Diário de bordo - 02.03.2010 Chuva, Aécio e cositas outras
Manhã de terça feira, cai uma chuva fina que produz um tempo gostoso, manhoso. Bom para dormir, para ler, para comer, para ver um filme e tantas outras coisas boas que a imaginação e a realidade possam alcançar. Na vida política, o grande destaque é o crescimento da candidatura Dilma Roussef. Os demotucanos, desesperados, tentam envolver Aécio Neves na chapa de Serra, como vice deste. Logo eles, que sacanearam com o governador mineiro quando este pleiteava a candidatura a presidência da república. A turma do Serra alfinetou Aécio enquanto pode, para tentar fazê-lo desistir da candidatura a presidência. Ou pelo menos, para mantê-lo como um candidato sem chance, que servisse de escudo para um Serra que seria poupado das críticas. Mas, Aécio é neto de Tancredo e de bobo ele não tem nada. Sacou a jogada, retirou sua candidatura e deixou Serra sozinho do cenário nacional, transferindo sua atenção para o cenário de Minas, onde uma candiatura ao senado é praticamente garantida.
Serra isolado, disputando com Dilma, é a personificação da disputa dos governos FHC x Lula. Ou seja, Dilma leva a melhor, por mais que a mídia demotucana (Veja, Folha de S.Paulo, Globo, etc.) queira produzir factóides contra a mãe do PAC. - para alguns, a mulher do Lula. O Nordeste em peso vota em quem Lula indicar. Minas, terra da Dilma, com Aécio fora do cenário nacional, deve votar em peso na Dilma. No Sul e em SP, ainda que haja uma divisão, não é suficiente para mudar a diferença em favor da candidata do Planalto. O Rio é Dilma, claro.
Aécio, antes criticado pela imprensa de Serra e FHC, é apontado agora como o salvador da pátria, o nome ideal para ser o vice de Serra e proporcionar-lhe a vitória. Mas, Aécio não é bobo. É neto de Tancredo, que, no dizer de alguns políticos, tirava a meia do pé sem tirar o sapato. Eu conheci Tancredo pessoalmente, quando ele esteve na minha cidade e também num almoço em BH, na casa de um empresário, convidado que fui como editor de um jornal que mantinha há algumas décadas atrás. Político conservador, extremamente hábil com as palavras, mestre em dizer aquilo que as pessoas gostam de ouvir, sem assumir compromisso algum. Quando terminou o almoço ele dirigiu-se para o carro onde o motorista o aguardava e ofereceu carona para o dirigente do PMDB da minha cidade e a mim também, tratando-me como se fosse um conhecido de longa data. Isso foi antes da campanha das Diretas-já. Tancredo tinha um pé no governo de Minas, mas já sonhava com a presidência. Sabia que, naquele momento, num pleito direto, dificilmente ele venceria o Brizola ou o Lula. Mas, o destino o colocou no centro da vida política quando a emenda das Diretas-já não passou no Congresso e Tancredo se tornou o nome de consenso da oposição para concorrer à presidência numa eleição indireta, via Congresso Nacional. Foi eleito, mas não tomou posse, pois faleceu bem às vésperas.
Este filme deve passar pela mente de Aécio quando a turma demotucana tenta empurrá-lo para vice de Serra. Ele sabe que é fria, que não é este o seu momento para o vôo mais alto. Se eleito senador, coisa praticamente assegurada, Aécio terá oito anos de mandato, podendo disputar a presidência ou o governo de Minas daqui a quatro e daqui a oito anos. Por que correria o risco de se enterrar junto com um Serra em final de carreira, quando tudo aponta para a vitória de Dilma? Aguardemos, então, o desenrolar dessa novela, que vai esquentar, podem acreditar, pois as elites mais atrasadas não aceitam a vitória da candidata de Lula e deve intensificar a produção de factóides e terrorismos emocionais para tentar enfraquecer a candidata Dilma. Isso, até agora não surtiu efeito. Mas, estejamos atentos aos acontecimentos. Enquanto isso, a chuva fina cai e eu aqui, redigindo este texto já pensando na comida quentinha e saborosa que minha mamãe prepara e já sonhando ao mesmo tempo com o momento seguite, um leve sono, um filme e depois o batente noturno, de costume. É assim, nós, os de baixo, com nossas metas simples, enquanto outros almejam governos e presidências da república. Bye, bye e até mais ver.
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