberal que beneficia a banqueiros e o agronegócio e que o PT infelizmente manteve intacta. Derrotar este projeto é a tarefa que se coloca para todos os assalariados de baixa renda do Brasil, entre os quais estão incluídos obviamente os três milhões de educadores do país. E no passo seguinte, lutar de forma autônoma para arrancar novas conquistas para os de baixo, como: melhores salários, redução da jornada de trabalho, democratização dos meios de comunicação, reforma agrária e urbana garantindo terra e moradia e sobrevivência com dignidade para os sem-terra e sem-teto, entre outras lutas específicas de cada categoria.

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Leiam também:


- Blog do COREU: "Quando baixarias e incompetências se nutrem mutuamente no palanque da ignorância" (Pedro Porfírio)


- Blog da Cris: "NÃO SE DEIXE ENGANAR NOVAMENTE
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- Blog Proeti no Polivalente: "SOBRE MARINA: SERÁ QUE ELA SE PINTOU DE AZUL TUCANO?"

- Blog Sind-UTE Caxambu: "Anastasia e o futuro dos trabalhadores em Minas"


- Blog Coletivo Fortalecer (Sind-REDE BH): "Plenária para rebater GOLPE DA PBH à saúde dos servidores!
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Um comentário:

  1. PROFESSOR LUCIANO DE CURVELO/MG

    TUDO BEM GUERREIRO? sabe eu sou um daqueles que curte opiniões inteligentes nestes blogues. Acompanho seu trabalho... Mas como tantos outros não me manifeto, porém nao sei porque senti vontade de dizer: este post dá uma bela peça de teatro... Já pensou nisso?

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