terça-feira, 5 de outubro de 2010

"El mañana es nuestro, compañero"


Devo ter lido essa frase em alguns livros, ouvido em canções de protesto e visto em algum filme: "O amanhã é nosso, companheiro!". Muitas vezes, em resposta a esse pensamento, escrevi textos em desabafo, dizendo: não quero o amanhã, quero o hoje, o momento. Nas fileiras dos militantes e pensadores revolucionários, comunistas, anarquistas, socialistas e afins, a idéia de que o amanhã será nosso é muito forte.

Todos nós, mesmo no mundo da religião - aliás, em nenhum outro ambiente esta idéia é mais forte do que na religião - fomos educados a acreditar que amanhã conquistaremos o reino do céu, em oposição ao inferno terreno. Manter o sonho aceso em relação ao futuro é parte de uma ideologia, de uma crença até, essencialmente humana, de que apesar dos pesares, tudo será diferente num outro momento.

Mesmo os filósofos materialistas e dialéticos, ainda que céticos em relação às crenças que transcendem o mundo da materialidade, acreditam na transformação, na luta dos contrários e no permanente movimento que provoca mudanças na natureza e na vida social - ou em ambas, vistas enquanto natureza humanizada.

Fiz esse preâmbulo para explicar que, como lembra o nosso colega João Paulo no post abaixo, a luta tem que continuar. Mesmo porque, pessoal, no cenário eleitoral, os resultados já estavam mais ou menos previstos. A vitória dos candidatos demotucanos em Minas não era nenhuma novidade. Durante os últimos oito anos o faraó e afilhado reinaram absoluto, inclusive com a apoio ou omissão da oposição. O único movimento que num lapso de tempo questionou, balançou as estruturas de Minas e enfrentou de frente esse domínio quase absoluto foi a nossa maravilhosa revolta dos 47 dias.

E este movimento nos legou alguns ensinamentos, entre outros, para os quais precisamos estar atentos: 1) que é com as nossas próprias forças que podemos contar, embora tenhamos que ampliar o leque de apoio às nossas lutas, 2) que a união dos trabalhadores é fundamental para combater e vencer os inimigos, 3) que a resistência e a luta organizada contra os ataques dos governos é a única forma de nos defendermos, e 4) o próprio governante e a sociedade aprendem a respeitar uma categoria que também aprendeu a se respeitar.

Nossa luta não está dissociada de tudo o que acontece no nosso meio, inclusive nas eleições. Nossa participação revelou-se tímida, entre outros motivos porque, como acontece com todos os cidadãos brasileiros, somos chamados apenas a apoiar e a votar naquilo que nos apresentam. Não ajudamos a construir as candidaturas, os programas, os projetos e a nós resta apenas escolher entre o leque das limitadas opções que eles nos colocam. Eles, eu disse, não nós. Devemos refletir sobre isso nos próximos embates nos cenários eleitorais.

Mas, no cenário atual, precisamos fazer escolhas com o que está dado. No segundo turno não resta a menor dúvida que entre as candidaturas Dilma e Serra devemos nos mobilizar para a derrota do candidato demotucano, que representa o que há de pior para a classe trabalhadora, especialmente para a população de baixa renda.

Aqui em Minas, vamos aguardar os primeiros sinais do velho-novo governo eleito enquanto nos organizamos e organizamos uma reflexão coletiva da nossa luta. Temos demandas em curso, como lembrou o colega Luciano no post abaixo: as novas tabelas para janeiro de 2011, o terço de tempo extraclasse, a luta pelo reposicionamento de acordo com o tempo de serviço de cada um e a luta pela manutenção dos índices de promoção e progressão do atual plano de carreira, entre outras bandeiras. Isso sem falar na luta pela federalização da Educação básica, defendida pelo colega João Paulo e que conta com o nosso apoio, também.

Por isso, camaradas, não sei se o amanhã será nosso; mas, no momento, devemos continar prontos para o combate, para a luta, e quem sabe assim construiremos um presente e um amanhã diferentes.

* * *


Incorporo ao texto central os comentários dos nossos combativos colegas professores Luciano e João Paulo, que tratam sobre a política de subsídio implantada em Minas, entre outras análises. Ao colega João Paulo acrescento apenas que, além do senador reeleito Paulo Paim no RS, aqui em Minas foram eleitos (alguns reeleitos) pelo menos alguns apoiadores na nossa revolta/greve, como: Rogério Correia e Carlim Moura (deputados estaduais) e Padre João e Weliton Prado (deputados federais).


"Luciano História:

Vendo algumas tabelas salariais dos professores do Brasil vejo claramente que o subsídio está se tornando uma tendência entre os Estados que pagam inicialmente os melhores salários, porém, com o índice de progressão adotado pelo nosso Estado a valorização do tempo fica muito baixa. Fazendo uma comparação com o Espírito Santo, não sei se lá os professores foram colocados em sua letra ou número de acordo com o tempo de serviço mas, a tabela deles em 2010 é de 1.522,00 inicial e de 2.302,00 para quem tem 30 anos de serviço no cargo de 25 horas; já a nossa tabela para 2011 é de 1.320,00 inicial e de 1.865,00 no fim de carreira se caso cada um fosse colocado em sua letra, ou seja, até na lei do subsídio estamos sendo prejudicados em relação a outros Estados que adotaram a mesma lei."



"João Paulo Ferreira de Assis:

Isto de subsídio me mete um medo tremendo. Tem horas que eu penso que o Anastasia vai lançar uma grande campanha publicitária visando convencer o povo que nós recebemos como deputados. Daí para se pensar que somos marajás do serviço público é um passo. Já estou tão desiludido com a propaganda aécio-anastasista que deles só espero o pior.

Menos mal que pelo menos uma boa notícia eu tive no domingo: Paulo Paim foi reeleito senador pelo Rio Grande do Sul. Isto me dá esperança para poder encarar o futuro. Se a profissão de pesquisador de História e genealogia for regulamentada, eu procurarei abrir uma empresa.
Agora, enquanto isto não vem, devemos estar sempre unidos, e sempre procurando incutir nos nossos alunos o espírito crítico.
Faço uma autocrítica: nunca pensei que a crítica que o Dr. Ernani Barbosa Neves, então Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca de Carandaí nos passou a nós professores de toda a cidade fosse ser referendada por mim. Na época eu me mantive calado, e não protestei. Acho hoje que este, que é um dos nossos mais brilhantes magistrados estava certo. Ele foi meu professor no curso de Direito, na UNIPAC em Barbacena, reduto tucano. A prova foi a conversa que tive com ex-aluno, hoje jornalista e publicitário, psdebista doente, e defensor de toda a sujeira que os tucanos fazem através da mídia. Ele me lembrou que eu tinha sido seu professor. Meu Deus! será possível que eu falhei tanto assim como professor? Acho que o comentário da Mboiuna está certo. E como nos manteremos unidos? Já ouvi de uma companheira de luta, hoje aposentada, que em todas as profissões há estrelismos, pessoas que não repassam técnicas e práticas para colegas de profissão, com medo de os colegas aproveitarem o ensejo para prejudicá-los. Que o professor é uma exceção, ele sempre está trocando ideias com os colegas. E sempre compartilhando os seus saberes. Quem lê Galo nas Trevas e Círio Perfeito, obras de Pedro Nava, vê o quanto a competição, o estrelismo entre os médicos o feriu. Por isso que a gente tem que plantar a semente da união, agora, criarmos um esquema de acompanhamento dos deputados federais e estaduais, para que em 2014, possamos ter candidatos comuns.

Por hoje, encerro o comentário por hoje. Bom dia para todos. Cordialmente JOão Paulo Ferreira de Assis."


"Luciano História:

A preocupação do João em relação ao subsídio tem um certo sentido se caso analisarmos a longo prazo, pois é clara a intenção de dar uma melhorada no salário inicial e valorizar pouco ao longo da carreira,porém, a atual carreira tem um salário base tão ridiculo que para a maioria dos professores a lei com todos os defeitos melhora muito a remuneração. Comparando novamente subsídios, no Mato Grosso o cargo de 30 em 2010 é de 1702,00 e no final de carreira 2707,00( não sei se lá os professores foram corretamente colocados nas suas letras ou números )aqui em Minas o subsídio de 30 horas para 2011 é de 1650,00 inicial e de 2331,00 no final da carreira se cada um fosse colocado em sua letra.No Mato Grosso parece que pode ter dois cargos de 30, com isso são 3404,00 para 40 aulas, em Minas com um cargo de 30 e outro de 24 o professor dará 38 aulas para receber 2970,00, o pós-graduado no Mt recebe em dois cargos 3858,00 e em minas com dois cargos 3267,00.Acho um absurdo a quantidade de aulas nos dois Estados e mais absurdo ainda é o nosso Estado pois faz a gente dar 2 aulas a mais no cargo de 24, pela lei do piso na verdade o cargo que deveria ser de 24 horas é em Minas um cargo de 27, o governo está nos deixando de pagar 3 horas semanais, além do mais, nosso subsídio é pior do que os subsídios dos outros( MT e ES). "

3 comentários:

  1. Vendo algumas tabelas salariais dos professores do Brasil vejo claramente que o subsídio está se tornando uma tendência entre os Estados que pagam inicialmente os melhores salários,porém, com o indice de progressão adotado pelo nosso Estado a valorização do tempo fica muito baixa.Fazendo uma comparação com o Espírito Santo, não sei se lá os professores foram colocados em sua letra ou número de acordo com o tempo de serviço mas,a tabela deles em 2010 é de 1522,00 inicial e de 2302,00 para quem tem 30 anos de serviço no cargo de 25 horas, já a nossa tabela para 2011 é de 1320,00 inicial e de 1865,00 fim de carreira se caso cada um fosse colocado em sua letra, ou seja, até na lei do subsídio estamos sendo prejudicados em relação a outros Estados que adotaram a mesma lei.

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  2. Isto de subsídio me mete um medo tremendo. Tem horas que eu penso que o Anastasia vai lançar uma grande campanha publicitária visando convencer o povo que nós recebemos como deputados. Daí para se pensar que somos marajás do serviço público é um passo. Já estou tão desiludido com a propaganda aécio-anastasista que deles só espero o pior.
    Menos mal que pelo menos uma boa notícia eu tive no domingo: Paulo Paim foi reeleito senador pelo Rio Grande do Sul. Isto me dá esperança para poder encarar o futuro. Se a profissão de pesquisador de História e genealogia for regulamentada, eu procurarei abrir uma empresa.
    Agora, enquanto isto não vem, devemos estar sempre unidos, e sempre procurando incutir nos nossos alunos o espírito crítico.
    Faço uma autocrítica: nunca pensei que a crítica que o Dr. Ernani Barbosa Neves, então Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca de Carandaí nos passou a nós professores de toda a cidade fosse ser referendada por mim. Na época eu me mantive calado, e não protestei. Acho hoje que este, que é um dos nossos mais brilhantes magistrados estava certo. Ele foi meu professor no curso de Direito, na UNIPAC em Barbacena, reduto tucano. A prova foi a conversa que tive com ex-aluno, hoje jornalista e publicitário, psdebista doente, e defensor de toda a sujeira que os tucanos fazem através da mídia. Ele me lembrou que eu tinha sido seu professor. Meu Deus! será possível que eu falhei tanto assim como professor? Acho que o comentário da Mboiuna está certo. E como nos manteremos unidos? Já ouvi de uma companheira de luta, hoje aposentada, que em todas as profissões há estrelismos, pessoas que não repassam técnicas e práticas para colegas de profissão, com medo de os colegas aproveitarem o ensejo para prejudicá-los. Que o professor é uma exceção, ele sempre está trocando ideias com os colegas. E sempre compartilhando os seus saberes. Quem lê Galo nas Trevas e Círio Perfeito, obras de Pedro Nava, vê o quanto a competição, o estrelismo entre os médicos o feriu. Por isso que a gente tem que plantar a semente da união, agora, criarmos um esquema de acompanhamento dos deputados federais e estaduais, para que em 2014, possamos ter candidatos comuns.
    Por hoje, encerro o comentário por hoje. Bom dia para todos. Cordialmente JOão Paulo Ferreira de Assis.

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  3. A preocupação do João em relação ao subsídio tem um certo sentido se caso analisarmos a longo prazo, pois é clara a intenção de dar uma melhorada no salário inicial e valorizar pouco ao longo da carreira,porém, a atual carreira tem um salário base tão ridiculo que para a maioria dos professores a lei com todos os defeitos melhora muito a remuneração. Comparando novamente subsídios, no Mato Grosso o cargo de 30 em 2010 é de 1702,00 e no final de carreira 2707,00( não sei se lá os professores foram corretamente colocados nas suas letras ou números )aqui em Minas o subsídio de 30 horas para 2011 é de 1650,00 inicial e de 2331,00 no final da carreira se cada um fosse colocado em sua letra.No Mato Grosso parece que pode ter dois cargos de 30, com isso são 3404,00 para 40 aulas, em Minas com um cargo de 30 e outro de 24 o professor dará 38 aulas para receber 2970,00, o pós-graduado no Mt recebe em dois cargos 3858,00 e em minas com dois cargos 3267,00.Acho um absurdo a quantidade de aulas nos dois Estados e mais absurdo ainda é o nosso Estado pois faz a gente dar 2 aulas a mais no cargo de 24, pela lei do piso na verdade o cargo que deveria ser de 24 horas é em Minas um cargo de 27, o governo está nos deixando de pagar 3 horas semanais, além do mais, nosso subsídio é pior do que os subsídios dos outros( MT e ES).

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