sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Em ritmo de encontro e desencontros


Amanhã, 25 de setembro de 2010, é dia de encontro dos educadores em Vespasiano. Muito provavelmente não terá grande número de pessoas, já que as circunstâncias as mais variadas - reposição de aulas, realização de cursos pré-agendados, etc. - impedem que muitos dos nossos valiosos e combativos colegas participem. Mas, com os poucos colegas que comparecerem por lá travaremos o bom debate, como expressão do bom combate de idéias e de propostas.

A nossa categoria saiu recentemente de uma greve a qual batizei aqui no blog com o nome de "maravilhosa revolta dos 47 dias", por tudo o que este movimento representou para Minas e para os educadores em especial. É bom lembrarmos que até então, o faraó e afilhado reinavam absoluto no estado, sem qualquer oposição com força de mobilização social e política. E a nossa categoria amargou sete anos de achatamento salarial e com dificuldades para reagir.

A nossa revolta-greve de 47 dias desafiou o governo e os demais poderes constituídos, unidos para massacrar os trabalhadores assalariados e garantir a reprodução de políticas neoliberais de achatamento salarial e lucros para as empreiteiras, banqueiros e agronegócio. Desafiou também o consenso mediocreático, digo, midático, construído ao sabor do tilintar das 30 e tantas moedas.

Deste movimento, que (re)analisaremos amanhã no encontro, conquistamos novas tabelas salariais para janeiro de 2011, mas perdemos as gratificações como quinquênios, biênios e pó-de-giz. Tão baixo estava (e continua) o salário-base, o piso salarial dos educadores, que mesmo com tudo somado - salário base + penduricalhos - ainda assim não consegue alcançar os valores das novas tabelas salariais. Que estão muito aquém do que merecemos, diga-se. E além disso, representam mais um confisco: o do nosso tempo de serviço, já que a maioria dos servidores será posicionada no grau inicial do respectivo nível a que fizer jus na carreira.

Após o nosso maravilhoso movimento, o sindicato assinou um termo de compromisso com o governo como condição para voltarmos ao trabalho. Mas, o governo não cumpre boa parte do que assumiu, embora nós, educadores, estejamos cumprindo a nossa parte com a reposição das aulas. E o apertado calendário da reposição tem se revelado um obstáculo para qualquer ato até o final do ano.

Passamos todo o processo eleitoral sem conseguir realizar uma reflexão sobre a nossa atuação coletiva. Além disso, nos tornamos presa fácil para o ataque pulverizado do governo, como demonstram as demissões aqui e ali, as ameaças de remoção e o escancarado uso da máquina do governo em favor dos seus candidatos.

Claro que o acúmulo construído durante a nossa maravilhosa revolta não se dissipou feito pó. A greve criou referências, projetou dezenas de lideranças por todo estado, e passamos, ainda que intercalados por momentos de desânimo, a acreditar na nossa força e na nossa capacidade de mobilização. Força e unidade que não serão medidos por um ou outro ato ou manifestação, mas pelo conjunto da obra.

É sintomático o quanto o governo e sua poderosa máquina - bem como a oposição - tem dirigido o seu discurso para atrair os milhares de educadores. Porque nosso movimento chamou a atenção de Minas e de parcela do Brasil, demonstrando o quanto chegamos a uma situação de miserabilidade; e o quanto as carreiras da Educação estão desvalorizadas; e em consequência, dificilmente se poderá construir uma Educação de qualidade com base nessa realidade.

E se o discurso de uma Educação de qualidade não tem sentido além de palavras ocas para os governos, o mesmo não acontece para a população de baixa renda. E este é um ponto que ainda vamos ter que disputar com as elites no nosso cotidiano contato com a comunidade. Educadores bem remunerados e estimulados, escolas com laboratórios, bibliotecas e quadras de esporte; turmas com menor número de alunos, boa merenda e uma educação voltada para uma formação ampla e humanista - e não apenas para formar mão-de-obra para o mercado - fazem toda a diferença. Formar seres humanos críticos, pensantes. Mas, para isso é preciso que os próprios educadores sejam (sejamos) também críticos e capazes de pensar a realidade que nos cerca. O que é muito difícil com essa realidade massacrante, que nos engole, nos cospe, nos coloca para trabalhar em dois ou três cargos, nos ameaça disso e daquilo, nos cobra isso e aquilo enquanto não oferece condições adequadas de trabalho. Nos faz sentir isolados e impotentes e incapazes de reagir perante a poderosa máquina que rola sobre o nosso pescoço.

Contudo, contrariando toda essa corrente, provamos que, quando queremos, somos capazes de reagir individual e coletivamente, de lutar, de nos unir e de vencer o dragão do mal. O nosso encontro será mais um momento deste esforço de reflexão para a unidade e para a luta dos educadores por uma Educação de qualidade e consequentemente, por um mundo melhor. Amanhã, após o encontro, publicarei aqui uma síntese das discussões que esperamos poder repartir com todos os que visitam este blog. Um abraço a todos e força na luta!

Um comentário:

  1. Bom dia Euler.
    espero que o encontro de hoje seja um sucesso, apesar dos contratempos. Hoje haverá uma sabatina aos candidatos, promovido pelo jornal O Tempo. Os internautas poderão enviar sua perguntas. Ja enviei a minha( apesar de nao estar inspirada, depois de uma semana de trabalho). Sobre o encontro do Sindiute em João Monlevade, voce sabe alguma coisa? So tive noticias desencontradas, porem me disseram que o encontro nao aconteceu por intransigência de MAURY TORRES, O CANDIDATO QUE MAIS LUTA PELOS EDUCADORES MINEIROS( PARA QUE ELES AFUNDEM MAIS E MAIS.....).sabendo de algo nos comunique pois ficamos aqui mas espiritualmente estamos ai, junto a voces na luta da massa contra esta maquina que quer nos esmagar( mas nao conseguirá jamais!!!!!!)

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