quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Um 2015 com lutas e conquistas para todos... os de baixo



Atualização em 09/01/2015: Piso dos educadores é reajustado em 13%... Mas, não em Minas, outro país: A presidenta Dilma e o novo ministro da Educação deram reajuste de 13% no piso salarial dos profissionais do magistério para 2015, que passou para R$ 1.917,00. Ainda é pouco, mas o índice foi o dobro da inflação de 2014. Isso para uma jornada de até 40h, para o profissional com formação em ensino médio. Se Anastasia e Aécio não tivessem destruído a carreira dos educadores de Minas, este reajuste seria muito bem vindo. Vejamos. Mesmo aplicando a proporcionalidade para a jornada de trabalho de 24h, um professor com formação em ensino médio e início de carreira teria direito a um salário de R$ 1.150,00. Como a grande maioria dos professores tem curso superior, pelo antigo plano de carreira, destruído pelos tucanos, o salário inicial seria de R$ 1.712,00. Isto somente como valor do vencimento básico. Sobre este valor inicial seriam aplicadas as gratificações, como quinquênios e biênios, além das progressões (3%  a cada dois anos). Muito provavelmente, um professor que tivesse entre 10 e 15 anos de carreira receberia, por um cargo apenas, entre R$ 2.400,00 e 3.500,00. Mas, pela regra atual, do subsídio, o governo pode até alegar que já paga o piso, como faziam os tucanos, cinicamente, e ainda diziam que pagavam até mais que o piso. Isto depois de haver burlado descaradamente a Lei do Piso, nas barbas de um ministério público omisso e de um legislativo totalmente conivente com o golpe contra os educadores. E uma mídia absolutamente comprada. Espera-se, a partir de agora, que o novo governo dê início a um processo de valorização dos educadores. Na minha opinião pessoal, uma medida saneadora e a curto prazo, seria aplicar o reajuste de 13% nos valores atuais dos subsídios. Mas, a médio prazo, a maior conquista seria restabelecer um vencimento básico decente (talvez o valor do piso nacional cheio) e os percentuais da antiga tabela - 22% para cada promoção na carreira e 3% para cada progressão, reajustes que o governo tucano tirou apenas dos educadores. Já seria uma grande conquista para os próximos anos.

P.S.: A notícia publicada no jornal O Tempo, neste link aqui, mostra que o governador Pimentel está disposto a negociar melhores condições para os educadores de Minas. E que o compromisso de pagar o piso, feito em campanha, permanece de pé. Vamos acompanhar e cobrar, mas sem esse discurso de oposição tucana derrotada, que torce para que tudo dê errado.

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Um 2015 com lutas e conquistas para todos... os de baixo

Nas últimas horas de 2014, não pretendemos aqui fazer um balanço geral do ano que se encerra. Soa meio pretensioso, até, querer resumir 365 dias num único texto, ainda mais considerando as diferentes realidades de cada pessoa, de cada grupo, de cada estado, de cada país, enfim. Mas, alguns acontecimentos marcaram mais fortemente o ano de 2014. Vamos conferir?

O ano começou – quase como os contos infantis, rs: “Era uma vez, tudo começou assim...” - mas, dizia, o ano começou com a ressaca das grandes mobilizações de junho de 2013. Dois acontecimentos marcantes estavam previstos para 2014: a Copa do Mundo e as eleições para os governos estaduais, deputados, senadores e sobretudo para a presidência da República.

As elites brasileiras se prepararam para transformar estes dois acontecimentos num só. Usando a sua mídia golpista, era para dar tudo errado na Copa do Mundo, para que a população chegasse às eleições disposta a eleger qualquer tirano que se apresentasse como salvador da Pátria – desde que expulsasse o PT do governo.

Além disso, era para a economia ter dado tudo errado: a inflação tinha que ultrapassar os 10%, o desemprego tinha que aumentar, os salários tinham que parecer defasados com a inflação em alta e o Brasil tinha que ter a cara do discurso da mídia: um fiasco total.

Se alguém tivesse tido o trabalho de gravar as previsões de economia de Rita Mundim da Itatiaia, de Carlos Viana também  da Itatiaia, da Urubóloga da TV Globo também conhecida como Miriam Leitão, ou dos colonistas – assim mesmo C-O-L-O-N-I-S-T-A-S  como: Merval Pereira, Willian Waack, Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, entre tantos outros, veria que o Brasil acabou. Fechou para balanço. Na previsão da mídia golpista brasileira, há 12 anos que o Brasil encontra-se no abismo.

O problema é que os números
reais não batem com a previsões catastróficas dessa mídia. O desemprego tem sido mantido nos mais baixos índices do mundo; o salário mínimo tem tido aumentos reais – alô mídia, para 2015 o salário mínimo será de R$ 788, com reajuste acima, portanto, da inflação! –, os programas sociais retiraram milhões de pessoas da miséria e da fome; as políticas públicas possibilitaram que milhões de pessoas tivessem acesso à casa própria, ao sistema de saúde, aos cursos superiores e ao ensino técnico. Claro que precisa melhorar mais e mais em todas as áreas, mas, o Brasil está muito longe de ser o desastre anunciado a cada minuto por jornalistas muito bem pagos para detonar o país e os interesses da maioria da população.

Portanto, na agenda das elites
, a Copa tinha que ter sido um fiasco. Não foi. Foi um sucesso em termos de organização e de apoio da população, que apesar do bombardeio midiático, soube separar o que é política e o que é esporte. O único fiasco foi a Seleção Brasileira, que perdeu de 7 a 1 para a Alemanha, mas aí por culpa dos esquemas mafiosos que existem no futebol brasileiro – e dos quais a mídia se beneficia largamente. O Brasil deve ser o único país do mundo que muda os horários dos jogos por causa das novelas de uma TV.

A elite esperava
que houvessem novas manifestações de rua durante a Copa do Mundo, como acontecera em junho de 2013. Contudo, o cenário já era outro. Em parte, porque o governo federal teve uma atitude de diálogo com lideranças das manifestações. Foi desse diálogo que nasceu o programa Mais Médicos. Além disso, os manifestantes traziam demandas muito diferenciadas, e muitas delas estavam ligadas aos problemas regionais. Problemas de segurança, de saúde pública, de moradia, de mobilidade urbana, denúncias de corrupção, que a mídia tentou colocar tudo na conta do governo federal. Não colou. O povo não é idiota.

Em 2014 as manifestações
não se repetiram. Ficou evidente que o legítimo movimento, nas tintas da mídia, tinha ganhado ares de manipulação golpista de direita. Mesmo havendo a participação da esquerda, era evidente que a aposta das elites era a de criar um país fragmentado, dividido e pedindo socorro a qualquer um. Foi num clima de aparente desastre e fragmentação interna que os países do Oriente Médio e da África (alguns) foram praticamente reduzidos a pó. Com o apoio da CIA, da OTAN, de mercenários e de grupos de rapina do Ocidente, que querem isso mesmo, que os povos dos países ditos emergentes vivam em guerra interna, para que elas, as elites dos países ricos, com seus aliados colonizados de cada país neocolônia, continuem usufruindo das nossas riquezas humanas e materiais.

Se dependesse da mídia
brasileira, o Brasil já teria se tornado uma colônia dos EUA, assim como acontece hoje com o México, “tão longe de Deus e tão perto dos EUA”. Se dependesse do tucanato, que representa a direita, e de sua mídia, herdeira dos piores interesses, o Brasil já teria privatizado tudo e colocado os trabalhadores brasileiros como escravos assalariados, sem direito algum, a não ser o de trabalhar para enriquecer alguns poucos, e de morrer, claro.

Felizmente, o Brasil
com o governo Dilma e com a capacidade crítica da maioria do nosso povo, continuou avançando nas políticas sociais, sem cortar os direitos trabalhistas fundamentais: férias, 13º salário, direito à aposentadoria, direito à greve e a aumentos reais de salários, direito à jornada de trabalho de 8h – podendo reduzir, com luta, claro -, direito, enfim, a sonhar com um mundo diferente, mais igual, menos voltado para o egoísmo consumista próprio do capitalismo.

Isto significa
que estamos no paraíso? Claro que não. Há muito o que conquistar. O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais em matéria de distribuição de renda. A Educação pública e a saúde precisam melhorar. As políticas voltadas para a mobilidade urbana precisam mudar radicalmente, com foco num transporte público de qualidade e barato. Mas, apesar desses e de outros problemas, houve grandes avanços, como já dissemos antes aqui. Nos limites do capital, é difícil sonhar com o paraíso.

Os governos do PT pecam terrivelmente pela incapacidade de se comunicar diretamente com a população brasileira. A mídia golpista nada de braçada durante o ano todo, pois não existe contraponto às baboseiras que eles dizem. A não ser através da Internet, em blogs como este e outros tantos, onde demarcamos o terreno e procuramos apresentar outras versões para os fatos que se apresentam ou que são apresentados como verdades absolutas.

Como a Copa deu certo, e tudo indicava que Dilma seria facilmente reeleita, as elites já tinham nas mangas das mãos e dos pés uma nova cartada. Ou mais de uma. Ou a combinação de várias. Mal começou o processo eleitoral, e a Globo lançou uma novela das 9h da noite. Uma novela que poderia ter sido intitulada desde o começo assim: “Eles sabiam...”. Mas, a Globo preferiu manter o suspense, com capítulos da novela de horror sendo exibidos a cada dia com uma nova revelação seletiva – sempre contra o PT, Dilma e Lula. Começava ali a chamada Operação Lava Jato, pronta para transformar a principal empresa do país, símbolo da resistência, da nacionalidade e da luta de muitas gerações, em foco de corrupções e bandalheiras.

Ardilosamente, a mídia brasileira detonou a Petrobras como se tudo ali fosse um antro de bandidos. Na prática sabemos que o que aconteceu na Petrobras, e que vem de longe, de longa data, é a reprodução das práticas corriqueiras da grande maioria das empresas e dos governos brasileiros, de todas as esferas. O suborno, o superfaturamento, a corrupção estão presentes no nosso dia a dia, infelizmente. E já começa com a forma privatizada de financiamento das campanhas eleitorais. Para fazer uma obra, a empresa privada tem que garantir o caixa dois que financiará os políticos que intermediaram aquela obra. E aí aparecem os diretores, os técnicos mais envolvidos, o aparato policial e judicial, enfim, há muita gente envolvida em milhares de esquemas ilícitos em todo o país, de cima a baixo.

Corrigir toda essa podridão
leva tempo. É preciso mudar a cultura de um país. É preciso mudar sobretudo essa desigualdade social, que está na raiz das práticas do levar vantagem, do tirar proveito, do aceitar o suborno, enfim, coisas que têm a ver com a ética, com a moral, mas que têm também uma raiz social. Nada disso tem a ver com o nosso povo ou com qualquer outro povo. Tem a ver com o sistema capitalista, egoísta, parasitário, que estimula a esperteza, a safadeza, e pune os honestos. Quem é  honesto no nosso mundo geralmente é punido. Quem é esperto, costuma se “dar bem”, segundo a ótica capitalista. É isso que queremos para nós e para nossos irmãos e filhos e netos e sobrinhos?

Mas, a mídia não está
preocupada com as futuras gerações. Eles pensam somente neles e nos seus (deles). E por isso eles vivem dizendo que vão se mudar para Miami. Ora, façam-nos este favor! Mudem-se para Miami, ou para Paris ou para a P.Q.P – com o perdão dos nossos poucos e civilizados leitores. O ex-cantor Lobão, por exemplo, fez essa ameaça e depois das eleições, com a vitória da Dilma, desistiu e ficou aí desfilando em SP e pedindo o Impeachment da nossa presidenta. Nada mais ridículo. Até Aécio, que teria marcado um ato de protesto em SP, se deu conta do ridículo e preferiu curtir as praias de Santa Catarina. Este ambiente de festas, praias, noitadas, é literalmente a praia dele.

Assim, chegamos ao final de 2014 com as seguintes definições: Copa do Mundo bem organizada, Dilma reeleita, apesar de Marina Silva, morte de Eduardo Campos (outra novela da Globo), escândalo da Petrobras, capas da Veja; e, o mais importante para Minas: os tucanos derrotados nas terras de Tiradentes, Drummond e Guimarães Rosa. Enquanto isso, a mídia continua desejando o fim do mundo para o país. Incluindo a privatização da Petrobras e do pré-sal, que é o sonho da mídia e da elite que ela representa. Ou seja: muita coisa boa e essa coisa negativa que é a mídia golpista, desagregadora do nosso povo. Construir uma outra mídia deveria ser o principal sonho de TODOS o brasileiros, pois esta mídia que está aí tem sido a principal causa de todos os problemas do Brasil – da violência   cotidiana às crises setoriais e acredito que até pessoais. Muita gente se deprime só de ouvir essa mídia. Muitos empresários, depois de ouvirem os comentários dessa mídia, simplesmente desistem de investir aqui. Ora, quem quer investir num país que a mídia diz que está cada vez pior, que tudo vai dar errado, que já estamos no abismo e só mostra coisas negativas?

E olha que os índices reais – não aqueles apontados pelos urubólogos da mídia – estão muito bem, obrigado. O desemprego em baixa, a inflação está sob controle, os salários não estão congelados – a não ser os dos educadores de Minas, graças ao choque de gestão tucano. Temos fortes reservas em dólares e grande capacidade de investimentos, além das nossas enormes riquezas humanas e minerais.

E a mídia é muito cara de pau para falar em crise, pois ela tem recebido, de todos os governos, inclusive o federal, a maior BOLSA-MÍDIA do país. Só o governo federal e suas estatais repassam mais de R$ 1 bilhão por ano em publicidade para sustentar uma mídia que ataca o Brasil e o povo brasileiro todos os dias. Em Minas, no apagar das luzes, o governo tucano liberou parcialmente os gastos com publicidade nos últimos 12 anos – em números atualizados daria em torno de meio bilhão de reais, pelo menos, excluídos os gastos da Copasa, Cemig e outros. Os maiores beneficiários desses gastos publicitários foram: a TV Globo, claro, a Rádio Itatiaia, claro, também, e o jornal Estado de Minas, obviamente, mais do que claro. A diferença é que, no plano federal,  a mídia recebe publicidade e maltrata o governo que lhe paga. Esta mídia deveria assumir que o governo federal do PT é o mais democrático do mundo, pois apanha calado, sem reação, e ainda paga para isso. Já em Minas e SP com os tucanos é totalmente diferente. Eles pagam caro, com o nosso dinheiro, mas exigem uma fidelidade canina por parte da mídia. Que segue essa exigência de bom grado, já que seus proprietários e diretores e editores, na sua maioria, pelo menos, comungam com os ideais neoliberais dos tucanos. Além do golpismo, que está no DNA da mídia brasileira, apoiadora do golpe de 1964, e omissa em relação às práticas lesivas aos interesses da população brasileira naquele período.

Enfim, desejamos aos nossos queridos e queridas leitores um 2015 com muitas conquistas e muitas lutas. Especialmente para os de baixo. Não toquei em temas internacionais, mas posso adiantar que o cenário não é dos melhores. Contudo, a humanidade dos de baixo está viva, e pronta para resistir, para lutar e buscar novos caminhos para o mundo. No Brasil e na América Latina, pelo menos, as forças progressistas têm obtido conquistas importantes. Apesar do crescimento da direita golpista no Brasil e na região, é fato que houve um período de muitas conquistas sociais graças aos governos mais ligados aos movimentos sociais e às demandas sociais.

Que em 2015 os de baixo se organizem mais e melhor para conquistar seus (nossos) direitos. E que possamos construir uma outra mídia, independente, popular e de esquerda. E que os educadores de Minas obtenham importantes conquistas salariais e na carreira, já que o novo governo estadual assumiu compromissos com a categoria durante as eleições. E que o governo Dilma cumpra também as linhas gerais do seu programa. Nada de pessimismo antecipado, pessoal. O jogo a partir de 2015 ainda nem começou e já tem gente cantando derrota. É gostar de sofrer. É ser tão masoquista quanto a mídia que intoxica a mente dos brasileiros. Nós somos otimistas. E acreditamos que haverá sim muitas conquistas nos próximos anos, e não podemos achar que tudo se resolverá de uma hora para outra, no primeiro dia do ano.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Uma outra mídia é possível... em Minas, e no Brasil



Atualização em 28/12 - domingo: Ministros da Dilma - Muita gente ficou surpresa com o novo ministério da presidenta Dilma. Confesso que eu não. Porque não esperava que ela colocasse nos ministérios uma equipe completa de esquerda. Dilma foi eleita com um amplo leque de apoios, que vai da esquerda até setores da direita fisiológica. Ela não tem maioria no Congresso Nacional, a não ser quando negocia ministérios e favores e verbas parlamentares para obras. Isso faz parte do jogo democrático, ou da democracia limitada que nós, brasileiros e brasileiras, conseguimos construir até agora. Além disso, Dilma está sob forte pressão no congresso e sobretudo da mídia golpista, que não se cansa de tentar privatizar a Petrobras e envolver a presidenta Dilma e Lula no chamado escândalo da Petrobras. Escândalo que, como dissemos, precisa ser apurado até as últimas consequências, e não apenas quando respinga em políticos do PT. Mas, voltando ao ministério. Considero que Dilma tenha montado este primeiro ministério para enfrentar a crise interna no Brasil - a mídia - o principal causa da crise -, os golpistas no congresso, na PF, na Justiça, enfim, é um ministério político para garantir a chamada governabilidade. E a partir daí é que deve estar concentrada a nossa preocupação: quais serão as linhas gerais da política do novo mandato Dilma? Se cumprir os compromissos de campanha, investindo mais em Educação pública, em Saúde, na manutenção e fortalecimento dos programas sociais, na não privatização da Petrobras, no conteúdo nacional e social do pré-sal, e no início de uma regulamentação da mídia - para que seja democratizada - e nos aumentos reais do salário mínimo, tudo bem. Terá o apoio crítico de parcelas crescentes da população. Ministros de estado obedecem ordens e seguirão às determinações da presidenta Dilma.

Frente de esquerda - Já se fala muito na formação de uma frente de esquerda para enfrentar a direita golpista. Esta frente reuniria diversos partidos de esquerda e movimentos sociais, sindicais e estudantis. Seria uma boa iniciativa para reocupar as mobilizações de rua, que ultimamente têm sido ocupadas por bandos de neofascistas, saudosistas da ditadura. A rua é do povo, e especialmente dos de baixo, que transitam nela à pé e de ônibus diariamente. Essa elite privilegiada que resolveu marchar por alguns minutos pelas ruas é um corpo estranho. Claro que eles têm direito também de irem para as ruas. Mas, as ruas são do povão, não tenhamos dúvida disso. E é preciso que os de baixo não se deixem manipular pelo discurso enganoso da direita golpista e de sua mídia. A direita só tem um discurso: contra a corrupção, embora seja a mais corrupta de todos. O problema é que eles controlam os meios de comunicação e com isso abafam todos os casos dos escândalos envolvendo os tucanos, desde a privataria tucana, que teve o apoio da mídia, e que foi a maior entrega de patrimônio público para os interesses privados. A corrupção na Petrobras é um pingo no Oceano se comparada com o que o país perdeu com a privataria tucana. Empresas como a Vale do Rio Doce, CSN, rede ferroviária nacional, entre outras, que valiam juntas centenas de bilhões de reais foram praticamente doadas para grupos privados nacionais e estrangeiros. E a mídia se calou e se cala até os dias atuais. E o que dizer do Trensalão tucano de SP? E do mensalão tucano de Minas, anterior ao chamado mensalão do PT, o qual não se provou haver nenhum centavo de dinheiro público, ao contrário do mensalão tucano de Minas? Mas, isso a mídia não diz nada, pois os tucanos são inimputáveis. Pausa para o café da manhã. Daqui a pouco escrevo algumas linhas sobre o novo governo de Minas.

Governo de Minas - A vitória de Pimentel em Minas, derrotando os tucanos, teve um simbolismo todo especial. Agora é preciso acompanhar e cobrar os compromissos de campanha, especialmente com os educadores de Minas, que foram maltratados pelos tucanos. Mas, não se deve cobrar com irresponsabilidade. Quando leio em alguns comentários que algumas pessoas já estão contra o governador antes mesmo dele tomar posse, percebo que aí não se trata de educadores, mas de pessoas ligadas aos tucanos, que ainda estão ressentidas com a derrota nas urnas. Calma, pessoal. Deixa o Pimentel tomar posse primeiro, fazer um levantamento das contas - na verdade deveria fazer uma auditoria - e em seguida apresentar suas diretrizes políticas para os quatro anos de governo. Isto sem falar que os tucanos e sua base de apoio na assembleia legislativa estão deixando o governo de cofres vazios e sem sequer aprovar o orçamento do estado para o ano de 2015. Como consequência disso, Pimentel terá que governar o primeiro ano do seu mandato com limitações orçamentárias e legais. Claro que se espera que ele estabeleça um novo diálogo com  os profissionais da Educação, e que assuma metas claras visando restabelecer direitos e conquistas em relação à carreira dos educadores, às condições de trabalho e aos salários, principalmente, que estão defasadíssimos. É vergonho um professor com 15 anos de casa continuar ganhando de salário bruto em torno de dois salários mínimos. No município de BH, um professor com este tempo de carreira e com um cargo apenas - e jornada de 22h30 - não ganha menos que R$ 3 mil reais. Então é preciso que haja uma revisão geral nas carreiras dos educadores e substancial melhoria salarial. Não acho que isso acontecerá no primeiro ano do mandato de Pimentel - pode e deve ser um ano de conquistas para os próximos anos. Mas, é preciso que pelo menos ocorra a correção salarial este ano de acordo com a inflação. Se houver conquistas substanciais na carreira e nos salários para os próximos anos a categoria terá motivos para comemorar. Além da comemoração que já ocorreu com a derrota dos tucanos. Fora dessa perspectiva me parece demagogia, ainda que todos tenham a liberdade de querer o céu. Para quem passou 12 anos de arrocho salarial durante os governos tucanos, esperar um pouco mais, claro que com luta e com conquistas reais, não será tão doloroso assim. Finalmente, caso se perceba que o governo tenha o mesmo comportamento dos tucanos, aí só restará uma nova luta para derrubá-lo. Simples assim. Mas, nada de antecipar essa luta sem nem mesmo dar a chance ao novo governo de mostrar a que veio. 




O grande cantor cubano Pablo Milanés

Atualizações em 20/12 - sábado: CUBA - Finalmente o decadente império norte-americano resolveu reatar relações com Cuba, após anos de criminoso isolamento. Os coxinhas brasileiros adoram citar Cuba como se fosse uma terrível ditadura, que massacra o seu próprio povo. Nada mais falso. Cuba é um país pobre, com cerca de 11 milhões de habitantes, mas cujo povo, sob a liderança de Fidel, Che e outros, conseguiu a proeza de transformar uma ilha que funcionava como balneário dos ricaços norte-americanos em uma nação com mais igualdade e justiça social. Enquanto os países ricos exportam guerra, tanques, destruição, inclusive econômica, Cuba exporta médicos para o mundo inteiro. Há muito que Cuba exterminou com a fome, a miséria, o analfabetismo em seu país. Claro que tem seus problemas internos - quem não os tem? A nossa presidenta Dilma foi muito criticada por ter financiado, com dinheiro do BNDES, o porto de Mariel em Cuba. Foi um ótimo negócio para o Brasil e para Cuba. Cuba ganhou um porto, que é estratégico para eles. O Brasil fortaleceu os laços com o país latino-americano e ganhou milhares de empregos. A mão de obra usada para construir o porto foi quase toda brasileira. As matérias primas e equipamentos, quase todos da indústria brasileira. O empréstimo feito para as empresas que construíram o porto terá que ser pago normalmente, como acontece com qualquer empréstimo bancário. Foi um ótimo negócio para o Brasil. Se os EUA pudessem teriam feito o mesmo, e os coxinhas daqui iam aplaudir, porque têm complexo de vira-lata colonizados. Adoram elogiar tudo o que os EUA e  os países ricos da Europa fazem e criticam tudo o que o Brasil e os vizinhos latino-americanos realizam.

UNASUL - Por falar nisso, nossa mídia também vira-lata e colonizada não deu o menor destaque para o encontro entre os presidentes dos países da América do Sul em Quito, capital do Equador. Houve avanços significativos, inclusive aqueles voltados para fortalecer as democracias na América Latina, e criar uma escola para a área da defesa, substituindo a escola criada pelos EUA para treinar oficiais na cartilha do golpe e do neofascismo. A implantação da cidadania sul-americana, que garantirá o direito a qualquer cidadão de livre trânsito, e trabalho, e estudos, em todos os países da região, foi outro importante passo. Viva a América Latina. A mídia colonizada brasileira não deu também a menor bola para o encontro dos BRICS aqui no Brasil, que criou um banco internacional. Quando os EUA e países ricos da Europa dão uma declaraçãozinha qualquer a mídia daqui reproduz o dia inteiro nos noticiários. Êta povo colonizado, gente, essa elite brasileira! Eles trabalham contra o Brasil e só sabem falar em crise interna, que o país está quebrando, que a inflação vai disparar, que o mundo vai acabar. Êta povo mau agourento, o dessa mídia serviçal das elites colonizadas. Mas, enquanto isso, engulam, senhores: a inflação de 2014 ficou dentro da meta prevista pelo governo; o desemprego, abaixo dos 5%, o que caracteriza pleno emprego. Isto apesar da violenta crise internacional e do bombardeio midiático seletivo em torno da questão do escândalo da Petrobras.

DIPLOMAÇÃO - E não é que até hoje os tucanos não aceitaram a derrota nas urnas tanto no Brasil quanto em Minas? Tentaram que tentaram impedir a diplomação da presidenta Dilma e do agora governador Pimentel. Não adiantou. A maioria da população já se pronunciou nas urnas, rompendo o cerco midiático que os tucanos detêm país afora, inclusive em Minas. Viva o povo brasileiro, que não se ajoelhou perante o terrorismo chantagista da mídia golpista e votou pela continuidade de mudanças sociais, no plano federal, e por mudanças profundas no plano estadual. É hora agora dos novos eleitos tomarem posse, governarem e cumprirem o que prometeram.

MINAS - Um dos compromissos de campanha de Pimentel é com os educadores de Minas. Claro que ele não fará mágica, e não adianta cobrarem que ele devolva tudo o que foi retirado e corrija todos os problemas acumulados em 12 anos num passe de mágica. O importante é que haja clara sinalização do que se pretende fazer. A abertura de canais de comunicação, por exemplo, será um passo importante. E depois, dar respostas claras aos muitos problemas criados na área durante a gestão tucana. Vou enumerar alguns: a) a devolução da carreira destruída, b) o pagamento do piso salarial nacional, c) o restabelecimento de critérios que valorizem os servidores de carreira, d) o estudo, com carinho e atenção, da situação dos servidores contratados mais antigos, e que não podem ser jogados na rua, e) a real democratização na educação pública, sem a prática de perseguição, de mandonismo de cima para baixo, e estabelecendo mecanismos institucionais de diálogo permanente. Pimentel vai pegar um pepino, um estado quebrado, a verdade é essa. Mas, com boa vontade, com diretrizes políticas corretas, e com uma ajudazinha da presidenta Dilma, acho que será possível construir um bom governo para o bem de Minas Gerais. Vamos torcer para que seja assim. E cobrar também, claro, sem esse tipo de cobrança vazia, do tipo "ah, é tudo a mesma coisa", que isso não contribui com nada.


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Uma outra mídia é possível... em Minas, e no Brasil

Terminadas as eleições, com a derrota acachapante de tucanos e linhas auxiliares – tipo Marina Silva e pastores de direita – é hora de recolocar uma questão central para a democracia brasileira: a construção de outra mídia.

Desde que a ditadura
civil-militar foi parcial e formalmente derrubada no Brasil em 1985, a democracia implantada vem sendo constantemente ameaçada. Uma das principais causas dessa ameça que paira sobre a nossa frágil democracia é o monopólio da mídia nas mãos de poucos grupos ou famílias comprometidas com o golpismo, com o neoliberalismo, com o imperialismo norte-americano e com tudo de ruim, em desfavor da grande maioria do nosso povo.

Não tenho o menor receio em dizer que o Brasil dos de baixo só não está melhor em função do bombardeio ideológico que a chamada grande imprensa submete o povo brasileiro. Basta ler as manchetes dos jornais e revistas, ou ouvir algum comentarista da Globo, da Band, da Itatiaia, do SBT, entre outros. Todos eles, com raríssimas exceções, estão ideologicamente ligados aos interesses das elites dominantes. Todos eles despejam diariamente notícias negativas sobre o Brasil e escondem os avanços, muitos deles importantes, como a redução da miséria, a retirada do Brasil do mapa da fome, entre outras.

Uma imprensa com este grau de concentração nas mãos de um grupo que é anti-povo não pode resultar em coisa boa. São milhares de notícias negativas sobre o Brasil, sobre os programas sociais, sobre as lutas sociais, sobre os movimentos sociais, todos eles criminalizados como se fossem bandidos. Até as questões essenciais, como a divisão do orçamento público dos governos, deixam de ser discutidas. Quanto se gasta com as políticas sociais e quanto se gasta com juros de pagamentos de dívidas públicas? Seria importante que a sociedade discutisse este tema, entre outros.

O governo federal, sob a liderança do PT, ainda que em aliança governamental com setores da direita fisiológica, tem sido vítima diária deste bombardeio da mídia golpista. Não se trata aqui de uma informação irresponsável da minha parte, não. Um minucioso estudo feito por pesquisadores da UERJ, que ficou conhecido como “Manchetômetro” (veja o link aqui), revelou, durante a campanha eleitoral, o altíssimo percentual de notícias e manchetes negativas contra o governo Dilma e contra o PT, enquanto os partidos e governos de oposição e seus candidatos eram poupados.

Claro que não precisaria de nenhum estudo científico para chegar ao mesmo resultado do Manchetômetro. Basta ouvir a Rádio Itatiaia, ou a Band News, ou a Rede Globo em quaisquer dos seus veículos (e são muitos) e será possível perceber a carga de ódio ideológico dos comentaristas contra o PT, contra a presidenta Dilma, contra Lula, contra os movimentos sociais, contra o povo brasileiro, enfim.

As raízes deste posicionamento ideológico de direita e neoliberal da mídia brasileira podem ser encontradas lá no golpe civil-militar de 1964. Praticamente toda a grande mídia – à exceção, na época, da TV Excelsior e do jornal Última Hora –, apoiou o golpe de 1964. A Rede Globo, por exemplo, se tornou o império que é atualmente graças ao golpe de 1964, ao qual apoiou, do qual se beneficiou e ao qual sobreviveu. A Folha de SP, da mesma forma, não só apoiou na linha editorial, como emprestou seus automóveis para a ação dos bandos de terroristas de estado travestidos de órgãos da repressão policial.

Mas, além deste vínculo
ideológico com a direita golpista, que durante 20 anos perseguiu, prendeu, torturou, exilou e executou centenas de cidadãos que se opuseram ao golpe e a seus desdobramentos, os  coronéis da mídia defendem também os seus interesses de classe, ligados aos de cima. Os donos da mídia do Brasil são grandes empresários, ricaços, que não têm qualquer compromisso com a história do povo brasileiro. Estão preocupados é com o faturamento de suas empresas de comunicação, como qualquer outro negócio, e sabem que este faturamento é sempre mais generoso quando se relacionam com governantes de direita e neoliberais. Não que os governos como os do PT também não sejam generosos com a mídia. Pelo contrário: Lula e Dilma nunca cortaram a bilionária bolsa-mídia que enche os cofres dos grandes meios de comunicação. O que aliás é uma grande falha, ou covardia, dos governos do PT.

Mas, os donos da mídia não se contentam com a generosidade publicitária dos governos do PT. Eles querem mais. Para eles, é um absurdo que se invista alguns bilhões de reais com bolsa família para os pobres, e com outros programas sociais. Este dinheiro, na visão da direita golpista brasileira, deveria ser usado para os projetos dos ricos, dos banqueiros, dos empreiteiros, entre outros.

Além disso, os donos da mídia – e os jornalistas que aparecem com destaque comungam com suas ideias, do contrário não seriam contratados por eles – são ligados aos interesses do capital mundial. Não é à toa que defendem a privatização de tudo, que são contrários à reserva de mercado para a frágil indústria local, que são a favor de uma política externa aliada aos EUA e aos países ricos da Europa. É uma mídia colonialista, que não saiu ainda do Brasil colônia, quando éramos apenas fornecedores de riquezas para os países ricos.

Quando o PT, com todos os seus equívocos e covardias e fraquezas, ainda assim desenvolveu uma política interna de fortalecimento do mercado nacional, com aumentos reais de salários e maiores investimentos em programas sociais, a mídia brasileira não o perdoou. No manual neoliberal, política de estado boa é aquela que combina choque de gestão, ajuste fiscal, superavit primário,  e controle da inflação baseado no arrocho salarial e no desemprego em massa. Foi este o receituário defendido por Aécio Neves com 100% de apoio da grande mídia brasileira.

No momento atual,
a mídia tenta quebrar a maior empresa estatal brasileira, a Petrobras. As práticas de corrupção e superfaturamento agora – vejam bem, somente agora, no governo Dilma – apuradas, denunciadas e com prisões de grandes empreiteiros, na verdade não são de agora. Sempre existiram. Aliás, são práticas comuns em todo o Brasil e em praticamente todas as obras públicas. Não sou louco ou irresponsável de afirmar que em 100% das obras licitadas ocorrem práticas de superfaturamento, caixa dois, corrupção, propina, etc. Não cometeria um erro desses. Mas, que é público e notório que na maioria das obras contratadas pelos governos das diversas esferas, dos diversos partidos, isto acontece já de longa data, ninguém pode negar.

Toda essa propaganda midiática sempre contra o governo Dilma e Lula não passa de mais uma covarde tentativa de desgastar o governo Dilma e de colocar nas costas de um partido político o peso de toda uma prática lesiva aos interesses públicos, que é realizada por praticamente todos os partidos, à exceção talvez do PSTU e do PSOL que não governam em nenhum estado, ainda. A corrupção no Brasil é um grande problema, sem dúvida. E é cultural, até. Ela existe não apenas por parte de agentes públicos, não. Ela  existe inclusive no nosso dia a dia, quando, de alguma forma, os cidadãos tentam levar vantagens para auferir ganhos ilícitos. Muita gente deixa de declarar corretamente o imposto de renda; outros apelam para o suborno do guarda da esquina; enfim, de muitas formas ocorrem práticas que não são as mais republicanas. A mídia brasileira, de maneira alguma tem autoridade moral para cobrar de qualquer governo uma postura decente. Ela compactou com a ditadura, ela compactua com práticas de corrupção e desvios da oposição golpista, ela blinda governos com os quais tem afinidade ideológica e de interesses de classe. Enfim, a mídia brasileira é golpista – haja vista o que ela apronta durante as campanhas eleitorais – e foi condescendente com práticas que hoje ela condena.

Vou dar um exemplo, no âmbito do caso Petrobras. A mídia pouco divulga que foi durante o governo FHC que se quebrou a regra comum ao serviço público da exigência de licitações para contratação de bens e serviços. Está certo que a quebra dessa regra em 1988 por FHC foi mantida por Lula e por Dilma, mas esta iniciativa, que está na raiz do atual escândalo na Petrobras, nasceu no governo FHC. O próprio ministério público reconhece que as denúncias feitas pelos delatores – que são bandidos confessos – vêm de longa data, anteriores aos anos dos governos do PT.

Não estou aqui defendendo nenhum partido em relação às práticas de superfaturamento e caixa dois. Quem errou, tem que pagar. Mas, é fato que estas práticas são antigas e estão ligadas ao sistema de financiamento de campanha eleitoral, que é caríssimo e requer dinheiro que os partidos não têm por fontes próprias e legais. Todos os candidatos mais fortes na corrida eleitoral receberam dinheiro das empreiteiras que agora estão denunciadas pelo escândalo na Petrobras. Foram doações legais, é o que consta. Embora seja dinheiro legal, contabilizado, fica claro que o sistema eleitoral brasileiro está sendo mantido com dinheiro superfaturado das obras públicas. E é isto que precisa mudar.

Aí eu pergunto a vocês
: quem não quer mudar isto? Os tucanos, por exemplo, não querem. O PT e os partidos de esquerda querem. Aliás, a maioria dos ministros do STF já votou pelo fim do financiamento de campanha pelas empresas. Contudo, o ministro Gilmar Mendes, indicado por FHC e um claro defensor dos tucanos na alta corte brasileira, pediu vistas da ação e está postergando seu voto, impedindo, com isso, que seja proclamado o resultado final. Isto, a mídia golpista não esclarece ao povo brasileiro.

A mídia faz uma verdadeira novela seletiva dos escândalos na Petrobras, com o claro objetivo de quebrar a Petrobras, de entregar o Pré-sal para os gringos e de colocar na conta do governo Dilma toda a responsabilidade para as denúncias seletivas que a mídia faz.

Isto constitui uma irresponsabilidade e um desserviço ao país e ao povo brasileiro. Primeiro, porque é justamente no governo Dilma que a Polícia Federal teve autonomia para investigar este e outros casos de corrupção e propina – que a mídia não noticia, como é o caso do Trensalão dos tucanos em SP. Segundo, porque a mídia faz uma denúncia seletiva, escondendo as ligações mais profundas das empreiteiras com práticas semelhantes em todo o país, nas diversas esferas de poder, e envolvendo políticos de vários partidos, inclusive do PSDB. Terceiro, a mídia não esclarece ao povo brasileiro que estes esquemas estão ligados ao sistema eleitoral vigente, baseado no financiamento privado de campanha eleitoral. A própria mídia ganha muito dinheiro com este esquema, pois indiretamente ela acaba obrigando os governos a fazerem enormes campanhas publicitárias para não perderem apoio popular.

Portanto, fica cada vez mais claro que nós, os de baixo, precisamos de uma outra mídia. Claro que hoje nós temos a Internet com os blogs “sujos” que fazem um importante contraponto aos golpismos da mídia e dos agentes públicos envolvidos nas conspirações contra o governo eleito legitimamente. Mas, a força da Internet ainda não alcança um percentual desejável para se contrapor ao cerco midiático imposto pela mídia golpista. Seria preciso que houvesse pelo menos um grande jornal nacional, uma ou mais revistas, uma ou mais rádios e TVs controlados por pessoas independentes, progressistas, de esquerda.

Esta é uma verdadeira frustração da minha parte, e acredito que da parte de centenas de cidadãos brasileiros. Os governos ditos de esquerda não tiveram a coragem de patrocinar a criação de uma mídia independente, uma mídia popular, que fortalecesse uma escola de jornalismo não vinculada a estes grupos que são verdadeiras máfias midiáticas.

Portanto, coloco aqui o desafio por parte dos governos do PT e também por parte dos movimentos sociais, dos sindicatos, das entidades estudantis, enfim, de todos os que lutam por um Brasil mais justo, menos desigual, menos dominado por gangsteres de colarinho branco. É preciso construir uma outra mídia para se contrapor à mídia golpista. Não é preciso abolir a mídia que existe aí, não. Que ela dispute as publicidades de mercado, já que ela é tão favorável à privatização de tudo. Aliás, todos nós deveríamos questionar o discurso dessa mídia que só fala em privatização e neoliberalismo: por que vocês não abrem mão das verbas publicitárias das estatais e dos governos federal, estaduais e municipais?

Até mesmo para fortalecer as lutas sociais, as demandas dos trabalhadores – como a dos educadores de Minas – seria importante que houvesse uma mídia independente. Quem não se lembra dos boicotes que nós sofremos durante as nossas greves, e de como a mídia se omitiu durante a destruição das carreiras dos educadores pelo governo tucano em Minas? Ou de como o piso salarial nacional foi burlado em Minas e no Brasil, com o silêncio cúmplice da mídia? Ou de como o direito de greve, pisoteado por alguns desembargadores, não foi questionado através da mídia?

Uma mídia popular e independente teria outra postura. Não estaria vinculada aos interesses de nenhum governo e defenderia os interesses dos de baixo. Poderia e deveria até apoiar um governo popular e de esquerda que fosse ameaçado pela direita. Como é o caso do governo Dilma, ameaçado o tempo todo pela mídia, pelo congresso, pelo TSE, enfim, pelos senhores de engenho dos tempos atuais.

A população brasileira precisa deste contraponto diário ao noticiário que é produzido pela mídia golpista. Do contrário, não demorará muito para que a direita forme o seu exército fascista e tome o poder, no voto, ou através dos tribunais, ou pela força. A direita cresceu muito em representação parlamentar. E a fonte deste crescimento é a mídia golpista com sua versão anti-povo, anti-Brasil, anti-governo Dilma, anti-movimentos sociais. Eles atacam diariamente os defensores dos direitos humanos, e tratam as questões sociais de forma rebaixada, como se pudéssemos resolver tudo implantando uma linha dura, leis duras, repressão e tortura. Nada mais falso.

No fundamental dos problemas brasileiros está a desigualdade, a ausência de políticas públicas de qualidade na Saúde, na Educação, na moradia, no transporte público. Como o estado brasileiro trata mal aos de baixo, claro que o resultado é o aumento da criminalidade, da violência provocada por um tipo de disputa de mercado chamado tráfico de drogas. Sem opção adequada de trabalho, escola, lazer, cultura, muitos acabam se dirigindo para o crime organizado. Mas, não sejamos hipócritas: os crimes cometidos pelos de cima são bem maiores, bem mais nocivos ao povo brasileiro do que os recortes de notícia sensacionalistas com os chamados bandidos das “periferias” do país. Somente em sonegação de impostos, por exemplo, que a mídia nem toca neste assunto, o país perde bilhões de reais anualmente, mais até do que o que se perde com a corrupção. Quantas escolas e postos de saúde e hospitais e moradias deixam de ser construídos anualmente por conta da sonegação feita pelos de cima, principalmente?

Então, pessoal
, é preciso construir uma outra mídia para construirmos também uma outra cultura no país. Uma cultura de respeito ao próximo, de solidariedade, de valorização das coisas boas que são feitas no cotidiano das pessoas; de incentivo às milhares de práticas de ajuda mútua; de formação de uma visão de Brasil mais humanista, menos repressora, mais voltada para a justiça social, menos neoliberal, mais voltada para a inclusão de todos, e menos voltada para pequenas elites privilegiadas; que respeite as diferentes correntes de pensamento, que valorize os muitos fazeres cotidianos, e não apenas o consumismo como um fim em si mesmo.

Nos próximos anos, vou cobrar isso de Pimentel, da Dilma e dos movimentos sociais e das pessoas com as quais convivo diariamente. É preciso construir uma mídia alternativa, popular, independente, de esquerda, para se contrapor ao cerco midiático da mídia golpista.

Um forte abraço a todos e força na luta! Até a nossa vitória!

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 Grande camarada Bambirra - Presente! -, com quem tive a honra de conviver nas lutas políticas no início dos anos 80.

 Acima (E), Bambirra Júnior, parecidíssimo com o pai, e a jornalista Maria Auxiliadora Bambirra, viúva do homenageado.

 O diretor Wladmir, acompanhando a entrevista na rádio da escola.


Do nosso amigo e professor da rede estadual Wladmir Coelho, que é diretor da E.E. Coração Eucarístico, recebo a importante notícia a seguir:

Espaço Cultural “SINVAL BAMBIRRA

A Escola Estadual “Coração Eucarístico” recebeu a visita da jornalista Maria Auxiliadora Bambirra e Sinval de Oliveira Bambirra Júnior.


Durante a visita a viúva do ex-deputado Sinval Bambirra concedeu entrevista à Rádio Escola Conexão e participou de uma roda de conversa com alunos do ensino médio, professores, a representante da ONG Internet sem Fronteiras e estudantes de comunicação do UNI-BH.


A comunidade da Escola Estadual “Coração Eucarístico” prestou ainda uma homenagem ao líder operário criando o  Espaço Cultural “Sinval Bambirra” .

https://www.facebook.com/pages/Escola-Estadual-Cora%C3%A7%C3%A3o-Eucar%C3%ADstico/236743823086563?ref=hl


Comentário do Blog: Parabéns ao Wladmir, aos professores, aos alunos e demais educadores do Coração Eucarístico, além dos familiares de Sinval Bambirra. No início dos anos 80, fui amigo e companheiro de lutas do Bambirra, um destacado combatente social. Líder sindical dos tecelões, foi deputado estadual pelo antigo PTB de Jango e Brizola, tendo sido cassado com o golpe de 1964. Foi exilado político, sofreu torturas, mas jamais abandonou as causas populares em defesa do nosso povo. Os profissionais da Escola Coração Eucarístico, ao prestar esta homenagem ao valoroso Bambirra, faz um importante resgate da nossa história recente. Das Minas que resistiu ao golpe - lembro aqui que o Wladmir já homenageou também o jornalista José Maria Rabêlo, fundador do jornal Binômio, e outra importante liderança de esquerda que foi exilado, retornou ao Brasil com a abertura política e, juntamente com Brizola, Bambirra, João Luzia e Theotônio dos Santos, entre outros, continuou a luta por transformações sociais e políticas no país. 
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