Outro dia assistimos na Rede Globo uma matéria sobre um professor de Geografia de São Paulo, que num dado momento, nitidamente alterado, teria desabafado contra a escola e contra quem estivesse por perto. Não chegou a agredir ninguém fisicamente, mas alterou o tom da fala, profundamente irritado ou stressado. Os apresentadores da Globo aproveitaram este recorte descontextualizado para dizer algo do tipo: tudo bem que os professores trabalham num ambiente de pressão, mas precisam aprender a se controlar.
Se tivéssemos uma mídia realmente comprometida com a boa informação, voltada para a formação crítica e a serviço da comunidade - e não de interesses de grupos empresariais e de governos -, ela teria apresentado tal acontecimento como reflexo direto das realidades em que vivem os educadores do Brasil, especialmente os professores.
Teria dito, por exemplo, que os professores são mal remunerados e que muitas vezes precisam trabalhar em duas ou três escolas; que lecionam em salas com 40 a 60 alunos; que lidam com uma realidade social de uma geração carente de afetividade, de famílias que se desestruturaram pela dinâmica do mercado capitalista, cujos pais sequer têm tempo para dar atenção aos filhos e que os professores acabam cumprindo múltiplos papéis - de pai, de mãe, de psicólogo, de conselheiro espiritual, e às vezes de mestre.
Finalmente, uma imprensa séria teria feito uma associação direta daquele fato com a situação vergonhosa da Educação pública no Brasil na modalidade ensino básico, especialmente nos estados mais ricos da Federação, como Minas Gerais e São Paulo, governados por demotucanos, e cujas realidades são sofríveis, para dizer o mínimo.
O stress apresentado pelo professor não é um caso isolado. Basta ver o número de profissionais da Educação em licença médica, com problemas de toda ordem, incluindo os problemas psicológicos. A carga de pressão que os educadores sofrem vem de todas as direções: das turmas superlotadas e agitadas, das direções das escolas, das superintendências, dos pais de alunos, das péssimas condições de trabalho, etc. Além, é claro, da pressão que vem de casa, sobretudo quando o educador é arrimo de família e sobrevive com salário-de-professor-de-Minas-Rio-ou-São-Paulo (assim mesmo, tudo junto).
E é dessa forma descontextualizada que a mídia brasileira aborda os principais problemas que nos atingem. É com essa lente reduzida - e sempre a serviço dos de cima - que ela trata, por exemplo, do problema dos sem-terra, dos sem-teto, dos trabalhadores em greve, sempre apontados como baderneiros e causadores de desordem. Não é a política voltada para beneficiar minorias privilegiadas, como os proprietários destes meios de comunicação, que é a causadora de prejuízos para milhões de pessoas. São as pessoas vítimas dessas políticas que são apresentadas como culpadas pelos problemas apontados: o professor, o sem-terra, o sem-teto, o grevista, enfim, todos nós, os de baixo.
A construção de meios alternativos de comunicação, capazes de se contrapor à mídia burguesa cada vez mais decadente, a exemplo do quarteto do mal - Veja-Folha de São Paulo-Estadão-Rede Globo e seus afiliados regionais, como Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia, etc -, torna-se uma necessidade premente. Pois essa mídia reproduz a cultura dominante das elites e ajuda a mantê-la, fazendo a cabeça inclusive de parcelas desavisadas dos de baixo. Não é a toa, por exemplo, que ainda se elegem candidatos como o faraó e o afilhado e seus deputados aqui em Minas e tantos outros afins por todo o Brasil.
Claro que a mídia não é o único instrumento a reproduzir essa realidade. Mas, tem um papel essencial na sua manutenção. Razão pela qual precisamos criar e fortalecer mecanismos alternativos, como os blogs, as rádios comunitárias e até a possiblidade de construir TVs realmente públicas, sob o controle direto das comunidades. Para que não ocorra mais a prática cotidiana da deformação da opinião e da consciência de quem acompanha essas mídias.
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Incorporo ao texto central o comentário do nosso combativo colega e amigo professor Sebastião Gonçalves, coordenador do Blog Em Busca do Conhecimento, que fica desde já autorizado a utilizar qualquer texto deste blog que desejar. E em seguida, transcrevemos o e-mail da nossa combativa colega Aparecida Flaviana (Cida)."Sebastião M. Gonçalves:
Bom dia Euler!
Como estou a um tempo, sem tempo pra escrever, kkk gostaria de postar esse arquivo seu no meu Blog. Esse material foi muito bem colocado. Nessa vida desenfreada de professor, todos já estamos cansados mesmo e precisando de apoio. Apoio que nunca vem. Pra ajudar ninguém ajuda, mas pra atrapalhar muita gente tem inclusive a mídia comprada pelos demotucanos!
Boa eleição pra todos nós Trabalhadores/as da Educação e que o resultado seje bom, pois se não for estaremos mais 4 anos sem perspectiva."
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"Aparecida Flaviana Lima:
"Aparecida Flaviana Lima:
Caro colega, estive ausente do movimento, e deste recurso, tive problemas com meu computador, internet, tel, salário de professor você sabe, às vezes não dá pra sustentar tudo. Quando alguma coisa estraga, é um deus nos acuda pra ter dinheiro pra essas despesas que nunca estamos praparados.
Mas voltando ao que interessa, eu fiquei revoltada com o final do nosso movimento e tinha prometido que iria esquecer que sou professora. Mãs não tem jeito. A nossa situação está cada vez pior, e pode crer, com [o novo] plano de carreira vai piorar ainda mais. O caso de São Paulo é um exemplo. Devemos nos mobilizar já. Como o governo não vai mudar, que tal mobilizar para não iniciarmos o ano letivo. Com este governo não devemos dar trégua. O seu blog pode fazer uma campanha de mobilização, inclusive incluir o estado de São Paulo. Vamos só esperar o resultado das eleições. Prometo engajar nesta luta com todas as minhas forças.
Mas voltando ao que interessa, eu fiquei revoltada com o final do nosso movimento e tinha prometido que iria esquecer que sou professora. Mãs não tem jeito. A nossa situação está cada vez pior, e pode crer, com [o novo] plano de carreira vai piorar ainda mais. O caso de São Paulo é um exemplo. Devemos nos mobilizar já. Como o governo não vai mudar, que tal mobilizar para não iniciarmos o ano letivo. Com este governo não devemos dar trégua. O seu blog pode fazer uma campanha de mobilização, inclusive incluir o estado de São Paulo. Vamos só esperar o resultado das eleições. Prometo engajar nesta luta com todas as minhas forças.
Com toda esta situação, exposta neste espaço, como este governo pode ser reeleito? Eu fui obrigada a votar em Helio Costa e fiz campanha contra Itamar na fila da votação. Gente, a nossa classe esta caindo em buraco sem tamanho. Os efetivados estão votando neste governo com medo da lei 100 cair. Outros estão acreditando no novo plano de carreira. Vai ser a maior ENGANAÇÃO.
Vejam: Eu tenho 15 anos de Estado, sou PEB3A, fui pra B, meu colega tem a mesmo situação e foi pra F. Estão vendo o que este governo está plantando. Na verdade, alguns recebem e outros não, a folha deve ficar sempre em um mesmo patamar. Cada contracheque tem um valor. Temos que divulgar esta situação. Não podemos ficar parados e nem focarmos a nossa luta contra o colega, mas sim contra o governo.
Abraços."
Vejam: Eu tenho 15 anos de Estado, sou PEB3A, fui pra B, meu colega tem a mesmo situação e foi pra F. Estão vendo o que este governo está plantando. Na verdade, alguns recebem e outros não, a folha deve ficar sempre em um mesmo patamar. Cada contracheque tem um valor. Temos que divulgar esta situação. Não podemos ficar parados e nem focarmos a nossa luta contra o colega, mas sim contra o governo.
Bom dia Euler!
ResponderExcluirComo estou a um tempo, sem tempo pra escrever, kkk gostaria de postar esse aquivo seu no meu Blog. Esse material foi muito bem colocado. Nessa vida desenfreada de professor, todos já estamos cansados mesmo e precisando de apoio. Apoio que nunca vem. Pra ajudar ninguém ajuda, mas pra atrapalhar muita gente tem inclusive a mídia comprada pelos demotucanos!
Boa eleição pra todos nós Trabalhadores/as da Educação e que o resultado seje bom, pois se não for estaremos mais 4 anos sem perspectiva.
A propaganda paga foi "liberada",contra a lei,que dizia que nas tvs e rádios só "seria" permitida no horário gratuito.Os políticos estão acima das leis?
ResponderExcluirÔ domingo horroroso sô! O Anastasia reeleito com uma votação muito maior do que imaginávamos. Lafaiete Andrada reeleito. Segundo turno para presidente. O velhote eleito para a 2ª vaga, mas também é bem-feito, quem mandou Pimentel se envolver com Aécio? Já me havia conformado. Mas o que me desgostou mais ainda foi ver que Minas levou o Serra para o 2º turno. Votar em Marina é igual votar em Serra. Agora com tantas videntes acreditando que Serra será o presidente, já começo a pensar que todos irão se unir contra a Dilma. Serra será o santo, o homem de bem. Dilma será o demônio, a ser abatido. Nunca pensei que 22 anos depois iria ver o Brasil repetindo minha Ressaquinha. De um lado um homem que uniu toda a direita em seu apoio. De outro lado, o PDT lançou um candidato. Aí começaram a dizer nas fazendas: o sr (fazendeiro) tem uma filha que ainda é uma criança inocente que vai cair nas mãos desses comunistas, se eles ganharem, Ressaquinha será uma Cuba. Vão expulsar o Padre Rubim. O Padre Jorge já voltou para a terra dele. O fulano vai fazer a reforma agrária e você vai ter que dividir seu gado, seus porcos, sua colheita. A senhora dona vai ter que dar metade das suas galinhas. O fazendeiro, tremendo de medo, deixou de votar num colega de afazeres rurais, fazendeiro conceituado, e compadre de seu pai, para votar no outro. E perdemos alto. Podemos ver que esse maniqueísmo irá se repetir. A Dilma não terá outro recurso senão correr atrás do apoio da Marina. Ela não tem alternativa. Se Marina se aliar a Serra, nós não teremos alternativa, pois a minha ideia da federalização da Educação Básica não poderá ser implementada. SERRA SERÁ RADICALMENTE CONTRÁRIO. E nossas esperanças serão procedentes APENAS SE ELEGERMOS DILMA PRESIDENTE.
ResponderExcluirDilma e Lula têm que explicar ao povo que o processo de eleição de um presidente têm que considerar várias questões: não apenas uma. Tem que se considerar que a vida de milhões de brasileiros melhorou, e que o projeto de continuação do bem estar que o Brasil vive atualmente não pode correr riscos, pois estão jogo duas concepções diametralmente opostas de administração pública.
Serão mais alguns dias de demonização de Dilma, que poderá ser derrotada. E até a divulgação da primeira pesquisa, será uma agonia. Queira Deus que não colocarão uma pesquisa com Serra na frente, para causar o efeito manada. É esperar para ver. Atenciosamente João Paulo.
Post Scriptum: escrevo ao som da Rádio Itatiaia, e vejo que Aécio terá uma bancada só sua em Brasília, à modo de ACM.
Mais quatro anos de Azia. Não aguento mais.Vamos travar nova batalha em fev/2011? Tô querendo. "Todos juntos somos fortes".
ResponderExcluirAbraços
Amigo Euler qual a identidade da Dilma com o PT ela algum dia foi trabalhadora ?
ResponderExcluirQual sindicato ela foi lider , qual cargo eletivo que ela concorreu ? foi deputada? senadora? qual a identidade da Dilma com o PT, além de se fantasiar de Lula sem bigode .
Para mim a derrota do PT e sua falta de identidade .
Caro amigo também anônimo!
ResponderExcluirNossa batalha foii perdida hoje, acredito que nao adiantará a gente fazer greve em fev/11, pois o afilhado do faraó venceu de forma humilhante pra nós!
Estamos mais 4 anos sem aumento!
Não é para desanimar POR FAVOR! Nós temos de procurar agora mais do que nunca a união, e apostarmos na ideia da federalização da Educação Básica, com os acréscimos sugeridos pelos companheiros Euler, Rômulo e Luciano. Aécio tem uma bancada só sua, cerca de 60 deputados, foi o que eu ouvi na Rádio Itatiaia ontem. É preciso irmos nas pessoas certas. A ideia se for bem patrocinada será boa. Senão vejamos: o Duarte Bechir (QUE ALIÁS VOTOU CONTRA NÓS EM TUDO) veio aqui em Ressaquinha, numa 2ª feira. Cheguei de Carandaí às 20:15, e fui ao antigo cinema. Lá estava o sr. Bechir a fazer propaganda, inclusive DIZENDO TER VOTADO A NOSSO FAVOR. Aí eu pedi a palavra e defendi que a Educação Básica devesse ser FEDERALIZADA. Um dos assessores, ex-prefeito de uma cidade da região do Bechir (me esqueci qual delas), me disse que a ideia é boa, e que a tendência era ser implementada. Penso que nós temos de dar o empurrãozinho. Ora, houve deputados da base do Anastasia que votaram a nosso favor. Que tal eles tentarem persuadi-lo a defender essa ideia numa frente de governadores? Não desanimemos, gente. As coisas não estão perdidas. Só estarão se Serra for ELEITO presidente. Aí sim, podemos considerar a guerra como perdida.
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