terça-feira, 6 de abril de 2010

Professores da rede estadual de Minas param dia 08




Os trabalhadores em educação da rede estadual de Minas Gerais cruzam os braços no próximo dia 08, realizando assembléia a partir das 14h no pátio da Assembléia Legislativa de Minas. Em Vespasiano, várias escolas estaduais devem parar.

Os educadores de Vespasiano e região terão ônibus à disposição, que ficará estacionado em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes às 13h. Os professores e demais interessados devem entrar em contato com a sede do SindUte local (telefone: 3621-0456) ou diretamente com João Martinho, Euler ou Alex.

O assunto sobre a paralisação estadual não foi mencionado pela mídia impressa mineira, mas na Itataia o tema foi abordado. Infelizmente a redação da rádio entrevistou a secretária da Educação, Vanessa Guimarães, mas não ouviu um representante do sindicato. A secretária Vanessa disse que neste momento não há margem orçamentária para reajustar os salários. Ora, em que momento nos oito anos de Governo Aécio Neves houve margem para valorizar a carreira dos professores?

O governo mineiro gosta muito de posar de certinho e cumpridor da Lei, dizendo que não fará reajustes que ultrapassem a lei de responsabilidade fiscal. Ora, e a Lei do Piso do Magistério, que foi aprovada em 2008 e até hoje não é colocada em prática aqui em Minas? Pelo visto, a lei só é cumprida quando interessa.

Ainda na rádio Itatiaia, novamente o jornalista Eduardo Costa, talvez a única voz independente naquela redação - e na mídia mineira em geral, diga-se - saiu fora da pauta da discussão e da babação de ovo comum ao governo Aécio e sugeriu ao agora governador Anastazia para visitar uma escola estadual e sentir o ânimo (ou seria o desânimo?) dos professores, e que a greve, ao contrário do que disse a secretária Vanessa Guimarães, pode ganhar força, sim. Muito bem, Eduardo Costa, ganhou mais um ponto com os professores e com a cidadania esclarecida.

Ontem, dia 05 de abril, a senadora Fátima Cleide, uma das poucas que defendem a carreira do magistério com seriedade, criticou da tribuna daquela Casa os governos que não pagam o piso e criam mecanismos cheios de penduricalhos para atingir artificialmente o valor do piso, sem praticá-lo como manda a lei.

E para encerrar o nosso breve texto de hoje, transcrevemos a Carta Aberta da professora Maria Arlinda Lopes de Oliveira, que nos chegou por e-mail. Além disso, indicamos também a leitura do texto escrito pelo professor Paulo Miquéias, no Blog do Paulão (veja na lista de blogs que recomendamos aí ao lado). Fiquem então com Deus e com a carta de Maria Arlinda:

" Vespasiano, 31 de março de 2010.

A quem interessar possa.

Entender e me fazer entender sempre foi uma preocupação que tive nos meus 33 anos de carreira como professora do Estado de Minas Gerais.

Porém, nos últimos dias estou questionando seriamente a minha capacidade de entendimento e até meu nível de inteligência, porque não estou conseguindo entender:

- Por que o magistério foi excluído do aumento de 10% dado pelo governo de Minas a todo o funcionalismo público estadual?

- Por que o atual governo do PSDB ignora o piso salarial do professor e coloca um limite vil e cruel a um teto de salário bruto inadmissível para o nível de serviços prestados pelo magistério?

- Por que o governo de Minas demonstra tanto desrespeito, para não dizer ódio, contra os professores?

- Por que o professor que trabalha o tempo todo estimulando o aluno para que ele se motive ao aprender, tenha que trabalhar sob altos níveis de cobrança e de pressão através de avaliações de desempenho que, até agora não o levou a nada, seja obrigado a trabalhar sem nenhum tipo de estímulo ou de esperança em dias melhores?

- Por que se gasta tanto dinheiro com propaganda e não se investe no salário real do professor?

- Por que o professor de níveis 1 e 2 pode ter piso salarial básico abaixo de um salário mínimo? Isso é constitucional?

Por favor, ajudem-me a entender porque não é possível para a classe do magistério ter condição de continuar seu trabalho, com um mínimo de dignidade, se não houver urgência em atendê-la em suas mais básicas reivindicações.

Atenciosamente,

Maria Arlinda Lopes de Oliveira – professora de História. "



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