Governador de Minas recebe vaias em Monlevade. A mídia mineira e nacional não viu. Quando Dilma foi vaiada em cidade do Norte de Minas, virou manchete nacional.
De acordo com os relatos colhidos pela Internet - inclusive aqui no blog -, o governador de Minas teria realizado visita de apoio a um candidato dos tucanos na cidade de João Monlevade. Segundo esses informes, o governador teria abreviado sua passagem naquela cidade, em função das vaias que recebera dos profissionais da Educação e de estudantes.
Duas coisas pelo menos nos chamam a atenção: primeiro, no estado considerado, na propaganda, com a melhor educação do Brasil (ou seria do mundo?), os profissionais da Educação não estão satisfeitos. E nem poderiam estar, obviamente, pois o atual governo e o do seu padrinho político retiraram TODOS os direitos dos professores e demais educadores, incluindo o direito ao piso salarial nacional. Os educadores tiveram sua carreira destruída, o piso burlado, o salário confiscado e congelado até 2016. Um professor com curso superior hoje, em Minas, recebe dois salários mínimos como salário total, sem qualquer outro direito ou gratificação. Tenha este professor um dia de serviço ou 10 anos de estado, ele continuará sobrevivendo com dois mínimos, sem qualquer perspectiva de avanço sério e digno na carreira. Mas a propaganda paga diz que Minas produz a melhor educação pública do mundo, e que o estado já paga até mais do que o piso salarial, e que o paraíso perdido é aqui.
Mas um numeroso grupo de educadores de Monlevade, juntamente com os estudantes, ao que parece, demonstraram que ainda não descobriram este paraíso perdido. Talvez porque esteja perdido mesmo. Ou melhor: nós, profissionais da Educação, perdemos todos os nossos direitos, todas as gratificações, o nosso plano de carreira e tudo mais. Quem ganhou com isso? Perguntem aos desembargadores, aos jornalistas de aluguel, as empreiteiras e os banqueiros, aos deputados, se eles estão insatisfeitos com seus ganhos e proventos. Talvez eles sim, estejam vivendo no paraíso da republiqueta de Minas e do Brasil.
Contudo, para a mídia comprada a peso de ouro, estamos reclamando de barriga cheia. Minas tem a melhor educação do mundo. O faraó e seu afilhado investiram muito na Educação. Pagam até mais do que o piso - é o que dizem. Ah, o piso, aquela lei federal para inglês ver, que foi produzida pelo governo Lula para enganar os educadores e criar a doce e falsa ilusão de que finalmente, após décadas, os profissionais da Educação seriam valorizados? Quanta ilusão se vive neste país da fantasia.
O outro dado que nos chamou a atenção foi o silêncio mais uma vez cúmplice da mídia mineira e nacional. Quanta canalhice. Quando Dilma foi merecidamente vaiada por professores das universidades federais - sempre os professores, tão adorados em discursos ocos dos políticos e maltratados por seus governos -, a mídia mineira e nacional tratou de dar destaque ao fato. Dilma foi vaiada na cidade de Rio Pardo de Minas, e no lugar de uma festa de recepção, colheu vaias e desgosto. Mereceu, pois prometeu em campanha investir seriamente na Educação. Não cumpriu. O governador de Minas nem sequer prometeu coisa alguma aos educadores, pois parece ter transformado essa categoria em alvo permanente de ataque. O atual governador, afilhado do senador pelo Rio de Janeiro, tal como este, trata os educadores como uma espécie de missão fanática: operação destruir tudo, para o bem das empresas privadas de educação, das empreiteiras e outros interesses, e para a desgraça geral de muitas gerações de crianças e jovens e adultos que cada vez mais se tornam alvo fácil do crime organizado. Sem perspectiva de futuro, o presente se torna o inferno em que vivemos. Até o cafezinho está proibido para os educadores.
Por isso, talvez, os bravos educadores de Monlevade foram para as ruas protestar. Pelo piso que o governador não pagou; pela destruição do plano de carreira; pelos sistemáticos confiscos salariais - como o que ocorreu em 2011, quando 150 mil educadores tiveram seus salários cortados por terem optado pelo antigo plano de carreira, sendo obrigados, por lei, a voltar para o subsídio sem receberem o que o governo cortou.
Mas, Minas é assim. Sem mídia, sem justiça, sem ministério público, sem parlamento, sem perspectiva de futuro para os educadores e alunos, vivendo de aparência. Mostrando ao mundo aquilo que não faz, e o que não é. Não fosse a Internet e sequer saberíamos que numa certa cidade mineira, cujo candidato a prefeito apoiado pelo grupo do faraó é filho de um membro do tribunal de contas, cargo que recebera, talvez, como prêmio pelos relevantes serviços prestados... ao governo de Minas, inclusive... Naquela cidade, um grupo de educadores e alunos foram para as ruas protestar contra a presença do governador. E a mídia não viu. E nós aqui registramos para a história da humanidade mais este capítulo de um tempo que será certamente revisitado em outras épocas. Quando certamente vão rir - ou quem sabe chorar? - do que se passa neste território chamado Minas. Oh, Minas!
Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!