terça-feira, 25 de maio de 2010

O retorno do faraó e a negociação com os educadores


Durante os últimos 48 dias os escravos estiveram em greve. Neste longo período, o Faraó estava, digamos, de férias, viajando pelo Velho Continente e deixando a batata quente para o substituto imediato.

Mas, os escravos se revoltaram, já não queriam mais amassar o barro e carregar as pedras nas costas em troca de uma vaso com pouca lentilha e nenhuma carne.

Com o anúncio do retorno do faraó, o substituto e seus assessores e colaboradores, dos três poderes, deram logo um jeito de apressar os passos da negociação com os insubordinados.

Afinal, não fica bem para o faraó pisar em solo antes fértil, mais fértil do que as margens do Rio Nilo, e que se transformara num caldeirão de mobilizações, protestos, denúncias e paralisações.

Para manter a fidelidade ao faraó, todas as forças foram mobilizadas contra os escravos rebeldes da Educação. Os propagandistas a soldo dos cofres públicos trataram logo de combater a rebeldia nas páginas de jornais, rádios e TVs.

A Justiça (que justiça!!!) fez das tripas o coração: abandonou o preciosismo com os termos da Carta Maior do país e decretou a rebeldia ilegal. Uma, duas, três vezes e quantas mais fossem necessárias, para dar um suporte dito legal para a prisão, a demissão e até para a tortura, se necessário, dos amotinados.

Era preciso agradar o faraó. E a justiça (ou parte dela) provou que sabe como fazê-lo. É bem paga para isso. Quer dizer, não deveria ser para isso, mas...

O legislativo (ah, o legislativo, ele existe?), depois de votar contra as leis de abrandamento da escravidão na educação, abriu as pernas, ou melhor, as portas da Casa Legislativa para que se buscassem às pressas, agora que o faraó está de volta, um acordo que colocasse um termo na rebeldia.

E o substituto imediato com suas assessoras diretas foram orientados a manter a chicote nas mãos, mas soprando promessas de um futuro de menor sofrimento para os escravos, a fim de conseguirem um final para a rebeldia.

O faraó está de volta e não quer ver multidões de escravos montando barracas pelas praças públicas do estado, a pedir doações para assegurar a sobrevivência ameaçada pelas leis draconianas e gestos de pressão do substituto.

Mas, à tarde, hoje, os escravos vão se reunir novamente e decidir se aceitam ou não os termos que prometem um futuro um pouco menos pior. Prometem, por exemplo, não bater tanto nos escravos a ponto de deixar a pele em carne viva; apenas uma dezena de chibatadas, coisa pouca, e a expectativa de um prato com mais feijão, sabe-se lá para quando.

Que venha o faraó, responsável pela realidade em que nos encontramos nas terras das Minas Gerais, onde obras como as pirâmides do Egito são construídas, enquanto faltam pão, mel e leite na mesa dos educadores e de milhares de outros escravos do serviço público.

E que venha o faraó, pois os escravos que deixara antes do longo passeio pelos mares muito antes d'antes navegados, já não são os mesmos! Nem os mares, nem os escravos.

6 comentários:

  1. Bravo!!!!
    E que se abra o mar de negociações, que passemos ao largo e a seco, e que depois ele se feche engolindo os cavalos e cavaleiros do Faraó!!!!

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  2. Infelizmente amigo os escravos continuam os mesmos e ganhamos dívidas que não tinhamos. Em relaçâo ao instrumento pedagógico, só alguns colegas de viseira é que não prestaram a atenção no professor que estava lá dentro, nos aguradando para utilizar sua didática e metodologia. Vocês vão ficar gradiados para aprender a lição que sempre é ensinada em todo movimento da Educação e sindical. Burros têm que comer alfafa e voltar para o estaleiro. A estratégia utilizada pelo sindicato neste fim de semana foi perfeita...site fora do ar para não sofrer pressões e as falas de hoje foram talmente diferentes das falas da assembléia anterior.Agora entendi as estratégias para nos pegar......arapuca pedagógica foi o tema da a aula de hoje. Em fim.............................................................................................................................................
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    Bjs e foi um prazer conhecer uma pessoa e profissional como vc. Valeu...Bjs

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  3. Me eaqueci de dizer que ficar na história, não alimenta barriga vazia. E ficar na hitória como derrotados e gradiados é a primeira vez..............Não acredito mais no movimento da educação.

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  4. COMPANHEIRO E AMIGO EULER,

    VOCÊ É UM ESCRAVO DE PRIMEIRA LINHA... APESAR DAS CHIBATADAS DE HOJE AINDA CONSEGUE ESCREVER UM TEXTO DESTE!!!

    PARABÉNS, MERECE ALFORRIA!!!

    EU, PELO CONTRÁRIO, ESTOU DE LUTO, POR ENQUANTO!

    MAS QUERO ACREDITAR QUE TALVEZ TENHAMOS PERDIDO A BATALHA MAS NÃO A GUERRA!

    BOA NOITE!!
    E ATÉ MAIS...

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  5. Oi companheira de luta Cristina, acho que vc faz referência a outro texto, que foi escrito depois da assembléia de hoje. Mas, aproveito para dizer que foi um enorme prazer e alegria partilhar com você esta luta, que não acabou do jeito que desejávamos, eu sei, mas pelo menos nós tentamos, né Cristina?

    Ainda que de outra forma, a luta continua, companheira!

    Um abraço e até mais!

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  6. Foi isto mesmo Euler,

    estava tão desnorteada que acabei postando no lugar errado, estava aqui pensando que vc tinha me excluído(censurado) rsrsrsrsr dos seus comentários.

    Mas valeu! vou transferi-lo para lá!

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