terça-feira, 21 de setembro de 2010

O debate foi morno, mas mencionou pontos importantes


O debate entre os candidatos ao governo de Minas, que ocorreu agora a noite na TV Record, foi marcado pela previsibilidade das respostas, com alguns momentos de revelação das realidades mineiras.

Antes, porém, destacamos e criticamos aqui, novamente, a ausência injustificável dos candidatos Fábio Bezerra e Vanessa Portugal, que não foram convidados e portanto não puderam dar um tempero diferente ao debate. São os limites da democracia existente no Brasil e mais ainda em Minas Gerais.

Outro dado negativo diz respeito ao horário do debate, às 23h, o que torna impossível para quem acorda às 6h da manhã acompanhá-lo. O ideal seria que estes debates acontecessem às 21h, no máximo, e também que aceitassem as perguntas dos eleitores via sorteio, e não apenas de jornalistas, muitos dos quais são, como Carlos Viana, claramente a favor do projeto neoliberal do faraó e afilhado.

Dos quatro participantes, não houve propriamente um "vitorioso", mas desta vez, pelo menos, os candidatos do PMDB-PT e o do Psol apontaram críticas substanciais ao Governo mineiro, coisa que não vinha acontecendo. O candidato do PMDB-PT, por exemplo, criticou a construção da Cidade do Faraó (também conhecida como Cidade Administrativa) quando deveria se priorizar a Saúde e a Educação e demais áreas sociais - disse ele.

Em outro bloco, o candidato do PMDB-PT falou sobre os gastos do governo de Minas com publicidade na mídia: R$ 800 milhões. Já o candidato do Psol disse que nas contas dele este gasto ultrapassa a R$ 1 bilhão de reais. Ele indagou ao governador-afilhado sobre os planos que este teria para a Educação, lembrando da greve de 47 dias (também conhecida como revolta dos 47 dias). O afilhado do faraó disse aquilo que tem sido repetido nos últimos sete anos: que o governo colocou o pagamento em dia, paga o 13º em dia, criou o prêmio de produtividade e finalmente citou as novas tabelas salarias dos educadores para o próximo ano. Mas, tanto ele - o afilhado - quanto o candidato do Psol não mencionaram o confisco dos quinquênios, dos biênios, do pó-de-giz, a redução nos percentuais de promoção e progressão, etc.

Num outro momento o candidato do PMDB-PT mencionou estes cortes e disse que era preciso pagar o piso profissional de R$ 1.312,00 sem precisar fazer estes confiscos das gratificações. Pelo menos no discurso, o candidato do PMDB-PT enfatizou que vai dar total prioridade às pessoas e não às obras faraônicas.

Já o afilhado demonstra que foi bem treinado para os debates, pois tem resposta pronta para tudo, sem grandes emoções, mas articulando dados e promessas ao belprazer. Sobre a Educação pública, por exemplo, além de elogiar o desempenho do ensino em Minas, disse reconhecer que é preciso pagar melhor aos educadores. Mas, aí vem aquela velha e conhecida história dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. E voltou a dizer que é professor, é filho de professora e que a Educação tem nele um aliado. Involuntariamente talvez tenha deixado escapar aquilo que é muito comum entre os professores e professoras, que as vezes educam bem os filhos dos outros, mas esquecem de cuidar dos seus. Mas, não sejamos maldosos: a mamãe-professora do afilhado seguramente nada tem a ver com a opção que ele fez por políticas neoliberais, baseadas em achatamento salarial dos servidores, meritocracia típica da concorrência de mercado, etc.

O debate, portanto, com os limites apontados, dificilmente mudará o resultado das urnas de 03 de outubro. Mas, o resultado que sairá das urnas dificilmente pode ser previsto hoje, já que há ainda um certo equilíbrio de forças, embora a máquina pró-afilhado seja bem mais robusta do que a do candidato do PMDB-PT. E como toda a mídia é dominada pelo faraó, resta saber que peso terá a figura do presidente Lula com o esforço de associação com a campanha do candidato do PMDB-PT.

Finalmente, para não dizer que não falamos nada do candidato do PV, a impressão que se tem é que ele está se promovendo para outros vôos, talvez para disputar alguma prefeitura daqui a dois anos, e ainda por cima aproveita para divulgar a candidatura de Marina Silva fazendo média com as elites ao repetir o coro do segundo turno para presidente. Que, ao que tudo indica, mesmo com as denúncias e factóides de última hora, não haverá. Dilma deve levar de primeira, para o ódio do quarteto diabólico da mídia golpista - Veja-Globo-Folha-Estadão.

Aguardemos agora os novos episódios do circo eleitoral, onde nós, os de baixo, temos o direito de assistir e de escolher aqueles que, em maior ou menor grau, estarão a serviço das mesmas forças que dominam as máquinas que rodam, rodam e rodam... sobre os nossos pescoços. Amém.

* * *

Debate entre candidatos a presidente no campo da esquerda: Nesta terça-feira (21) a partir das 21h ocorre o debate dos presidenciáveis de esquerda, promovido pelo jornal Brasil de Fato. O editor do Blog estará em sala de aula neste horário, portanto não poderá assistir ao debate. Mas, quem quiser acompanhar o debate clique aqui e assista na página do Jornal Brasil de Fato.

Comentário do Blog sobre a nota acima: Ainda vamos discutir aqui no blog esta coisa de "campo da esquerda". Do mesmo modo que há um grupo de blogueiros se autointitulando "blogueiros progressistas" - o que é um direito deles, claro. A chamada esquerda virou uma coisa tão ampla que dependendo de quem se considere de esquerda eu me auto-excluo automaticamente desta mistura. E "blogueiro progressista" eu não sou mesmo! Não vi nenhum deles criticando o faraó e o afilhado. Para a maioria deles, o mundo se resume em Serra, Dilma e Lula. E São Paulo é a Capital do planeta. Aí não dá, né, Mané?!

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